Dois festivais online
e gratuitos para ver em casa
Cinéfilos terão uma
agenda lotada de filmes independentes, novos e clássicos, nesse e no próximo mês.
São 40 longas, em exibição em dois festivais de cinema, o italiano e o chinês, ambos
gratuitos e online. Confira abaixo sobre eles.
18º Festival de
Cinema Italiano
De 08/11 a 09/12, a 18ª
edição do Festival de Cinema Italiano exibe 32 filmes gratuitamente para o
público – 16 títulos lançamento e 16 clássicos. Os filmes da seleção atual são
produções de 2022 e 2023, exibidos em festivais como Berlim, Cannes, Roma e
Veneza, de diretores como Pupi Avati, Gabriele Salvatores, Michele Placido e Andrea
Di Stefano. Alguns de destaque são Ainda temos o amanhã (2023), de Paola
Cortellesi, A sombra de Caravaggio (2022), de Michele Placido, A terra das mulheres
(2023), de Marisa Vallone, A última noite de Amore (2023), de Andrea Di Stefano,
O retorno de Casanova (2023), de Gabriele Salvatores, e O primeiro dia da minha
vida (2023), de Paolo Genovese. Os antigos estão numa retrospectiva em homenagem
à comédia italiana, de diretores como Mario Monicelli, Dino Risi, Federico
Fellini e Lina Wertmüller. Na sessão dos clássicos, poderemos ver Brancaleone
nas Cruzadas (1970) e Parente é serpente (1992), ambos de Mario Monicelli, A trapaça
(1955), de Federico Fellini, Mimi, o metalúrgico (1972) e Por um destino insólito
(1974), ambos de Lina Wertmüller, e A propriedade não é mais um roubo (1973),
de Elio Petri.
O festival é uma realização
do Ministério da Cultura, com patrocínio da Pirelli, Lei de Incentivo à Cultura,
Cineusp e outros parceiros. Haverá ainda sessões presenciais em vários estados
brasileiros.

Dica de filme do '18o. Festival de Cinema Italiano'
A última noite de Amore
Falta apenas um dia para o detetive Franco Amore (Pierfrancesco Favino) se aposentar. Honesto, sob rígido pensamento ético, nunca atirou contra ninguém. Ele já deixou preparado um discurso para ler no dia em que será homenageado ao encerrar suas atividades na polícia italiana. Dentro de seu carro, vagando pelas ruas de Milão, ele conta as horas para terminar o turno no último dia de serviço. Porém, de maneira surpreendente, tudo será colocado à prova após presenciar um incidente fatal com seu parceiro de trabalho.
Exibido no Festival de Berlim em fevereiro desse ano, é um dos melhores títulos selecionados na programação do ‘Festival de Cinema Italiano’, que chega gratuitamente em sua 18ª edição. É um thriller inspirado no cinema noir, ágil e preciso, com uma fotografia inebriante e uma trama com ótimas reviravoltas. E tem um dos atores mais interessantes do atual cinema italiano, protagonista de bons longas exibidos em edições passadas do Festival Italiano, como ‘O traidor’ (1973 – aqui ele atua ao lado de Maria Fernanda Cândido, sob direção do veterano Marco Bellocchio, que gravou cenas no Brasil), e ‘O Colibri’ (2022). Em ‘A última noite de Amore’, Favino interpreta um detetive chamado Amore, que está prestes a se aposentar, depois de 35 anos de trabalho na polícia de Estado da Itália. Cansado do mundo policial, de presenciar crimes horrendos e montar longos quebra-cabeças para capturar bandidos, só pensa em terminar o serviço para dar mais atenção para a esposa e o filho. Porém, na última noite de trabalho, as horas serão intermináveis – seu parceiro de trabalho está morto após envolver-se num roubo de diamantes. Amore decide entrar de cabeça para defender o amigo morto, colocando tudo carreira e vida em jogo. Escrito e dirigido por Andrea Di Stefano, ator de vários filmes nos EUA, e que dirigiu antes ‘Escobar: Paraíso perdido’ (2014).

