Confira resenhas de três filmes em DVD pela Imovision.
Desajustados
Fúsi (Gunnar Jónsson) é
um homem solitário, que mora com a mãe e tem uma vida monótona. Numa tarde, o
encontro dele com a garotinha Hera (Franziska Una Dagsdóttir), filha de um dos
vizinhos do condomínio, mudará os rumos de sua pacata rotina.
A Islândia e seus filmes
frios, sobre a reconstrução das relações humanas. ‘Desajustados’ é mais um bom
exemplar dessa temática e feito nesse país nórdico, um filme para poucos,
exibido nos Festivais de Berlim e Tribeca. A figura do protagonista, Fúsi
(título original do filme), é enigmática, ao mesmo cativante e monótona, papel desempenhado
por um ator excelente, Gunnar Jónsson, de ‘A ovelha negra’ (2015). Obeso,
solitário, vive com a mãe, que o mima, tem um emprego chato no aeroporto local
e coleciona brinquedos de guerra. É alvo de bullying no trabalho, mas diz que
não passa de brincadeiras dos amigos. Certo dia, no pé da escada do prédio onde
mora, encontra a filha de um vizinho, sentada, esperando alguém abrir a porta
para ela. Fúsi a leva para casa, trocam conversas, dá para a menina algo para
comer e brincam. Desse encontro inusitado nasce uma amizade, e todos os dias a
menina passa a visitar o novo amigo, mesmo que seu pai ache estranho e até a proíba.
Com a desenvoltura de Fúsi com Hera, ele consegue deixar a timidez de lado e se
envolve com uma mulher nas aulas de dança de salão que frequenta após incentivo
da mãe. Sua vida muda da água para o vinho, entre altos e baixos nas relações
com a menina, com a nova namorada, que tem depressão, e com a mãe.
Uma história feita com
simplicidade, humana, bonita, com breves momentos de humor, com tipos reais que
cruzamos pela rua. Mas sim, é um drama sólido, melancólico e bem construído. Para
público adulto e inserido no cinema cult.
Curiosidade: O diretor Dagur
Kári, filho do escritor islandês Pétur Gunnarsson, nasceu na França, é pai atriz
mirim que interpreta Hera, rodou filmes na Islândia e em 2009 dirigiu nos EUA a
comédia dramática ‘O bom coração’, com Paul Dano e Brian Cox.
Disponível em DVD pela
Imovision e no streaming da distribuidora em parceria com o cinema Reserva
Cultural, o Reserva Imovision.
Desajustados (Fúsi). Islândia/Dinamarca, 2015, 95
minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Dagur Kári. Distribuição: Imovision
De longe te observo
Na capital da Venezuela,
Caracas, Armando (Alfredo Castro), um protético solitário e deprimido, oferece
dinheiro para garotos irem até a sua casa. Ele os observa nus enquanto se
masturba. Um dia, conhece Elder (Luis Silva), um rapaz envolvido com o crime e
integrante de uma gangue. De início, Elder não aceita a proposta e chega a agredir
Armando, só que, com o passar dos dias, volta para a casa do homem. Entre eles
nasce um complicado relacionamento de amizade e fúria.
Ganhou prêmios nos
festivais de Havana, Miami, San Sebastian, e o principal, o Leão de Ouro em
Veneza esse que é filme independente polêmico e curioso, rodado na Venezuela, coproduzido
no México. Tem em cena um dos atores mais versáteis e interessantes do Chile,
Alfredo Castro, que trabalha bastante com o diretor Pablo Larraín, como em ‘O
clube’ (2015), já filmou no Brasil, o drama ‘Verlust’ (2020), e recentemente
esteve no elenco de ‘O conde’ (2023), onde interpreta o mordomo do ditador
Pinochet. Ele faz aqui um homem na altura dos 60 anos, dono de um laboratório
de próteses dentárias, que costuma caminhar pela tarde em busca de garotos no
centro da cidade para levá-los para seu apartamento em troca de dinheiro – ele tem
o fetiche de se masturbar vendo-os nus, de costas. Num desses encontros,
conhece um rapaz envolvido com a criminalidade – papel quase naturalista e de
muito empenho do estreante Luis Silva; ele bate carteiras, rouba retrovisores e
pertence a uma gangue. No primeiro encontro, o jovem bate em Armando, o rouba e
foge. Dias depois se reencontram, ele volta para o apartamento do protético e
entre eles nasce uma complexa história de amizade, mas com brigas e
desconfianças. Armando conta ao jovem que tem problemas com o pai idoso – uma
subtrama surgirá mais pro final envolvendo esse homem, trocam outras confidências
e até chegam a frequentar festas e restaurantes juntos. Uma história de uma
estranha e difícil amizade, cheia de dissabores e momentos altos, escrita e
dirigida por um estreante, Lorenzo Vigas, que o escreveu ao lado do premiado
roteirista e já indicado ao Oscar Guillermo Arriaga, mexicano que roteirizou a
trilogia de Alejandro G. Iñárritu ‘Amores brutos’ (2000), ’21 gramas’ (2003) e
‘Babel’ (2006).
Um filme de poucos
diálogos e muito olhar, com enquadramentos formidáveis de expressões faciais.
Amargo, tem um final nada feliz, desalentador. Também é o retrato de uma
Caracas devastada pelo caos social, pela pobreza e violência.
Foi o representante da
Venezuela ao Oscar, mas não entrou na lista final de indicados de filme
estrangeiro. Disponível em DVD pela Imovision e no streaming da distribuidora
em parceria com o cinema Reserva Cultural, o Reserva Imovision.
De longe te observo (Desde allá). Venezuela/México, 2015,
93 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Lorenzo Vigas. Distribuição:
Imovision
O último tango
Documentário sobre duas
lendas do tango argentino, María Nieves Rego e Juan Carlos Copes, que
trabalharam juntos por 50 anos e depois romperam de maneira inesperada.
Um filme-homenagem ao
tango argentino, uma ode ao poder desse estilo revolucionário e que conquistou artistas
ao redor do mundo. O documentário foca no amor pelo tango de dois dançarinos
que fizeram história, de uma vida unida pela música, María Nieves Rego (1934-)
e Juan Carlos Copes (1931-2021). O filme mostra quando se conheceram, na época
tinham entre 15 e 16 anos, as danças juntos nas principais casas da Argentina
por 50 anos e as apresentações pelo mundo afora. Até o rompimento da dupla, que
chocou a Argentina.
Em entrevista, Maria e
Juan contam segredos, o auge da carreira, lembram situações complicadas, como o
quase envolvimento romântico entre eles, e o término da parceria. Enquanto falam
para a câmera, vídeos reais e fotos de acervo dos dois aparecem, e ainda tem uma
dupla de atores que simulam/encenam a vida das duas personalidades.
Um doc no melhor estilo
do cinema argentino, com música, drama, humor e sentimento. Do diretor German
Kral, especializado em documentários musicais como ‘Música cubana’ (2004) e ‘El
último aplauso’ (2009).
Disponível em DVD pela
Imovision e no streaming da distribuidora em parceria com o cinema Reserva
Cultural, o Reserva Imovision.
O último tango (Un tango más).
Argentina/Itália/Alemanha, 2015, 85 minutos. Documentário. Colorido. Dirigido
por German Kral. Distribuição: Imovision
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