O tempo não apaga
Três amigos de infância, Martha, Walter e Sam, guardam um segredo assustador. Duas décadas se passam, e Martha (Barbara Stanwyck) está casada com Walter (Kirk Douglas); ela é uma industrial bem-sucedida e gananciosa, enquanto ele trabalha como promotor de justiça, de comportamento suspeito e muito ambicioso. A rotina dos dois muda quando o velho amigo Sam (Van Heflin) surge de forma inesperada na cidade, passando a ameaçar o casal para se “vingar” do crime cometido pelos três no passado.
Um autêntico filme noir norte-americano em plena época em que Hollywood produzia filmes desse sub-gênero ‘importado’ da França. Indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 1947, “O tempo não apaga” fala do sentimento da culpa, da consciência suja, tudo porque o trio da história guarda um terrível segredo a sete chaves – eles, pequenos, cometeram um assassinato brutal (logo na abertura exibe-se a referida ideia). O tempo passa, e cada um deles, já na idade adulta, tem suas vidas mesquinhas: Barbara Stanwyck é a mulher fatal, uma industrial com fama e poder; Kirk Douglas, o marido, promotor de justiça com ar perigoso; e Van Heflin, o tormento na vida do casal, um homem chantageador disposto a tudo, inclusive a revelar à sociedade o segredo que os unem.
Como sempre nos filmes noir, e aqui não é diferente, há intriga, chantagem e reviravolta em torno dos personagens, todos de moral comprometida e de má índole – não há ‘mocinhos’ na trama, tampouco pessoas éticas. E outros elementos de estilo noir estão presentes, como o final não feliz, a tortura psicológica, a tentativa de redenção etc
Produzido em PB, acaba sendo um dos trabalhos importantíssimos e menos conhecidos do diretor Lewis Milestone, duas vezes vencedor do Oscar – por “Dois cavaleiros árabes” (1927) e “Nada de novo no front” (1930), um cineasta que teve papel fundamental para a solidificação do cinema norte-americano durante a década de 30, cuja carreira durou até a metade dos anos 60.
Milestone escolheu bem o elenco: Barbara, uma das mulheres fatais do cinema noir, Kirk Douglas, aqui estreante, e Van Heflin, um de meus atores preferidos, além da participação menor da grande atriz Judith Anderson (como a mãe rude de Martha Ivers) e a coadjuvante Lizabeth Scott (a namorada de Sam).
Com título dramático demais – a tradução do original seria “O estranho amor de Martha Ivers”, que soa ambíguo e bem esquisito, o filme sai na coleção ‘Clássicos’ pela Paramount Pictures. Para quem tem curiosidade em conhecer o noir, este é um exemplo dos bons.
Curiosidade: O ator Kirk Douglas completou 95 anos no dia 9 de dezembro. Com três indicações ao Oscar (uma delas pelo papel do pintor Van Gogh em ‘Sede de viver’), acumula 85 filmes na carreira de seis décadas. Estreou em “O tempo não apaga’ e ainda está na ativa, em papéis pequenos em seriados de TV. De origem judia, nasceu na comunidade russa de Nova York com o nome Issur Issur Danielovitch Demsky. Deixa um legado valioso, bem como um filho ator, ótimo por sinal, que é Michael Douglas. Kirk, sem dúvida, é uma lenda viva do cinema.
O tempo não apaga (The strange love of Martha Ivers). EUA, 1946, 116 min. Drama. Dirigido por Lewis Milestone. Distribuição: Paramount Pictures
Três amigos de infância, Martha, Walter e Sam, guardam um segredo assustador. Duas décadas se passam, e Martha (Barbara Stanwyck) está casada com Walter (Kirk Douglas); ela é uma industrial bem-sucedida e gananciosa, enquanto ele trabalha como promotor de justiça, de comportamento suspeito e muito ambicioso. A rotina dos dois muda quando o velho amigo Sam (Van Heflin) surge de forma inesperada na cidade, passando a ameaçar o casal para se “vingar” do crime cometido pelos três no passado.
Um autêntico filme noir norte-americano em plena época em que Hollywood produzia filmes desse sub-gênero ‘importado’ da França. Indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 1947, “O tempo não apaga” fala do sentimento da culpa, da consciência suja, tudo porque o trio da história guarda um terrível segredo a sete chaves – eles, pequenos, cometeram um assassinato brutal (logo na abertura exibe-se a referida ideia). O tempo passa, e cada um deles, já na idade adulta, tem suas vidas mesquinhas: Barbara Stanwyck é a mulher fatal, uma industrial com fama e poder; Kirk Douglas, o marido, promotor de justiça com ar perigoso; e Van Heflin, o tormento na vida do casal, um homem chantageador disposto a tudo, inclusive a revelar à sociedade o segredo que os unem.
Como sempre nos filmes noir, e aqui não é diferente, há intriga, chantagem e reviravolta em torno dos personagens, todos de moral comprometida e de má índole – não há ‘mocinhos’ na trama, tampouco pessoas éticas. E outros elementos de estilo noir estão presentes, como o final não feliz, a tortura psicológica, a tentativa de redenção etc
Produzido em PB, acaba sendo um dos trabalhos importantíssimos e menos conhecidos do diretor Lewis Milestone, duas vezes vencedor do Oscar – por “Dois cavaleiros árabes” (1927) e “Nada de novo no front” (1930), um cineasta que teve papel fundamental para a solidificação do cinema norte-americano durante a década de 30, cuja carreira durou até a metade dos anos 60.
Milestone escolheu bem o elenco: Barbara, uma das mulheres fatais do cinema noir, Kirk Douglas, aqui estreante, e Van Heflin, um de meus atores preferidos, além da participação menor da grande atriz Judith Anderson (como a mãe rude de Martha Ivers) e a coadjuvante Lizabeth Scott (a namorada de Sam).
Com título dramático demais – a tradução do original seria “O estranho amor de Martha Ivers”, que soa ambíguo e bem esquisito, o filme sai na coleção ‘Clássicos’ pela Paramount Pictures. Para quem tem curiosidade em conhecer o noir, este é um exemplo dos bons.
Curiosidade: O ator Kirk Douglas completou 95 anos no dia 9 de dezembro. Com três indicações ao Oscar (uma delas pelo papel do pintor Van Gogh em ‘Sede de viver’), acumula 85 filmes na carreira de seis décadas. Estreou em “O tempo não apaga’ e ainda está na ativa, em papéis pequenos em seriados de TV. De origem judia, nasceu na comunidade russa de Nova York com o nome Issur Issur Danielovitch Demsky. Deixa um legado valioso, bem como um filho ator, ótimo por sinal, que é Michael Douglas. Kirk, sem dúvida, é uma lenda viva do cinema.
O tempo não apaga (The strange love of Martha Ivers). EUA, 1946, 116 min. Drama. Dirigido por Lewis Milestone. Distribuição: Paramount Pictures
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