O lutador
Lutador de wrestler, Randy “Carneiro” Robinson (Mickey Rourke) sofre um infarto e é submetido a uma cirurgia cardíaca. Por causa do problema de saúde, afasta-se dos ringues. Para ganhar a vida, faz bicos em um mercado local. Solitário, nutre paixões pela stripper Cassidy (Marisa Tomei) e tenta se reconciliar com a filha problemática, Stephanie (Evan Rachel Wood). Quando recebe a proposta de enfrentar um antigo rival nos ringues, Randy coloca-se à frente para a grande façanha e quem sabe voltar de vez às violentas lutas que tanto o consagraram.
Violento e ao mesmo tempo melancólico, esse premiado filme independente dirigido por Darren Aronofsky recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias ator (Rourke) e atriz coadjuvante (Tomei). Houve muito falatório sobre o retorno ao cinema do ator freaky Mickey Rourke, ex-galã nos anos 80. Os altos e baixos do personagem Randy (“Carneiro” pela cabeleira loura toda desgrenhada) tem forte ligação com a trajetória pessoal de Rourke: o artista foi lutador profissional de luta livre nos anos 90 e teve sérias lesões faciais. Submetido a inúmeras plásticas de reparação, algumas malsucedidas, seu rosto ficou tão deformado que se assemelham a efeitos de maquiagem. O que vemos ali na tela é o verdadeiro Rourke, inchado, estranho, num espetáculo de horror. Uma pena ver decadência tão acentuada.
Só que a volta do ator é interessante. Rourke está bem, natural pelo menos, sem exageros. A atuação reflete de forma sincera e realista os sucessivos azares do personagem – o problema cardíaco, a solidão, o desprezo, a falta de trabalho, o não contato com a filha etc. E pelos gestos (os murros no ar, por exemplo) também soube captar sintonia entre angústia e vício.
Não é um filme fácil. Aliás, nenhuma fita de Aronofsky é de tom agradável. Em “O lutador” o clima, enfatizado pela fotografia enegrecida, torna-se cada vez mais pesado, sem concessão ou desfecho feliz. Em suma, realça-se uma realidade fria, ferida.
As seqüências de luta podem causar incômodos nos mais sensíveis. Em especial aquela com o grandalhão barbudo, em que os lutadores agridem-se com objetos dos mais bizarros, como grampeador de pressão, vidros estilhaçados e até arame farpado. Um show de sangue e tortura.
Premiado ainda em diversos festivais, como Veneza (melhor diretor), o filme, ganhador também do Globo de Ouro (ator e canção original – Bruce Springsteen) e do Bafta (ator), dividiu opinião da crítica e do público. Assisti duas vezes e fiquei atônito em ambas. Se esta era a intenção de Aronofsky (como já havia acontecido em “Réquiem para um sonho”), funcionou comigo de novo. Recomendo conhecer. Por Felipe Brida
Título original: The Wrestler
País/Ano: EUA/França, 2008
Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry.
Direção: Darren Aronofsky
Gênero: Drama
Duração: 111 min.
Lançamento: Segunda quinzena de abril
Distribuidora: Paris Filmes
Site oficial: http://www.thewrestlermovie.com/
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