RETROSPECTIVA 2015
Os Melhores e os Piores de 2015
(Parte 2)
E
agora, depois da lista dos piores filmes de 2015, posto aqui a relação dos
melhores do ano, segundo minha avaliação de crítico de cinema. Concordem,
discordem... Divirtam-se!
Melhores de 2015
Mad Max: Estrada da fúria
Três
décadas depois de “Mad Max – Além da cúpula do trovão”, o cineasta George
Miller, agora aos 70 anos de idade, retoma a franquia cult com a melhor obra da
série e uma das mais barulhentas do ano! Um trabalho de gênio, difícil de ser realizado
pelas infindáveis perseguições no deserto com a câmera sempre no encalço (o
filme foi rodado durante seis meses no vasto deserto da Namíbia). Estrondoso, sujo,
de teor barroco e nervosíssimo, este é o novo Mad Max, que vem calibrado, com
estilo próprio e bem cotado para o Oscar (os indicados saem no próximo mês). O
vilão, Immortan Joe, já entrou na lista dos vilões inesquecíveis do cinema.
The Babadook
Uma
pena não ter estreado nos cinemas do Brasil o melhor filme de terror do ano
(saiu direto por aqui no Netflix). A coprodução Austrália/Canadá é de deixar os
cabelos em pé, assustar marmanjo e de ficar sem dormir. O clima tenso corrói o
público numa crescente, do início até o simbólico desfecho. Perturba a mente
provocando sustos incríveis. Uma fita memorável para os amantes do bom cinema
de horror. Babadook-dook-dook...
Sicário: Terra de ninguém
Outro
trabalho digno de méritos do ótimo cineasta canadense Dennis Villeneuve, uma dos
diretores-revelação dos últimos anos. Seu novo filme, implacável e de nervos de
aço, escancara a rede de narcotráfico na América do Sul, com personagens sanguinários
e frios, que vão desde matadores de traficantes (sicários) a policiais
corruptos. Uma obra intensa, reveladora, com Benicio Del Toro e Emily Blunt nos
melhores papéis da carreira.
Whiplash: Em busca da perfeição
Estreou
em janeiro desse ano um dos meus preferidos do Oscar de 2015 (das cinco
indicações ganhou três – ator coadjuvante, para o soberbo J.K. Simmons, edição
e mixagem de som). Um filmaço sobre o mundo da música, que centraliza a trama
na conturbada relação de um jovem baterista (Miles Teller) com seu explosivo professor
(Simmons). Realmente a edição, a direção e o trabalho dos atores são impecáveis
(uma verdadeira aula de cinema). Pra aplaudir no final!
Kingsman: Serviço secreto
Uma
refinada comédia policial inglesa de espionagem, a la James Bond, dirigida pelo
sempre inovador Matthew Vaugh (de Kickass e Stardust: O mistério da estrela). A
produção caprichou nos cenários retrô, na trilha sonora com canções antigas, no
figurino fino dos espiões e na criação de um vilão inesquecível, interpretado
por Samuel L. Jackson, que tem língua presa e desmaia ao ver sangue. E o
charmoso Colin Firth encabeça o bom elenco. Ação de primeira!
Star Wars: O despertar da força
O
melhor blockbuster do ano, que enlouqueceu os fãs da saga Star Wars. Ainda nos
cinemas, atingiu a marca de U$ 1,1 bilhão nas bilheterias do mundo todo nos
primeiros 12 dias em cartaz (ultrapassou outro ótimo filme-sensação desse ano, Jurassic
World). Tudo graças ao mago J.J. Abrams, que já havia reativado a série Star
Trek, e voltou com força total nesse episódio VII de Star Wars. Back in time...
Tão bom rever personagens marcantes da primeira parte da franquia, assim como
atores do retornando (Harrison Ford, Carrie Fisher, por exemplo) nesse estupendo
espetáculo visual. Bom pra caramba!
Straight Outta Compton: A história
do NWA
Um
espetacular filme sobre o surgimento, nos anos 80, do NWA (Niggaz Wit
Attitudes), o grupo de rap e hip hop americano que balançou o mercado musical
com suas letras baseadas na experiência dos membros com a violência das ruas. O
cinema negro segue bem representado nesse filme fantástico dirigido por F. Gary
Gray (outra revelação do cinema negro atual).
Força maior
Indicado
ao Globo de Ouro de filme estrangeiro e ao Un Certain Regard em Cannes, a
coprodução Suécia/Dinamarca/Noruega é um dos melhores trabalhos europeus de
2015. Uma família, em viagem para ski nos Alpes franceses, fica isolada no
hotel após uma avalanche. Enclausurados, pais e filhos discutem traumas antigos
para reajustar as relações afetivas. No meio da temática delicada, lindas
paisagens reais, fotografia belíssima e um roteiro joia sobre o universo íntimo
das famílias. Vale conhecer (pouca gente assistiu).
