O executivo George
Kellerman (Jack Lemmon) está prestes a ser promovido na empresa. Ele é um
pacato cidadão que mora no interior do estado de Ohio com a esposa Gwen (Sandy
Dennis) e os filhos. A entrevista para o promoção no emprego será em poucas
horas, e para tanto pega o avião rumo a Nova York juntamente com a mulher. No
caminho, dezenas de confusões inusitadas irão atrapalhar a rotina daquele
tranqüilo casal.
Uma divertida comédia
de erros sobre as dificuldades em se viver na cidade grande, baseada em uma peça
de Neil Simon e que recebeu duas indicações ao Globo de Ouro (Lemmon e Sandy).
Quem conduz a
história (e sofre o diabo em Nova York) é o casal de americanos tranqüilos
George e Gwen. O primeiro, o executivo, concorre a uma vaga de chefe na
empresa, que tem uma entrevista marcada para o outro dia na cidade mais notória
dos EUA; a segunda, a esposa de bons modos, resolve acompanhar o marido. Na
viagem, desde a entrada no avião, ambos passarão por um calvário tenebroso, com
apuros diversos, um atrás do outro: são assaltados por bandidos armados, perseguidos
pela polícia, ficam presos em uma passeata comunista, o homem perde o dente da
frente e logo depois fica surdo, a esposa fica manca ao torcer o pé, um forte
temporal repentino deixa os dois em pingos e por aí vai... Na verdade, o filme
é uma piada só, com sucessão de fatos trágicos para os personagens e cômicos
para o público (eu não queria estar na pele de nenhum dos coitados), Eles são projetados
para dentro de universo cruel, no caso os malefícios da cidade grande, aqui
mostrada como um perigo alarmante. E também, simbolicamente, retrata o
preconceito aos moradores do interior (o azarado casal nunca se dá bem, já que
Nova York conspira contra eles, transformando-os aos poucos em marginais).
O famoso diretor
Arthur Hiller, hoje com 88 anos, dirigiu mais de 60 filmes, muitos deles
conhecidos, como “Love Story”, “Tobruk” e “Cegos, surdos e loucos”, e acertou
em cheio com “Forasteiros em Nova York”. Principalmente por dois motivos:
fotografou NY como ninguém (tirando a sátira e a visão pessimista da dor de
cabeça em se viver em uma metrópole, o filme serve como um passeio pelos
principais pontos da cidade, como o Central Park), e segundo pela escolha do
par central, os ótimos Jack Lemmon e Sandy Dennis. Eles dão um show gritando,
nervosos, e perdendo as estribeiras – esquecida hoje, Sandy ganhou o Oscar de
melhor atriz coadjuvante por “Quem tem medo de Virginia Wool?” e faleceu
prematuramente em 1992, aos 54 anos, de câncer; e Lemmon, vencedor de dois prêmios
da Academia, por “Mister Roberts” e “Sonhos do passado”, além de seis outras
nomeações, foi um dos melhores atores de sua geração (e um de meus preferidos).
Por isso, um entretenimento altamente recomendado para toda a família.
Foi refilmado em 1999
com o título “Perdidos em Nova York”, com a dupla Steve Martin e Goldie Hawn,
em estilo de maior pastelão, com resultado desprezível. Por Felipe Brida
Forasteiros
em Nova York (The out of towners). EUA, 1970, 97 min. Comédia. Dirigido por Arthur Hiller.
Distribuição: Paramount Pictures
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