sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Especial de Cinema


Festival de curtas Kinoforum segue com programação até dia 01/09

O 35º Kinoforum - Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo segue com ampla programação de filmes até o da 01 de setembro, em diversas salas de cinema de São Paulo, como Cinemateca brasileira, CineSesc e Museu da Imagem e do Som (MIS). O festival começou dia 22 de agosto, trazendo, esse ano, mais de 280 curtas brasileiros e estrangeiros, muitos deles premiados em festivais mundo afora. Na plataforma Sesc Digital, 10 títulos estão abertos ao público até o dia 08/09, dentre eles o documentário brasileiro ‘Macaléia’ (2023), exibido no Festival do Rio do ano passado, sobre a amizade do músico Jards Macalé com o multiartista Helio Oiticica, o drama feminino britânico ‘Sombra’ (2024), indicado no Festival de Cleveland, sobre uma garota iraniana que tem a chance de sua vida em participar das Olimpíadas como ginasta, e as animações ‘O menino monstro’ (2023), feita no Brasil, e ‘Borboleta’ (2024), coprodução Croácia e Dinamarca.
Fundada em 1995, a Associação Cultural Kinoforum, entidade sem fins lucrativos, promove atividades e projetos de audiovisual brasileiro e promove ações de formação cidadã com foco na inclusão cultural e social.
O Festival Kinoforum é uma promoção do Ministério da Cultura, Itaú Unibanco, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Lei Paulo Gustavo, Cinemateca Brasileira, Sesc e Associação Kinoforum.
Mais informações sobre o festival em https://kinoforum.org/. Acesso à plataforma Sesc Digital em https://sesc.digital/




 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Resenhas especiais


Filmes para ver em casa - em DVD e no streaming.

A assassina

Durante a Dinastia Tan, na China do século IX, Nie Yinniang (Shu Qi), uma jovem educada nas artes marciais, volta para a casa da família depois de viver no exílio. Ela vive escondida, pois é uma justiceira contratada para matar tiranos. Nie entra em conflito quando recebe uma missão, de difícil escolha, do antigo mentor – eliminar um líder político de uma província militar, que é seu primo e no passado foi seu noivo.

As belíssimas locações campestres e a fotografia iluminada com cor de ouro trazem elegância para esse filme cult e poético do chinês Hsiao-Hsien Hou, que pelo trabalho ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes – o longa foi indicado ao Bafta de filme estrangeiro e representante de Taiwan ao Oscar de 2016, sem ser selecionado na lista dos cinco finalistas.
Antes de assistir, saiba que o diretor realiza obras íntimas e lentas, e aqui repete a narrativa; tudo é muito demorado, com cenas minimalistas em câmera lenta e planos longos. Ele dirigiu diversos dramas nos anos 80, como ‘Um verão na casa do vovô’ (1984), e esse ‘A assassina’ foi seu último trabalho, onde também fez o roteiro e produziu; hoje está dedicado à produção executiva de filmes taiwaneses. ‘A assassina’ foi sua única investida no cinema de artes marciais – mas não há nada de ação, e sim é um drama sobre vingança repleto de flashs do passado. Há uma ou duas cenas de luta, mas rápidas e bem coreografadas, que aludem ao gênero milenar Wuxia, presente na literatura e no cinema - sobre conflitos em dinastias na China medieval com lutas marciais e espadas, trazendo heróis reais/mortais; no cinema chinês e de Hong Kong muitos filmes Wuxia foram feitos e se popularizaram nos anos 70 e 80, como a franquia ‘Shaolin’, e depois nos anos 2000 com fitas premiadas no Oscar, celebrado, por exemplo, pelo taiwanês Ang Lee em ‘O tigre e o dragão’ (2000) e o chinês Zhang Yimou em ‘Herói’ (2002) e ‘O clã das adagas voadoras’ (2004).




Em ‘A assassina’, não há grandes efeitos visuais nem pirotecnias ou batalhas épicas, a proposta é outra, mais um drama familiar, com vingança e honra. E que traz um conflito interno da protagonista, uma jovem assassina que, sozinha, precisa se reencontrar para cumprir uma missão complexa, que é matar seu ex-noivo, hoje um governador dissidente numa província militar. Se gostou da trama e dos comentários, tente assistir, mas, de novo, é um filme para público específico, acostumado a narrativas lentas, em que imperam os elementos técnicos, e ao mesmo tempo em que nada parecer acontecer, tudo acontece. É um filme lindo, de cenários grandiosos, cores impressionantes e uma história trágica e cheia de dúvidas. Recomendo. Em DVD pela Imovision ou na plataforma em streaming da Reserva Imovision.

A assassina (Cike Nie Yin Niang). Taiwan/Hong Kong/China, 2015, 105 minutos. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por Hsiao-Hsien Hou. Distribuição: Imovision


Legítimo rei

Coroado rei dos escoceses, Robert I (Chris Pine), conhecido como ‘Robert the Bruce’, lidera a Escócia contra as forças inglesas na Guerra de Independência do país.

