O corvo
Na noite anterior ao
casamento, o roqueiro Eric Draven (Brandon Lee) e sua noiva, Shelley (Sofia
Shinas), são assassinados por uma gangue de rua. Um ano depois, Eric retorna do
túmulo para se vingar, perambulando pela cidade chuvosa, guiado por um corvo.
Conto de terror neogótico
e sobrenatural, que virou cult e ganhou uma série de continuações e até
seriado. Com alta carga de densidade dramática e psicológica, o filme de ação
com toques de horror ficou conhecido não só pela estética inovadora e dark, mas
por uma tragédia nos bastidores – o ator principal, Brandon Lee, único filho de
Bruce Lee, morreu nas filmagens no auge da carreira, aos 28 anos, em março de
1993; ele levou um tiro acidental no set, e até hoje o caso ficou inconclusivo;
ninguém sabe como foi parar lá uma arma de verdade no lugar de uma de festim. O
caso foi repercutido no mundo, o filme saiu um ano depois, em maio de 1994, e foi
muito visto por causa disso.
A estética chamou a
atenção na época – uma fotografia escura, na chuva, com tons macabros, bem
estilizada, e câmera em constante movimento. A trilha sonora é de rock, com The
Cure, Rage against the machine e outros, e o protagonista, uma novidade no
mundo dos super-heróis modernos – na verdade um anti-herói, triste, melancólico
e depressivo.
Baseado nos quadrinhos
de James O’Barr, o filme foi inspirado num caso real do próprio desenhista -
O’Barr, norte-americano, aos 18 anos, poucos dias depois de se alistar na
Marinha, viu a noiva morrer atropelada por um motorista bêbado. O fato o
perturbou, até que aos 21 anos, morando em Berlim, começou a escrever e
desenhar ‘O corvo’, influenciado pela cidade alemã, pela tragédia pessoal e por
um caso policial estampado nos jornais da época, de um casal morto por causa de
um anel de casamento. E tudo isso, de certa maneira, aparece na composição do
roteiro do filme e nos personagens.
Foi o pontapé no cinema
do diretor Alex Proyas, que vinha do universo dos videoclipes musicais, e
depois fez filmes sombrios a carreira toda, como ‘Cidade das sombras’ (1998) e
‘´Presságio’ (2009).
Com a repercussão do
longa, vieram continuações. Gosto apenas da segunda parte, ‘O corvo – A cidade
dos anjos’ (1996), com Vincent Perez no papel principal; depois vieram exemplares
bem ruins, como ‘O corvo III – A salvação’ (2000) e ‘O corvo – Vingança
maldita’ (2005), além de curtas e até uma série de TV – essa muito boa, ‘O
corvo – Uma escada para o céu’ (1998-1999), com 22 episódios, com Mark
Dacascos. Em agosto desse ano sai nos cinemas a nova versão, de Rupert Sanders,
diretor de ‘Branca de Neve e o caçador’ (2012), com Bill Skarsgård, o palhaço
Pennywise das duas partes do filme ‘It: A coisa’ (2017-2019), interpretando
Eric.
O filme saiu em DVD pela
Warner em 2006, depois pela Classicline em 2022 e recentemente em bluray numa
edição de luxo pela Obras-primas do cinema, em edição digibook com quase duas
horas de extras. E quem quiser conhecer a graphic novel original, em 2018 saiu
a coleção toda pela editora Darkside Books, numa primorosa edição de luxo em
capa dura, com 272 páginas - toda em preto-e-branco, reúne os quatro
livros/volumes de toda a série, além de desenhos inéditos do autor.
O corvo (The crow). EUA, 1994, 102 min. Ação.
Colorido. Dirigido por Alex Proyas. Distribuição: Classicline (DVD de 2022) e Obras-primas
do Cinema (Bluray de 2024)
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