Uma ambiciosa
operária, Marian Martin (Joan Crawford), viaja até Nova York na esperança de crescer
na vida. Envolve-se com o promissor advogado Mark Whitney (Clark Gable), por
quem se apaixona. São épocas de eleições, então ele irá disputar uma vaga para
governador do Estado, o que o faz distanciar-se de Marian.
Originalmente
produzido pela MGM, “Possuída” estava inédito no Brasil e foi resgatado agora
pela distribuidora Colecione Clássicos, que lançou no mercado, em excelente
cópia, esse filme menor de Clarence Brown, um diretor admirável, responsável
por clássicos impecáveis da Sétima Arte como “Anna Karenina” (1935), “A
mocidade é mesmo assim” (1944) e “Virtude selvagem” (1946). Em início de
carreira, Joan Crawford e Clark Gable assumem o par romântico de uma história
de amor impossível, a de uma operária desiludida que se torna amante de um rico
advogado com pretensões políticas. Será que a garota de vida simples quer
aquele relacionamento para ascender e ganhar status na sociedade? É a dúvida
que toma conta do clima da fita baseada na peça “The Mirage”, de Edgar Selwyn,
com roteiro da indicada ao Oscar Lenore J. Coffee – ela já havia sido filmada
sete anos antes (em 1924), com o mesmo título, interpretado por Florence Vidor
e Clive Brook.
Ícone da Era de Ouro
de Hollywood, Joan Crawford recebeu indicação ao Oscar justamente em um filme
com o mesmo título em inglês, “Possessed”, rodado 16 anos depois, que não tem
nada a ver com essa história e que no Brasil recebeu o título de “Fogueira de
paixões” – Joan ganhou a estatueta da Academia por “Almas em suplício” (1945) e
foi indicada mais uma terceira vez, por “Precipícios da alma” (1952). Figura
representativa do cinema, Joan estava aqui no auge da beleza – depois ficou
muito feia, virou alcoólatra, ficou reclusa e batia nos filhos pequenos (a
biografia da estrela pode ser vista no amargo e cruel filme “Mamãezinha
querida”, de 1981, baseado nas memórias da filha atriz, Christina Crawford –
Faye Dunaway, um pouco over, interpretava Joan com alto grau de loucura). E
Clark Gable também estava no início de carreira aqui, sete anos antes do filme
que o tornou célebre, “E o vento levou” (1939).
Uma fita curiosa e
regular sobre as tempestividades da paixão, o amor por interesse, e que do meio
para o final discute, por cima, a política americana dos anos 30. Por Felipe Brida
Possuída (Possessed). EUA, 1931, 76 min. Drama. Preto-e-branco.
Dirigido por Clarence Brown. Disponível em DVD.
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