segunda-feira, 7 de maio de 2012

Resenha especial


Rambo - Programado para matar

John Rambo (Sylvester Stallone), um ex-veterano da Guerra do Vietnã, retorna aos EUA depois de um longo período aprisionado pelos vietcongues. No primeiro dia “de liberdade”, procura por um colega, que mora num vilarejo em cima de uma colina. Descobre que o amigo morrera, e então resolve voltar para casa. Vagando por aquela pequena vila desconhecida, vira alvo de um xerife durão, Teasle (Brian Dennehy), é detido e preso. Na cadeia, agride policiais e consegue fugir para uma floresta vizinha. Com as táticas de guerra aprendidas no Vietnã, embrenha-se na selva. Em contrapartida, a polícia, comandada por Teasle, organiza um plano de ação para caçar o foragido.

Rambo completa 30 anos. Em 1982 surgia essa figura controversa, símbolo do poderio militar norte-americano durante a Guerra Fria, aquela do imperialismo selvagem – por isso gerou tantas discussões sobre a ideologia do personagem. Um homem de ferro, indestrutível, uma máquina de matar.
“Rambo – Programado para matar” foi o melhor exemplar da cinessérie, que teve três continuações inferiores. A cada filme o teor ficava mais absurdo e violento, ofuscando o drama pessoal desse ex-Boina Verde atormentado pelas atrocidades vividas no Vietnã.
Este primeiro “Rambo” trata, acima de tudo, o tormento do soldado que foi lutar numa das guerras mais tristes do século passado. Mais do que seqüelas físicas, os sobreviventes retornavam com perturbações mentais. Muitos filmes excelentes, alguns clássicos, trataram a questão, como “O franco atirador”, “Amargo regresso”, “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho”, “Alucinações do passado”, e “Rambo” não fica de fora da lista.
A premissa da fita não tem surpresas: torturado pelos vietcongues, o protagonista desenvolve uma força destruidora. Quando se embrenha na mata para fugir, agora dos próprios norte-americanos que o tratam com desprezo, olhando-o como um vagabundo, recorre à experiência trágica do passado para matar os algozes e assim salvar a pele.
De narrativa ágil, mistura drama e perseguições de helicópteros eficientes. Foi, e ainda é, um dos bons filmes de ação da década de 80, estrondoso sucesso de público – custou U$ 12 milhões e rendeu, no mundo inteiro, cerca de U$ 125 milhões na estreia!

O desdobramento de “Programado para matar”

O personagem Rambo surgiu pela primeira vez no livro "First blood", de 1972, escrito por David Morell. Dez anos depois os direitos foram comprados, e o produtor executivo Mario Kassar, especialista em fitas de ação, deu as cartas para viabilizar a obra para o cinema.
Com o sucesso de milhões de Rambo nas salas de cinema, eram inevitáveis as continuações!
Foram três sequências, a primeira em 1985 e as duas outras em 1988 e 2008. Mas não eram dotadas da qualidade técnica e temática do original. O herói, de descendência indígena, caiu no clichê de matador incontrolável, utilizando todas as armas possíveis já inventadas (granadas, metralhadoras, facões, arco e flecha, bazucas, tanque de guerra). A violência, a pancadaria, a matança fizeram parte das continuações, parte do dia a dia dos “outros” Rambos. Além de serem repetidas, as histórias seguiam um padrão, sempre com resgates inacreditáveis: em “Rambo II – A missão”, ele volta ao Vietnã nos anos 80, para capturar prisioneiros americanos; em “Rambo III”, infiltra-se em uma jornada infernal ao Afeganistão para salvar o Coronel Trautman, seu comparsa (papel do falecido Richard Crenna, que aparece em todos os filmes). E no último da série, o mais sangrento, Stallone assina a direção, e seu personagem junta-se a um grupo de mercenários para resgatar missionários cristãos sequestrados por soldados na Birmânia.
Um recado para as novas gerações: o original, “Rambo - Programado para matar”, é válido conhecer, já que abriu escola para fitas sobre heróis ultravingativos.
O diretor canadense Ted Kotcheff ganhou muito dinheiro com o filme, porém teve carreira irregular. Rodou outra fita sobre a Guerra do Vietnã, a apenas mediana "De volta ao inferno" (1983 – com Gene Hackman), além de comédias fracas, como "Troca de maridos" e "Um morto muito louco". De 2000 para cá, o cineasta retornou às origens, rodando fitas para TV e produzindo seriados.
“Rambo – Programado para matar” saiu em DVD simples e recentemente em edição especial para colecionador, em um box com a quadrilogia. Por Felipe Brida

Rambo - Programado para matar (First blood). EUA, 1982, 91 min. Ação. Dirigido por Ted Kotcheff. Distribuição: Universal

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