sábado, 28 de dezembro de 2024

Resenhas Especiais


Lançamentos em DVD da Obras-primas do Cinema.

Confira abaixo resenha de três filmes em DVD lançados recentemente pela distribuidora Obras-primas do Cinema.


Um rosto de mulher


* Reedição

Traumatizada devido a uma cicatriz no rosto, Anna Holm (Joan Crawford) transformou-se em uma mulher amargurada e chantagista. Certo dia, resolve submeter-se a uma cirurgia plástica para recuperar a beleza. Porém Anna continua atormentada pelo passado obscuro.
 
“Um rosto de mulher” estava inédito em mídia física no Brasil até 2013, quando foi lançado em DVD pela distribuidora ‘Colecione Clássicos’, em uma excelente cópia restaurada para deleite dos fãs do cinema antigo. A ‘Colecione’ mudou de nome, há algum tempo é ‘Obras-primas do Cinema’, e ela acaba de relançar a mesma cópia em DVD, mas no box ‘Joan Crawford’, com outros três filmes da grande atriz do cinema norte-americano – os títulos que estão juntos são ‘O pecado da carne’ (1932), ‘Quando o diabo atiça’ (1934) e ‘Manequim’ (1937).
Produzido em 1941, traz um papel marcante de Joan Crawford como uma mulher amargurada e que, por se sentir rejeitada pela enorme cicatriz na face, subestima as pessoas de seu convívio. Joan interpretou uma série de vilãs no cinema, e este com certeza é um dos trabalhos notórios da carreira da atriz, que na vida real era depressiva, alcoólatra e que maltratava os filhos (para conhecer a biografia dela assistam ao drama “Mamãezinha querida”, de 1981, com Faye Dunaway – a Obras-primas lançou o filme em DVD há alguns anos).




Joan interpreta aqui uma personagem difícil, arrogante, uma antagonista de primeira classe, que na história submete-se a uma cirurgia com o intuito de regressar à beleza – e que para os indivíduos que a cercam seria um possível retorno à antiga personalidade da mulher, sensata e carinhosa anos atrás. O que não acontece, pois o problema de Anna não está exclusivamente na “cicatriz” e sim nos tormentos do passado, de teor trágico, que aos poucos se revela no filme.
Com extenso clima noir, esse drama psicológico foi dirigido pelo vencedor do Oscar por “Minha bela dama”, George Cukor (1899-1983), um dos talentosos nomes de Hollywood dos anos 50 e 60, o mesmo de “A costela de Adão” (1949) e “Nasce uma estrela” (versão de 1954).
No elenco central ainda constam os atores Melvyn Douglas e Conrad Veidt como bons coadjuvantes, ofuscados pelo brilho imenso de Joan. Pouco conhecido no Brasil, o filme é uma boa raridade para se ter na coleção.
 
Um rosto de mulher (A woman’s face). EUA, 1941, 106 min. Suspense/Drama. Preto-e-branco. Dirigido por George Cukor. Distribuição: Obras-primas do Cinema.


Uma questão de escolha

 
Prestes a se casar com a adorável Stephanie (Leslie Hope), Travis (George Newbern), um rapaz virgem de 20 anos, apaixona-se perdidamente por uma vendedora de carros, Jonni (Kimberly Foster), que diz ser ‘a garota de seus sonhos’. Travis foge com ela em seu carro novo, para desespero dos pais e da noiva, entrando em crise se deve ou não se casar com Stephanie.
 
