A
cruz da minha vida
O casal Lola (Shirley
Booth) e Doc Delaney (Burt Lancaster) vive uma relação conturbada após perder a
filha, ainda criança, em uma tragédia. Ele é um alcoólatra em recuperação e
ela, uma dedicada dona de casa. Os conflitos parecem amenizar quando Lola e Doc
alugam um quarto para uma jovem, que passa a ser tratada como filha pelo casal.
Mais uma preciosidade
da Sétima Arte distribuído no mercado brasileiro pela Colecione Clássicos, que continua
a todo vapor lançando obras-primas inéditas em DVD, muitas delas da Era de Ouro
de Hollywood, como este drama familiar lacrimoso, que deu o Oscar e o Globo de
Ouro de melhor atriz à grande e esquecida Shirley Booth (em papel humano,
incrível, digno de louvor acalorado).
Baseado na peça de
William Inge, o filme, de cunho familiar, teatral e bem triste, com momentos
amargos e desalentadores, foi dirigido pelo notório Daniel Mann (o mesmo de
“Disque Butterfield 8” e “A rosa tatuada”, que deram, respectivamente o Oscar
de atriz para Liz Taylor e Anna Magnani, este último também com Burt Lancaster
no elenco). A história, de um prisma, é simplista, sobre um casal que perdeu a
filha e ainda vive num mundo de ilusão, esperando pela volta da pequena Sheba
(o título original faz a referência: “Come back, little Sheba” – “Volte,
pequena Sheba”, que á o grito de desespero de Lola). O marido bebe para se
livrar do tormento que o persegue, e a esposa tenta dançar e cantar para
esquecer a realidade sufocante até que chega à casa uma garota bonita (Terry
Moore, indicada também ao Oscar, de atriz coadjuvante), catalisadora de uma
visão de esperança para o decadente casal.
Rodado em locações e
com orçamento pequeno, “A cruz da minha vida” originou uma infinidade de filmes
de temática sobre perda de filho, que tanto o cinema americano explorou daí pra
frente. Graças ao elenco de garra (Shirley sempre foi um encanto na frente das
telas, e Lancaster, um monstro sagrado indiscutível) e ao roteiro inspirador, a
obra de Daniel Mann não envelheceu, permanecendo na lista das melhores obras
desse gênero. Recebeu ainda indicação ao Oscar de melhor edição, além de
concorrer em Cannes e ao Bafta.
Um trabalho humano,
realista, que deve ser revisto ou conhecido pelo público. Por Felipe Brida
A cruz da minha vida (Come
back, little Sheba). EUA, 1952, 99 min. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por
Daniel Mann. Disponível em DVD.
* Publicada na revista Middia Magazine desse mês.
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