quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Nota de cinema


A Paramount Pictures acaba de lançar no mercado brasileiro o blu-ray de "O voo" (2012), um bom filme dirigido pelo premiado Robert Zemeckis e indicado a dois Oscars esse ano (melhor ator para Denzel Washington e melhor roteiro original). Agora, em alta definição, o drama nos ares sacoleja mais ainda o público, em uma edição repleta de extras. Vale ter em casa!

Reproduzo abaixo a crítica escrita por mim sobre "O voo", em agosto desse ano, publicada em diversos órgãos (jornais, sites, boletins eletrônicos, blogs etc).

O voo

Whip Whitaker (Denzel Washington) é o piloto-comandante de uma aeronave, viciado em cocaína e bebidas alcoólicas. Após uma noite regada a drogas, acorda cedo para mais um dia de trabalho. Porém o avião que conduz sofre uma pane no ar. Com esforço sobrehumano, ele consegue fazer um pouso de emergência em um descampado. Das centenas de passageiros, seis morrem. Whip sai machucado do acidente, endeusado como herói pela imprensa e pela opinião pública. Só que uma criteriosa investigação levará Whip a um beco sem saída.

Eletrizante drama de profundidade psicológica dirigido pelo premiado Robert Zemeckis (de “De volta para o futuro”, “Forrest Gump” e “Náufrago”) e indicado a dois Oscars esse ano – melhor ator e melhor roteiro original.
Denzel Washington impressiona como um protagonista de moral duvidosa, dividido entre o vício e os exigentes ossos do ofício. Ele interpreta (soberbamente, convenhamos) Whip, o melhor piloto de avião que se tem notícia, comandante de uma aeronave de passageiros comuns. O acidente daquela manhã, em que se desdobra para inverter a nave de ponta-cabeça a fim de salvar a tripulação toda, desencadeia um turbilhão de dúvidas em torno de seu comportamento. A heróica e invejável ação cai por terra quando a investigação conclui alta dose de substâncias ilícitas no sangue do piloto. E tudo pode piorar quando uma agência do setor de aviação aparece para encobrir o caso.
O grande lance (e diferencial) do longa é discutir a relação entre a índole do protagonista e o ato de bravura que ninguém arriscaria fazer e que não teria surtido resultado nas mãos de um piloto qualquer. As justificativas que o próprio Whip insiste em levar adiante. Nessa linha, “O voo” também esmiúça a velha teoria, e cada vez mais atual, de como o vício desenfreado pode destruir a reputação de uma pessoa e certamente destruir outras. Pela questão super em voga das drogas no mundo contemporâneo, o filme até pode influenciar como um pequeno estudo, que abre um longo debate.
Há na trama pequenos detalhes, que não vou revelar, surgidos pouco a pouco para prender a atenção do público, e alguns deles para mostrar o lado de pessoa comum do personagem central, como um relacionamento amoroso (quem faz o papel é a inglesa Kelly Reilly, como uma adicta envolvida com dívidas) e as amizades (John Goodman é a má influência para Whip, um cocainômano que transporta numa mochila todo tipo de pó e fumo, para sustentar o vício do colega).
Atenção para a sequência inicial de arrepiar, a do acidente da aeronave em pleno ar. Quem viaja de avião sofrerá horrores quando assistir a esses 10 minutos de abertura...
Na estreia em fevereiro foi bem de bilheteria, rendendo o triplo dos gastos nas salas de cinema (quase U$ 92 milhões de retorno!).
Um pequeno bom filme do ano passado, com elenco na medida certa e roteiro firme (o desfecho é moralista, mas certamente compreensível diante dos rumos do protagonista). Por Felipe Brida


O voo (Flight). EUA, 2012, 138 min. Drama. Dirigido por Robert Zemeckis. Distribuição: Paramount Pictures

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