Phoenix
Sobrevivente do
Holocausto, Nelly (Nina Hoss) ficou desfigurada. Ela passa por uma cirurgia de
reconstrução facial e volta à Berlim no final da Segunda Guerra Mundial, na
tentativa de encontrar o marido. Nelly o encontra, porém ele não a reconhece.
Durante uma longa conversa, o marido oferece a ela integrar um plano
maquiavélico.
O alemão Christian Petzold é um dos diretores europeus que cria um dos
cinemas mais diferentes da atualidade, trazendo uma nova estética para
histórias velhas e que em tese poderiam ser recheadas de clichês. Seus filmes,
cultuados, têm profundidade e recorrem a boas metáforas. Tratou da desintegração
da família (no caso uma família de terroristas) em “A segurança interna” (2000),
da violência de gênero em “Yella” (2007), sobre uma mulher abusada pelo marido,
e em “Phoenix” (2014), um de seus grandes trabalhos, discute identidade e moral,
durante o Holocausto, só que por outro prisma, de uma mulher desfigurada em
busca de respostas e procurando o marido. Mas nada é óbvio, e a cada momento há
novidades na trama dessa pequena obra-prima. Curioso que anos mais tarde Petzold
fez uma espécie de versão masculina do filme, intitulado “Em trânsito” (2018),
sobre um cidadão que foge da invasão nazista da França e assume a identidade de
um homem morto (o diretor, também roteirista, insere tons de ficção científica
e romance numa trama com reviravoltas intensas).
Em “Phoenix”, uma cantora de renome, de descendência judia, sai do campo
de concentração toda enfaixada. Ela teve o rosto desfigurado. Uma amiga a leva
para um médico cirurgião e, por ter um dinheiro guardado, paga para a
reconstrução facial. Ela quer voltar a ser quem era, uma mulher elegante,
bonita e bem colocada no mercado (papel da sensata atriz alemã Nina Hoss, que atua
com frequência nos filmes de Petzold; fizeram juntos “Yella”, “Jericó”,
“Barbara” e outros). Hesita em volta para a Palestina, onde seria enviada, para
localizar o marido, que sumiu. Indícios apontam que esteja trabalhando como
garçom num bar em Berlim. Quando vai até o local e o encontra, ambos conversam,
e parte dele uma trama diabólica, envolvendo enganação e uma herança (deixo de
contar para não estragar a surpresa).
O título tem a ver com o nome do bar, que é uma das ambientações
centrais, mas claro, funciona como o mito do renascimento (Fênix) para a
protagonista, “recriada” após a cirurgia facial. Assista e preste atenção nos
detalhes!
Recebeu prêmios em mais de trinta festivais, como San Sebastian, Toronto
Film Critics e Indiewire. Em DVD pela Imovision e disponível no Reserva
Imovision, streaming da distribuidora Imovision.
Phoenix (Idem). Alemanha/Polônia, 2014, 98 minutos.
Drama. Colorido. Dirigido por Christian Petzold. Distribuição: Imovision
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