Com ar de filme épico, ‘Legítimo rei’ é um bom filme de luta de espada, baseado em história real e produzido e lançado pela Netflix em 2018. Foi exibido no Festival Internacional de Toronto, com 20 minutos a menos, onde causou burburinhos por causa de uma cena de nu frontal do astro Chris Pine, o galã desse filme e da franquia para cinema de ‘Star Trek’. O filme tem uma parte técnica excepcional, já começando com um travelling longo, de nove minutos, onde a câmera passa por uma vela, depois um juramento, uma rápida batalha e um ataque ao castelo.
Narra a jornada do jovem rei Robert I, conhecido como ‘Robert the Bruce’ (1274-1329), que, no século XIV, lutou bravamente para conquistar a independência da Escócia, travando batalhas intermináveis contra o temível exército inglês. Foram muitas as guerras de independência da Escócia, e aqui o foco são nas duas últimas, entre 1303 e 1328, ano de sagração da libertação do país, período quando Robert desafiou tanto o rei inglês Eduardo I quanto seu filho, Eduardo, Príncipe de Wales. Devido ao comportamento intimidador e corajoso, Robert foi tido pelos rivais como um ‘fora-da-lei’, e, portanto, procurado por todos os lugares como um bandido – o título original do filme, reparem, é ‘Rei fora-da-lei’.
Há cenas bem executadas de batalha com trabucos/trebuchet, invasões ao palácio real pelas muralhas e luta de espadas, e algumas sanguinárias, como um estripamento chocante. A fotografia é uma façanha primorosa, assinada por Barry Ackroyd, indicado ao Oscar por ‘Guerra ao terror’ (2008). Direção e roteiro caprichados do britânico David Mackenzie, diretor de ‘O jovem Adam’ (2003), ‘Sentidos do amor’ (2011) e ‘A qualquer custo’ (2016).



A independência da Escócia já apareceu em pelo menos dois filmes, no clássico ganhador do Oscar ‘Coração valente’ (1995), de e com Mel Gibson, e em ‘O rei da Escócia’ (2019), um spin-off do filme citado. Assistam, está na Netflix.

Legítimo rei (Outlaw king). Reino Unido/EUA, 2018, 121 minutos. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por David Mackenzie. Distribuição: Netflix


O rei da polca

Conhecido como ‘Rei da Polca’, Jan Lewan (Jack Black) é um compositor polonês radicado nos Estados Unidos que leva seus shows para diversos clubes e também se apresenta em programas de TV. É uma lenda da música e uma pessoa muito querida. Porém, Lewan é acusado de criar um esquema milionário aplicando golpes em idosos, que o leva para a cadeia.

Baseado numa incrível e ao mesmo tempo maluca história real, o filme produzido pela Netflix foi uma das melhores comédias daquele ano, 2017, infelizmente mal divulgado, o que fez com que poucas pessoas assistissem. É um trabalho curioso e divertido da diretora Maya Forbes, indicada a quatro prêmios Emmy, produtora do seriado ‘The Larry Sanders Show’ e que dirigiu e escreveu o drama ‘Sentimentos que curam’ (2014). Exibido no Festival de Sundance, é uma comédia dramática que nos faz ficar vidrados na tela. Jack Black, de ‘Escola do rock’ (2003), brilha no papel principal – o ator acerta bastante em seus papéis cômicos e debochados, e aqui faz um polonês com forte sotaque que mora há anos na Pensilvania, é um astro da polka music, diverte as pessoas em shows nos clubes e na TV, e acaba se envolvendo no mundo do crime. Jan Lewan foi acusado de participar de um ‘esquema Ponzi’, fraudes em formato de pirâmide, em 2004, que atingiu 400 pessoas em 22 estados americanos, onde embolsou milhões de dólares. Ele ficou preso por cinco anos, chegou a ser ferido gravemente na cadeia e quase morreu no hospital; depois voltou para a prisão e cumpriu pena até 2009.
Jan Lewan se mudou da Polônia para os EUA em 1972, onde pretendia ser maestro, chegou a se apresentar em mais de 30 países com suas turnês, gravou discos e indicado ao Grammy por um álbum em 1995. Está com 83 anos e ainda faz apresentações – sua vida virou documentários e filmes para TV, e esse aqui da Netflix é o melhor deles, muito por causa do trabalho de Jack Black e da boa direção de Maya Forbes.



No filme participam ainda Jason Schwartzman, como um dos músicos da banda, Jenny Slate, no papel da esposa, e a indicado ao Oscar duas vezes Jackie Weaver, a sogra de Jan.

O rei da polca (The polka king). EUA, 2017, 94 minutos. Comédia/Drama. Colorido. Dirigido por Maya Forbes. Distribuição: Netflix

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Nota do Blogueiro


Na sessão de cinema de agosto, Cine Debate traz comédia clássica de Charles Chaplin

O Cine Debate do Imes Catanduva realiza neste sábado, dia 31/08, a sessão de agosto do projeto, que é aberta e gratuita ao público. O filme escolhido dessa vez é a comédia clássica ‘Em busca do ouro’ (1925, 95 minutos), escrita, dirigida e protagonizada por Charles Chaplin. Sessão e debate serão na sala de ginástica do SESC Catanduva, às 14h. A mediação do debate será realizada pelo idealizador do Cine Debate, o jornalista, professor do IMES e do SENAC e crítico de cinema Felipe Brida.

