Intrusos
No
subúrbio de Madrid, Juan (Izán Corchero), um garoto de sete anos, rascunha no
papel uma história de terror que tem como personagem uma figura fantasmagórica,
sem rosto. Todos os dias ele tem pesadelos com essa criatura, recorrendo à
ajuda de um padre para tranquilizá-lo. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o
mesmo ser passa a atormentar a jovem Mia (Ella Purnell). Na casa onde mora, o
pai, John Farrow (Clive Owen), também tem as visões daquela misteriosa criatura.
A cada instante o mal se aproxima com mais fúria tanto na vida de Mia quanto na
de Juan.
O
cultuado cineasta espanhol Juan Carlos Fresnadillo, de “Intacto” e “Extermínio
2”, retorna com criatividade nesse seu conto de horror urbano com acentuado
clima de tensão. Explora os medos que todos nós tivemos quando crianças, de sonhos
com criaturas estranhas que saem do armário, invadem o quarto para causar
tormento e desespero. E também revela o poder da imaginação, que pode criar um
mundo individual, que se confunde à realidade.
De
difícil classificação, para uns “Intrusos” pode ser apontado como terror,
outros consideram um suspense psicológico (e bota psicológico nisso!), e tem
aqueles que vão subdividi-lo na categoria “fantasia”. Pois bem, todos estão corretos.
Tem um pouco de cada gênero mencionado.
Começa
com um garoto no subúrbio da capital da Espanha que tem medo de um ser sem
rosto, na realidade uma criatura encapuzada, que parece um homem e emite sons
estranhos. Perturbado, o menino agarra-se à mãe, que o leva a um padre para entender
o que há de errado na “cabeça” da criança – isto porque a mãe não vê nada, não
tem a visão daquela assombração. No meio dessa trama, entra uma outra, agora
nos Estados Unidos: uma menina recebe a visita noturna do mesmo ser. O pai dela
também sente a presença do intruso. A pergunta: tudo não se passa de uma alucinação
ou há realmente manifestações sobrenaturais?
Diante
das duas histórias constroem-se um inteligente quebra-cabeça, com direito a
sustos, medo e uma atmosfera de estranheza, para responder a única questão, que
é a de revelar os mistérios em torno daquelas famílias em risco.
Particularmente
o filme me prendeu, como “O sexto sentido” e “Os outros” me deixaram
atordoados. Exige-se, então, um desfecho bárbaro para um roteiro desse calibre.
O que infelizmente não se sucede aqui. “Intrusos” termina sem surpreender, até
ingênuo. Imprevisível, curioso, mas não especial. Diante de sacadas perfeitas
de montagem, fotografia bem cuidada, bom elenco (Clive Owen e Carice van Houten
como os pais da menina norte-americana, e ainda o garoto espanhol Izán Corchero
são os pontos de destaque), história original, clima de tensão a todo o momento,
poderiam ter tido outra ideia, digamos, que chacoalhasse o público no sofá. Apesar
de frouxo, carrega uma mensagem positiva, de como sermos maduros para lidar com
nossos pesadelos e medos, mesmo quando adultos.
Está
longe de ser uma fita ruim. Pelo contrário, atrativa, diferente de muita coisa
que vemos por aí. Só que o experiente e premiado diretor encerrou com certo
rigor que não funciona no cinema, meio quadrado e desapropriado. Já aviso de
antemão! Acho válido conhecer, independente disso. Procure nas locadoras quando
estiver interessado em um trabalho que foge aos padrões das meras fitinhas
hollywoodianas de terror fantasmagóricas.
Co-produzida
nos EUA, Inglaterra e Espanha, foi tremendo fracasso de bilheteria e quase
faliu os produtores. Só para ter uma base, custou U$ 13 milhões, e nos cinemas
faturou apenas U$ 64 mil. Dá para imaginar o desfalque desastroso? Já em DVD. Por Felipe Brida.
Intrusos (Intruders). EUA/Inglaterra/Espanha,
2011, 100 min. Suspense/Terror. Dirigido por Juan Carlos Fresnadillo.
Distribuição: Universal
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