terça-feira, 17 de outubro de 2023

Especial de Cinema


Festival do Rio termina, entrega prêmios e anuncia repescagem de filmes

A 25ª. edição do Festival do Rio terminou na noite do último domingo, dia 15, anunciando os vencedores dos prêmios Redentor da Première Brasil e Felix. A cerimônia de premiação ocorreu no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, na Cinelândia. Os atores Carla Cristina Cardoso e Bukassa Kabengele fizeram a apresentação, que contou com a presença dos membros dos júris, das diretoras do Festival Ilda Santiago e Walkíria Barbosa e do Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Marcelo Calero. O filme ‘Pedágio’ recebeu o maior número de prêmios, quatro ao todo, incluindo os de atriz e ator. Confira abaixo os premiados no Festival do Rio 2023.





PREMIÈRE BRASIL

 

Melhor Curta-metragem: Cabana, de Adriana de Faria.

 

Melhor Documentário: Othelo, o Grande, de Lucas H. Rossi dos Santos.

 

Melhor Direção de Documentário: Daniel Gonçalves, por Assexybilidade.

 

Menção honrosa: Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingos.

 

Melhor Atriz: Maeve Jinkings, por Pedágio, e Grace Passô, por O Dia que te Conheci.

 

Melhor Ator: Kauã Alvarenga, por Pedágio.

 

Melhor Atriz Coadjuvante: Aline Marta Maia, por Pedágio.

 

Melhor Ator Coadjuvante: Carlos Francisco, por Estranho Caminho.

 

Melhor Fotografia: Evgenia Alexandrova, por Sem Coração.

 

Melhor Direção de Arte: Vicente Saldanha, por Pedágio.

 

Melhor Montagem: Eva Randolph, por Levante.

 

Melhor Roteiro: Guto Parente, por Estranho Caminho.

 

Melhor Direção de Ficção: Lillah Halla, por Levante.

 

Melhor Filme de Ficção:  A Batalha da Rua Maria Antônia, de Vera Egito.

 

Prêmio Especial do Júri: O Dia que te Conheci, de André Novais de Oliveira.

 

 

PREMIÈRE BRASIL - NOVOS RUMOS

 

Melhor Longa: Saudade fez morada aqui dentro, de Haroldo Borges.

 

Melhor Curta: Dependências, de Luisa Arraes.

 

Melhor Direção: Ricardo Alves Jr. por Tudo o que você podia ser.

 

Prêmio Especial do Júri: A Alma das Coisas, de Douglas Soares.

 

Menção Honrosa para Iracemas, de Tuca Siqueira.

 

Menção Honrosa para Bizarros para Peixes das Fossas Abissais, de Marão.

 

 

PRÊMIO FELIX

 

Melhor Filme Brasileiro: Sem Coração, de Tião e Nara Normande.

 

Melhor Filme Internacional: 20.000 Espécies de Abelhas, de Estibaliz Urresola Solaguren.

 

Melhor Documentário: Orlando, Minha Biografia Política, de Paul B. Preciado.

 

Menção Honrosa de Documentário: Assexybilidade, de Daniel Gonçalves.

 

Prêmio Especial do Júri: Tudo o que você podia ser, de Ricardo Alves Jr.

 

Troféu Suzy Capó de Personalidade do Ano: Nanda Costa e Lan Lanh.

Repescagem ‘Festival do Rio 2023’


Desde ontem, dia 16, o Festival do Rio faz a tradicional repescagem dos principais filmes exibidos na edição desse ano. As sessões seguem até dia 18, em dois cinemas, o Estação Net Botafogo e o Estação Net Rio, ambos localizados na rua Voluntários da Pátria, no bairro Botafogo. Alguns títulos reexibidos são ‘Não Abra!’, ‘O sabor da vida’, ‘Nuclear now’, ‘Invisíveis’, ‘Kubi’, ‘Mal viver’, ‘Elas por elas’ e ‘Softie’. Confira programação no site oficial do festival, em https://www.festivaldorio.com.br/


sábado, 7 de outubro de 2023

Especial de Cinema - Mostra de Cinema de SP



Vem aí a 47ª Mostra de Cinema de SP, com 360 filmes em exibição a partir do dia 19

