sábado, 17 de junho de 2023

Cine Cult


Phoenix


Sobrevivente do Holocausto, Nelly (Nina Hoss) ficou desfigurada. Ela passa por uma cirurgia de reconstrução facial e volta à Berlim no final da Segunda Guerra Mundial, na tentativa de encontrar o marido. Nelly o encontra, porém ele não a reconhece. Durante uma longa conversa, o marido oferece a ela integrar um plano maquiavélico.

O alemão Christian Petzold é um dos diretores europeus que cria um dos cinemas mais diferentes da atualidade, trazendo uma nova estética para histórias velhas e que em tese poderiam ser recheadas de clichês. Seus filmes, cultuados, têm profundidade e recorrem a boas metáforas. Tratou da desintegração da família (no caso uma família de terroristas) em “A segurança interna” (2000), da violência de gênero em “Yella” (2007), sobre uma mulher abusada pelo marido, e em “Phoenix” (2014), um de seus grandes trabalhos, discute identidade e moral, durante o Holocausto, só que por outro prisma, de uma mulher desfigurada em busca de respostas e procurando o marido. Mas nada é óbvio, e a cada momento há novidades na trama dessa pequena obra-prima. Curioso que anos mais tarde Petzold fez uma espécie de versão masculina do filme, intitulado “Em trânsito” (2018), sobre um cidadão que foge da invasão nazista da França e assume a identidade de um homem morto (o diretor, também roteirista, insere tons de ficção científica e romance numa trama com reviravoltas intensas).
Em “Phoenix”, uma cantora de renome, de descendência judia, sai do campo de concentração toda enfaixada. Ela teve o rosto desfigurado. Uma amiga a leva para um médico cirurgião e, por ter um dinheiro guardado, paga para a reconstrução facial. Ela quer voltar a ser quem era, uma mulher elegante, bonita e bem colocada no mercado (papel da sensata atriz alemã Nina Hoss, que atua com frequência nos filmes de Petzold; fizeram juntos “Yella”, “Jericó”, “Barbara” e outros). Hesita em volta para a Palestina, onde seria enviada, para localizar o marido, que sumiu. Indícios apontam que esteja trabalhando como garçom num bar em Berlim. Quando vai até o local e o encontra, ambos conversam, e parte dele uma trama diabólica, envolvendo enganação e uma herança (deixo de contar para não estragar a surpresa).



O título tem a ver com o nome do bar, que é uma das ambientações centrais, mas claro, funciona como o mito do renascimento (Fênix) para a protagonista, “recriada” após a cirurgia facial. Assista e preste atenção nos detalhes!
Recebeu prêmios em mais de trinta festivais, como San Sebastian, Toronto Film Critics e Indiewire. Em DVD pela Imovision e disponível no Reserva Imovision, streaming da distribuidora Imovision.

Phoenix (Idem). Alemanha/Polônia, 2014, 98 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Christian Petzold. Distribuição: Imovision

 

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