Sinopse do filme: Carlitos (Charles Chaplin) viaja ao Alaska para tentar a sorte como garimpeiro durante a Corrida do Ouro de 1898. Chega até a montanha congelada de Klondike, junto de 100 mil homens, todos alvoroçados para encontrar ouro. Carlitos se envolve em confusões e se apaixona por uma dançarina (Georgia Hale).



Cine Debate

O Cine Debate é um projeto de extensão do curso de Psicologia do IMES Catanduva em parceria o SESC e o SENAC Catanduva. Completou 12 anos em 2024 trazendo filmes cult de maneira gratuita a toda a população. Conheça mais sobre o projeto em https://www.facebook.com/cinedebateimes

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Especial de cinema


48ª Mostra Internacional de Cinema de SP será de 17 a 30 de outubro

A cidade de São Paulo já se prepara para receber um dos festivais de cinema mais importantes do Brasil. Entre os dias 17 e 30 de outubro será realizada a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a exibição de centenas de longas premiados em festivais como Cannes, Berlim, Veneza e Sundance. A programação completa será divulgada em breve no site oficial e nas redes sociais do evento.
No último sábado foram divulgadas as primeiras informações sobre a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Seguem abaixo, em tópicos.

- O pôster oficial desse ano foi divulgado, e a arte é assinada pelo cineasta e artista gráfico indiano Satyajit Ray (1921-1992). Ray ganhará uma retrospectiva no festival, com exibição de seus principais filmes, restaurados, como ‘A canção da estrada’ (1955), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, e as duas continuações, que compõe a ‘Trilogia Apu’, ‘O invencível’ (1956) e ‘O mundo de Apu’ (1959).




- O principal foco da edição será o cinema indiano, com exibição de filmes antigos e lançamentos do referido país.

- Nesse ano será lançada a ‘1ª Mostrinha’, com exibição de filmes infantis. Um dos destaques será o filme ‘Arca de Noé’ (2024), além da exibição especial de ‘Castelo Rá-tim-bum – O filme’ (1999), que completa 25 anos. O pôster da Mostrinha também é assinado por Satyajit Ray.



- Os primeiros filmes a serem exibidos na Mostra foram anunciados. Na lista estão o indiano “All we imagine as light”, de Payal Kapadia, vencedor do Grand Prix em Cannes; o alemão “Dying”, de Matthias Glasner, ganhador do prêmio de roteiro no Festival de Berlim; o novo trabalho de David Cronenberg, o terror “The Shrouds”, além de “By the stream”, de Hong Sang-Soo, “It’s not me”, de Leos Carax, e “Misericordia”, de Alain Guiraudie.




Patrocínio

A Mostra de Cinema de SP conta com o patrocínio master da Petrobras, patrocínio do Itáu, copatrocínio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Governo do Estado de São Paulo e da Lei Paulo Gustavo. Tem a parceria do Sesc, o apoio da SPCINE e do Projeto Paradiso, colaboração do Telecine, da Ancine, do Instituto Galo da Manhã e da Netflix, além da promoção da Globofilmes, Canal Brasil, Folha de S. Paulo, TV Cultura, Arte 1, Bandnews e Revista Piauí.

A 47ª Mostra

A Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado contou com a exibição de 360 filmes de 96 países, apresentados nas seções ‘Perspectiva Internacional’, ‘Competição Novos Diretores’, ‘Mostra Brasil’ e ‘Apresentação Especial’. A Mostra foi realizada em 24 salas de cinemas, espaços culturais e CEUS da capital paulista, além de exibições gratuitas, em salas, ao ar livre e online - nas plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e SPcine Play. O filme de abertura foi o ganhador da Palma de Ouro de 2023, ‘Anatomia de uma queda’, de Justine Triet, e o de encerramento, ‘Ferrari’, de Michael Mann. Outros destaques do festival de 2023 foram ‘Em nossos dias’, ‘Maestro’, ‘Dinheiro fácil’, ‘Afire’, ‘Ervas secas’, ‘Folhas de outono’, ‘Bom dia à linguagem’, ‘O livro das soluções’, ‘O mal não existe’, ‘Limbo’, ‘Não espere muito do fim do mundo’, ‘No Adamant’, ‘Quem fizer ganha’, ‘Viciados em amor’, ‘The Royal Hotel’, ‘Yannick’, e os brasileiros ‘Saudosa maloca’, ‘Mussum – O filmis’, ‘Pedágio’, ‘Meu sangue ferve por você’ e ‘O dia que te conheci’.
Para mais informações, acesse o site oficial da Mostra - mostra.org

 

Estreia da semana


Motel Destino (2024)