Os fãs de cinema já podem se preparar para a próxima edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa no próximo dia 19! Em sua 47ª edição, a Mostra trará 360 filmes de 96 países, em 24 salas de cinemas, espaços culturais e CEUS da capital paulista, além de exibições gratuitas, em salas, ao ar livre e online - nas plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e SPcine Play. A Mostra segue até o dia 1º de novembro. O site oficial do evento acaba de ser lançado e pode ser acessado em https://47.mostra.org. A programação com os filmes, salas e horários será divulgada a partir do dia 14 de outubro, data em que também começam a ser vendidos os ingressos, permanentes e pacotes - as vendas serão tanto pelo app da Mostra como pelo site da Velox.
Hoje pela manhã, durante a coletiva de imprensa, foi divulgada parte da programação com os principais filmes que integram as exibições desse ano.
Na noite de abertura, no dia 18, o filme exibido será o ganhador da Palma de Ouro desse ano, “Anatomia de uma queda”, de Justine Triet, em sessão solene para convidados, na Cinemateca Brasileira.
O pôster oficial 2023 - foto abaixo - foi criado pela equipe da Mostra a partir de uma pintura do cineasta Michelangelo Antonioni feita nos anos de 1960 (a Mostra fará, esse ano, uma retrospectiva dos principais filmes do diretor).
O vídeo com a vinheta foi lançado agora pela manhã. Ele foi criado por Amir Admoni, com trilha sonora de André Abujamra, Marcio Nigro e Marcos Naza, da Mondo, inspirado na pintura de Antonioni que está no pôster. A vinheta está disponível no canal da Mostra no Youtube, em – https://www.youtube.com/watch?v=OL1B8uT5fIk .
A Central da Mostra retornará com um balcão de informações no Conjunto Nacional, que funcionará também para venda de produtos do evento, como cartazes, bolsas, camisetas e canecas. Lá o funcionamento será de segunda a sábado, das 11h às 21h, e aos domingos, das 11h às 20h.


Júri

O júri da Mostra desse ano é composto pela atriz e diretora Barbara Paz, pelo premiado cineasta e músico iugoslavo Emir Kusturica, pela atriz italiana Enrica Antonioni (viúva de Michelangelo Antonioni), pelo diretor e produtor irlandês indicado ao Oscar Lenny Abrahamson, pela diretora-executiva do Festival de Berlim Mariette Rissenback e pelo ator e argumentista luso-guineense Welket Bunguê.

Premiações

O prêmio Leon Cakoff será entregue aos diretores Julio Bressane e Emir Kusturica. A Mostra exibirá os dois novos filmes de Bressane, o documentário A Longa Viagem do Ônibus Amarelo e a ficção Leme do Destino. De Kusturica será exibida a cópia restaurada de seu filme ganhador da Palma de Ouro, Underground: Mentiras de Guerra (1995).
O prêmio Humanidade, concedido a personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo, será entregue aos documentaristas Sylvain George e Errol Morris. A Mostra irá exibir o novo filme de George, Noite Obscura - Adeus Aqui, em Qualquer Lugar (2023), além de sete filmes importantes do diretor, como O Impossível - Páginas Rasgadas (2009) e Que Descansem Sem Paz (Imagens da Guerra) (2010). De Morris a Mostra exibirá seu novo trabalho, The Pigeon Tunnel (2023).

