Pesquisador
no Departamento Britânico de Pesca e Agricultura, Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor)
é convocado para encabeçar um projeto megalomaníaco, no Iêmen, financiado pelo
xeique Muhammed (Amr Waked). O intuito é desenvolver a economia da região por
meio da pesca do salmão. Isolado no desértico país árabe, Dr. Alfred contará
com a ajuda de uma auxiliar do xeique, Harriet (Emily Blunt), para transformar
o impossível em algo concreto.
Felizmente
chega às locadoras um bonito trabalho de mestre, feito pelo talentoso diretor
sueco Lasse Hallström, um dos meus cineastas preferidos. Pena ter recebido, no
Brasil, um título nacional sem nexo, mentiroso e genérico. “Amor impossível” lembra
algo romântico e não é. E sim um formidável drama com toques cômicos e muita
aventura, baseado em um contexto real: a pesca de salmões no Iêmen (que é
justamente o título em inglês, “Salmon fishing in the Yemen”).
O
tema, inusitado e específico para certo tipo de público, conta uma história
fora do comum. É a saga de um jovem cientista, estudioso na área de pesca (Ewan
McGregor, em bom trabalho), enviado ao Iêmen para liderar uma ação sustentável
envolvendo uma parceria entre o país e a Inglaterra. Ele deixa na terra natal a
esposa e segue a toada para o outro lado do mundo. Lá, o xeique, apaixonado
pela pesca do salmão, pretende introduzir a técnica para desenvolver o Iêmen, considerado
um dos mais pobres do Oriente Médio. Ele investe na construção de uma represa
especial, caríssima, com o projeto de criar os peixes para que estes, na época
de procriação, cheguem ao rio, por meio de seus famosos pulos. O cientista assume
a tarefa como dever pessoal; conhece então uma funcionária britânica (a
belíssima e sempre boa atriz Emily Blunt) que presta serviços para o xeique, e
os dois firmam parceria como colegas de trabalho – o que vai mudar, pois ele
fica apaixonado por ela. Aos poucos a trama romântica ganha corpo (mesmo assim fica
em segundo plano no filme) e outros elementos para dar ritmo na história são
introduzidos, por exemplo, atentados contra o xeique, a ameaça de uma guerra
local e até uma “vilã”, interpretada pelo excelente Kristin Scott Thomas, na
pele da assessora política do governo britânico, disposta a atrapalhar os
planos do protagonista.
Baseado
no romance de Paul Torday, com roteiro de Simon Beaufoy, parceiro de trabalho
de Danny Boyle em seus dois últimos filmes - e ganhador do Oscar por “Quem quer
ser um milionário”, o drama fala do resgate íntimo de um homem que arrisca o
trabalho e a vida para reconstruir um país marginalizado. Com a atitude
empreendedora, mudou a trajetória social e econômica do Iêmen, estraçalhado
pela Guerra do Golfo nos anos 90 e geograficamente uma área perdida, pois dois
terços do território é composto por deserto, sem rios perenes.
Eu
entrei na vibe do personagem, torci por ele, fiquei deslumbrado com a história.
Recomendado a todos!
Vale
mencionar que o diretor Lasse Hallström rodou tudo na Inglaterra, com inúmeros
cenários, e acertou em cheio na escolha do compositor Dario Marianelli, o autor
da trilha sonora, de acordes leves. É, sem dúvida, um de seus trabalhos
brilhantes, muito empolgante.
Repare
na carreira de Hallström e pense: não é um realizador de primeira? Para
relembrar alguns títulos, são dele “Minha vida de cachorro”, “Chocolate”,
“Sempre ao seu lado”, “Gilbert Grape – Aprendiz de sonhador”, “Meu querido
intruso”, “O vigarista do ano” e “Regras da vida”. Por Felipe Brida.
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