 
Com longas premiados nos principais festivais de cinema mundiais, como Berlim e Cannes, o diretor cearense de descendência argelina Karim Aïnouz traz para o público, agora, seu mais novo trabalho, o thriller erótico com romance e crime ‘Motel Destino’ (2024). Indicado à Palma de Ouro e ao Queer Palm em Cannes desse ano, o filme poderia ter alçado melhor voo devido à boa proposta e ao forte argumento. O problema está na execução. Gosto do diretor, porém seus filmes oscilam demais - ‘Madame Satã’, ‘Viajo porque preciso, volto porque te amo’ e ‘A vida invisível’ são nota 10; já ‘O céu de Suely’, ‘Praia do futuro’ e esse ‘Motel Destino’ erram em muitos aspectos.
‘Motel Destino’ falha na escolha desarranjada do elenco – são apenas três atores em cena, vale lembrar - o jovem Iago Xavier fica com a mesma expressão o tempo todo, Nataly Rocha tenta misturar humor, mas em excesso, e Fábio Assunção tem interpretação over, ficando melhor em novelas da TV. Na trama, um jovem envolvido com pequenos crimes se esconde em um motel após dar errado o plano de matar um turista francês. Naquele local isolado e proibido, conhece o casal proprietário e aos poucos envolve-se com eles; as relações entre eles crescem e culminarão em um ato de tragédia e morte.
Rodado inteiramente no Ceará, o filme traz marcas do diretor nos créditos com letras chamativas e a fotografia de cores efusivas de dentro do motel e das praias cearenses – pontos altos desse filme ‘meio-termo’. Queria ter gostado, mas não... Segundo Aïnouz, a inspiração do filme veio da pornochanchada e do cinema policial brasileiro. Da metade para frente, o longa me lembrou fitas noir e neonoir, como ‘O destino bate à porta’ e ‘Corpos ardentes’.
Produzido pela Gullane, está em exibição em mais de 150 salas do país, com distribuição da Pandora Filmes.





domingo, 25 de agosto de 2024

Especial de Cinema


Festival do Rio chega a sua 26ª edição e anuncia data e nova sede

Um dos festivais de cinema mais importantes do Brasil, o Festival do Rio chega a sua 26ª edição. De 3 a 13 de outubro, na capital carioca, os cinéfilos poderão assistir filmes inéditos brasileiros e estrangeiros, muitos deles premiados em grandes festivais desse ano.
A novidade é a mudança da sede do festival, que agora ocupará o Armazém da Utopia, localizado no Cais do Porto do Rio de Janeiro (Avenida Rodrigues Alves, s/n - Armazém 6 - Santo Cristo, RJ), espaço de cinco mil metros quadrados, recém-reformado e próximo a atrações turísticas, como Museu do Amanhã, AquaRio e Museu de Arte do Rio.
O local abrigará salas para artistas, profissionais do audiovisual, executivos de estúdios e plataformas e equipe de filmes selecionados, além de receber programação especial para o público. Na sede funcionarão também os serviços de credenciamento, o Centro de Imprensa, Eventos Sociais e o RioMarket – área de Mercado do Festival, que oferece palestras, seminários, exibições de conteúdos especiais e rodadas de negócios.



Programação

O Festival do Rio 2024 contará novamente esse ano com uma programação diversa de filmes em apresentações especiais, divididos em seções como ‘Première Brasil’, mostra competitiva dedicada a filmes brasileiros que concorrem ao Troféu Redentor; ‘Panorama Mundial’, com longas que foram destaque em festivais internacionais; sucessos inéditos hors-concours, mostras temáticas, clássicos restaurados e, por fim, filmes LGBTQIAPN+ que concorrem ao Prêmio Felix. A programação com os filmes será divulgada em breve no site do festival, em https://www.festivaldorio.com.br/, e nas redes sociais do evento – Instagram, X/Twitter, TikTok, Facebook e Youtube.
O circuito de exibição ocupará mais de 20 espaços do Rio, como as salas do circuito Estação NET, o Kinoplex São Luiz, o Cine Odeon e outros. O ‘Cinema Circulação’ expandiu e agora será levado até as salas recém-reformadas do Circuito da Prefeitura do Rio: Cine Carioca Penha, Cine Carioca Nova Brasília (Complexo do Alemão), e Ponto Cine Guadalupe, sempre com sessões a preços promocionais.
Realização da Cinema do Rio, o Festival do Rio conta pelo terceiro ano consecutivo com a apresentação e patrocínio master do Ministério da Cultura e da Shell Brasil através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e com o tradicional Apoio Especial da Prefeitura do Rio de Janeiro - por meio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura.
O Festival do Rio é o grande encontro audiovisual da América Latina. Desde sua criação, em 1999, já foram exibidos sete mil longas, muitos deles premiados nos festivais de Cannes, Berlim, Toronto e Veneza. Na edição de 2023, foram exibidos longas como ‘Pobres criaturas’, ‘Priscilla’, ‘Monster’, ‘Dogman’, ‘Meu sangue ferve por você’, ‘O sabor da vida’, ‘Todos nós desconhecidos’, entre outros.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Nota do blogueiro