Filmes programados para 2023

Nessa edição da Mostra serão exibidos filmes premiados em festivais como Berlim, Veneza, Cannes, Locarno, Sundance e San Sebastian, de diretores e diretoras renomados, como Wim Wenders, Bradley Cooper, Nuri Bilge Ceylan, Aki Kaurismaki, Malgorzata Szumowska, Radu Jude, Michel Gondry, Ryûsuke Hamaguchi, Alice Rohrwacher, Victor Erice e Hong Sang-soo.
Nesse ano, a Mostra também traz 15 longas pré-selecionados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, como Shayda, de Noora Niasari, da Austrália; Lições de Blaga, de Stephan Komandarev, da Bulgária; Los Colonos, de Felipe Gálvez Haberle, do Chile; Irmandade da Sauna a Vapor, de Anna Hints, da Estônia; e Devagar, de Marija Kavtaradze, da Lituânia.
Na Mostra Brasil serão 60 longas brasileiros, nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional, como Saudosa Maloca, Mussum – O filmis, Pedágio, Meu sangue ferve por você, Até que a música pare, Agreste, Bizarros peixes das fossas abissais e O dia que te conheci. Os filmes da competição concorrem ao Troféu Bandeira Paulista de Melhor Filme, entregue pelo Júri Internacional da 47ª Mostra. E todos os filmes brasileiros da Perspectiva Internacional e da Competição Novos Diretores concorrem ao Prêmio do Público da Mostra, que inclui o Troféu Bandeira Paulista de Melhor Filme Brasileiro.

Outros filmes de destaque na Mostra:

Entre os títulos confirmados para a 47ª edição da Mostra estão os dois novos trabalhos de Hong Sang-soo, Na Água e Em Nossos Dias; Maestro, de Bradley Cooper; Dinheiro Fácil, de Craig Gillespie; Afire, de Christian Petzold; A Teoria Universal, de Timm Kröger; Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan; Fallen Leaves, de Aki Kaurismaki; A Besta, de Bertrand Bonello; Bom Dia à Linguagem, de Paul Vecchiali; Mulher de…, de Malgorzata Szumowska e Michal Englert; O Livro das Soluções, de Michel Gondry; Juventude (Primavera), de Wang Bing; Evil Does Not Exist, de Ryûsuke Hamaguchi; La Chimera, de Alice Rohrwacher; Anselm - 3D, de Wim Wenders; Fechar os Olhos, de Victor Erice; O Espectro do Boko Haram, de Cyrielle Raingou; Bem-Vindos 99, de Lukas Moodysson; O Caso Goldman, de Cedric Kahn; Atrás das Montanhas, de Mohamed Ben Attia; Dance Primeiro, de James Marsh; Deriva, de Anthony Chen; Divindade, de Eddie Alcazar; Do Coração, de Benoît Jacquot; #Manhole - Desvio Fatal, de Kazuyoshi Kumakiri; A Memória Infinita, de Maite Alberdi; Comandante, de Edoardo De Angelis; Fancy Dance, de Erica Tremblay; Golpe!, de Austin Stark e Joseph Schuman; Ingeborg Bachmann - Jornada pelo Deserto, de Margarethe von Trotta; Limbo, de Ivan Sen (Austrália); Luka, de Jessica Woodworth; Mademoiselle Kenopsia, de Denis Côté; Não Espere Muito do Fim do Mundo, de Radu Jude; No Adamant, de Nicolas Philibert; Quem Fizer Ganha, de Taika Waititi; Ricardo e a Pintura (Ricardo and Painting), de Barbet Schroeder; She Came to Me, de Rebecca Miller; The Royal Hotel, de Kitty Green; Yannick, de Quentin Dupieux; Na Ponta dos Dedos, de Christos Nikou; Nosso Filho, de Bill Oliver; The Starling Girl, de Laurel Parmet; e The Sweet East, de Sean Prince Williams.


