sábado, 17 de novembro de 2012

Cine Lançamento




Amor impossível

Pesquisador no Departamento Britânico de Pesca e Agricultura, Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor) é convocado para encabeçar um projeto megalomaníaco, no Iêmen, financiado pelo xeique Muhammed (Amr Waked). O intuito é desenvolver a economia da região por meio da pesca do salmão. Isolado no desértico país árabe, Dr. Alfred contará com a ajuda de uma auxiliar do xeique, Harriet (Emily Blunt), para transformar o impossível em algo concreto.

Felizmente chega às locadoras um bonito trabalho de mestre, feito pelo talentoso diretor sueco Lasse Hallström, um dos meus cineastas preferidos. Pena ter recebido, no Brasil, um título nacional sem nexo, mentiroso e genérico. “Amor impossível” lembra algo romântico e não é. E sim um formidável drama com toques cômicos e muita aventura, baseado em um contexto real: a pesca de salmões no Iêmen (que é justamente o título em inglês, “Salmon fishing in the Yemen”).
O tema, inusitado e específico para certo tipo de público, conta uma história fora do comum. É a saga de um jovem cientista, estudioso na área de pesca (Ewan McGregor, em bom trabalho), enviado ao Iêmen para liderar uma ação sustentável envolvendo uma parceria entre o país e a Inglaterra. Ele deixa na terra natal a esposa e segue a toada para o outro lado do mundo. Lá, o xeique, apaixonado pela pesca do salmão, pretende introduzir a técnica para desenvolver o Iêmen, considerado um dos mais pobres do Oriente Médio. Ele investe na construção de uma represa especial, caríssima, com o projeto de criar os peixes para que estes, na época de procriação, cheguem ao rio, por meio de seus famosos pulos. O cientista assume a tarefa como dever pessoal; conhece então uma funcionária britânica (a belíssima e sempre boa atriz Emily Blunt) que presta serviços para o xeique, e os dois firmam parceria como colegas de trabalho – o que vai mudar, pois ele fica apaixonado por ela. Aos poucos a trama romântica ganha corpo (mesmo assim fica em segundo plano no filme) e outros elementos para dar ritmo na história são introduzidos, por exemplo, atentados contra o xeique, a ameaça de uma guerra local e até uma “vilã”, interpretada pelo excelente Kristin Scott Thomas, na pele da assessora política do governo britânico, disposta a atrapalhar os planos do protagonista.
Baseado no romance de Paul Torday, com roteiro de Simon Beaufoy, parceiro de trabalho de Danny Boyle em seus dois últimos filmes - e ganhador do Oscar por “Quem quer ser um milionário”, o drama fala do resgate íntimo de um homem que arrisca o trabalho e a vida para reconstruir um país marginalizado. Com a atitude empreendedora, mudou a trajetória social e econômica do Iêmen, estraçalhado pela Guerra do Golfo nos anos 90 e geograficamente uma área perdida, pois dois terços do território é composto por deserto, sem rios perenes.
Eu entrei na vibe do personagem, torci por ele, fiquei deslumbrado com a história. Recomendado a todos!
Vale mencionar que o diretor Lasse Hallström rodou tudo na Inglaterra, com inúmeros cenários, e acertou em cheio na escolha do compositor Dario Marianelli, o autor da trilha sonora, de acordes leves. É, sem dúvida, um de seus trabalhos brilhantes, muito empolgante.
Repare na carreira de Hallström e pense: não é um realizador de primeira? Para relembrar alguns títulos, são dele “Minha vida de cachorro”, “Chocolate”, “Sempre ao seu lado”, “Gilbert Grape – Aprendiz de sonhador”, “Meu querido intruso”, “O vigarista do ano” e “Regras da vida”. Por Felipe Brida.

Amor impossível (Salmon fishing in the Yemen). Inglaterra, 2011, 107 min. Comédia dramática. Dirigido por Lasse Hallström. Distribuição: Paris Filmes

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