CPC-Umes lança novo site com venda de filmes em DVD e Bluray

O Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES) lançou esse mês seu novo site para venda de filmes em DVD e Bluray. Desde 2016, a CPC-Umes distribui no mercado brasileiro filmes soviéticos e russos clássicos e premiados, de diversos gêneros e épocas. A CPC-Umes já possuía um site, porém fez uma repaginação no layout, para melhor direcionar os internautas.
No catálogo são mais de 50 títulos para venda, com preços promocionais, como ‘Moscou não acredita em lágrimas’ (1980, ganhador do Oscar de filme estrangeiro), ‘Quando voam as cegonhas’ (1957, ganhador da Palma de Ouro) e ‘A balada do soldado’ (1959), bem como diversos longas dos diretores Andrey Tarkovski, Sergei Eisenstein, Karen Shakhnazarov e Mikhail Romm.
Confira em https://www.cpc-umes.com.br/



domingo, 18 de agosto de 2024

Estreias da semana - Nos cinemas

 

 O auge do humano 3 (2023)

Segundo filme que integra um projeto ousado do diretor argentino Eduardo Williams, produzido em oito países, como Brasil, Argentina, Peru e Taiwan - o primeiro foi ‘O auge do humano’ (2016), premiado no Festival de Locarno, e de forma proposital Williams pulou a segunda parte diretamente para a terceira, agora. Um grupo de amigos saem por aí num dia escuro e chuvoso, na tentativa de escapar dos seus dias tediosos e do trabalho sacrificante. Perambulam por lugares estranhos e são envoltos em uma atmosfera mística e contemplativa dentro de florestas e campos abertos.
Documentário e ficção andam juntos nesse filme-ensaio/experimental com atores amadores improvisando e filmados em longos planos sequências; o diretor investe em câmera 360 graus, com grande ocular, além de cenas silenciosas e com muita simbologia, o que faz desse trabalho uma obra complexa e para público específico.
Exibido nos festivais de Locarno, Toronto, San Sebastián, Nova York, Rio de Janeiro e na Mostra Intl. de São Paulo, o filme está nos cinemas pela distribuidora recém-lançada no mercado brasileiro Retratos Filmes.

 

 

Revoada (2023)

 

Também está em alguns cinemas brasileiros o filme independente ‘Revoada’, que demorou quase uma década para ser produzido. Escrito e dirigido por José Umberto Dias, é um drama com ar de western e ação sobre um grupo de 10 cangaceiros que, após o assassinato de Lampião numa emboscada, em 1938, se revoltam e planejam vingança, chefiados por Lua Nova e sua companheira Jurema. É um filme com jeitão de teatro, bem realizado, com cenas bem recriadas no sertão brasileiro, diálogos fortes e um trabalho visceral do elenco - destaque para os enquadramentos ambiciosos, que criam uma estética inovadora ao filme. Está em circulação nos cinemas pelo projeto ‘Distribuição Longas Bahia’, produzido pelo cineasta Vítor Rocha, da Abará Filmes, e coordenado por Walter Lima, da VPC Cinemavídeo.




terça-feira, 13 de agosto de 2024

Cine Cult


O valor de um homem

Depois de ficar um ano e meio desempregado, Thierry (Vincent Lindon) aceita um novo trabalho, como segurança em um supermercado na França. No entanto, vê-se preso em um dilema moral que o perturbará pelos próximos meses.

Drama cult francês que deu a Vincent Lindon o prêmio de melhor ator em Cannes em 2015, além de o filme ter sido contemplado, no mesmo festival, com a menção especial do júri ecumênico. Lindon é um nome expressivo do cinema francês atual, com mais de 60 longas na carreira, como ‘Tudo por ela’ (2008) e ‘Titane’ (2021).
Nesse ótimo ‘workplace drama’, como os americanos chamam, os ‘filmes de dramas sobre o mundo do trabalho’, conhecemos um homem de 51 anos desempregado, em busca de uma ocupação. Ele é casado, vive bem com a esposa e com o filho adolescente deficiente. Depois de passar por entrevistas de emprego malsucedidas e quase ser aprovado num bom trabalho, recebe a proposta de atuar como segurança em um mercado. Sua função é analisar câmeras de vigilância, observando se os clientes pegam produtos escondidos e levam nas bolsas – ou seja, ele será responsável em averiguar se há furtos no local. Um idoso é flagrado levando comida sem pagar - ele percebe que o cidadão passa fome, tem de interrogá-lo e puni-lo, e a partir daí entra em crise moral sobre seu trabalho. E outras histórias no mercado, envolvendo pequenos delitos e discussões, vão tecendo a história desse filme sério, duro e direto, que retrata a classe trabalhadora na França, com enfoque nas pessoas com mais de 50 que precisam trabalhar para sustentar a família, e que encontram dificuldades pela idade e no fim aceitam qualquer ocupação – por isso é uma crítica ao mundo do trabalho, ao mercado opressor e exigente, numa época em que a França enfrentava taxas sofríveis de desemprego, e até hoje é um dos países da Europa com maior número de cidadãos desempregados.



É um filme com planos fixos e longos de conversas, com câmera acompanhando tudo, que se movimenta e trepida, captando sempre as expressões de dúvida do ator principal – a narrativa poderá incomodar os menos experimentados em cinema de gênero.
Diretor e roteirista do filme, Stéphane Brizé dirigiu Lindon em quatro outros longas-metragens, como ‘Uma primavera com minha mãe’ (2012) e ‘Em guerra’ (2018). Disponível em DVD pela Imovision e no streaming da distribuidora em parceria com o cinema Reserva Cultural, o Reserva Imovision.