Filmes clássicos restaurados

A Mostra traz filmes antigos recém-restaurados, como a retrospectiva Antonioni, com os principais filmes de Michelangelo Antonioni – serão 23 longas e curtas, com destaque para Deserto Vermelho (1964), Blow-up - Depois Daquele Beijo (1966), Profissão: Repórter (1975) e a trilogia da incomunicabilidade, composta por A Aventura (1960), A Noite (1961) e O Eclipse (1962). Além disso, entre os dias 23 de outubro e 17 de novembro, 24 pinturas de Antonioni estarão expostas com entrada franca no Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.
A 47ª Mostra exibe ainda o filme-marco do cinema de vanguarda soviético Um Homem com uma Câmera (1929), de Dziga Vertov, com nova trilha composta pelo compositor, flautista e professor Luiz Henrique Xavier. Também ganham exibição as cópias restauradas dos clássicos Amor Louco (1969), de Jacques Rivette, Vale Abraão (1993), de Manoel de Oliveira, O Retorno à Razão (1923), de Man Ray, Corisco & Dadá (1996), de Rosemberg Cariry, O Sangue (1989), de Pedro Costa, e Underground: Mentiras de Guerra (1995), de Emir Kusturica. Haverá também sessão de três longas de Lenny Abrahamson, Adam e Paul (2004), Garage (2007) e O que Richard Fez (2012).

Outras novidades

Pela primeira vez, a Mostra levará parte da seleção ao Norte do Brasil. Com parceria com o Centro Cultural Casarão de Ideias (CCCI), em Manaus, na capital do Amazonas serão exibidos filmes brasileiros e internacionais em três locais do centro da cidade, entre os dias 27 e 29 de outubro.
Haverá também a itinerância promovida pelo Sesc, que percorrerá 10 unidades do interior paulista, de 21 de novembro a 21 de dezembro. Os filmes da Mostra serão exibidos nos Sesc Araraquara, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Carlos, São José dos Campos, Sorocaba, Jundiaí e Campinas.
Haverá as apresentações em VR (Realidade Virtual), com dez filmes de várias nacionalidades, lançamento de livros e o III Encontro de Ideias Audiovisuais, que inclui o VII Fórum Mostra e o VII Fórum da Palavra à Imagem – todos de 26 a 28 de outubro, na Cinemateca Brasileira.

Patrocínio

A Mostra de Cinema de SP conta com o patrocínio master da Petrobras e do banco Itau, além da parceria do Sesc, o patrocínio da SPCine, o copatrocínio da Desenvolve SP, e o apoio da Ancine, do Projeto Paradiso e do Instituto Galo da Manhã. Tem a colaboração do Itaú Cultural, do Telecine, da Netflix e do Instituto Italiano de Cultura. E ainda o apoio técnico da Cinemateca Brasileira, da Quanta, do Conjunto Nacional e da Velox. Tem a parceria do Meliá Paulista e do Mercure Hotels, a promoção da Globofilmes, do Canal Brasil, da Folha de S. Paulo, da Rádio Bandnews e da TV Cultura.
Mais informações pelas redes sociais da Mostra - Instagram: @mostrasp e Facebook: @mostrasp

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Cine Cult


Cantinflas: A magia da comédia

Ator de prestígio em sua terra natal, o México, Mario Moreno, o Cantinflas (Óscar Jaenada), tenta, com muito custo, a carreira em Hollywood. Até que é convidado para participar como protagonista de um dos grandes clássicos do cinema, “A volta ao mundo em 80 dias”.

