domingo, 24 de novembro de 2024

Estreias da semana - Nos cinemas

 

Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo

 

Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de apenas 60 minutos, que resgata vida e obra do poeta e ensaísta mineiro Affonso Ávila (1928-2012), ganhador duas vezes do Prêmio Jabuti de Literatura. Reconhecido como pesquisador do barroco mineiro e contador de casos incríveis, Ávila foi fundamental na poesia brasileira da década de 50 para cá, com suas poesias de enorme originalidade e ousadia, parte delas de cunho experimental. Ávila aparece em gravações realizadas para o filme entre 2010 e 2012, ano de sua morte, em sua residência, na rua Cristina, 1300, em Belo Horizonte. Ele deu depoimento para a diretora, Eleonora Santa Rosa, e ao codiretor do filme, Marcelo Braga de Freitas, em que conta sua trajetória e influências, analisa o mundo da literatura e lê poesias próprias. A diretora também narra o filme, e a atriz Vera Holtz empresta sua voz para a leitura de textos de Ávila. É o primeiro longa da jornalista e produtora Eleonora Santa Rosa na direção. Distribuição nos cinemas pela Cajuína Audiovisual.

 


 

Todas as estradas de terra têm gosto de sal

 

Primeiro longa-metragem da jovem cineasta norte-americana Raven Jackson, que escreve e dirige um filme poético e sensorial que acompanha 40 anos na vida de uma mulher negra na área rural do Mississipi (infância, juventude e vida adulta da protagonista Mackenzie). Uma menina que enfrentou pobreza, amarguras e solidão, tecidas sob o olhar único da cineasta, que capta pormenores de expressões dos personagens e realiza um filme com pouquíssimos diálogos. Há um particular na condução da obra, reforçando os laços de Mackenzie com a natureza e com sua irmã durante seu amadurecimento ao longo dos anos, quando tem de superar frustrações, tristeza, amores e perdas. Tudo apresentado de maneira serena, em ordem não-cronológica – são quatro atrizes de idades diferentes acompanhando as fases da vida de Mackenzie, Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah. Outro ponto de destaque são os sons, que são peça-chave do longa – os diálogos são substituídos por barulhos de chuva, riacho, pássaros e grilos. O filme abriu mundialmente no Festival de Sundance de 2023 e de lá para cá foi exibido em diversos festivais, como San Sebastián e Chicago. Rodado em 35mm, é uma produção da A24, nos cinemas pela Pandora Filmes – filme precioso para apreciadores de cult movies.

 


 

O vazio do domingo à tarde (2023)

 

Novo trabalho do diretor Gustavo Galvão, de ‘Ainda temos a imensidão da noite’ (2019), um cineasta autoral que vem ganhando destaque no cinema brasileiro desde seus curtas, na metade dos anos 2000. Seus filmes tocam em temas sensíveis e atuais, e aqui não é diferente – ele trata de sexismo no mundo do entretenimento e a incessante busca pela fama, numa história escrita por ele e pela premiada diretora Cristiane Oliveira, de ‘Mulher do pai’ (2016). É sobre duas mulheres cujas trajetórias se encontram – uma adolescente goiana, que quer ser atriz de sucesso, viaja para se encontrar com seu ídolo, uma celebridade em crise que está na região para gravar um filme. Com críticas ao culto às celebridades, utilizando bons atores no elenco, como Gisele Frade e Ana Eliza Chaves e participação especial de Erom Cordeiro, o longa, uma produção da 400 Filmes, teve exibição na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo de 2023 e agora está nos cinemas pela Lança Filmes.

 


 

Brazyl – Uma ópera tragicrônica (2023)

 

Está nos cinemas brasileiros mais alternativos esse filme-teatro que é um manifesto político visceral e engraçado sobre o Brasil dos últimos 90 anos, da Era Vargas ao governo Bolsonaro. Mesmo com todo desbunde e maluquices, é inspirado em situações reais, e muitos personagens são facilmente reconhecidos. É um musical irreverente, rítmico, ácido, que provoca e questiona. E que faz rir muito. Fala das ditaduras que o Brasil enfrentou, de crises políticas que vão e vem, da fascistização do poder nos últimos anos, focando em políticos corruptos e em muita gente oportunista. Quarto longa-metragem do cineasta José Walter Lima, é um filme vanguardista na forma, que mistura Semana de Arte de 22 com o delirante ‘Idade da Terra’ de Glauber Rocha. Criativo, conta com músicas de óperas contemporâneas que ficam na cabeça. Distribuição nos cinemas pela Abará Filmes.




quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Especial de cinema

 

Distribuidora Obras-primas do Cinema lança filmes de palhaços assassinos

Reconhecida no mercado de DVDs e Blurays brasileiro, a distribuidora Obras-primas do Cinema lançou recentemente uma caixa com quatro filmes de terror com palhaços assassinos. O box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’ está disponível para venda, no site da distribuidora, em www.colecioneclassicos.com.br. Conheça os filmes, abaixo, com comentários meus.
 