O valor de um homem (La loi du marché). França, 2015, 91. minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Stéphane Brizé. Distribuição: Imovision

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Cine Especial


Western stars

Documentário que acompanha o cantor e compositor Bruce Springsteen em um concerto especial do álbum ‘Western stars’ (2019). Enquanto ele canta e toca as 13 músicas do disco para um público em seu rancho, em Nova Jersey, nos é contada, paralelamente, a história de um velho cowboy em crise.

Produzido para o cinema, esse documentário musical traz as histórias por trás das músicas do álbum ‘Western stars’ (2019), do cantor e compositor norte-americano Bruce Springsteen (1949-), um disco em comemoração aos 50 anos de carreira dele. Com seu vozeirão inconfundível, ele canta e toca as 13 músicas do álbum de estúdio para um público seleto no celeiro centenário de sua propriedade, um rancho em Nova Jersey. É o 19º álbum de Springsteen, este influenciado pela música pop do sul da Califórnia da década de 70, com homenagem direta a Glen Campbell e Burt Bacharach.
A cada troca de música, Springsteen narra a história de um velho cowboy que decide rever sua vida e sua trajetória, um homem em crise que pensa acerca do valor da família, das perdas e a procura pela liberdade. Esse personagem nada mais é do que o próprio Bruce, uma espécie de reflexão que faz sobre ele mesmo, ao chegar aos 70 anos de idade, maduro e aceitando a velhice.
É um documentário íntimo, que reúne um show gravado com videoclipe, muito bem filmado e fotografado. E que mostra um grande cantor e compositor no palco, um novo Bruce Springsteen, mais introspectivo, longe do pop e do rock, lidando com uma nova fase da vida. Springsteen é nome fundamental da música norte-americana, começou a carreira em 1969, ganhou 20 Grammys e um Oscar, tendo vendido 120 milhões de discos ao longo das décadas - cantou músicas famosas, como ‘Born to run’, ‘Badlands’, ‘Born in USA’, ‘Dancing in the dark’, ‘Hungry heart’, ‘Streets of Philadelphia’ – vencedora do Oscar, do filme ‘Filadelfia’ (1993), entre outras.
Exibido no Festival de Toronto, o filme marca a estreia do músico na direção, num doc codirigido por um parceiro de trabalhos dele, Thom Zimny, duas vezes ganhador do Emmy.



No fim do show ele faz uma homenagem a Glen Campbell, falecido dois anos antes, tocando sua música mais famosa, ‘Rhinestone cowboy’, sucesso em 1975. Disponível em DVD pela Warner ou para aluguel em plataformas de streaming como Apple TV e Youtube Filmes.

Western stars (Idem). EUA, 2019, 83 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Bruce Springsteen e Thom Zimny. Distribuição: Warner Bros

domingo, 11 de agosto de 2024

Estreia da semana - Nos cinemas


O último pub (2023)

Está em exibição nos cinemas brasileiros o último filme do britânico Ken Loach, ‘O último pub’, que o rodou aos 87 anos. Uma lenda viva que realiza obras contundentes e críticas, e que tudo indica ser seu trabalho de despedida do cinema. Agora o seu novo drama social discute questões sobre imigração e xenofobia. Um proprietário de um pub luta diariamente para manter seu negócio em pé, numa pequena cidade operária da Inglaterra. Refugiados sírios chegam à região, por ser uma área de mineração e hoje desvalorizada, e sofrem represálias da comunidade; ele se aproxima de uma jovem síria, que é fotógrafa, e junto dela resolve abrir no pub uma cozinha comunitária. Tudo isso afronta amigos e vizinhos, que não aceitam a presença dos imigrantes e pressionam para que eles voltem ao país de origem.
O diretor de ‘Kes’ (1969), ‘Ventos da liberdade’ (2006) e ‘Eu, Daniel Blake’ (2016 – esse, ganhador da Palma de Ouro em Cannes), dirige uma história íntima de amizade, luta e sobrevivência, com foco nos imigrantes sírios. Assim como o protagonista (um ótimo trabalho do ator Dave Turner), o pub, que se chama ‘Old Oak’, ou ‘Velho carvalho’, simboliza a resistência em uma cidade decadente, negligenciada e ultraconservadora – próprio reflexo do diretor, que é uma voz da resistência na Inglaterra, e persiste nesse cinema autoral, pessoal e crítico desde os anos 60.
Com roteiro de Paul Laverty, parceiro de trabalho de Loach há 30 anos, o filme foi indicado à Palma de Ouro e ao Bafta e recebeu prêmio especial do público no Festival de Locarno. Distribuído nos cinemas pela Synapse Distribution.




sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Cine Cult



O corvo

Na noite anterior ao casamento, o roqueiro Eric Draven (Brandon Lee) e sua noiva, Shelley (Sofia Shinas), são assassinados por uma gangue de rua. Um ano depois, Eric retorna do túmulo para se vingar, perambulando pela cidade chuvosa, guiado por um corvo.

