Jack
McCall (Eddie Murphy), um incansável falador, utiliza-se do “dom” das palavras
para fechar negócios com grandes corporações. Certo dia, conhece um guru, Sinja
(Cliff Curtis), que faz uma estranha troca com ele: uma árvore de mil folhas. A
enorme planta brota, de forma mágica, no jardim de McCall. E o trato está fechado:
para cada palavra dita, uma folha cai; se todas despencarem da árvore, McCall
morre. Desesperado, terá de aprender a se controlar para falar o menos possível
o que irá ajustar sua vida por completo.
Campeão
de filmes que foram fracasso, o comediante Eddie Murphy, para mim um ator
insuportável em cena, faz um trabalho razoável, melhor do que podíamos
imaginar. Ele está mais controlado do que de costume, menos caricato (claro que
em momentos ainda solta aquela voz fina, com trejeitos gays), numa comédia dramática
com temática fantasiosa e roteiro até curioso, construído em torno de lições. E
o diretor, Brian Robbins, é parceiro de Murphy – juntos, fizeram dois
trabalhos horrorosos, “Norbit” e “O grande Dave”.
Ficou
parado por quatro anos até resolverem lançá-lo, de maneira discreta,
diretamente em home vídeo. Murphy interpreta um homem que fala mais que a boca,
cansativo para os ouvidos, que leva uma boa vida de casado e com um bom
dinheiro na conta. Até que o mundo para ele passa a não fazer mais sentido
quando se aproxima de um guru de pouca conversa, que lança um jogo sobrenatural
com ele, tirando seu poder de fala. E já sabemos que o personagem central precisará encontrar novas
ferramentas para se comunicar, ou com gestos ou com textos e sinais, para poder
viver (e sobreviver) em sociedade. Tarefa difícil para um cidadão nada fácil!
Um
filme de uma piada só, com situações até engraçadas, que se repetem. Murphy dá
o ar da graça sem irritar e sem ficar over. Até fica bem, sem causar “danos” na
produção, nos momentos dramáticos (em especial da metade para o final, e olha
que o clima de tragédia vai se anunciando).
Aos
fãs do ator, mais um dele, que está em dias bons. O filme não fez sucesso,
chegou de mansinho no Brasil e em outros países, e agora, em DVD, seria
oportuno uma pequena olhadela, como passatempo de fim de semana. E quem
assistir aos extras, há um fraco final alternativo. Já nas locadoras. Por Felipe Brida
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