sábado, 14 de setembro de 2024

Resenhas especiais


Deixe-o partir

O xerife aposentado George Blackledge (Kevin Costner) e sua esposa Margaret (Diane Lane), enlutados pela morte do filho, deixam a propriedade rural em Montana para buscar o único neto, de três anos de idade, que foi levado pela nora antes de se separar. A jovem reside com o novo marido num rancho recluso em Dakota do Norte, junto da mãe e dos irmãos dele. George e Margaret marcam um encontro com aquela família, mas não desconfiam que são perigosos e fazem, a partir de seus critérios, as leis na cidade.

Um bom filme independente de drama com momentos de suspense e ação escrito, dirigido e produzido por Thomas Bezucha, diretor de filmes independentes como ‘De volta ao paraíso’ (2000) e ‘Tudo em família’ (2005), que escreveu o roteiro adaptando-o do romance homônimo de 2013, de Larry Watson. É uma história de coragem e tensão, a partir de uma busca incessante dos avós pelo neto no interior norte-americano nos anos 60. Kevin Costner e Diane Lane estão muito bem como o casal que perdeu o filho e vai atrás do neto em outro estado. Eles percorrem vários lugares atrás da nora e da família do novo marido dela, sentem que as pessoas guardam segredos sobre essa gente até que os encontra. A matriarca daquela família, os Weboy – um bom papel da inglesa Lesley Manville fazendo a vilã, não abre mão do neto, ameaça os avós, e a partir daí as coisas se complicam – o filme, de drama, da metade ao final vira um suspense com boas doses de ação, preparando um desfecho trágico e violento.



Costner também assina a produção executiva desse bom filme que foi rodado em Alberta, no Canadá, durante a primavera, nas planícies geladas. O longa foi pouco visto e comentado, isso porque teve a estreia duas vezes adiada em 2020 por causa da pandemia da Covid, quando tudo estava fechado, incluindo os cinemas. Acabou sendo lançado em poucas salas americanas e europeias em novembro daquele ano e logo depois em mídia física e no streaming. Disponível em DVD e bluray pela
Universal Pictures, e no streaming tem para aluguel, no Prime Video, GooglePlay Filmes e AppleTV.

Deixe-o partir (Let him go). EUA, 2020, 114 minutos. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Thomas Bezucha. Distribuição: Universal Pictures


Druk – Mais uma rodada

Quatro professores do ensino médio, que também são amigos de longa data, colocam em prática uma teoria nada convencional para melhorar o rendimento no trabalho – todo dia consomem um pouco de bebida alcoólica antes de chegar à escola e vão observando e anotando suas performances em sala de aula. O problema é que a situação foge totalmente do controle.

Filme ousado e politicamente incorreto (dramático e divertido ao mesmo tempo), dirigido por um dos nomes mais celebrados do cinema dinamarquês, Thomas Vinterberg, que pertence ao grupo fundador do movimento cinematográfico que sacudiu o mundo Dogma 95, realizador de filmes premiados como ‘Festa de família’ (1998), ‘Submarino’ (2010), o impressionante e indicado ao Oscar de filme estrangeiro ‘A caça’ (2012) e chegou a fazer filmes de menor intensidade fora de seu país, como ‘Dogma do amor’ (2003) e ‘Querida Wendy’ (2005). ‘Druk’ é mais um bom representante da atual safra do novo cinema dinamarquês e conta com participação do ator preferido de Vinterberg e hoje fazendo carreira nos Estados Unidos, Mads Mikkelsen.
É uma história intensa, conflituosa, que tem um roteiro que cresce ao longo das horas – quatro amigos que são professores de uma mesma escola, todos cansados e desmotivados, chegando aos 50 anos, ouvem a mesma reclamação dos alunos, de que suas aulas são chatas. Eles carregam outras crises fora do trabalho, como casamento, filhos, cobranças. Um dia, um deles apresenta a tese de um psiquiatra – que na época dizia ser real, mas não passou de uma fake news, de que as pessoas nascem com um déficit de 0,5% de álcool no sangue. Tal quantidade deveria ser reposta/compensada dia a dia, para se ter uma vida menos estressante, mais feliz. Portanto, passam a colocar a ideia em prática, e todo dia bebem um pouquinho antes do trabalho. Na escola, passam a ter mais energia, ficam mais descontraídos, e as aulas rendem – os alunos passam a gostar da nova forma de ensinar, sem saber que eles estão bebendo álcool. Mas, como é de se supor, eles querem sempre mais, de 0,5% de álcool passam a 1%, depois a 2% e assim vai; chegam alcoolizados no trabalho, caindo, falando enrolado e soltando asneiras, inclusive descontrolando-se nas discussões com seus pares e com os estudantes. O emprego dos quatro amigos a partir de agora corre risco.


Um filme impressionante, de qualidades técnicas das melhores que o cinema dinamarquês entregou até agora. O roteiro, com forte sátira social, nos prende, os atores são cativantes, com destaque para Mikkelsen e seu olhar enigmático. O desfecho é brilhante, uma festa entre os amigos com dança, bebida e celebração da vida, sob o som de ‘What a life’, da banda de pop e soul dinamarquesa Scarlet Pleasure.
O filme encontrou barreiras na estreia, pois iria ser lançado em Cannes, mas estourou a pandemia em 2020. No ano seguinte foi para o Oscar, ganhou o prêmio de melhor filme estrangeiro e foi indicado a melhor direção; recebeu ainda o Bafta de filme estrangeiro e outras dezenas de prêmios internacionais.
‘Druk – Mais uma rodada’ saiu em DVD e bluray pela Versátil, em parceria com a Vitrine Filmes e Synapse Distribution, com mais de uma hora de extras. Também está na Netflix e no Telecine, e em streaming para aluguel, como Google Play e Youtube Filmes.

Druk – Mais uma rodada (Druk). Dinamarca/Suécia/Holanda, 2020, 116 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Thomas Vinterberg. Distribuição: Versátil Home Video

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