domingo, 28 de fevereiro de 2021

Cine Cult


A grande noite

Dois irmãos completamente diferentes, Not (Benoît Poelvoorde), um punk desempregado, e Jean-Pierre (Albert Dupontel) um pequeno homem de negócios que acabara de perder o emprego, preparam uma revolução na calada da noite numa cidade da França. “A grande noite” está prestes a acontecer!

Longe de ser palatável para o grande público, a fita de arte francesa, coproduzida na Bélgica, é uma crítica feroz à sociedade, principalmente no que toca ao conservadorismo, ao politicamente correto e aos “bons costumes”. Na trama nonsense, com sequências que beiram o total absurdo (como a da gasolina no posto de combustível), acompanhamos alguns dias na vida de dois irmãos que se rebelam contra o sistema: um punk que perambula pelas ruas com seu cachorro (ele se considera o último dos punks da França), e o outro um vendedor de colchões quase arruinado. Juntos, preparam solitariamente uma misteriosa revolução no estacionamento de um shopping.
É uma comédia irreverente menos casual, que não tem aquele humor que faz rir, é mais reflexivo, propõe discutir a crise moral, a relação das tribos urbanas na sociedade e o sistema capitalista em crise. O bom de tudo é a dupla de atores, Benoît Poelvoorde (o Deus de “O novíssimo testamento”) e o veterano Albert Dupontel (de “Eterno amor”, “Irreversível” e tantos filmes franceses), super à vontade nos papeis dos irmãos rebeldes. Eles foram bem dirigidos pelos diretores Benoît Delépine e Gustave Kervern, que dois anos antes fizeram “Mamute” (2010), um road movie com Gérard Depardieu num papel formidável (e o ator faz uma ponta aqui). Aliás, a verve de um humor estranho dessa dupla já vinha de lá.
“A grande noite” venceu dois prêmios especiais do júri no Festival de Cannes em 2012 – no ‘Um certo olhar’ e no ‘Palm Dog’.

A grande noite (Le grand soir). França/Bélgica/Alemanha, 2012, 95 minutos. Comédia/Drama. Dirigido por Benoît Delépine e Gustave Kervern. Distribuição: Imovision

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