8ª Mostra de Cinema Chinês
De 15 a 30/11, ocorre a
8ª Mostra de Cinema Chinês, realizada pelo Instituto Confúcio na Unesp e Centro
Cultural São Paulo, em parceria com a SP Cine. É online, com oito filmes
produzidos entre 2021 e 2023. Em outubro o evento ocorreu presencialmente em
cinemas de SP. Agora os filmes serão todos exibidos pela plataforma da SP Cine
Play.
Na seleção, longas
premiados como Acima das nuvens (2021), de Zhihai Liu, Cordão da vida (2022),
filme de estreia da diretora Qiao Sixue, e Irmãos (2023), de Shio Chuan Quek.

Dica de filmes da '8ª Mostra de Cinema Chinês'
Acima das nuvens
Durante a Guerra Civil Chinesa, em 1935, na província leste de Zhejiang, soldados do Exército Vermelho Chinês recebem a ordem de se retirar da região após serem informados da chegada da tropa inimiga, o Exército Nacional Revolucionário do Kuomintang (KMT). Mas antes o destemido grupo aceita realizar uma última missão: explodir o depósito de munição do KMT em 48 horas.
Drama de guerra chinês premiado no Festival de Beijing (Pequim), o principal festival de cinema feito no país, ‘Acima das nuvens’ é um trabalho minucioso do diretor estreante Zhihai Liu, com uma narrativa intensa e um design de produção caprichado que remonta um momento-chave da primeira etapa da Guerra Civil Chinesa (1927–1937; 1946–1949), durante o episódio chamado ‘Grande Marcha’. A fotografia em preto-e-branco com um colorido apagado, ofuscado por uma fina névoa, é outro elemento ímpar desse filme de arte que mostra o abalo psicológico dos soldados numa guerra cruel entre irmãos – nessa guerra civil, tropas chinesas nacionalistas lideradas pelo Partido Nacionalista da China (KMT) lutaram contra os soldados comunistas do Partido Comunista da China (PCCh), resultando em milhões de mortos – civis e combatentes. Com poucos diálogos e jogos curiosos de câmera com enquadramentos criativos, o filme é uma pérola do atual cinema chinês, que pouco chega até nós, infelizmente – dependemos de festivais para conferirmos fitas do país. Portanto, não perca a oportunidade de assisti-lo agora, já que integra a programação da 8ª Mostra de Cinema.
Cordão da vida
Jovem músico leva a mãe com Mal de Alzheimer de volta à terra natal, para que ela possa, quem sabe, relembrar do antigo lar. Para que a idosa não se perca ou se distancie, ele amarra uma corda na cintura dela e faz o mesmo em si. Ao chegar na velha casa, a mãe fala de um lugar ancestral dentro de uma árvore, e os dois partirão para uma jornada mística.
Exibido em festivais asiáticos como Tokyo, Beijing e Singapura, o delicado drama familiar que mostra a intensa relação de mãe e filho foi todo rodado nas montanhas altas da Mongólia, país que fica entre a Rússia e a China. Um lugar exuberante, mas também solitário, que ajuda a compor a ambientação psicológica do filme. Com uma fotografia lindíssima de campos, lagos e área rural, o longa foi escrito e dirigido pela cineasta chinesa em sua estreia no cinema, Sixue Qiao, que demonstra sensibilidade para contar essa história afetiva. A corda envolta na cintura dos dois personagens centrais carrega forte simbologia, uma conexão semelhante a um cordão umbilical, em que um ‘nutre’ o outro, cuidando dos rumos e atento aos descaminhos durante uma jornada derradeira que terão pela frente. Tem um ar místico, fala da busca pela ancestralidade – muitas vezes de uma terra imaginada ou que deixou de existir com a modernidade, e também traz um tema caro, a terrível doença do Alzheimer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário