sábado, 14 de junho de 2014

Viva Nostalgia!


A cruz da minha vida

O casal Lola (Shirley Booth) e Doc Delaney (Burt Lancaster) vive uma relação conturbada após perder a filha, ainda criança, em uma tragédia. Ele é um alcoólatra em recuperação e ela, uma dedicada dona de casa. Os conflitos parecem amenizar quando Lola e Doc alugam um quarto para uma jovem, que passa a ser tratada como filha pelo casal.

Mais uma preciosidade da Sétima Arte distribuído no mercado brasileiro pela Colecione Clássicos, que continua a todo vapor lançando obras-primas inéditas em DVD, muitas delas da Era de Ouro de Hollywood, como este drama familiar lacrimoso, que deu o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz à grande e esquecida Shirley Booth (em papel humano, incrível, digno de louvor acalorado).
Baseado na peça de William Inge, o filme, de cunho familiar, teatral e bem triste, com momentos amargos e desalentadores, foi dirigido pelo notório Daniel Mann (o mesmo de “Disque Butterfield 8” e “A rosa tatuada”, que deram, respectivamente o Oscar de atriz para Liz Taylor e Anna Magnani, este último também com Burt Lancaster no elenco). A história, de um prisma, é simplista, sobre um casal que perdeu a filha e ainda vive num mundo de ilusão, esperando pela volta da pequena Sheba (o título original faz a referência: “Come back, little Sheba” – “Volte, pequena Sheba”, que á o grito de desespero de Lola). O marido bebe para se livrar do tormento que o persegue, e a esposa tenta dançar e cantar para esquecer a realidade sufocante até que chega à casa uma garota bonita (Terry Moore, indicada também ao Oscar, de atriz coadjuvante), catalisadora de uma visão de esperança para o decadente casal.
Rodado em locações e com orçamento pequeno, “A cruz da minha vida” originou uma infinidade de filmes de temática sobre perda de filho, que tanto o cinema americano explorou daí pra frente. Graças ao elenco de garra (Shirley sempre foi um encanto na frente das telas, e Lancaster, um monstro sagrado indiscutível) e ao roteiro inspirador, a obra de Daniel Mann não envelheceu, permanecendo na lista das melhores obras desse gênero. Recebeu ainda indicação ao Oscar de melhor edição, além de concorrer em Cannes e ao Bafta.
Um trabalho humano, realista, que deve ser revisto ou conhecido pelo público. Por Felipe Brida

A cruz da minha vida (Come back, little Sheba). EUA, 1952, 99 min. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Daniel Mann. Disponível em DVD.

* Publicada na revista Middia Magazine desse mês.

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