A
invenção de Hugo Cabret
França, 1931. Solitário,
o garoto Hugo Cabret (Asa Butterfield), de 12 anos, vive dentro de um relógio
na estação de trem de Paris. Ele perdeu o pai, um famoso relojoeiro, em um
incêndio. Certo dia, encanta-se com a loja de brinquedos mantida por um
misterioso senhor (Ben Kingsley), localizada nos fundos da estação. Ao manter o
primeiro contato com o idoso, Hugo dá início a uma incrível jornada ao mundo da
fantasia, repleto de descobertas fabulosas.
Grande finalista do Oscar
2012, “A invenção de Hugo Cabret” é uma espetacular aventura em tom de conto de
fadas, com pano de fundo real – os primórdios do cinema francês. Sem
possibilidade de errar, o melhor filme do ano e um deleite para os entendidos
da Sétima Arte.
Recebeu o maior
número de indicações ao prêmio da Academia (11 no total), incluindo melhor
filme e diretor, levando para casa apenas cinco, todas de categoria técnica:
direção de arte, efeitos visuais, fotografia, edição de som e mixagem de som.
Mais que merecidos! E por pouco não ganhou outros, já que a crítica e o público
em geral ficaram encantados com o mais novo projeto pessoal (e diferente) do
notório Martin Scorsese.
Assim como “O
artista” (o vitorioso da noite), “Hugo” presta uma singela e belíssima
homenagem à História do cinema, mais precisamente ao país onde ele nasceu, a
França dos irmãos Lumiére. A vida do moleque Hugo Cabret encontra paralelo com
a do cineasta George Méliès (1861-1938), o principal diretor de cinema na
França do início do século, realizador de curtas de ficção e comédia, famosas
pelas trucagens a partir de mágicas ilusionistas, cenários ornamentados e
personagens míticos. O filme tem uma surpresa a partir da metade da história,
portanto não quero estragar esse entretenimento de primeira linha. Apenas para situar,
Méliès será figura forte na trama. Um produtor/ator/diretor/figurinista que
morreu pobre após perder o estúdio que havia montado com recursos próprios
(onde rodava seus filmes artesanais). Ou seja, “Hugo” faz um recorte real, com
exatidão na biografia de Méliès. E preparem-se para surpresas agradáveis!
Baseado no livro ilustrado
“The invention of Hugo Cabret” (de Brian Selznick, primo do lendário produtor
de cinema David O. Selznick), o filme acompanha as peripécias desse rapaz pobre
que mora em um relógio antigo, na estação de trem de Paris. E do alto observa a
rotina de encontros e despedidas dos passageiros sempre rindo das figuras
engraçadas que o cerca (policiais, floristas, pintores, garçons). Até que a
rotina morna do garoto se transforma em mágica após o primeiro encontro com um
velhinho rabugento, que conserta brinquedos na estação.
Scorsese, amante
inveterado do cinema, estudou a fundo a ideia que pretendia contar nas telas.
Inspirado fez um filme de pesquisa, incrivelmente estilizado. Inclusive outra
figura marcante, o autômato, o robô, existiu – foi criado no final do século
XVIII e hoje continua exposto no museu suíço de Neuchatel.
Um espetáculo visual,
com história emocionante sobre os sonhos da infância, mesclando drama e
aventura de bom gosto, que agrada jovens e adultos (crianças não, porque não há
animação, e a história é séria demais para elas).
Rodado em dois estúdios
na Inglaterra, o filme reúne um elenco adequado para os papéis, contando com
bons atores jovens. Asa Butterfield interpreta o cativante Hugo e Chloë Grace
Moretz é Isabelle, filha adotiva do dono da loja de brinquedos. Tem Ben
Kingsley (sempre enigmático, aqui como o velhinho), Sacha Baron Cohen, o
“Borat” e “Bruno”, como o inspetor policial da estação, e ainda participações
menores de Jude Law (o pai de Hugo, que morre numa explosão), Christopher Lee
(o livreiro) e Emily Mortimer (a florista da estação).
Howard Shore assina a
charmosa trilha sonora. Quer mais? Só mesmo assistindo para garantir a
diversão. E não duvido que logo “Hugo” será considerado obra-prima. Por Felipe Brida
A
invenção de Hugo Cabret
(Hugo). EUA, 2011, 126 min. Aventura. Dirigido por Martin Scorsese.
Distribuição: Paramount Pictures
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