sexta-feira, 3 de maio de 2024

Estreias nos cinemas

 

Verissimo (Brasil, 2024, 89 minutos, de Angelo Defanti)

 

Chega aos cinemas brasileiros um dos melhores documentários da edição desse ano do Festival É Tudo Verdade (que terminou no mês passado). ‘Verissimo’ traz a rotina do escritor gaúcho Luís Fernando Verissimo prestes a completar 80 anos – o doc foi filmado em 2016 e só lançado agora. A agenda cheia de Verissimo está presente, com viagens para lançar livros pelo Brasil, participação em conferências, recepção de amigos em casa, entrevistas para TV e telefonemas que não cessam. Cansado e de voz baixa, Verissimo fala sobre sua velhice e como ele lida com essa fase da vida, enquanto sua mente trabalha a mil por hora. Não é uma biografia do escritor, até porque já existem dois filmes sobre ele, e sim essa amostra da rotina do escritor em casa e nos diversos tipos de trabalho. O diretor Angelo Defanti já tinha contato com o universo de Verissimo, pois adaptou um dos livros do gaúcho para o cinema, ‘O clube dos anjos’ (2020). Distribuição pela Boulevard Filmes em codistribuição com  a Vitrine Filmes e Spcine.

 

 

Here (Bélgica, 2023, 82 minutos, de Bas Devos)

 

Vencedor de dois prêmios no Encounters do Festival de Berlim de 2023 e exibido na edição passada do Festival do Rio, o poético drama independente ‘Here’ é mais uma amostra do bom cinema do belga Bas Devos, de ‘Trópico fantasma’ (2019). Ele conta com silêncio e filosofia – o filme não tem trilha sonora, apenas sons da natureza, por isso muito contemplativo – a história de um imigrante romeno que está em Bruxelas trabalhando na construção civil. Ele se prepara para voltar ao país natal. Só que antes faz uma jornada para se despedir dos amigos, em seus últimos dias na Bélgica. Conhece uma jovem de origem chinesa e resolvem se embrenhar numa floresta para analisar musgos para uma pesquisa dela. Ali nascerá uma forte amizade. Um filme sobre encontros e despedidas marcados pelo tempo presente, com bonita fotografia, especialmente a da floresta verde e úmida. Gostei, porém indico para quem segue fitas cult e de narrativa lenta. Distribuição da Zeta Filmes.

 


 

Conduzindo Madeleine (França/Bélgica, 2022, 91 minutos, de Christian Carion)

 

Adorável, um filme que é para ver e rever, e lembra, não só no título, mas na história, ‘Conduzindo Miss Daisy’ (1989), ganhador do Oscar de melhor filme. Nessa coprodução França/Bélgica feita em 2022 e só distribuída agora nos cinemas brasileiros, conhecemos a amizade de um taxista (Dany Boon, de ‘A Riviera não é aqui’) com sua nova e especial passageira, Madeleine, uma meiga senhorinha de 92 anos (papel impressionante de Line Renaud, de ‘Noites sem dormir’, na época com 94 anos!). Ele tem de levá-la para uma casa de repouso onde irá morar, no entanto, antes, os dois farão um passeio por Paris, pelos lugares onde Madeleine cruzou desde a infância. Cativante e bem curtinho, a comédia dramática fez sucesso no Festival Varilux de Cinema Francês, depois de ser exibido no Festival de Toronto. Dirigido por Christian Carion, do drama de guerra indicado ao Oscar ‘Feliz natal’ e da recente fita policial ‘Meu filho’. Em cartaz nos cinemas, distribuído pela California Filmes.

 


 

A teia (EUA/Austrália, 2024, 110 minutos, de Adam Cooper)

 

Fita policial com suspense típica das antigas sessões do Supercine, com reviravoltas, algumas cenas de ação e muito mistério. Até certa altura achei que a ideia seria original, com revelações surpreendentes, mas foi se tornando previsível. Russel Crowe, de ‘Gladiador’, interpreta um ex-detetive com Mal de Alzheimer que está em um tratamento pioneiro para restaurar sua memória. Um dia, é convocado para auxiliar num caso que atuou no passado, envolvendo um assassinato – o suspeito está no corredor da morte, há provas de que ele não cometeu o crime, e sua execução será em poucos dias. Então o ex-detetive entra com tudo na reabertura do caso, mesmo com a memória falhando e mantendo vínculo com pessoas mal-intencionadas. Russel Crowe até que se esforça, mas vem numa má fase, de filmes irrisórios. Tem participação nada interessante de Karen Gillan, de ‘Guardiões da galáxia’, e quem estreia na direção é Adam Cooper, roteirista de ‘Assassin's Creed’ e ‘Êxodus: Deuses e monstros’ – é dele o roteiro de ‘A teia’, baseado no romance “O livro dos espelhos”, de E.O. Chirovici. Fraco, fraco... Nos cinemas brasileiros pela Imagem Filmes e California Filmes.




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