Sansão
e Dalila
Conhecido pela sua
força sobrehumana, o hebreu Sansão (Victor Matture) casa-se com uma mulher
filisteia, a enigmática Semadar (Angela Lansbury). Ela tenta assassiná-lo e
acaba sendo morta. Sansão então é cortejado pela irmã de Semadar, Dalila (Hedy
Lamarr), que sempre nutriu paixão secreta por ele. Ambiciosa, Dalila quer desvendar
de onde vem a força de Sansão e para isso oferece riquezas e promessas de amor.
Movido pela emoção cega, ele revela o poder divino, que está nos cabelos,
traindo, com as palavras, Deus e dando início ao seu trágico martírio.
Chega este mês em DVD
e em Blu-ray no Brasil, pela primeira vez, a cópia restaurada de um dos épicos
monumentais da Sétima Arte, com personagens bíblicos extraídos do Livro dos
Juízes (Antigo Testamento). A famosa história de amor, ambição e traição de
Sansão e Dalila explode com grandiloquência de cores vivas na tela, agora
também ressaltado em alta definição, tudo graças ao lendário diretor e produtor
Cecil B. DeMille, especialista em temas bíblicos e históricos (como bem fez nas
duas versões de “Os dez mandamentos”). O cineasta optou em amenizar os dramas
internos do personagem masculino e romantizou o relacionamento conflituoso
entre os amantes. Deu vida imagética ao poder imensurável de Sansão, temível
por todos pela força, mas de enorme sensibilidade, e acabou invertendo os
papéis da narrativa tradicional: a mulher aqui, Dalila, é má, oportunista, que
serve aos filisteus, capaz de trair o amor para ganhar status numa sociedade
onde a mulher era dominada.
Tudo estava fadado ao
erro: Sansão casou-se com a irmã da esposa morta e que pertencia ao povo
inimigo (ele, hebreu, e ela, filisteia – repare como os conflitos entre
palestinos e judeus vêm de muito tempo!); traiu o próprio Deus contando o segredo
de seus cabelos e foi submetido a sacrifícios terríveis.
Na época, o filme foi
sucesso imediato de público (custou caro, U$ 3 milhões e rendeu U& 29
milhões), recebendo dois Oscar merecidos: melhor direção de arte e figurino
(indicado ainda como fotografia, efeitos especiais e trilha sonora).
Impressiona ainda hoje a antológica cena do desfecho, a destruição do templo
dos filisteus. E os cenários suntuosos, amplamente coloridos, marcam nossa
percepção sensorial. Por Felipe Brida
Publicada na coluna Middia Cinema, da Middia Magazine, na edição de setembro e outubro de 2014.
Sansão
e Dalila (Samson
and Delilah). EUA, 1949, 131 minutos. Aventura/Drama. Colorido. Dirigido por
Cecil B. DeMille. Distribuição: Paramount Pictures. Disponível em DVD e
Blu-Ray.
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