segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming

 

 

O instante decisivo (2024)

 

Documentário esportivo com direção de André Bushatsky, cineasta responsável por filmes ficcionais e docs, como ‘A História do homem Henry Sobel’ (2014) e ‘No outro encontro você’ (2022). Seu novo trabalho agora ruma para o mundo dos esportes, com foco na inclusão e diversidade, trazendo histórias reais de personalidades paralímpicas brasileiras. Ele apresenta a rotina de atletas de várias regiões do país se preparando para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a maior competição esportiva do mundo com PCDs. Ilustram o filme depoimentos da lançadora de disco Beth Gomes, do velocista Petrúcio Ferreira, da lançadora de dardos Raíssa Machado, dos nadadores Gabriel Araújo e Carol Santiago, da tenista de mesa Bruna Alexandre e de outros, em que falam de suas trajetórias, da disciplina e superação para alcançar o pódio. O filme foca no intenso treinamento a que são submetidos, na intimidade com a família e traz reportagens com momentos históricos em que diversos deles foram medalhistas de ouro, campeões brasileiros e até mundiais. O Brasil está hoje em uma boa fase do esporte paralímpico, sendo que no último torneio mundial, os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, conquistou a quinta colocação no quadro final de medalhas. A Bushatky Filmes, produtora de André Bushatsky, produziu esse ano a série “Da inclusão ao pódio", sobre atletas paralímpicos, disponível na Globoplay, e como ‘continuação’ do tema, produziu e lançou nesse fim de semana, no Sportv e no Globoplay, o bom documentário ‘O instante decisivo’, com apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Assistam.

 


 

Salão de baile: This is Ballroom (2024)

 

O melhor documentário brasileiro do ano está nos cinemas! Um filme para ficar em êxtase, feito sob uma brilhante montagem e uma fotografia de brilhar os olhos. Exibido em dezenas de festivais mundiais, e aqui no Brasil no Festival do Rio e na Mostra de Cinema de SP, e ganhador do principal prêmio do Festival Mix Brasil desse ano, o longa-metragem explora a frenética cena voguing do Rio de Janeiro atual. Nela, dançarinos e dançarinas da comunidade LGBTQIAPN+ resgatam o movimento Ballroom novaiorquino da década de 70, numa competição incansável experimentando novos movimentos de corpo. A cena Ballroom no Rio vem sendo recriado desde a metade dos anos 2010, e de lá para cá dezenas de cidades brasileiras vem organizando seus ‘bailes’ na periferia. Para o documentário foi idealizada uma competição ball real nas margens da Baía de Guanabara, conduzida por casas Ballroom, como a House of Alafia, House of Cazul, Casa de Dandara, House of Império e os 007 (aqueles que não integram nenhuma casa). Acompanhamos luzes intensas e uma música vibrante em que os artistas se entregam na pista, performando uma nova identidade com roupas celebrativas - o que proporciona total imersão do espectador naquele momento. Com uma direção eletrizante da dupla de diretoras Juru e Vitã, que dançam em balls – o roteiro é delas também, é um filme pioneiro sobre o movimento no Brasil. “A ballroom é um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”, conta Juru em entrevista.
O filme vem fazendo boa carreira internacional, depois de abrir no notório festival de documentários de Copenhagen, o CPH:DOX. E olha só que beleza, praticamente toda a equipe do filme vem da cena Ballroom, da direção de arte à produção, o que colabora na construção real e fiel do Ballroom.
A Ballroom – na tradução direta, “salão de baile”, é uma manifestação cultural de grupos LGBTQIAPN+, essencialmente não-brancos, que dançam em bailes performáticos, como forma de resistência às violências que sofrem.  Surgiu no fim da década de 60 nos Estados Unidos, em concursos de drag, e na década seguinte expandiu os horizontes com as ‘houses’, espaços físicos e simbólicos liderados por uma "mãe" ou um "pai" que acolhiam jovens negros e latinos da comunidade LGBTQIAPN+ expulsos de casa ou que estavam em situação de vulnerabilidade social. Com a popularização dos balls, os concursos passaram a reunir todas as identidades: travestis, mulheres e homens trans, homens gays cis, mulheres cis etc, e junto ao concurso de beleza e moda veio um novo estilo de dança, o voguing. Desde 2015 há registros de Ballroom em todas as regiões do país, que fortalece o movimento LGBTQIAPN+ e a inclusão.
Produzido pela Couro de Rato, o filme está nos principais cinemas brasileiros com distribuição pela Retrato Filmes.







Nenhum comentário:

Resenhas especiais

Especial ‘Sementes do Nazismo’ O ovo da serpente Em 1923, durante a República de Weimar, na Alemanha, o trapezista judeu Abel Rosenberg (Dav...