Diversão macabra

Três amigas de infância caem nas garras de um perverso assassino, que se veste de palhaço para matar suas vítimas.
Lançado em 2008, a coprodução EUA/Hungria, dirigida por John Simpson, é um filme de terror independente trash, sobre três amigas de infância que caem nas mãos de um perigoso serial killer, que as aprisiona num galpão abandonado e as tortura, vestido de palhaço. Cruel, de espírito sádico, o assassino tem um plano horripilante para cada uma delas. Com poucas mortes, mas muita perseguição e gritaria, o filme tem traços de ‘O médico e o monstro’, com doses extras de violência. O roteiro é de Jake Wade Wall, que já havia escrito filmes de psicopatas, como os remakes ‘Quando um estranho chama’ (2006), e ‘A morte pede carona’ (2007). No elenco tem Jessica Lucas, Katheryn Winnick, Keir O'Donnell e participação especial de Rena Owen. Longe de ser especial ou marcante, apenas assistível e para fãs de terror macabro. Sai em DVD pela Obras-primas do Cinema no box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’, que contêm ainda três filmes recentes do tema, ‘Stitches: O retorno do palhaço assassino’ (2012), ‘Terrifier: O início’ (2013) e ‘Clown’ (2014).

Diversão macabra (Amusement). EUA/Hungria, 2008, 85 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por John Simpson. Distribuição: Obras-primas do Cinema



Stitches: O retorno do palhaço assassino

Richard Grindle (Ross Noble) trabalha esporadicamente como palhaço animando festas de crianças. Apelidado de Stitches, não gosta da profissão. Num dos aniversários infantis, tropeça no cadarço após ser zoado pelas crianças, bate a cabeça e morre. Cinco anos depois, retorna do túmulo para se vingar dos agora adolescentes que aprontaram com ele no passado.

Coprodução Irlanda/Suécia/Reino Unido, de 2012, com direção de Conor McMahon, é um dos melhores filmes do box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’, lançado pela Obras-primas do Cinema e que traz junto ‘Diversão macabra’ (2008), ‘Terrifier: O início’ (2013) e ‘Clown’ (2014). Feito com baixíssimo orçamento, é uma comédia de terror propositalmente tosca, com cenas altamente sanguinárias, com sangue bem vermelho espirrando na tela e cabeças sendo cortadas. E tripas também. O comediante e humorista stand up inglês Ross Noble estreou no cinema aqui, na pele de um palhaço que trabalha em festas de crianças. Numa tarde, os pirralhos de uma festinha o castigam, até chegar a uma fatalidade – ele morre ao tropeçar nos cadarços amarrados por um dos meninos bagunceiros. Cinco anos depois, os meninos viraram jovens, estão no colegial e se preparam para uma festa até altas horas da madrugada. O palhaço Stitches sai do túmulo, como morto-vivo, em busca de vingança, invadindo a festa e tocando o terror. Mortes inusitadas, humor negro de sobra e muitas armadilhas cruéis tornam o filme diversão total. Vá preparado sabendo que é um pastelão com monstruosidades!

Stitches: O retorno do palhaço assassino (Stitches). Irlanda/Suécia/Reino Unido, 2008, 86 minutos. Terror/Comédia. Colorido. Dirigido por Conor McMahon. Distribuição: Obras-primas do Cinema


Clown

Kent (Andy Powers), um pai dedicado, veste-se de palhaço para animar a festa de seis anos do filho. O que ele não sabe é que a roupa está possuída por um demônio. Kent não consegue mais retirá-la e vai se transformando numa criatura infernal e assassina.

Estreia de Jon Watts no cinema, depois de uma dezena de curtas e clipes musicais. Norte-americano, Watts faria bons filmes em seguida, alguns conhecidos do público – ‘A viatura’ (2015), um suspense caprichado com Kevin Bacon, e a dose tripla ‘Homem-Aranha: De volta ao lar’ (2017), ‘Homem-Aranha: Longe de casa’ (2019) e ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ (2021), todos com Tom Holland, os que renderam maior bilheteria da franquia e pra mim os melhores capítulos do famoso super-herói da Marvel. Watts aqui investiu no ‘body horror’, uma fita menor de terror, com escatologias e perversidades. É a história de um rapaz que encontra uma roupa de palhaço e a veste para a festa do filho pequeno. Só que a roupa gruda nele, e o coitado nunca mais consegue tirá-la. Aos poucos, a roupa, amaldiçoada, mistura-se ao seu corpo, transformando o homem num palhaço demoníaco, sedento por sangue. O sobrenatural e o horror orgânico se encontram nesse filme curioso, com cenas aflitivas, cuja classificação indicativa é de 18 anos. Protagonizado por Andy Powers, da série ‘Taken’, tem participação de Peter Stormare, de ‘Fargo’ (1996), e há momentos que lembra ‘It’, de Stephen King. Produzido por Eli Roth, hoje destacado no cinema de horror, é um filme para público de estômago forte. Um dos melhores longas do box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’, lançado recentemente pela Obras-primas do Cinema, que contêm ainda três filmes recentes do tema, ‘Diversão macabra’ (2008), ‘Stitches: O retorno do palhaço assassino’ (2012) e ‘Terrifier: O início’ (2013).

Clown (Idem). EUA/Canadá, 2014, 100 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Jon Watts. Distribuição: Obras-primas do Cinema


Terrifier: O início

* Reedição

Uma babá encontra vários VHS guardados na casa em que está trabalhando. Sozinha, enquanto as crianças que cuida dormem, ela dá play nas fitas, que contêm histórias chocantes de terror, todas ligadas por um estranho palhaço assassino. Horas depois, o temível psicopata com maquiagem no rosto invade a residência.