Nostálgica comédia adolescente dos anos 80 muito reprisada na TV, com um bom trabalho do trio central, atores e atrizes que vinham construindo sua carreira a partir dos anos 80, no caso George Newbern, de ‘Uma noite de aventuras’ (1987), Leslie Hope, de ‘Uma dupla acima da lei’ (1988), e Kimberly Foster, de ‘Dragnet – Desafiando o perigo’ (1987). O filme é rápido, tudo acontece em dois dias na vida de um rapaz do interior, virgem, que irá se casar com o amor de infância; só que, numa viagem para Dallas, para se dar de presente um carro, acaba se apaixonando pela vendedora, pouco mais velha que ele. O garotão tímido foge com ela e é atormentado por pesadelos (as cenas dos tormentos trazem momentos de terror e aflição, como a noiva morta-viva no altar e ele nadando no suco gástrico do próprio estômago). A partir daí fica confundido, se casa ou não, para desespero dos pais, amigos e da coitada da noiva abandonada. O filme é uma comédia romântica com road movie temperada sob o clássico drama dos anos 60 ‘A primeira noite de um homem’, que falava de um rapaz tímido dividido entre o amor de uma jovem e de uma nova paixão, a mãe dela, uma mulher mais velha.
Repare na boa trilha sonora que abre o filme e volta ao longo da história, do compositor Carter Burwell, em início de carreira – já era aqui parceiro de trabalho dos irmãos Coen e seria indicado a três Oscars futuramente.





Em DVD no box de disco duplo ‘Sessão anos 80 – vol. 16’, com outros três filmes, ‘Diferenças irreconciliáveis’ (1984), ‘As aventuras de um anjo’ (1985) e ‘Um hóspede do barulho’ (1987) – a caixa traz cards com as capas dos filmes e 15 minutos de extras, como entrevistas e making of dos longas.
 
Uma questão de escolha (It takes two). EUA, 1988, 80 min. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por David Beaird. Distribuição: Obras-primas do Cinema.


Meu amigo robô

 
O cãozinho Dog mora sozinho em um apartamento em Manhattan. Certa vez, vê na TV um anúncio de venda de robôs que servem de acompanhantes e resolve comprar um. O robô é enviado, e entre eles nasce uma duradoura amizade. Até que num passeio na praia, Dog abandona seu melhor amigo e parte para novos rumos.
 
Exibido em Cannes e indicado ao Oscar de melhor animação desse ano, ‘Meu amigo robô’ venceu prêmio especial em Toronto e o principal prêmio em dois festivais focados em fitas infantis e animação, o Annie e o Annecy. É uma graciosa animação para jovens e adultos, uma adaptação para as telas da popular graphic novel da norte-americana Sara Varon, romancista e ilustradora gráfica infantil, conhecida por criar personagens de animais; ela lançou ‘Robot dreams’ em 2007, fazendo sucesso entre os leitores. É sobre um cão que mora sozinho num apartamento na Nova York dos anos 80 e adquire um robô para acabar com sua solidão. Entre aventuras e desventuras, os dois se tornarão grandes amigos, até que um fatídico dia na praia poderá colocar fim naquela relação. Sem diálogos, tem muitos momentos cômicos, outros românticos e referências ao mundo do cinema, com relação direta a ‘O mágico de Oz’, ‘Star Wars’ e até ‘O iluminado’ - uma canção famosa dos anos 70 é cantada e assobiada pelos personagens, ‘September’, do grupo Earth, Wind & Fire. O robô, que não tem nome na história, lembra a concepção do robô Robbie, de ‘Planeta proibido’ (1956).
O cineasta espanhol Pablo Berger realiza filmes diferentes, com narrativas fora do comum, como a comédia dramática ‘Da cama para a fama’ (2003) e a fantasia ‘Branca de Neve’ (2012), que recria, numa Espanha dos anos 20, em preto-e-branco, o notório conto dos irmãos Grimm. Além de dirigir, Berger também escreve o roteiro e produz, que é o que fez em ‘Meu amigo robô’. Um filme para toda a família, que fala sobre o poder da amizade e toca ainda em questões de diversidade e aceitação em um mundo que muda a todo instante.



Teve distribuição nos cinemas pela Imovision, e agora sai em DVD em edição especial pela Obras-primas do cinema em parceria com a Imovision, com luva e 15 minutos de extras. Disponível ainda na plataforma online da Reserva Imovision e para aluguel no Prime Channels e Youtube Filmes.
 
Meu amigo robô (Robot dreams). Espanha/França, 2023, 102 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Pablo Berger. Distribuição: Imovision e Obras-primas do Cinema

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