Conto de terror neogótico e sobrenatural, que virou cult e ganhou uma série de continuações e até seriado. Com alta carga de densidade dramática e psicológica, o filme de ação com toques de horror ficou conhecido não só pela estética inovadora e dark, mas por uma tragédia nos bastidores – o ator principal, Brandon Lee, único filho de Bruce Lee, morreu nas filmagens no auge da carreira, aos 28 anos, em março de 1993; ele levou um tiro acidental no set, e até hoje o caso ficou inconclusivo; ninguém sabe como foi parar lá uma arma de verdade no lugar de uma de festim. O caso foi repercutido no mundo, o filme saiu um ano depois, em maio de 1994, e foi muito visto por causa disso.
A estética chamou a atenção na época – uma fotografia escura, na chuva, com tons macabros, bem estilizada, e câmera em constante movimento. A trilha sonora é de rock, com The Cure, Rage against the machine e outros, e o protagonista, uma novidade no mundo dos super-heróis modernos – na verdade um anti-herói, triste, melancólico e depressivo.
Baseado nos quadrinhos de James O’Barr, o filme foi inspirado num caso real do próprio desenhista - O’Barr, norte-americano, aos 18 anos, poucos dias depois de se alistar na Marinha, viu a noiva morrer atropelada por um motorista bêbado. O fato o perturbou, até que aos 21 anos, morando em Berlim, começou a escrever e desenhar ‘O corvo’, influenciado pela cidade alemã, pela tragédia pessoal e por um caso policial estampado nos jornais da época, de um casal morto por causa de um anel de casamento. E tudo isso, de certa maneira, aparece na composição do roteiro do filme e nos personagens.
Foi o pontapé no cinema do diretor Alex Proyas, que vinha do universo dos videoclipes musicais, e depois fez filmes sombrios a carreira toda, como ‘Cidade das sombras’ (1998) e ‘´Presságio’ (2009).





Com a repercussão do longa, vieram continuações. Gosto apenas da segunda parte, ‘O corvo – A cidade dos anjos’ (1996), com Vincent Perez no papel principal; depois vieram exemplares bem ruins, como ‘O corvo III – A salvação’ (2000) e ‘O corvo – Vingança maldita’ (2005), além de curtas e até uma série de TV – essa muito boa, ‘O corvo – Uma escada para o céu’ (1998-1999), com 22 episódios, com Mark Dacascos. Em agosto desse ano sai nos cinemas a nova versão, de Rupert Sanders, diretor de ‘Branca de Neve e o caçador’ (2012), com Bill Skarsgård, o palhaço Pennywise das duas partes do filme ‘It: A coisa’ (2017-2019), interpretando Eric.
O filme saiu em DVD pela Warner em 2006, depois pela Classicline em 2022 e recentemente em bluray numa edição de luxo pela Obras-primas do cinema, em edição digibook com quase duas horas de extras. E quem quiser conhecer a graphic novel original, em 2018 saiu a coleção toda pela editora Darkside Books, numa primorosa edição de luxo em capa dura, com 272 páginas - toda em preto-e-branco, reúne os quatro livros/volumes de toda a série, além de desenhos inéditos do autor.

O corvo (The crow). EUA, 1994, 102 min. Ação. Colorido. Dirigido por Alex Proyas. Distribuição: Classicline (DVD de 2022) e Obras-primas do Cinema (Bluray de 2024)

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Resenha especial



Era uma vez no Oeste

Disputa pelo controle de água de uma propriedade no velho oeste explode num ato de ambição, honra e vingança em uma cidade abandonada do deserto norte-americano.

Monumental, extraordinário, um feito único do cinema! ‘Era uma vez no oeste’ permanece intacto como um dos maiores clássicos do western, que atravessa gerações. Sem contar que é uma aula de estética, que recorre ao barroco e ao operístico para contar uma história suja de vingança e opressão no velho oeste.
O filme tem personagens complexos, com muitas camadas. Uma disputa pelo controle de água de uma propriedade no deserto reúne uma ex-prostituta (Claudia Cardinale), viúva do dono das terras e herdeira, que também perdeu os filhos numa chacina; um bandido acorrentado, Cheyenne (Jason Robards); um pistoleiro de preto com toda sua vilania, conhecido como ‘Anjo da morte’ (Henry Fonda); um misterioso gaiteiro que atira pra matar, que não tem nome e é apenas conhecido por ‘Harmônica’ (Charles Bronson); e um senhor paraplégico conhecido como ‘Barão das ferrovias’ (Gabriele Ferzetti). Eles se encontram numa terra seca que vale milhões, na época da Corrida do Ouro, quando se expandiram as ferrovias pelos Estados Unidos, na metade do século XIX. Aquela região foi cortada de ponta a ponta pelos trilhos de trem, com isso iniciou-se o desenvolvimento das cidades. E ao mesmo tempo se transformaria em terras-sem-lei, tomada por bandidos, xerifes corruptos e gente inocente sendo massacrada. Esse é o pano de fundo desse western spaghetti metade filmado na Itália (nos estúdios da Cinecittá) e metade nos EUA (em locações como Monument Valley, no Arizona, e nos estúdios da Paramount Pictures), e parte das cenas gravadas no deserto de Tabernas, na Espanha.
Como define o próprio Leone sobre seu filme: “O ritmo do filme pretendeu criar a sensação dos últimos suspiros que uma pessoa exala antes de morrer. ‘Era uma vez no Oeste’ é, do começo ao fim, uma dança da morte. Todos os personagens do filme, exceto Claudia Cardinale, têm consciência de que não chegarão vivos ao final”.
Dois roteiristas que viriam a ser grandes diretores davam os primeiros passos no cinema com esse filme, Dario Argento e Bernardo Bertolucci, que criaram o argumento junto de Sergio Leone.






