Inferno nº 17
Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, um pequeno grupo de soldados norte-americanos é abatido pelos alemães. Eles são alojados no campo de prisioneiros de número 17, onde ali moram “temporariamente” cerca de 630 homens capturados pelas tropas nazistas. Naquela velha caserna, os mais rebeldes planejam uma fuga mirabolante, enquanto o líder do grupo, sargento Sefton (William Holden), é apontado como espião devido ao contato às escuras com os alemães.
Clássico de guerra que mistura humor e cinismo inteligente típico do cineasta de origem polonesa Billy Wilder, um dos nomes mais reverenciados do cinema norte-americano de todos os tempos. Foi ele mesmo que adaptou para as telas a peça teatral de Edmund Trzcinski (que faz uma ponta emprestando seu próprio sobrenome ao personagem), rodando-o no intervalo entre dois clássicos famosos que dirigira, “A montanha dos sete abutres” (1951) e “Sabrina” (1954). Resulta como um deboche meio farsesco, que brinca com assuntos sérios, no caso as atrocidades do Nazismo na Segunda Guerra. Toda a história se concentra dentro do tal Stalag 17 (em alemão significa “campo de prisioneiros”), onde às vésperas do Natal um seleto grupo de soldados rebeldes, e muito desmiolados, planeja fugir daquele lugar sufocante. Há um coleguismo fervoroso entre aqueles homens até que dois deles são mortos na tentativa da primeira escapada. É quando começam as intrigas, já que a forte suspeita parece se confirmar: o cabeça do grupo (interpretado por William Holden) pode ser um espião.
“Inferno nº 17” não deixa de ser crítico, recorrendo ao teor cômico que serve para zombar do regime nazista (uma das cenas cruciais é a dos prisioneiros colocando bigode para imitar Hitler durante um discurso na caserna).
Rodado em PB, o filme rendeu a Holden o Oscar de melhor ator, pelo papel do sargento desbocado que negociava com os alemães para ter privilégios pessoais – e assim passa a ser mal visto pelo grupo. Também foi indicado a dois outros prêmios da Academia: diretor e ator coadjuvante para Robert Strauss, como um divertido prisioneiro doido por farras.
A história inteira é narrada por um soldado, Clarence Cookie (Gil Stratton), que desde a abertura apresenta o stalag e faz comentários engraçados sobre os nazistas, bem como reclama dos filmes de guerra produzidos hoje em dia (o que seria uma auto-crítica, claro que ironizando o próprio “Inferno nº 17”).
Uma sequência bastante conhecida: os atores reunidos cantam “When Johnny comes marching home”, marchando pelos quartos – outra referência crítica, agora em torno dessa música popular surgida na Guerra Civil Americana.
Tem muitos nomes curiosos no elenco, como o famoso cineasta ucraniano Otto Preminger, na pele de um chefe nazista durão (em um dos poucos papéis como ator), além de Don Taylor, Peter Graves e Harvey Lembeck. Clássico indispensável, para ver e rever e comprar! Sai novamente em DVD na coleção ‘Clássicos’ da Paramount, sem extras. Por Felipe Brida
Inferno nº 17 (Stalag 17). EUA, 1953, 120 min. Drama/Guerra. Dirigido por Billy Wilder. Distribuição: Paramount Pictures
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