Uma história não-contada sobre o maior astro do cinema do México, o humorista e comediante Mario Moreno, mundialmente conhecido por Cantinflas (1911-1993). Esse singelo e desconhecido filme acompanha a infância e juventude humilde de Moreno na Cidade do México, períodos de sua vida marcados pela pobreza, o que o fez começar a trabalhar ainda criança como engraxate, e depois, na adolescência, como taxista. Aos 20 anos, em 1931, Moreno foi contrato como ajudante em um teatro, e passou a substituir o apresentador, fazendo improvisos. Conquistou parte do público e não parou mais, sendo contratado para atuar em filmes mexicanos de comédia no fim de 1930, na principal produtora de lá, a Cisa. Até que fundou a sua produtora, a Posa Films, onde atuou e produziu mais de 40 filmes populares, como “O sabichão” (1948) e “O porteiro” (1950). Com muito custo, foi a Hollywood para tentar a carreira, chegando a ser escalado como ator principal do clássico “A volta ao mundo em 80 dias” (1956), filme que deu a ele o prêmio de melhor ator no Globo de Ouro. A aventura foi um tremendo sucesso de público, ganhou o Oscar de melhor filme, mas Moreno não conseguiu mais espaço em Hollywood – quatro anos depois fez mais um filme lá, uma coprodução da Columbia com a sua produtora Posa, que foi criticado e péssimo em bilheteria, “Pepe” (1960), uma longa comédia musical, de três horas de duração – novamente o ator foi indicado ao Globo de Ouro, e o filme recebeu sete indicações ao Oscar. Quase quebrado pelo fracasso de público, Moreno voltou ao México e se dedicou aos filmes em solo natal, até morrer aos 81 anos, em 1993.
Aqui, nesse filme rápido, divertido e com momentos dramáticos, o foco é na chegada do ator em Hollywood, as dificuldades de um hispânico na terra sagrada do cinema (e o preconceito dos grandes chefes de estúdio em contratá-lo), além de trazer histórias de bastidores, em especial as de “A volta ao mundo em 80 dias”, como a relação de amizade dele com Elizabeth Taylor e das confusões nas gravações.



O ator espanhol Óscar Jaenada, de “Os perdedores” (2010) e “Viagem das loucas” (2017), é muito parecido com Cantinflas, magro, com finos bigodes e o jeito tímido. Uma cinebiografia bonita e sincera de Cantinflas, que não retrata toda sua vida, mas pelo menos uma parte importante dela.
Disponível em DVD, pela Paris Filmes, e nas plataformas de streaming para aluguel Apple TV e Google Play.

Cantinflas: A magia da comédia (Cantinflas). México, 2014, 102 minutos. Drama/Comédia. Colorido. Dirigido por  Sebastian del Amo. Distribuição: Paris Filmes

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Cine Cult


Olhos na floresta


Uma família se muda para o interior da Inglaterra, em uma área isolada tomada por florestas. Certo dia, as duas crianças dessa família, os Curtis, vão brincar num bosque próximo e se envolvem em um mistério sobrenatural: uma garotinha desaparecida há 30 anos naquela região parece se comunicar com elas.

Também lançado no Brasil como “Mistério no bosque”, esse intrigante filme de fantasia e mistério com toques de terror foi, vejam só, assinado pela Disney, e é um dos únicos exemplares da produtora nessa linha. Rodado em bosques ingleses na região de Warwickshire, tem um clima sombrio, com algo sobrenatural no ar (auxiliado por uma fotografia compenetrada e bucólica, do mestre Alan Hume, de “O buraco da agulha”), envolvendo desaparecimento de crianças, fantasmas e bruxarias (apesar de ter recebido classificação indicativa PG, que nos EUA é para mais de 13 anos, foi vendido como um “filme de família”, de “fantasia”, por ter a Disney por trás). Quando digo “filme de terror” não é nada relacionado a mortes macabras, assassinos cruéis e sustos, e sim o tema, a ambientação, a forma como a história é narrada (que tem um desfecho marcante, apesar de já decifrarmos tudo já na metade).
Foi um dos últimos trabalhos da grandiosa e premiada Bette Davis (ganhadora de dois Oscars e indicada a outros nove!), repetindo o papel de uma megera, com aparência de bruxa. Tem também participação de Carroll Baker (de “Assim caminha a humanidade”) e Ian Bannen (de “Coração valente”), além da atriz mirim Kyle Richards, na época com 10 anos - antes fez “Eaten alive” e “Halloween: A noite do terror”.




O diretor John Hough vinha de filmes de terror como “A casa da noite eterna” e “Incubus” e antes havia feito para a Disney a aventura “A montanha enfeitiçada”. “Olhos na flroesta” é um pequeno grande thriller com revelações, magias, sobrenatural e espíritos, feito na medida exata para agradar crianças, jovens e adultos. Em DVD pela Classicline, numa ótima cópia.