Primeiro longa-metragem com Art, o cruel palhaço assassino, que se popularizaria três depois, com ‘Terrifier’ (2016), ganhando um filme próprio com mortes escabrosas e muito sangue. Esse ‘Terrifier: O início’ é uma prévia do que viria a ser a futura franquia; aqui, o assassino aparece pouco, na verdade ele nem é a figura central. O filme era derivado do curta-metragem ‘Terrifier’ (2011), um pequeno projeto autoral de Damien Leone, com um palhaço assassino atacando nas ruas escuras. O ator que interpreta Art, no curta, retorna aqui no mesmo papel, Mike Giannelli. Na história, uma babá, durante uma noite de trabalho cuidando de crianças numa residência, perambula pelos cômodos e encontra fitas VHS numa sacola. Resolve assistir ao conteúdo e depara-se com cenas reais de uma antiga gravação com crimes chocantes. Nelas, Art, o palhaço, aparece, só que ele será o pesadelo da babá horas depois quando ‘sai’ das fitas para atacá-la de verdade. Tem gore e violência, mas nada comparado aos três próximos filmes que Leone dirigiria, considerado pelos fãs os ‘verdadeiros Terrifier’ – nos outros, ele mudou elenco, permaneceu como filmes de baixo orçamento, mas com assassinatos mais insanos e cruéis, chegando ao limite do sadismo. Os filmes seguintes seriam ‘Terrifier’ (2016), ‘Terrifier 2’ (2022) e ‘Terrifier 3’ (2024), este nos cinemas brasileiros hoje. A cada novo longa-metragem, o orçamento cresceu, os baldes de sangue se avolumaram e os fãs alucinaram, tornando sólida a franquia com boa bilheteria mundial. Não leve a sério, apenas assista e tome alguns sustos... Esse ‘Terrifier: O início’ homenageia fitas de terror com babás perseguidas por assassinos, como nos antológicos slashers ‘Halloween – A noite do terror’ (1978) e ‘Mensageiro da morte’ (1979). Saiu em bluray pela Obras-primas do Cinema, com luva especial, cards e extras, e em DVD, pela mesma distribuidora, no box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’, com mais três filmes na caixa – ‘Diversão macabra’ (2008), ‘Stitches – O retorno do palhaço assassino’ (2012) e ‘Clown’ (2014). Também está no streaming, no Prime Video.

Terrifier: O início (All Hallows' Eve). EUA, 2013, 82 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Damien Leone. Distribuição: Obras-primas do Cinema

Cine Lançamento


A memória infinita


Com diagnóstico de Mal de Alzheimer, o jornalista chileno Augusto Góngora é cuidado pela esposa, a atriz Paulina Urrutia. O documentário acompanha os últimos anos de vida de Góngora em sua forte relação com a doença, a esposa e a memória política do Chile da Era Pinochet.

Debulhei-me em lágrimas nesse documentário que é de uma delicadeza impressionante, um filme comovente e de grande ternura. Indicado ao Oscar de melhor documentário nesse ano, a coprodução Chile/EUA acompanha os últimos anos na vida do jornalista chileno Augusto Góngora, nome respeitado da comunicação do seu país, que foi diagnosticado com o Alzheimer há oito anos. A esposa, a atriz e ativista política Paulina Urrutia, encara a difícil missão de se deixar gravar em momentos íntimos com o marido doente. Os dois cozinham, leem livros, assistem a jornais na TV, ela o ajuda no banho e a fazer barba, caminham juntos pela área verde do bairro bucólico onde vivem. Góngora tem lapsos de memória, lembra da era Pinochet, a ditadura cruel do Chile que matou mais de três mil chilenos, torturou muita gente e exilou outros 200 mil. Ele foi um jornalista combativo, perseguido no regime ditatorial, teve filhos com a primeira mulher, até que na década de 2000 conheceu e se casou com a atriz Paulina Urrutia, ex-ministra do Conselho Nacional da Cultura e das Artes do Chile. Entre conversas e outras, o doc desfila uma série de fotos antigas do casal em família, bem como viagens deles e entrevistas/reportagens. Ao mesmo tempo que se constrói a memória do personagem, a memória que falha e também a que lembra, fala da memória do país, afundado na crise política dos anos 70 e 80, que culminou em crise econômica e convulsão social, no período da ditadura de Augusto Pinochet - Góngora e Paulina participaram dos movimentos de redemocratização do país a partir da década de 1990.
Cronista da cena criminal da ditadura, Góngora é mostrado no doc em momentos tristes, quando perambula confuso pela casa, repetindo frases antigas, chamando amigos que já se foram. A câmera do filme funciona como a de vigilância, escondida, que observa tudo.




Um filme bonito, triste, com forte comentário político e que fala também sobre saúde mental e velhice. Feito com ternura por uma diretora chilena, Maite Alberdi, documentarista, produtora e professora em escolas e oficinas de cinema. Seu filme anterior, ‘Agente duplo’ (2020), também foi indicado ao Oscar de melhor documentário.
Exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP do ano passado, venceu o Grande Prêmio do Júri da seção World Cinema Documentary Competition do Festival de Sundance. Também foi exibido no Festival de Berlim e ganhador do Goya de melhor filme iberoamericano. Está disponível no streaming da Paramount Plus.