Expresso do Amanhã
Primeiro
filme com elenco americano do sul-coreano Joon Ho Bong, que é um espetáculo à
parte nos quesitos fotografia e cenografia. Uma fita futurista caótica, feia,
produzida em 2013, mas que só passou nos cinemas do Brasil em agosto. Dentro de
um trem chamado Snowpiercer, sobreviventes de um apocalipse ambiental, pobres e
famintos, lutam com a classe superior para a igualdade. Brutal, violento, tem
um monte de atores conhecidos, como Chris Evans, Ed Harris, John Hurt, Jamie
Bell e Tilda Swinton (irreconhecível como a tirana governanta). Uma experiência
estilosa e impecável!
Cobain: Montage of Heck
Um
brilhante retrato do líder do Nirvana, Kurt Cobain, indicado a sete prêmios
Emmy. Dividido entre depoimentos de familiares, amigos e colegas músicos, o
documentário constrói a amarga identidade do cantor e compositor, morto
prematuramente aos 27 anos. Aparição assustadora de Courtney Love, ex-mulher de
Cobain, deformada pelo uso excessivo de drogas e aplicações de botox e inúmeras
plásticas. Em DVD no Brasil pela Universal.
Cássia Eller
Outro
maravilhoso (e emocionante) documentário sobre uma personalidade do mundo da música.
Nesse retrato íntimo de Cássia Eller, acompanhamos a vida agitada da cantora
por meio de depoimentos de amigos e familiares e muitas imagens de arquivo e shows.
Para os fãs, um fantástico trabalho de cinema.
A verdade sobre Marlon Brando
Ainda
é bastante comentado nos Estados Unidos esse grande documentário inglês sobre os
milhares de áudios gravados em fitas cassetes por Marlon Brando durante os 50
anos de carreira do falecido ator. Dia a dia ele registrava comentários ora irritado
ora apaixonado sobre tudo que o cercava, desde os filmes que atuava aos
relacionamentos amorosos. Conhecemos a fundo o lendário ator, seu modo de agir
e pensar, mas também um lado sombrio de sua personalidade. Documentário nota
10! No Brasil saiu diretamente em DVD, pela Universal.
Foxcatcher - Uma História Que Chocou
o Mundo
Uma
história real forte, narrada com maestria, sobre a vida do campeão olímpico de
luta livre Mark Schultz (Channing Tatum), treinado pelo atleta e empresário milionário
John Du Pont (Steve Carell), um homem solitário e instável devido a perturbações.
Recebeu cinco indicações ao Oscar (incluindo melhor filme, diretor e melhor
ator Steve Carell, assustador e irreconhecível sob uma maquiagem pesada), e está
na lista dos melhores do ano de muita gente.
Vingadores: Era de Ultron
Mais
um blockbuster do ano que compensa cada segundo. Da Marvel para as telonas a
segunda parte do reencontro dos famigerados super-heróis que já tiveram filmes
próprios em uma explosão de adrenalina, como Homem de Ferro, Thor, Hulk e
Capitão América. Não tem pausa para respiro! Uma fita de aventura tão excelente
quanto a anterior.
Divertida Mente
Disney
sendo Disney numa animação pra lá de emocionante, com momentos cômicos e outros
bem nostálgicos. No interior da cabeça de uma garotinha vivem os sentimentos transformados
em personagens engraçados, que controlam as emoções da menina face ao seu florescimento
para a vida adulta. Os desenhos da Disney vêm deixando de ser infantis, como é
o caso desse filme divertido, tocante, que atinge em cheio o público adulto.
Que horas ela volta?
O
melhor filme brasileiro de 2015, com direção primorosa de Anna Muylaert e
atuação impecável de Regina Casé (ela é magnífica em dramas, como “Eu, tu, eles”).
São histórias de vidas comuns, do relacionamento de uma empregada doméstica com
a filha recém-chegada do Nordeste e das duas com os patrões, levada com bom humor
e momentos dramáticos sutis, que toca a coração do público. Belíssimo e
altamente necessário!
Corrente do mal
Outra
fita de terror de arrepiar, simbólica e com sacadas brilhantes. É uma fita
independente norte-americana que no Brasil passou despercebida, que mistura
sobrenatural, fantasma, zumbi, num corre-corre atordoante (não posso revelar
muito, pois há surpresas). Fica a dica preciosa: não deixe de conferir.
Jurassic World: O mundo dos
dinossauros
Esse
foi o ano dos remakes e continuações (pelas minhas contas lançaram 30 em 2015).
A franquia de sucesso de Jurassic Park volta depois de 14 anos ausente (e olha
que demorou, hein) com garra, numa aventura deliciosa que atualiza a história e
também traz fortes laços com as fitas passadas. Teve a segunda maior bilheteria
do ano, com o recorde de U$ 1 bilhão nos 13 primeiros dias em cartaz (Star Wars
veio e abocanhou Jurassic por poucos milhões de dólares a mais nos cinemas).
Tinha tudo para dar errado (a começar pelo trailer bobinho e pelo diretor
desconhecido), no entanto, no final das contas, arrebentou! Um baita
entretenimento.