Olhos na floresta (The watcher in the woods). EUA/Reino Unido, 1980, 84 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por John Hough. Distribuição: Classicline

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Especial de Cinema


Festival do Rio entra em sua 25ª edição com 40 estreias mundiais


Tem início nesta quinta-feira, dia 05 de outubro, a 25ª edição do Festival do Rio, um dos eventos de cinema mais importantes do Brasil, que levará ao público 40 estreias mundiais, dentro de uma programação com 53 longas e 38 curtas-metragens, muitos deles premiados em festivais como Berlim, Cannes, Jerusalem, San Sebastian, Sydney e Veneza.
Em formato presencial, o Festival do Rio terá sessões de filmes brasileiros em mostras competitivas e não-competitivas na Première Brasil, além de exibição de filmes internacionais dentro das seguintes programações: Panorama do Cinema Mundial, Midnight Movies e Itinerários Únicos.
Fundado em 1999 após a junção da Mostra Banco Nacional e do Rio Cine Festival, eventos que integravam o calendário cultural da cidade do Rio desde a década de 1980, o Festival do Rio (Rio de Janeiro Int'l Film Festival) tornou-se uma vitrine para se conhecer a cinematografia de diversos países, da Europa, África, América Latina, Ásia, Oceania e Oriente Médio, bem como produções das Américas do Norte e Central.
O evento é realizado pelo Cinema do Rio e pelo Cima - Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente, responsáveis pela produção do Festival e do RioMarket, evento que reúne profissionais de empresas nacionais e internacionais da indústria audiovisual com a realização de seminários, workshops, rodadas de negócios e sessões de mercado.
O Festival do Rio conta com patrocínio Master da Shell e da Lei Rouanet, apoio especial da Rio Filme e da Prefeitura do Rio, apoio da Ancine e da Firjan-Senai e promoção da GloboFilmes e do Telecine.
Nos 25 anos de existência do Festival, passaram por lá cineastas como Dario Argento, Stephen Frears, François Ozon e Luca Guadagnino, além de astros e estrelas como Helen Mirren, Isabelle Huppert, Samuel L. Jackson, Forest Whitaker, Ricardo Darín e Willem Dafoe.

Filmes

A abertura do Festival do Rio será com a animação “Atirem no pianista’, de Javier Mariscal e Fernando Trueba, e o encerramento contará com a exibição de Priscila, de Sofia Coppola. Haverá a premiére de filmes brasileiros como Pedágio, de Carolina Markowicz, Levante, de Lillah Halla, O mensageiro, de Lúcia Murat, Meu nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi, e A festa de Léo, de Luciana Bezerra e Gustavo Melo, e sessões de Mussum, o filmis, de Sílvio Guindane, Meu sangue ferve por você, de Paulo Machline, A flor do buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, Leme do destino, de Julio Bressane, Invisíveis, de Heitor Dhalia, e Rio da dúvida, de Joel Pizzini.
Filmes internacionais premiados serão exibidos, como Vidas passadas, de Celine Song, Pobres criaturas, de Yorgos Lanthimos, Monster, de  Hirokazu Koreeda, Firebrand, de Karim Ainouz, May december, de Todd Haynes, Dogman, de Luc Besson, Reality, de Tina Satter, Cães de caça, de Kamal Lazraq, Seneca - A respeito dos terremotos, de Robert Schwentke, O vilarejo El Eco, de Tatiana Huezo, Sabor da vida, de Tràn Anh Hùng, Perfect days, de Wim Wenders, Nuclear now, de Oliver Stone, l’ordine del tempo, de Liliana Cavani, Um amor, de Isabel Coixet, Conto de fadas, de Aleksandr Sokurov, Não abra!, de Bishal Dutta, Os impactados, de Lucia Puenzo, As paredes falam, de Carlos Saura, e All of us strangers, Andrew Haigh.







