Por uma mulher
Pouco tempo depois da
morte da mãe, Anne (Sylvie Testud) encontra uma antiga foto no baú da família. Ela resolve investigar o
passado dela e se depara com a história de um tio, dado como morto, que foi acolhido
pelos seus pais durante a guerra e até foi apontado como espião. Essa e outras
histórias difíceis sobre os pais e o tio virão à tona.
Nas décadas de 1970 e 1980, a cineasta francesa Diane Kurys foi bastante
prestigiada na Europa, com seus filmes autobiográficos, de estética diferente,
coloridos e contagiantes. O seu maior sucesso foi “Refrigerante de menta”
(1977, também conhecido pelo título original, “Diabolo menthe”), sobre duas
irmãs adolescentes vivendo aventuras na escola durante os movimentos estudantis
e políticos de maio de 68. “Por uma mulher” (2013) é uma obra mais visceral e
madura da diretora, na época com 65 anos, outro filme autobiográfico em que
traz fatos marcantes relacionados à família. Diane conta aqui histórias dos pais,
com foco na figura paterna, um judeu que fugiu do campo de concentração e
trabalhou como alfaiate – papel de Benoît Magimel, um ator que tenho especial
apreço, de filmes como “Os ladrões” (1996) e “A professora de piano” (2001). Envolveu-se
nos grupos de esquerda, tornou-se comunista, casou-se e teve filhos, que foram
cuidados pela bela esposa – interpretação muito bonita de Mélanie Thierry, de
“O teorema zero” (2013) e “O reino da beleza” (2014). Esta, tinha o sonho de
trabalhar fora de casa, mas foi proibida pelo marido conservador. A vida do
casal e das crianças acaba virando do avesso quando aparece na porta de casa o
irmão do marido, dado como morto na guerra – quem o interpreta é Nicolas
Duvauchelle, de “Polissia” (2011) e “A filha do pai” (2011). Ele é adotado pela
família, passa a morar com eles e está envolvido numa missão secreta (é uma
espécie de espião), sem contar que acaba tendo um relacionamento proibido com a
cunhada. Com seus momentos-chave e pontos altos, o filme tem um lado terno e ao
mesmo tempo melancólico e dramático, como um dramalhão típico de novelas
antigas.
Outra questão: o filme é narrado em dois momentos de tempo, o atual, nos anos de 1990, de uma mulher no auge dos seus 40 anos (papel de Sylvie Testud, de “Piaf, um hino ao amor”, de 2007), que investiga o passado da mãe por meio de uma foto (seria ela Diane Kurys, aparentemente), e o passado, de 50 anos antes, período do pós-guerra (tratado acima), com as idas e vindas do casal e o rebuliço na família com a chegada do irmão do marido. A junção de épocas dá muito certo devido à fotografia luminosa, ao trabalho pontual do elenco e à maquiagem dos atores envelhecendo.
Outra questão: o filme é narrado em dois momentos de tempo, o atual, nos anos de 1990, de uma mulher no auge dos seus 40 anos (papel de Sylvie Testud, de “Piaf, um hino ao amor”, de 2007), que investiga o passado da mãe por meio de uma foto (seria ela Diane Kurys, aparentemente), e o passado, de 50 anos antes, período do pós-guerra (tratado acima), com as idas e vindas do casal e o rebuliço na família com a chegada do irmão do marido. A junção de épocas dá muito certo devido à fotografia luminosa, ao trabalho pontual do elenco e à maquiagem dos atores envelhecendo.
É um drama feminino, com ar de crônica e memória, com lindas passagens
na real região de Lyon, feito por uma diretora mestre em dirigir filmes
familiares emotivos. Gostei e indico a todos.
Por uma mulher (Pour une femme). França, 2013, 110
minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Diane Kurys. Distribuição: Imovision
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