Leone iniciaria com ‘Era uma vez no oeste’ uma trilogia sobre a América – em seguida veio o barulhento e também barroco e violento ‘Quando explode a vingança’ (1971), sobre a Revolução Mexicana, e o inigualável drama com policial ‘Era uma vez na América’ (1984), uma longa e enternecida saga sobre a formação da máfia judaica em Nova York.
Primoroso, ‘Era uma vez no oeste’ causa deslumbre pelos enquadramentos diferenciados e a trilha memorável de Ennio Morricone, um de meus favoritos – já começa com uma cena que deixa o público com o coração na mão, muito criativa, silenciosa e cheia de ângulos inusitados, quando três pistoleiros (Jack Elam, Al Mulock e Woody Strode) aguardam a vinda de um trem numa estação isolada, no calorão do deserto, e quando ele chega, escutam um som sinistro de uma gaita – a música do gaiteiro fica na memória, é o som da morte.
É um filme que aprendi a gostar e sempre revisito. Recentemente o reassisti na ótima cópia em bluray que saiu pela Paramount Pictures dois anos atrás. O filme está disponível nessa versão e em DVD duplo – ambas com mais de uma hora de extras. As duas versões disponíveis no Brasil são as de cinema, de 165 minutos – há uma estendida, nunca lançada em mídia física, de 177 minutos, e outras com cortes, como a de estreia americana, de 145 minutos, e uma de 137 minutos lançada na Finlândia. Procure ver em bluray, com imagem e som altamente nítidos.

Era uma vez no Oeste (Once upon a time in the west). EUA/Itália, 1968, 165 minutos. Faroeste. Colorido. Dirigido por Sergio Leone. Distribuição: Paramount Pictures

domingo, 4 de agosto de 2024

Estreias da semana - Nos cinemas

 

O exorcismo (2024)

 

Tinha potencial para ser um bom filme de terror psicológico, ainda mais porque a base da história envolvia os bastidores do filme ‘O exorcista’ (1973), quando fatos assustadores tomaram conta do set de filmagem. Até a metade, o filme segue à risca essa proposta, mas depois se perde em possessões demoníacas aleatórias, com efeitos visuais manjados e um final sem surpresas.
Russell Crowe, que ultimamente participa de filmes lamentáveis, interpreta um ator em decadência, ex-usuário de drogas, que recebe o convite para um novo trabalho – atuar como padre em um filme de terror. Durante as gravações, ele é adquire comportamento violento, e aos poucos demonstra estar possuído por um demônio milenar.
É o segundo filme em menos de um ano com Crowe sobre exorcismo – o anterior é o interessante e real ‘O exorcista do Papa’ (2023).
Tem participações pequenas de três bons nomes, mas que mal aparecem na tela, outro ponto falido do filme - Sam Worthington, Adam Goldberg e Samantha Mathis.
A direção, vejam que curioso, é do ator e roteirista Joshua John Miller, que começou a carreira nos anos 80 ainda mirim; ele é filho do ator Jason Miller, o padre Karras do original ‘O exorcista’, e como roteirista aqui tentou trazer as histórias perturbadoras dos bastidores daquele filme, considerado por muita gente o mais assustador de todos os tempos do cinema. Infelizmente errou na mão, e o resultado é bem, bem aquém de muitas produções do gênero. ‘O exorcismo’ está em exibição nos cinemas brasileiros pela Imagem Filmes.

 


 

Estranho caminho (2023)

 

Novo filme do cineasta cearense Guto Parente, de ‘Inferninho’ (2018) e ‘O clube dos canibais’ (2018). Com forte apelo dramático e um bom elenco com a nova geração de atores brasileiros independentes, o drama retrata o retorno de um jovem cineasta para a casa do pai, em Fortaleza, durante a pandemia da covid. Ambos não conversam há anos, acabam se encontrando e a volta do filho trará junto tanto situações desafiadoras quanto estranhas.
Ganhou os prêmios de melhor roteiro e ator coadjuvante (Carlos Francisco, de ‘Bacurau’ e ‘Marte um’) no Festival do Rio, e levou quatro prêmios no prestigiado Festival de Tribeca, dentre eles filme e roteiro.
O filme transita na linha narrativa do diretor Guto Parente – quem o conhece sabe, que mistura elementos da realidade com fantasia, personagens envoltos numa aura de estranheza e mistério e situações incomuns, quase um ‘cinema fantástico’. A fotografia impressionante e muito bem conduzida ajuda na concepção criativa do longa. Gostei muito e indico.
Tem produção assinada pela produtora independente Tardo Filmes e distribuição nos cinemas pela Embaúba Filmes.