quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cine Lançamento



Intrusos
 
No subúrbio de Madrid, Juan (Izán Corchero), um garoto de sete anos, rascunha no papel uma história de terror que tem como personagem uma figura fantasmagórica, sem rosto. Todos os dias ele tem pesadelos com essa criatura, recorrendo à ajuda de um padre para tranquilizá-lo. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mesmo ser passa a atormentar a jovem Mia (Ella Purnell). Na casa onde mora, o pai, John Farrow (Clive Owen), também tem as visões daquela misteriosa criatura. A cada instante o mal se aproxima com mais fúria tanto na vida de Mia quanto na de Juan.

O cultuado cineasta espanhol Juan Carlos Fresnadillo, de “Intacto” e “Extermínio 2”, retorna com criatividade nesse seu conto de horror urbano com acentuado clima de tensão. Explora os medos que todos nós tivemos quando crianças, de sonhos com criaturas estranhas que saem do armário, invadem o quarto para causar tormento e desespero. E também revela o poder da imaginação, que pode criar um mundo individual, que se confunde à realidade.
De difícil classificação, para uns “Intrusos” pode ser apontado como terror, outros consideram um suspense psicológico (e bota psicológico nisso!), e tem aqueles que vão subdividi-lo na categoria “fantasia”. Pois bem, todos estão corretos. Tem um pouco de cada gênero mencionado.
Começa com um garoto no subúrbio da capital da Espanha que tem medo de um ser sem rosto, na realidade uma criatura encapuzada, que parece um homem e emite sons estranhos. Perturbado, o menino agarra-se à mãe, que o leva a um padre para entender o que há de errado na “cabeça” da criança – isto porque a mãe não vê nada, não tem a visão daquela assombração. No meio dessa trama, entra uma outra, agora nos Estados Unidos: uma menina recebe a visita noturna do mesmo ser. O pai dela também sente a presença do intruso. A pergunta: tudo não se passa de uma alucinação ou há realmente manifestações sobrenaturais?
Diante das duas histórias constroem-se um inteligente quebra-cabeça, com direito a sustos, medo e uma atmosfera de estranheza, para responder a única questão, que é a de revelar os mistérios em torno daquelas famílias em risco.
Particularmente o filme me prendeu, como “O sexto sentido” e “Os outros” me deixaram atordoados. Exige-se, então, um desfecho bárbaro para um roteiro desse calibre. O que infelizmente não se sucede aqui. “Intrusos” termina sem surpreender, até ingênuo. Imprevisível, curioso, mas não especial. Diante de sacadas perfeitas de montagem, fotografia bem cuidada, bom elenco (Clive Owen e Carice van Houten como os pais da menina norte-americana, e ainda o garoto espanhol Izán Corchero são os pontos de destaque), história original, clima de tensão a todo o momento, poderiam ter tido outra ideia, digamos, que chacoalhasse o público no sofá. Apesar de frouxo, carrega uma mensagem positiva, de como sermos maduros para lidar com nossos pesadelos e medos, mesmo quando adultos.
Está longe de ser uma fita ruim. Pelo contrário, atrativa, diferente de muita coisa que vemos por aí. Só que o experiente e premiado diretor encerrou com certo rigor que não funciona no cinema, meio quadrado e desapropriado. Já aviso de antemão! Acho válido conhecer, independente disso. Procure nas locadoras quando estiver interessado em um trabalho que foge aos padrões das meras fitinhas hollywoodianas de terror fantasmagóricas.
Co-produzida nos EUA, Inglaterra e Espanha, foi tremendo fracasso de bilheteria e quase faliu os produtores. Só para ter uma base, custou U$ 13 milhões, e nos cinemas faturou apenas U$ 64 mil. Dá para imaginar o desfalque desastroso? Já em DVD. Por Felipe Brida.

Intrusos (Intruders). EUA/Inglaterra/Espanha, 2011, 100 min. Suspense/Terror. Dirigido por Juan Carlos Fresnadillo. Distribuição: Universal

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