terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Na Netflix


Aniquilação

Expedição secreta leva uma bióloga (Natalie Portman) e um grupo de mulheres a uma zona desconhecida, longe da civilização, apelidada de Área X. O objetivo da missão é estudar uma misteriosa contaminação, que acometeu o marido da bióloga, assim como verificar novas formas de vida daquele lugar.

O diretor britânico Alex Garland é um nome familiar dos fãs de ficção científica, também um jovem escritor/novelista de primeira linha (é dele pelo menos três romances que viraram filmes, todos dirigidos por Danny Boyle, “A praia”, “Extermínio” e “Sunshine: Alerta solar”). Quatro anos antes de “Aniquilação” (2018), Garland estreou como diretor, fazendo bonito o empolgante scifi moderno “Ex_Machina: Instinto artificial” (2014), pelo qual foi indicado ao Oscar (de melhor roteiro, a história é dele) – e o filme revelou a atriz sueca Alicia Vikander, que lá interpretava um robô.
“Aniquilação” é seu segundo longa-metragem, baseado no livro de outro autor do mundo scifi, Jeff VanderMeer (li o livro recentemente, faz parte de uma trilogia chamada ‘Comando Sul’, e a adaptação para o cinema é bem fiel, exceto o desfecho e algumas características dos personagens centrais). Garland realizou um trabalho vigoroso, com estilo próprio, repleto de estranhos elementos visuais que criam uma realidade paralela, para chegar a uma trama complexa e intrigante, de dar nó na cabeça, cercada de mistérios e poucas soluções (como comentei “Aniquilação” é o livro 1 de uma trilogia, as outras duas partes deverão ser transformadas em filme nos próximos anos).
O tema do filme é amplo, aborda um lugar no meio do nada que vive em radicais transformações e mutações, uma floresta que respira ao lado de um pântano misterioso com um farol ao fundo. A área X controla os movimentos dos personagens, cristaliza objetos, e lá as leis da natureza não se aplicam. As pessoas também se incorporam ao ambiente de maneira orgânica, como cópias - há semelhança com os dois cult movies soviéticos mais notórios de Andrei Tarkovski, “Solaris” (1972) e “Stalker” (1979), já que tratavam de áreas isoladas que alteravam o comportamento das pessoas. Nesse cenário um grupo de mulheres investigam uma contaminação, e nada será fácil, pois terão pela frente uma criatura mortal, fungos e um farol inatingível.
Tudo é mágico, metafísico e fantasioso, num futuro incerto, numa mistura maluca de aventura, ação, terror e scifi, sem preocupação em explicações fáceis. Preste atenção nos detalhes, diálogos e ações, porque, como disse, o filme confunde, dando margem a interpretações variadas.


Produzido pela Paramount, estreou nos cinemas americanos por 20 dias, e por não obter o sucesso esperado (orçamento de U$ 40 milhões, contra U$ 32 milhões de arrecadação), a produtora vendeu os direitos de exibição para a Netflix (e lá muita gente viu). Ocorreram sérios problemas na produção, a Paramount exigiu alterações no roteiro, os produtores colocaram a mão no corte final gerando conflitos de interesse com o diretor, ou seja, tudo isso atrapalhou as gravações e o lançamento, coisas que acontecem nos bastidores de cinema. Por isso as diferenças notáveis entre o livro de VanderMeer e o produto final para cinema... (mas o resultado ainda é digno, confiram!).
Ponto positivo está na escolha do elenco, interessante, com Natalie Portman, Tessa Thompson, Gina Rodriguez, Jennifer Jason Leigh e Oscar Isaac (aliás, que era de “Ex_Machina”). Assista na Netflix!

Aniquilação (Annihilation). Reino Unido, 2018, 115 minutos. Ficção científica/Ação. Colorido. Dirigido por Alex Garland. Distribuição: Netflix

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