A memória infinita (La memoria infinita). Chile/EUA, 2023, 85 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Maite Alberdi. Distribuição: MTV Documentary Films

domingo, 10 de novembro de 2024

Estreia da semana – Nos cinemas

 

Madame Durocher (2023)

 

O Festival Varilux de Cinema Francês começou dia 07 e segue até 20 de outubro em 60 cidades de todo o Brasil. São 20 títulos selecionados para a edição desse ano, dentre filmes inéditos, premiados em festivais, e clássicos restaurados. 'Madame Durocher' (2023) é um dos bons títulos lançamentos do Varilux, um drama inspirado em uma importante, porém esquecida, figura feminina da área da saúde pública brasileira, a parteira Marie Josephine Mathilde Durocher, conhecida como ‘Madame Durocher’. Estrelado por Sandra Corveloni, o filme biográfico dirigido por Dida Andrade e Andradina Azevedo, de ‘A bruta flor do querer’ (2013), acompanha a trajetória histórica de Marie Josephine (1809-1893), nascida na França e que veio ao Rio de Janeiro com a mãe ainda na juventude. Enfrentou tragédias pessoais e familiares, lutou contra as convenções da época e o machismo, até se tornar parteira reconhecida e membro oficial da Academia Nacional de Medicina. Jeanne Boudier e Sandra Corveloni interpretam a protagonista em fases diferentes da vida, e o elenco tem ainda a prestigiada atriz franco-canadense Marie-Josée Croze, de ‘As invasões bárbaras’ (2003), além de Isabel Fillardis, Armando Babaioff, André Ramiro, Fernando Alves Pinto, Thierry Trémouroux e Mateus Solano. A reconstituição de época é condizente, com bons figurinos e cenários do século XIX. Produção da Nexus Cinema, com coprodução da Claro e SPCine e distribuição da Elo Studios e Sony Pictures International Productions. Conheça a programação completa do Festival Varilux em https://variluxcinefrances.com




quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Resenhas especiais


Coleção ‘Curtis Hanson – The dark places collection’

A distribuidora Classicline lança em DVD no Brasil a coleção ‘Curtis Hanson – The dark places collection’, com os bons filmes de suspense ‘A mão que balança o berço’ (1992) e ‘O rio selvagem’ (1994). Confira abaixo resenha dos filmes.




A mão que balança o berço

* Reedição

Após o marido, um renomado médico, cometer suicídio, Peyton Flanders (Rebecca De Mornay), que está grávida, perde o filho no parto. Ela torna-se uma mulher amarga, sem motivação. Meses depois começa a trabalhar como babá na residência do casal Michael e Claire Bartel (Matt McCoy e Annabella Sciorra). No seio de uma família perfeita, Peyton desenvolve uma doentia atração por Claire.

Aclamado pela crítica americana, rapidamente virou sucesso de público, no lançamento em 1992, e depois exibido aos montes na TV aberta. Importante veículo para a carreira de Rebecca De Mornay, que interpreta uma mulher psicótica, perturbada com o suicídio do marido e com a perda do filho. Sinistra no papel, De Mornay está nos melhores dias. Pena que sumiu das telas, e desde os anos 2000, participou de fitas menores como coadjuvante.
Em “A mão que balança o berço”, o premiado diretor Curtis Hanson, que havia aprendido a fazer suspense com “Uma janela suspeita” (1987), demonstra competência em conduzir o telespectador para uma trama de arrepiar, mostrando os perigos de abrir as portas de casa para desconhecidos, no caso uma babá vingativa, disposta a destruir uma família inteira para se livrar dos fantasmas do passado. Eletrizante, prende a atenção do começo ao fim. Sabe aqueles filmes de medo difíceis de se esquecer? Pois bem, este é um deles!
O elenco conta com a presença marcante de outra atriz dos anos 90, Annabella Sciorra (também desaparecida do cinema) e da novata Julianne Moore, que aqui tem um final nada feliz.



Falando no diretor Curtis Hanson, um dos cineastas que admiro, após “A mão que balança o berço” rodou bons projetos, muitos deles sucesso de público e crítica, como “O rio selvagem” (1994), “Los Angeles – Cidade Proibida” (1997), “Garotos incríveis” (2000) e “8 Mile – Rua das ilusões” (2002).
O filme acaba de sair em DVD na coleção ‘Curtis Hanson – The dark places collection’, pela Classicline, juntamente com outro filme com assassinos cruéis, ‘O rio selvagem’ (1994), com Meryl Streep e Kevin Bacon (disco único, sem extras).
OBS - Em 2005 a Buena Vista/Disney lançou o filme em DVD pela primeira vez no Brasil.

* Resenha modificada a partir do texto original publicado em 23/06/2012

A mão que balança o berço (The hand that rocks the cradle). EUA, 1992, 110 min. Suspense. Colorido. Dirigido por Curtis Hanson. Distribuição: Classicline (DVD de 2024) e Buena Vista/Disney (DVD de 2005)



O rio selvagem

Gail Hartman (Meryl Streep) é uma experiente treinadora de rafting, esporte radical praticado nas águas. Certo dia, combina com a família de fazer um passeio pelo River Wild, uma corredeira forte e caudalosa. Quando chegam ao destino, ela, o marido e o filho são sequestrados por dois criminosos armados (Kevin Bacon e John C. Reilly). Num bote, eles descem pelas águas turbulentas, e a cada minuto que passa a vida de todos corre perigo.

