domingo, 13 de agosto de 2023

Na Netflix


Três novos documentários, de 2023, na Netflix. Confira resenhas abaixo!



Desaparecida: O Caso Lucie Blackman

Em julho de 2000, uma jovem britânica de nome Lucie Blackman desapareceu em Tóquio, capital do Japão. O documentário acompanha entrevistas do pai da garota e toda a investigação, que durou meses e teve final trágico.

Coprodução EUA/Japão, o documentário acompanha passo a passo as investigações em torno do desaparecimento de uma jovem em Tóquio, chamada Lucie Blackman, em 2000. Ela era comissária de bordo, tinha 21 anos e fez uma viagem à capital do Japão, onde pretendia se instalar por um ano. Porém, desapareceu sem deixar vestígios três semanas depois de chegar lá. O pai, Tim Blackman, fez uma busca incansável por justiça, e é ele quem conduz as conversas nesse documentário investigativo de grande impacto. No filme, vê-se uma série de vídeos reais da investigação do caso, a atuação da polícia japonesa e a mobilização da comunidade. Na época o pai chegou a implorar ao primeiro-ministro Tony Blair para expandir a investigação. O clímax do doc é a prisão de um suspeito, um playboy milionário acusado por agressão sexual a mulheres e que costumava gravar vídeos caseiros estuprando as vítimas desacordadas.



A Netflix é especializada em séries, microsséries e documentários policiais, e aqui temos mais um bom exemplo, que funciona. É um caso intrigante, de roer as unhas, com um triste desfecho. Estreou na Netflix em 26 de julho.

Desaparecida: O caso Lucie Blackman (Keishichô sôsaikka rûshî burakku man jiken/ Missing: The Lucie Blackman Case). EUA/Japão, 2023, 83 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Hyoe Yamamoto. Distribuição: Netflix


A Dama do Silêncio: La Mataviejitas

Documentário que acompanha a caçada a um serial killer que matou mais de 40 idosas na Cidade do México entre 1998 e 2005. A suspeita era de que o assassino, na verdade, era uma mulher, uma lutadora de luta livre que se vestia de enfermeira para cometer os crimes. O caso ficou conhecido no mundo inteiro como “La Mataviejitas” (“A matadora de velhinhas”).

Um caso turbulento de assassinatos brutais de idosas, que mexeu com a opinião pública e amedrontou o México entre os anos de 1990 e 2000 é o tema central desse documentário imperdível da Netflix. Mais de 40 velhinhas solitárias foram estranguladas dentro de casa, numa época em que não havia celular nem câmeras de vigilância, em uma das cidades mais populosas do mundo, Cidade do México. No documentário, a equipe entrevista policiais que atuaram no caso, familiares e amigos das vítimas, bem como peritos criminais. Há ainda um vastíssimo material de arquivo, como jornais impressos, fotos e vídeos da investigação liberados pela polícia, que ajudam a reconstruir o caso que ficou conhecido como “La Mataviejitas”. A polícia sempre trabalhou com a hipótese de que o criminoso era um homem, pela força com que estrangulava as vítimas. Quando a investigação avançou, chegou-se à conclusão de uma mulher alta, encorpada e musculosa – a partir daí, muitas mulheres foram presas indevidamente, e a polícia mirava transexuais, a ponto de agredi-los nas ruas em busca de informação (o filme faz uma crítica à repressão policial, em especial àquela contra os mais vulneráveis; em certo ponto do documentário, alguns entrevistados da corporação policial mexicana fazem o ‘mea culpa’). A serial killer confessa era uma mulher solitária, ex-lutadora de luta livre apelidada de “Dama do Silêncio, que tinha um bom relacionamento com a vizinhança onde morava – ou seja, uma cidadã acima de qualquer suspeita.



Outro bom doc investigativo da Netflix para não desgrudar os olhos da TV - estreou na plataforma em 27 de julho.

A Dama do Silêncio: La Mataviejitas (La Dama del Silencio: El caso de La Mataviejitas). México, 2023, 111 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por María José Cuevas. Distribuição: Netflix


Contaminação: A verdade sobre o que comemos

Documentário que investiga surtos de doenças alimentares ocorridos nos Estados Unidos nos últimos 30 anos.

A diretora Stephanie Soechtig engajou-se em vários documentários sobre produtos aparentemente inofensivos vendidos no mercado , mas causadoras de graves riscos à saúde: em “Tapped” (2009), examinou os efeitos nocivos de substâncias liberadas pelas garrafas Pet no organismo humano; em “Fed up” (2014), tratou o boom da obesidade nos Estados Unidos relacionando-o à indústria de alimentos fast food e enlatados; e em “The devil we know” (2018), mostrou a contaminação de pessoas com o Teflon, um polímero com substâncias cancerígenas usado em panelas. Agora, com “Contaminação: A verdade sobre o que comemos”, que estreou na Netflix no dia 02 de agosto, ela se volta para o mundo das contaminações alimentares, falando de surtos de doenças causadas por microrganismos invisíveis a olho nu; no filme, ela foca em duas delas: as provocadas pela bactéria E. coli e a salmonella. O doc investiga pais que perderam filhos por graves infecções gastrointestinais, e entrevista pessoas que por um triz não morreram, porém que sofrem as consequências, tendo de fazer tratamentos médicos periódicos. Com ousadia, a diretora procura quem está por trás dessa indústria de alimentos; ela denuncia empresas, por exemplo, que deixam de fazer as devidas inspeções sanitárias em alimentos como alface, ovos e frangos.
Há ainda entrevistas com congressistas norte-americanos, ativistas, médicos e chefes de laboratórios, que trazem dados alarmantes sobre a contaminação de alimentos - uma simples alface mal lavada, segundo eles, possui mais bactérias E. coli do que em carnes fatiadas nas bandejas de mercado, sem contar o frango, campeão de contaminação por salmonella.



É um doc que nos causa sensações ruins, pois demonstra que todos os alimentos estão sujeitos à contaminação, sendo boa parte deles não averiguados por agências de vigilância sanitária – lembremos que é um filme norte-americano, e lá as regras de fiscalização higiênica são bem diferentes do Brasil; há menos rigor na averiguação dos produtos alimentícios e há brechas nas leis de cada estado, pelo que aponta o filme.
Serve de alerta para revermos nossas práticas de armazenamento dos alimentos e como escolher na hora de comprá-los.

Contaminação: A verdade sobre o que comemos (Poisoned: The danger in our food). EUA, 2023, 83 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Stephanie Soechtig. Distribuição: Netflix

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