Ingressos e salas de exibição

A venda dos ingressos teve início ontem. Foram destinados 80% de ingressos para venda antecipada e 20% no dia da sessão. A compra pode ser por aplicativos e sites como ingresso.com. Há apenas um pacote promocional, de seis ingressos por R$ 85,50. Também é disponibilizada meia-entrada para estudantes, idosos e professores.
As sessões ocorrerão em diversas salas no Rio de Janeiro e em Niterói, como Cine Odeon, Kinoplex São Luiz, Estação Net Rio, Estação Net Gávea, Estação Net Botafogo e Reserva Cultural de Niterói.
Haverá distribuição de ingressos gratuitos de filmes brasileiros, como os infantis “Perlimps” e “Tarsilinha”, de longas premiados como “O clube dos anjos” e “Medusa”, e de clássicos como “Cinco vezes favela” e “Macunaíma”.
Mais informações no site do festival ou nas redes sociais - https://www.festivaldorio.com.br/

Resenha Especial - “Dia das Crianças”


Uma grande aventura


Um grupo de coelhos procura um novo lar depois de as terras onde moram ser ameaçada por algo misterioso. Eles fogem por bosques e aldeias e se unem para formar uma sociedade própria, onde enfrentarão uma série de perigos.

O best seller “Watership Down”, de Richard Adams, ganhou o mundo após ser publicado em 1972, virou série de desenho animado, filmes e imitações em vários países. Em 1978, a história original dos coelhos valentes em busca de um novo território para viver foi adaptada em uma belíssima animação cult, que serve às crianças, mas também é um filmão para jovens e adultos. Isso porque não é apenas uma fábula simplista de coelhos numa aventura em busca de um lar; é uma crítica social sobre exílio e perseguição, alienação e preconceito, e fala também sobre poder, identidade e territorialidade. Os coelhos de uma comunidade são alvos de algo misterioso que os ameaça, eles fogem para sobreviver e na jornada, coelhos de um outro grupo os ameaçarão. Eles enfrentam seus pares e outros perigos no caminho (naturais e humanos).
O diretor Martin Rosen realizou um feito inédito, produzindo uma animação para adultos com sensatez e emoção – outros desenhos para adultos já haviam sido feitos, como “A revolução dos bichos” (1954), “Planeta fantástico” (1973) e “O senhor dos anéis” (1978), mas esse aqui teve uma linguagem mais fácil e jovem, com apelo direto ao coração do público (e foi bem recebido por ele nos cinemas).  Quatro anos depois, Rosen dirigiu outra história de Richard Adams, também animação com animais, “Os cães plagueados” (1982), sobre cães que fogem de um laboratório e são caçados por humanos.



Conta com vozes de atores britânicos indicados ao Oscar, como John Hurt, Ralph Richardson, Nigel Hawthorne e Denholm Elliott, além de Hannah Gordon, Harry Andrews, Roy Kinnear, John Bennett, Joss Ackland, Zero Mostel e Richard Briers.
Em 2018 ganhou nova versão, uma microssérie bem irregular e fraquinha na Netflix, chamada “Em busca de Watership Down”, com vozes de James McAvoy, Ben Kingsley e John Boyega.
Atenção à canção principal do filme, que é linda, de Art Garfunkel, “Bright eyes”.
A animação foi relançada em DVD no Brasil pela Obras-primas do Cinema no box “Clássicos da animação”, que contém a animação francesa de arte “Os anos de luz” (1987), o britânico “Quando o vento sopra” (1986) e o japonês “Perfect blue” (1997). Todos estão numa excelente cópia restaurada, num disco duplo com mais de 1h10 de extras.