Ação com suspense do começo ao fim, é o trabalho mais popular de Curtis Hanson (1945-2016), um filme movimentado e difícil de ser feito, devido às cenas reais em corredeiras agitadas (gravadas em Montana e Oregon). Meryl Streep dispensou dublês, fez aulas de rafting e encarou as águas violentas do River Wild - que, segundo ela, foram cenas exaustivas de serem realizadas; pelo papel, Meryl foi indicada ao Globo de Ouro de atriz, a 11ª indicação na época, sendo que já tinha vencido três vezes. Ela é a protagonista, uma treinadora de rafting que é sequestrada com a família por dois bandidos malucos. A dupla de criminosos tem outras intenções, são violentos e dispostos a tudo para conquistar o que querem – Kevin Bacon é o líder, num bom papel que lhe rendeu indicação ao Globo de Ouro de ator coadjuvante, e sete anos antes atuou numa fita semelhante, ‘Águas perigosas’ (1987), sobre um grupo de jovens perdidos numa floresta que tem de fugir por rios, cachoeiras e perigos da natureza.
‘O rio selvagem’ é um filme-passatempo que me marcou na época, muito reprisado na TV e que nos deixa até hoje aflitos pelas cenas de alta tensão. Conta com uma fotografia espetacular de Robert Elswit, premiado com o Oscar por ‘Sangue negro’ (2007). O elenco garante o clima de drama e ameaças constantes, necessários para o bom resultado do filme, como David Strathairn, no papel do marido, Joseph Mazzello, como o filho pequeno, e John C. Reilly, o outro bandido.
Refilmado em 2023 com o mesmo título, o filme acaba de sair em DVD na coleção ‘Curtis Hanson – The dark places collection’, pela Classicline, juntamente com o famoso filme de suspense ‘A mão que balança o berço’ (1992), com Rebecca De Mornay no papel de uma babá sinistra (disco único, sem extras). ‘O rio selvagem’ e ‘A mão que balança o berço’ se parecem no conteúdo e forma, e ambos trazem o alerta: cuidado com os desconhecidos que cruzam o seu caminho.



O norte-americano Curtis Hanson foi um bom diretor, dirigiu 18 filmes ao longo da carreira, deixando bons filmes de suspense, como ‘Uma janela suspeita’ (1987), ‘Sob a sombra do mal’ (1990), e outros longas de gêneros variados, como os premiados ‘Los Angeles: Cidade proibida’ (1997), ‘Garotos incríveis’ (2000), ‘8 mile: Rua das ilusões’ (2002) e ‘Em seu lugar’ (2005). Faleceu em 2016 aos 71 anos após longo período doente.
OBS - Em 2002 a Universal Pictures lançou o filme em DVD pela primeira vez no Brasil.

O rio selvagem (The River Wild). EUA, 1994, 111 min. Ação/Suspense. Colorido. Dirigido por Curtis Hanson. Distribuição: Classicline (DVD de 2024) e Universal Pictures (DVD de 2002)

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Resenha especial



Terrifier: O início

Uma babá encontra vários VHS guardados na casa em que está trabalhando. Sozinha, enquanto as crianças que cuida dormem, ela dá play nas fitas, que contêm histórias chocantes de terror, todas ligadas por um estranho palhaço assassino. Horas depois, o temível psicopata com maquiagem no rosto invade a residência.

Primeiro longa-metragem com Art, o cruel palhaço assassino, que se popularizaria três depois, com ‘Terrifier’ (2016), ganhando um filme próprio com mortes escabrosas e muito sangue. Esse ‘Terrifier: O início’ é uma prévia do que viria a ser a futura franquia; aqui, o assassino aparece pouco, na verdade ele nem é a figura central. O filme era derivado do curta-metragem ‘Terrifier’ (2011), um pequeno projeto autoral de Damien Leone, com um palhaço assassino atacando nas ruas escuras. O ator que interpreta Art, no curta, retorna aqui no mesmo papel, Mike Giannelli. Na história, uma babá, durante uma noite de trabalho cuidando de crianças numa residência, perambula pelos cômodos e encontra fitas VHS numa sacola. Resolve assistir ao conteúdo e depara-se com cenas reais de uma antiga gravação com crimes chocantes. Nelas, Art, o palhaço, aparece, só que ele será o pesadelo da babá horas depois quando ‘sai’ das fitas para atacá-la de verdade.
Tem gore e violência, mas nada comparado aos três próximos filmes que Leone dirigiria, considerado pelos fãs os ‘verdadeiros Terrifier’ – nos outros, ele mudou elenco, permaneceu como filmes de baixo orçamento, mas com assassinatos mais insanos e cruéis, chegando ao limite do sadismo. Os filmes seguintes seriam ‘Terrifier’ (2016), ‘Terrifier 2’ (2022) e ‘Terrifier 3’ (2024), este nos cinemas brasileiros hoje. A cada novo longa-metragem, o orçamento cresceu, os baldes de sangue se avolumaram e os fãs alucinaram, tornando sólida a franquia com boa bilheteria mundial. Não leve a sério, apenas assista e tome alguns sustos...



Esse ‘Terrifier: O início’ homenageia fitas de terror com babás perseguidas por assassinos, como nos antológicos slashers ‘Halloween – A noite do terror’ (1978) e ‘Mensageiro da morte’ (1979). Saiu em bluray pela Obras-primas do Cinema, com luva especial, cards e extras, e em DVD, pela mesma distribuidora, no box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’, com mais três filmes na caixa – ‘Diversão macabra’ (2008), ‘Stitches – O retorno do palhaço assassino’ (2012) e ‘Clown’ (2014). Também está no streaming, no Prime Video.

