segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Viva Nostalgia!


Possuída

Uma ambiciosa operária, Marian Martin (Joan Crawford), viaja até Nova York na esperança de crescer na vida. Envolve-se com o promissor advogado Mark Whitney (Clark Gable), por quem se apaixona. São épocas de eleições, então ele irá disputar uma vaga para governador do Estado, o que o faz distanciar-se de Marian.

Originalmente produzido pela MGM, “Possuída” estava inédito no Brasil e foi resgatado agora pela distribuidora Colecione Clássicos, que lançou no mercado, em excelente cópia, esse filme menor de Clarence Brown, um diretor admirável, responsável por clássicos impecáveis da Sétima Arte como “Anna Karenina” (1935), “A mocidade é mesmo assim” (1944) e “Virtude selvagem” (1946). Em início de carreira, Joan Crawford e Clark Gable assumem o par romântico de uma história de amor impossível, a de uma operária desiludida que se torna amante de um rico advogado com pretensões políticas. Será que a garota de vida simples quer aquele relacionamento para ascender e ganhar status na sociedade? É a dúvida que toma conta do clima da fita baseada na peça “The Mirage”, de Edgar Selwyn, com roteiro da indicada ao Oscar Lenore J. Coffee – ela já havia sido filmada sete anos antes (em 1924), com o mesmo título, interpretado por Florence Vidor e Clive Brook.
Ícone da Era de Ouro de Hollywood, Joan Crawford recebeu indicação ao Oscar justamente em um filme com o mesmo título em inglês, “Possessed”, rodado 16 anos depois, que não tem nada a ver com essa história e que no Brasil recebeu o título de “Fogueira de paixões” – Joan ganhou a estatueta da Academia por “Almas em suplício” (1945) e foi indicada mais uma terceira vez, por “Precipícios da alma” (1952). Figura representativa do cinema, Joan estava aqui no auge da beleza – depois ficou muito feia, virou alcoólatra, ficou reclusa e batia nos filhos pequenos (a biografia da estrela pode ser vista no amargo e cruel filme “Mamãezinha querida”, de 1981, baseado nas memórias da filha atriz, Christina Crawford – Faye Dunaway, um pouco over, interpretava Joan com alto grau de loucura). E Clark Gable também estava no início de carreira aqui, sete anos antes do filme que o tornou célebre, “E o vento levou” (1939).
Uma fita curiosa e regular sobre as tempestividades da paixão, o amor por interesse, e que do meio para o final discute, por cima, a política americana dos anos 30. Por Felipe Brida

Possuída (Possessed). EUA, 1931, 76 min. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Clarence Brown. Disponível em DVD.

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