Em 22 de julho de
2001, no último dia do encontro do G8 em Gênova, mais de 200 mil manifestantes
contra as decisões da cúpula internacional saem para protestar nas ruas. Parte
deles aguarda a reunião dentro da Escola Diaz, pernoitando no local. Para conter
a mobilização, 2700 policiais, movidos pela Segurança Pública, fecham vários
trechos da cidade, e um grupo de 300 homens invade a escola, com armas e
bombas, resultando em uma violenta página da História da Itália.
Reconstrução exata de
tempo e espaço do trágico desfecho das manifestações contra o encontro do G8 em
Gênova (realizado na cidade italiana entre os dias 19 e 22 de julho de 2001),
onde ativistas foram cruelmente reprimidos pela polícia, numa explosão de
violência descabida e contra qualquer traço de Direitos Humanos.
É um filme decisivo e
direto sobre o fato nunca mais discutido na imprensa (já se passaram 12 anos do
caso). Para entender a situação narrada, é necessário um conhecimento prévio do
público sobre o contexto histórico. Rapidamente: o G8 reúne os oito países mais
industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália,
Canadá e Rússia), amplamente criticado por grupos antiglobalização, por
defenderem políticas ecologicamente destrutivas, vindo a servir de referência
para as outras nações após as cimeiras (reuniões anuais). Decididos a uma
mobilização pelas ruas de Gênova, milhares de ativistas se juntam com faixas de
duras críticas ao governo. Como nas últimas manifestações ocorridas no Brasil,
no meio da multidão pacífica há a invasão de desordeiros para o quebra-quebra,
que inevitavelmente ocorre. A força imediata de controle da ordem social, a
polícia, aparece, orientada a ferro e fogo contra o público que está nas ruas.
Inclusive atacam cruelmente um pequeno grupo pacifista isolado na Escola Diaz
(foco do filme). Dá para dimensionarmos o caos, a repressão e o horror gerado
(só reparar o subtítulo).
Com esta breve
explicação assimilamos melhor o conteúdo desse novo trabalho do cinema
italiano, indicado a prêmio no Festival de Berlim e vencedor de quatro no David
Di Donatello (o Oscar daquele país). Há um clima de profunda consternação pelos
atos desmedidos principalmente da polícia, que recebe ordens para um ataque sem
precedência, como se estivesse em uma guerra mundial. Prolifera-se o ódio
contra o outro e a violência sem barreiras, com direito a torturas (a maior
parte dos oposicionistas nem armas tem, apenas movidos a ações de fuga quando
ameaçados).
Uma pessoa morreu (o
italiano Carlo Giuliani, de 23 anos, alvejado e atropelado pela polícia), e
centenas ficaram feridas. Sete anos depois (em 2008), em um tribunal aberto
para o caso, foram condenados 15 policiais e diretores de Segurança Pública por
abuso de autoridade e tortura, com penas de até cinco anos de reclusão.
Dos produtores do
soberbo “Gomorra” (o livro e o filme são excepcionais!), chega diretamente em
home vídeo pela Universal este exemplar duro e realista de um momento trágico
da História, que serve para refletirmos o encorajamento dos movimentos pacifistas,
o cerceamento dos Direitos Humanos e a repressão nos tempos atuais.
Do diretor italiano
Daniele Vicari, este é seu melhor trabalho até então – ele é da nova geração e
dirigiu apenas seis filmes na década passada, pouco conhecidos. Por Felipe Brida
Diaz: Política e violência
(Diaz/ Don’t clean up this blood). Itália/Romênia/França, 2012, 127 min. Drama.
Dirigido por Daniele Vicari. Distribuição: Universal
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