Terrifier: O início (All Hallows' Eve). EUA, 2013, 82 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Damien Leone. Distribuição: Obras-primas do Cinema

domingo, 3 de novembro de 2024

Estreias da semana - Nos cinemas

 

Terrifier 3 (2024)

 

O palhaço Art está de volta, ainda mais insano e cruel. Agora ele ataca no Natal, vestido de Papai Noel e com um machado na mão! Preparem-se para o filme de terror mais agressivo e sanguinário do ano, com cenas brutais de assassinato que chocam e podem incomodar os mais sensíveis na plateia. Lógico que é um filme que não deve ser levado a sério, porém a violência gráfica perturba. É feito de propósito, um slasher com litros de sangue e tortura sem fim.
‘Terrifier’ nasceu em 2011, a partir de um curta-metragem de baixíssimo orçamento, escrito e dirigido pelo americano Damien Leone, na época com 26 anos. Trazia a história de um palhaço maluco que perseguia pessoas numa rua escura. Leone ainda produziu, editou, fez a maquiagem, o som e a direção de arte, e o curta venceu prêmios em festivais independentes de cinema de horror nos Estados Unidos. O projeto cresceu, e dois anos depois fez o longa ‘All Hallows' Eve’, aqui no Brasil chamado de ‘Terrifier – O início’ (2013). A história se passava no Halloween, em que uma babá assistia um antigo VHS com contos de terror, e numa das histórias o palhaço Art aparecia. Leone então deu mais vida ao assassino nos dois filmes seguintes, os verdadeiros Terrifier, ‘Terrifier’ (2016) e ‘Terrifier 2’ (2022), expandindo uma franquia inconcebível e impossível. No Brasil botaram os títulos de “Aterrorizante 1 e 2”, e ambos os filmes se passavam em apenas uma noite e madrugada, a de Halloween, em Miles County, com Art atacando com requintes de crueldade os moradores. O primeiro custou U$ 35 mil e rendeu U$ 417 mil nos cinemas, quase 12 vezes mais, e o segundo, com mais violência e maior qualidade técnica, teve orçamento de U$ 250 mil, com bilheteria de 60 vezes mais, US$ 17 milhões, um feito louvável se pensarmos em mercado de filmes de horror de baixo orçamento.
Eis que Leone ressurge agora com o capítulo 3, cuja história é no Natal, cinco anos após o massacre em Miles County. Abre com Art invadindo uma casa na véspera do Natal e trucidando uma família inteira com um machado. Em seguida, ajuda a ressuscitar a personagem do final do capítulo anterior, Victoria Heyes, num hospital psiquiátrico, e já tomada por uma força sobrenatural voraz - o palhaço, que era para estar morto, volta por meio de uma misteriosa entidade demoníaca. Art e Victoria (a maquiagem dos dois dá medo) formam um par destruidor, e unidos cometerão as piores atrocidades imaginadas, na encantadora época de Natal.
Gore, bizarrices, gritos e tortura em máxima potência nesse filme brutal e com uma avalanche de humor negro. Art já entrou para a galeria dos assassinos perversos do cinema, um palhaço que não fala, só gesticula e faz caretas, o que o torna ainda mais amedrontador – interpretado pela terceira vez pelo ator David Howard Thornton.
O filme traz referências a slasher movies dos anos 80 com Papai Noel macabro, como a franquia ‘Natal sangrento’, e conta com uma rápida participação de Tom Savini, diretor e maquiador de filmes de horror. Lançado nos cinemas brasileiros pela Diamond Films no dia de Halloween, 31/10, segue bem de bilheteria mundial, o que surpreende por ser filme de terror – com orçamento de U$ 2 milhões, o mais caro da franquia até agora, já fez U$ 63,5 milhões. Se curte o gênero, vai gostar - só cuidado com a classificação indicativa, que é de 18 anos.

OBS – Em setembro de 2023, publiquei resenha dos filmes ‘Terrifier’ (2016) e ‘Terrifier 2’ (2022), devido ao lançamento dos filmes num box especial em DVD e Bluray pela Classicline. Texto disponível em https://cinema-naweb.blogspot.com/2023/09/especial-de-cinema_20.html

 




 

Malu (2024)

 

Recém-premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de SP, esse é um dos grandes filmes brasileiros do ano. Uma história intensa, de amor e fúria, com um trabalho fenomenal da atriz principal, a mineira Yara de Novaes, de ‘Os 12 trabalhos’ (2006) e ‘Depois a louca sou eu’ (2019). Ela tem um papel extraordinário e real, interpretando a atriz brasileira Malu Rocha (1947-2013), que fez muita novela, teatro e cinema nos anos 70 e 80. O filme se passa nos últimos anos de Malu, atriz de meia-idade, com dificuldades financeiras tendo de conviver com a mãe conservadora, com quem não se dá (papel nota 10 de Juliana Carneiro da Cunha, outra atriz fantástica). Ela também tem conflitos com a filha (Carol Duarte, cada vez mais em evidência no cinema dentro e fora do Brasil, e aqui seu timing é perfeito), com quem passa a se relacionar com mais frequência. Pensativa, questionadora e de espírito livre, Malu incomoda muita gente com suas opiniões fortes. A reaproximação com a mãe e a filha tornará seu mundo mais caótico, até descobrir uma doença incurável. Exibido no Festival de Sundance, onde concorreu ao Grande Prêmio do Júri, o filme é tocante, mistura humor e drama conflitante na medida certa, e reserva para o desfecho momentos emocionantes. Adorei o filme, que é dirigido pelo filho de Malu Rocha, Pedro Freire, ou seja, uma obra fortemente pessoal do cineasta, que expõe na tela os dilemas e os desejos da mãe, entregando-a uma bonita homenagem póstuma. Produzido pela Bubbles Project e TvZero, com coprodução da RioFilme, Telecine e Canal Brasil, está nos cinemas pela distribuidora Filmes do Estação, depois de uma boa carreira em festivais de cinema.

