sábado, 15 de abril de 2023

Cine Clássico


Amor sem fim


Jade (Brooke Shields) tem 15 anos, é uma menina de família rica e mora com os pais superprotetores. Inicia um relacionamento com David (Martin Hewitt), dois anos mais velho que ela, que vem de um lar humilde e guarda um passado sombrio. Quando os pais de Jade proíbem o namoro, David torna-se obcecado e extremamente possessivo, a ponto de cometer um crime que irá abalar a família dele e a da garota.

Franco Zeffirelli (1923-2019), italiano que filmou nos Estados Unidos, adaptou para o cinema duas peças clássicas de William Shakespeare nos anos de 1960, com roteiro dele: “A megera domada” (1967), com Elizabeth Taylor e Richard Burton (casados à época) e “Romeu e Julieta” (1968), esta a melhor versão da tragédia do jovem casal num romance proibido, que lançaria a linda atriz Olivia Hussey. Fez sucesso com os dois filmes, depois viria “Irmão sol, irmã lua” (1972), que narrava uma parte da vida de São Francisco, a minissérie “Jesus de Nazaré” (1977), com elenco estelar, além de óperas, algumas para a telona, como “La Traviatta” (1982), e outras para a TV, como “Pagliacci” (1982) e “Turandot” (1983). Sua carreira alternava altos e baixos quando foi convidado, em 1980, pelas produtoras Polygram e Universal para dirigir uma fita juvenil de um amor levado às últimas consequências, esse “Amor sem fim”. O filme foi escrito por Judith Rascoe, corroteirista de “Soldados da morte” (1978) e “Havana” (1990), que baseou a história no romance homônimo de Scott Spencer, lançado no ano anterior. Era praticamente um “Romeu e Julieta” moderno, mais melodramático, diálogos e momentos cafonas e resultado bem bobinho (mas nostálgico para quem assistia ao filme na TV, como eu vi muitas vezes). Zeffirelli foi criticado pelo público, o longa foi perseguido pela crítica especializada a ponto de ser indicado a diversos Razzie Awards, o Framboesa de Ouro, que premia os piores filmes – “Amor sem fim” recebeu indicação de pior diretor, roteiro, filme e parte do elenco, como atriz (Brooke Shields), ator (Matin Hewitt) e atriz coadjuvante (Shirley Knight). E o inseriram na lista das 100 piores produções do cinema americano (o que é um exagero danado, convenhamos...).
Pois bem, “Amor sem fim” fez certo sucesso no cinema (com custo de U$ 9 milhões, faturou U$ 32 milhões) e explodiu nas locadoras num momento em que as fitas de vídeo viviam seu auge. O sucesso veio principalmente por causa da canção-título, “Endless love”, indicada ao Oscar e virou hit romântico da década de 1980, composta por Lionel Richie e cantada por ele e Diana Ross – a música concorreu também ao Globo de Ouro de melhor canção, e o álbum de Richie foi indicado ao Grammy.



O drama romântico é previsível, acompanha dias de uma paixão avassaladora entre dois adolescentes, Jade e David, cujo relacionamento passa a ser malvisto pelos pais da menina. Eles sofrem tanto por amor a ponto de cometer tragédias, o que irá ocorrer da metade para o fim do filme – quando se intensificam os problemas entre o garoto obsessivo e a menina ingênua, e deles com a família.
Brooke Shields vinha do sucesso de “A lagoa azul” (1980), depois de passar por filmes setentistas independentes como “Menina bonita” (1978), “Rei dos ciganos” (1978) e “Wanda Nevada” (1979), e nunca mais daria certo nas telas. Martin Hewitt estreava aqui, era uma promessa pelo rosto de galãzinho, no entanto teve o mesmo destino de Brooke: participar de uma meia dúzia de fitas menores – como “O pirata da barba amarela” (1983), e desaparecer (ele esteve no elenco de oito filmes e fez participações especiais em episódios de umas seis ou sete séries, como “Plantão médico”). Os novatos atores atuam ao lado de veteranos, parte deles até ganhadores de Oscar, como Richard Kiley e Beatrice Straight, que interpretam os pais do personagem de Martin Hewitt; Don Murray e Shirley Knight, como os pais de Brooke. Nota-se ainda James Spader, em seu segundo filme, e há uma pontinha de Tom Cruise, que era estreante.
“Amor sem fim” ganhou um bom remake em 2014, de mesmo título, com Gabriella Wilde e Alex Pettyfer, dirigido por Shana Feste, de “Em busca de uma nova chance” (2009). O original e a refilmagem estão disponíveis em DVD, pela Universal Pictures, e também no streaming, na Amazon Prime e na Globoplay.

Amor sem fim (Endless love). EUA/Japão, 1981, 116 minutos. Romance/Drama. Colorido. Dirigido por Franco Zeffirelli. Distribuição: Universal Pictures

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