O homem que mudou o jogo
Gerente
de um pequeno time de baseball chamado Oakland A, Billy Beane (Brad Pitt)
recebe a missão nada fácil de levantar a equipe. Nas mãos tem pouco apoio e um
orçamento reduzido, que mal dá para pagar os atletas. Beane usa a imaginação
para criar estratégias de reforçar a equipe contratando jogadores hoje
esquecidos, alguns desajustados, outros afastados da arena por abuso de drogas.
Com a ajuda do economista recém-formado Peter Brand (Jonah Hill), o gerente aos
poucos fará o A’s entrar na lista dos melhores times de baseball do mundo.
Fracassou nos cinemas do mundo inteiro esse bom filme baseado em fatos reais, sobre os bastidores do baseball. Indicado a seis Oscars – filme, ator (Brad Pitt), ator coadjuvante (Jonah Hill), roteiro adaptado, edição e mixagem de som, não levou estatueta alguma. E olha que Brad Pitt dá um show de interpretação, num papel sério e bastante humano. Sem dúvida um dos melhores trabalhos do ator.
Sobre
o naufrágio da bilheteria, o motivo é óbvio: só americano entende baseball, esporte
típico nos EUA. Brasileiro não conhece as jogadas, as posições, tampouco as
estratégias. Por isso nos perdemos nos lances dentro do campo. Coisa difícil o
baseball...
Temos
a trajetória de um manager esportivo em busca do sucesso a qualquer preço. Pitt
é o protagonista, tentando reconstruir, pela base, um time rebaixado. Para
tanto, escuta conselhos vitais de um jovem economista (excelente papel do
comediante gordinho Jonah Hill, coadjuvante de várias fitas de Judd Apatow).
Faz das tripas coração para reerguer o Oakland A (conhecido como A’s), dando
chance a jogadores de sucesso no passado, além de outros mais improváveis, como
viciados em fase de recuperação. Como contrapartida, enfrenta rivalidade e
ameaças dos dirigentes do time, a rejeição dos fãs, o banimento da mídia, do
público que reluta em aceitar as mudanças. E não bastasse isto se confronta com
um rival à altura (Phillip Seymour Hoffman), que poderá implodir as boas
intenções do gerente. Beane dará conta do recado?
“O
homem que mudou o jogo”, pelo próprio título, reflete a deslumbrante jornada de
um cidadão incumbido de ser o salvador da pátria, ou melhor, de um time de
baseball em frangalhos, bem como sua necessidade de se reafirmar como pessoa –
Billy Beane existe mesmo, figura desconhecida por nós, e atualmente, aos 50
anos, integra a Liga de Baseball, tendo defendido importantes clubes
americanos. A carreira deu certo e influenciou muitos diretores do baseball,
tanto pelas artimanhas diferentes de remontar a equipe do A’s como pelos campeonatos
vencidos a partir de então.
A
história é adaptada do livro de Michael Lewis “Moneyball: The art of winning an
unfair game”, ainda inédito no Brasil, com roteiro do premiado Steven Zaillian,
vencedor do Oscar na categoria por “A lista de Schindler” (1993). Brad Pitt
também produz, e quem dirige é Bennett Miller, o mesmo do contundente drama
“Capote” (2005), obra também sobre um personagem em baixa em busca de sucesso
profissional a todo custo.
Apesar
do baseball não ter sentido para o público brasileiro, o resultado do filme
surpreende pela qualidade do elenco, da moral sobre superação (sem ser
exagerado ou piegas), da sensibilidade do diretor, do roteiro bem construído.
Ou seja, um trabalho específico, para área afins, nascido de uma visível paixão
pelo esporte. Por Felipe Brida
O homem que mudou o jogo (Moneyball). EUA, 2011, 133 min. Drama. Dirigido por Bennett Miller. Distribuição: Columbia Tristar
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