 


 

A última invocação (2023)

 

O diretor japonês Hideo Nakata tornou-se mundialmente conhecido pela franquia de terror ‘Ring – O chamado’, lançada no fim dos anos 90 e que depois seria refeita nos Estados Unidos na década seguinte. Dirigiu também a primeira versão de ‘Dark water’, em 2002, outro bom filme inesperado e assustador que ganhou remake americano pelas mãos de Walter Salles. Seu mais novo trabalho chega agora nos cinemas brasileiros, um terror menos notório e mais explícito de Nakata, que procura manter os traços do ‘J-horror’. ‘A última invocação’ é uma adaptação do romance de estreia de Shimizu Karma, de 2019, obra campeã de vendas no Japão. É a história de um garoto, enlutado pela morte da mãe, que realiza um ritual para ressuscitá-la. Só que quem aparece no lugar dela é uma entidade maligna capaz de destruir todos que estão ao redor do menino. Ao longo da trama misteriosa, mas fácil de se desvendar, conhecemos personagens secundários que cruzam o caminho do pequeno protagonista e têm segredos em comum para tratar com ele. Temas como luto, culpa, solidão e o desconhecido circulam no filme de terror que também é apresentado como drama. Não é uma grande obra, tampouco memorável, porém é consumível e poderá agradar os fãs do cinema oriental de terror – o Japão foi pioneiro em realizar filmes modernos de fantasmas e entidades malignas, como os cultuados ‘Kwaidan’ e ‘O gato preto’, exemplares preciosos dos anos 60. Em exibição nos cinemas pela Sato Company, distribuidora fundada em 1985, pioneira na distribuição de animes e Tokusatsu, e que mantém um cinema no bairro Liberdade, em São Paulo, o Sato Cinema.

 


 

O dia da posse (2021)

 

Independente e experimental, o documentário de Allan Ribeiro é a terceira investida do diretor em longa-metragem, depois de uma carreira sólida em curta-metragem. Rodado na pandemia da Covid-19 (o filme é de 2021 e só agora chega aos cinemas), acompanha o jovem estudante de Direito Brendo Washington que, no isolamento social, teve o sonho de se candidatar à presidência da República. Em seu pequeno apartamento no Rio de Janeiro, ele ensaia o discurso de posse, caso vença as eleições, estuda a fundo as leis, grava vídeos para a internet falando sobre política, onde interage com os seguidores, e compartilha o sonho de ajudar as pessoas caso seja político. Tudo ocorre naquele espaço confinado, e as lentes de Ribeiro captam a rotina de idas e vindas de Brendo. Um roteiro feito entre os dois, com improvisos e muita garra, que entrega um filme consciente sobre os sonhos dos jovens durante um período cruel e temível, o da pandemia, que assolou Brasil e o mundo. Gosto da forma como o diretor fez o documentário e recomendo conhecerem. Recebeu menção honrosa na seção ‘Novos Rumos’ do Festival do Rio de 2021. Produção da Acalante Filmes, tem distribuição nos cinemas pela Embaúba Filmes.



sábado, 2 de novembro de 2024

Especial de Cinema

 

Mostra Intl de Cinema de SP: premiados e repescagem

 

A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo terminou na noite do dia 30/10 com a premiação dos melhores filmes da edição de 2024, com cerimônia no Espaço Petrobras, na Cinemateca Brasileira. Com apresentação da diretora da Mostra, Renata de Almeida, e de Serginho Groisman, a solenidade contou ainda com a entrega do Prêmio Leon Cakoff para o cineasta Francis Ford Coppola, presente no evento que contou com mais de mil pessoas. Em seguida houve a sessão de encerramento da Mostra, com o filme mais recente de Coppola, ‘Megalópolis’. Confira abaixo os premiados:




 

Prêmio do Júri: ‘Familiar touch’, de Sarah Friedland, e ‘Hanami’, de Denise Fernandes, como melhores filmes de ficção; ‘No other land’, de Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham, e ‘Sinfonia da sobrevivência’, de Michel Coeli, como melhores documentários; ‘Memórias de um caracol’ como melhor direção para Adam Elliot. Os filmes da seção Competição Novos Diretores mais votados pelo público foram submetidos ao Júri, formado nesta edição pela atriz brasileira Camila Pitanga, pelo ator e cineasta português Gonçalo Waddington, pela curadora e produtora Hebe Tabachnik, pelo produtor Kyle Stroud, pelo diretor e escritor iraniano Mohsen Makhmalbaf e pelo crítico de cinema francês Thierry Meranger.

 

Prêmio do Público: ‘O caso dos estrangeiros’, de Brandt Andersen, como melhor filme de ficção, e ‘Balomania’, de Sissel Morell Dargis, como melhor documentário. Entre os brasileiros, ‘Ainda estou aqui’, de Walter Salles, recebeu o prêmio de melhor ficção, e ‘3 Obás de Xangô’, de Sérgio Machado, o de melhor ficção. A escolha do público é feita por votação. A cada sessão assistida, o espectador recebia uma cédula para votar em uma escala de 1 a 5, entregue ao final do filme. O resultado proporcional dos filmes com maiores pontuações determinou os vencedores.

 

Prêmio da Crítica: ‘Manas’, de Marianna Brennand, como melhor filme brasileiro, e ‘Levados pelas marés’, de Jia Zhangke, como melhor longa estrangeiro. A imprensa especializada que cobre o evento tradicionalmente confere o Prêmio da Crítica elegendo os melhores do ano.

 

Prêmio da Abraccine: ‘Intervenção’, de Gustavo Ribeiro. A Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema realiza tradicionalmente uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro. 

 

Prêmio Netflix: ‘Serra das Almas’, de Lírio Ferreira. Pela segunda vez, a Netflix entrega um prêmio no festival, que será concedido a um filme brasileiro participante da Mostra deste ano que ainda não tenha contrato com um serviço de streaming.

