segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Cine Cult


Sexy e marginal


Durante a Depressão Americana, a jovem Boxcar Bertha (Barbara Hershey) perde o pai em um trágico acidente de avião. Largada no mundo, conhece o líder sindical Big Bill Shelly (David Carradine), que será seu namorado, e juntos lideram um grupo de intrépidos homens no combate à corrupção no sistema ferroviário americano. Eles assaltam pessoas e bancos para financiar a causa operária e viram alvo da polícia.

Rodado em apenas 20 dias inteiramente em locações do estado do Arkansas, esse foi o segundo trabalho dirigido pelo mestre Martin Scorsese, depois do experimental “Quem bate à minha porta” (1967 – com Harvey Keitel). O diretor, produtor e roteirista, hoje um dos nomes mais profícuos e imponentes do cinema hollywoodiano, faria no ano seguinte a fita policial “Caminhos perigosos” (1973), que abriria portas para ele, e ajudaria a consolidar no cinema seu maior parceiro, Robert De Niro – juntos fizeram obras-primas como “Taxi driver” (1976), “Touro indomável” (1980), “Os bons companheiros” (1990) e “Cabo do medo” (1991).
Pouco conhecido do público, “Sexy e marginal” é uma fita independente do período da ‘exploitation’, um cinema violento e erótico, mal visto pelos acadêmicos e considerado “lixo” para os diretores mais rigorosos. Há cenas acentuadas de assassinatos (como a crucificação final) e de sequências ousadas de sexo para os padrões da época – por isso chamavam esse estilo de cinema de “apelativo”.
Produzido por Roger Corman, um dos grandes diretores do cinema de terror dos anos 50 e 60, que fez filmes B aos montes e hoje está com 95 anos, o filme policial é baseado no livro do médico que cuidava dos pobres e ligado ao movimento anarquista Ben L. Reitman, apelidado de “médico dos vagabundos”, que tratou da verdadeira Boxcar Bertha e escreveu a obra com o título de “Sister of the road”, publicada em 1937.


Original, contava com dois astros em ascensão, Barbara Hershey (de “Hannah e suas irmãs” e indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Retrato de uma mulher”) e David Carradine, da família Carradine de cinema, que no mesmo ano faria a estrondosa série “Kung Fu” e depois faria mais de 100 filmes, como “Kill Bill” – Barbara e David até tiveram um relacionamento durante as gravações.
Uma fita primária e original, do mestre Scorsese em início de carreira, que merece ser descoberta. Em DVD pela Obras-primas do Cinema.

Sexy e marginal (Boxcar Bertha). EUA, 1972, 88 minutos. Ação/Drama. Colorido. Dirigido por Martin Scorsese. Distribuição: Obras-primas do Cinema

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