Sexy e marginal
Durante a Depressão
Americana, a jovem Boxcar Bertha (Barbara Hershey) perde o pai em um trágico
acidente de avião. Largada no mundo, conhece o líder sindical Big Bill Shelly
(David Carradine), que será seu namorado, e juntos lideram um grupo de
intrépidos homens no combate à corrupção no sistema ferroviário americano. Eles
assaltam pessoas e bancos para financiar a causa operária e viram alvo da
polícia.
Rodado em apenas 20 dias
inteiramente em locações do estado do Arkansas, esse foi o segundo trabalho
dirigido pelo mestre Martin Scorsese, depois do experimental “Quem bate à minha
porta” (1967 – com Harvey Keitel). O diretor, produtor e roteirista, hoje um
dos nomes mais profícuos e imponentes do cinema hollywoodiano, faria no ano
seguinte a fita policial “Caminhos perigosos” (1973), que abriria portas para
ele, e ajudaria a consolidar no cinema seu maior parceiro, Robert De Niro –
juntos fizeram obras-primas como “Taxi driver” (1976), “Touro indomável”
(1980), “Os bons companheiros” (1990) e “Cabo do medo” (1991).
Pouco conhecido do
público, “Sexy e marginal” é uma fita independente do período da
‘exploitation’, um cinema violento e erótico, mal visto pelos acadêmicos e
considerado “lixo” para os diretores mais rigorosos. Há cenas acentuadas de
assassinatos (como a crucificação final) e de sequências ousadas de sexo para
os padrões da época – por isso chamavam esse estilo de cinema de “apelativo”.
Produzido por Roger
Corman, um dos grandes diretores do cinema de terror dos anos 50 e 60, que fez
filmes B aos montes e hoje está com 95 anos, o filme policial é baseado no
livro do médico que cuidava dos pobres e ligado ao movimento anarquista Ben L.
Reitman, apelidado de “médico dos vagabundos”, que tratou da verdadeira Boxcar
Bertha e escreveu a obra com o título de “Sister of the road”, publicada em
1937.
Original, contava com
dois astros em ascensão, Barbara Hershey (de “Hannah e suas irmãs” e indicada
ao Oscar de atriz coadjuvante por “Retrato de uma mulher”) e David Carradine,
da família Carradine de cinema, que no mesmo ano faria a estrondosa série “Kung
Fu” e depois faria mais de 100 filmes, como “Kill Bill” – Barbara e David até tiveram
um relacionamento durante as gravações.
Uma fita primária e original,
do mestre Scorsese em início de carreira, que merece ser descoberta. Em DVD
pela Obras-primas do Cinema.
Sexy e marginal (Boxcar Bertha). EUA, 1972, 88
minutos. Ação/Drama. Colorido. Dirigido por Martin Scorsese. Distribuição: Obras-primas
do Cinema
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