 

Prêmio Paradiso: ‘Malu’, do diretor Pedro Freire. O prêmio do Projeto Paradiso Mostra dá apoio à distribuição nos cinemas a um dos filmes da seção Mostra Brasil que recebeu maior votação do público. O aporte serve para complementar a distribuição da obra nas salas de cinema brasileiras e ajudar a sua estreia nas telas nacionais.

 

Prêmio Brada: Mathé recebe o prêmio pela Direção de Arte pelo seu trabalho no filme ‘Hanami’, de Denise Fernandes. O Coletivo de Diretoras de Arte do Brasil premia pela terceira vez na Mostra o trabalho de um diretor de arte que tenha se destacado no festival.

 

Prêmio Humanidade: O prêmio Humanidade foi entregue a Raoul Peck, consagrado cineasta haitiano, que não pode estar no evento. Homenagem é conferida anualmente a cineastas e personalidades artísticas cujas obras tratam de questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo. A Mostra exibiu esse ano seu novo documentário, ‘Ernest Cole: Achados e perdidos’ (2024).

 







Créditos das fotos - assessoria de imprensa da Mostra. Fotos extraídas do site oficial da Mostra.


Repescagem

 

Entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro, a Mostra realiza sua tradicional repescagem, esse ano no Cinesesc e Cine Satyros Bijou. São sessões extras de alguns dos filmes mais importantes exibidos no decorrer da edição do festival. Serão 44 títulos programados, entre brasileiros e internacionais. Os ingressos estarão disponíveis para compra apenas na bilheteria dos cinemas, no dia da sessão de cada filme. A troca de ingressos (para quem tem credencial e pacotes) também acontece na bilheteria dos próprios cinemas, no dia da exibição. Confira a programação toda a programação.

 

Quinta-feira, 31 de outubro

 

 

Cine Satyros Bijou

 

15h - Miniaturas Cósmicas, de Alexander Kluge

 

17h - A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro

 

18h40 - Vira-Lata, de Chiang Wei Liang, You Qiao Yin

 

21h10 - Um Homem Diferente, de Aaron Schimberg

 

 

 

CineSesc

 

15h - Por que a Guerra?, de Amos Gitai

 

17h - Minha Querida Família, de Isild Le Besco

 

19h - 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado 

 

20h50 - Levados pelas Marés, de Jia Zhangke

 

 

 

Sexta-feira, 1 de novembro

 

 

 

Cine Satyros Bijou

 

15h - O Legado de Pandora, de Angela Christlieb

 

16h50 - O Navio Branco, de Inga Shepeleva

 

18h50 - A Casa das Estações, de Jung Min Oh

 

21h15 - A Lista, de Hana Makhmalbaf

 

 

 

CineSesc

 

15h - Aqui as Crianças Não Brincam Juntas, de Mohsen Makhmalbaf

 

16h40 - Tudo que Imaginamos Como Luz, de Payal Kapadia

 

19h10 - Manas, de Marianna Brennand

 

21h20 - Hanami, de Denise Fernandes

 

 

 

Sábado, 2 de novembro

 

 

 

Cine Satyros Bijou

 

17h10 - Onze Futuros: Berlinale Encontra o Futebol, de Maximilian Bungarten, Anna-Maria Dutoit, Kilian Armando Friedrich, Indira Geisel, Eva Gemmer, Felix Herrmann, Hannah Jandl, Justina Jürgensen, Hilarija Locmele, Daniela Magnani Hüller, Sophie Mühe, Camille Tricaud, Marie Zrenner

 

19h20 - O Planeta Silencioso, de Jeffrey St. Jules

 

21h15 - Tentigo, deIlango Ram

 

 

 

CineSesc

 

15h - Intervenção, de Gustavo Ribeiro

 

17h10 - Malu, de Pedro Freire 

 

19h20 - Balomania, de Sissell Morell Dargis

 

21h30 - Sinfonia da Sobrevivência, de Michel Coeli  

 

 

 

Domingo, 3 de novembro

 

 

 

Cine Satyros Bijou

 

15h - Abril, Verde, Amarelo, de Santiago Aulicino

 

16h20 - XXL, de Kim Ekberg, Sawandi Groskind

 

18h - Uma Luz Negra, de Alberto Hayden

 

19h40 - 2035, de Jaein Park

 

 

 

CineSesc

 

16h50 - Zafari, de Mariana Rondón

 

19h - A Queda do Céu, de Eryk Rocha, Gabriela Carneiro da Cunha

 

21h20 - No Other Land, de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham, Rachel Szor

 

 

 

Segunda-feira, 4 de novembro

 

 

 

CineSesc

 

15h - Apocalipse nos Trópicos, de Petra Costa

 

17h20 - Sol de Inverno, de Hiroshi Okuyama 

 

19h20 - Barba Ensopada de Sangue, de Aly Muritiba

 

21h40 - Não Sou Eu, de Leos Carax (sessão acompanhada do curta-metragem Alegoria Urbana, de Alice Rohrwacher)

 

 

 

Terça-feira, 5 de novembro

 

 

 

CineSesc

 

15h - Memórias de um Caracol, de Adam Elliot

 

17h - Sister Midnight, de Karan Kandhari

 

19h20 - Familiar Touch, de Sarah Friedland

 

21h20 - O Caso dos Estrangeiros, de Brandt Andersen

 

 

 

Quarta-feira, 6 de novembro

 

 

 

CineSesc

 

15h - De Hilde, Com Amor, de Andreas Dresen

 

17h40 - Serra das Almas, de Lírio Ferreira  

 

20h15 - Gulmohar, de Rahul V. Chittella