Uma grande aventura (Watership Down). Reino Unido, 1978, 91 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Martin Rosen. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sábado, 30 de setembro de 2023

Cine Especial


J. Edgar

Ao ficar doente, o poderoso e temido diretor do FBI J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio) relembra sua vida pessoal e profissional. Ele passa a ser cuidado pelo companheiro de longa data, com quem tinha um caso escondido, o policial e vice-diretor do FBI Clyde Tolson (Armie Hammer).

Dirigido por Clint Eastwood, astro e diretor premiado, que está na ativa aos 93 anos, o filme é a história não contada de J. Edgar Hoover (1895-1972), que por 37 anos foi diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), um dos mais organizados centros policiais de investigação do mundo. Temido, adorado, aplaudido, depois que morreu levantaram-se duas suspeitas sobre ele: de que usava o cargo para subornar e ameaçar pessoas e de que era gay. O filme acompanha essas suposições, com foco no relacionamento discreto que teve com Clyde Tolson, um policial que se tornou seu braço direito e foi vice-diretor do FBI. O longa-metragem, que dividiu opinião da crítica e do público, não só coloca tais suspeitas como verdade, como mostra a fundo o relacionamento de Hoover e Tolson, morando juntos como um casal (o que nunca foi provado).
Fotos e documentos revelam que Hoover e Tolson eram muito próximos, foram flagrados inúmeras vezes em lugares públicos a sós (em jantares, por exemplo), e quando Hoover morreu, em 1972, Tolson herdou parte dos bens dele e da propriedade onde viveu – e para lá se mudou, falecendo três anos depois, em 1975.
Outro ponto do filme é mostrar Hoover com seus métodos implacáveis de destruir inimigos, censurando pessoas e perseguindo líderes acusando-os de comunistas (ele foi peça central na ‘caça às bruxas’ durante o Macarthismo). Também foi acusado de manipular e plantar provas em casos.
É um drama com extensos diálogos e um bom trabalho dos dois atores centrais, DiCaprio, indicado ao Globo de Ouro pelo papel, em papel sério e convicto, e Hammer com suas sutilezas – ele ganhou destaque em Hollywood a partir desse seu trabalho desafiador. O roteiro é bom e ousado, de Dustin Lance Black, ganhador do Oscar de melhor roteiro por “Milk: A voz da igualdade” (2008), mas sinto falta de um desfecho impactante e uma pitadinha de ação, que caberiam em algum lugar da história. Vejo também excesso de personagens (tem muita gente no elenco, são mais de 100 atores e atrizes que desfilam em participações pequenas, como Naomi Watts, Judi Dench, Adam Driver, Ken Howard, Josh Lucas, Dermot Mulroney, Josh Hamilton e Lea Thompson) e a fotografia é bem escura, que chega a atrapalhar sequências cruciais – assinada por Tom Stern, indicado ao Oscar por “A troca” (2008), também de Clint Eastwood, um colaborador frequente dos filmes do diretor. A maquiagem é um pouco over, realçada demais.




Não foi bem de bilheteria, não foi tão elogiado pela crítica, no entanto é uma história ousada e pouco convencional de Hoover, que mostra o outro lado dessa controversa figura pública.
Clint Eastwood é um diretor que lança de um a dois filmes por ano, tem quatro Oscars nas costas (dois de melhor filme e dois de direção) e nos últimos anos investe em fitas baseadas em histórias verídicas, como esse aqui, “Sniper americano” (2014), “Sully: O herói do rio Hudson” (2016), “15h17: Trem para Paris” (2018) e “O caso Richard Jewell’ (2019). Ele está dirigindo seu novo, “Juror #2”, um suspense de tribunal com grande elenco, incluindo ele de volta na atuação, previsto para o final de 2024.
J. Edgar está disponível em DVD e Bluray, pela Warner Bros, e em plataformas de streaming como HBO Max, e para aluguel na Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play.

J. Edgar (Idem). EUA, 2011, 137 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Clint Eastwood. Distribuição: Warner Bros.

Resenhas especiais

  O presente   O casal Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) muda-se para uma nova casa. A rotina tranquila dos dois é ameaçada quand...