Três novos documentários, de 2023, na Netflix. Confira resenhas abaixo!
Desaparecida: O Caso Lucie Blackman
Em julho de 2000, uma jovem britânica de nome Lucie Blackman desapareceu
em Tóquio, capital do Japão. O documentário acompanha entrevistas do pai da garota
e toda a investigação, que durou meses e teve final trágico.
Coprodução EUA/Japão, o documentário acompanha passo a passo as
investigações em torno do desaparecimento de uma jovem em Tóquio, chamada Lucie
Blackman, em 2000. Ela era comissária de bordo, tinha 21 anos e fez uma viagem à
capital do Japão, onde pretendia se instalar por um ano. Porém, desapareceu sem
deixar vestígios três semanas depois de chegar lá. O pai, Tim Blackman, fez uma
busca incansável por justiça, e é ele quem conduz as conversas nesse
documentário investigativo de grande impacto. No filme, vê-se uma série de
vídeos reais da investigação do caso, a atuação da polícia japonesa e a
mobilização da comunidade. Na época o pai chegou a implorar ao
primeiro-ministro Tony Blair para expandir a investigação. O clímax do doc é a
prisão de um suspeito, um playboy milionário acusado por agressão sexual a
mulheres e que costumava gravar vídeos caseiros estuprando as vítimas desacordadas.
A Netflix é especializada em séries, microsséries e documentários
policiais, e aqui temos mais um bom exemplo, que funciona. É um caso
intrigante, de roer as unhas, com um triste desfecho. Estreou na Netflix em 26
de julho.
Desaparecida: O caso Lucie Blackman (Keishichô
sôsaikka rûshî burakku man jiken/ Missing: The Lucie Blackman Case). EUA/Japão,
2023, 83 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Hyoe
Yamamoto. Distribuição: Netflix
A Dama do Silêncio: La Mataviejitas
Documentário que acompanha a caçada a um serial killer que matou mais de
40 idosas na Cidade do México entre 1998 e 2005. A suspeita era de que o
assassino, na verdade, era uma mulher, uma lutadora de luta livre que se vestia
de enfermeira para cometer os crimes. O caso ficou conhecido no mundo inteiro
como “La Mataviejitas” (“A matadora de velhinhas”).
Um caso turbulento de assassinatos brutais de idosas, que mexeu com a
opinião pública e amedrontou o México entre os anos de 1990 e 2000 é o tema
central desse documentário imperdível da Netflix. Mais de 40 velhinhas
solitárias foram estranguladas dentro de casa, numa época em que não havia
celular nem câmeras de vigilância, em uma das cidades mais populosas do mundo,
Cidade do México. No documentário, a equipe entrevista policiais que atuaram no
caso, familiares e amigos das vítimas, bem como peritos criminais. Há ainda um
vastíssimo material de arquivo, como jornais impressos, fotos e vídeos da
investigação liberados pela polícia, que ajudam a reconstruir o caso que ficou
conhecido como “La Mataviejitas”. A polícia sempre trabalhou com a hipótese de
que o criminoso era um homem, pela força com que estrangulava as vítimas.
Quando a investigação avançou, chegou-se à conclusão de uma mulher alta,
encorpada e musculosa – a partir daí, muitas mulheres foram presas
indevidamente, e a polícia mirava transexuais, a ponto de agredi-los nas ruas em
busca de informação (o filme faz uma crítica à repressão policial, em especial
àquela contra os mais vulneráveis; em certo ponto do documentário, alguns
entrevistados da corporação policial mexicana fazem o ‘mea culpa’). A serial
killer confessa era uma mulher solitária, ex-lutadora de luta livre apelidada
de “Dama do Silêncio, que tinha um bom relacionamento com a vizinhança onde
morava – ou seja, uma cidadã acima de qualquer suspeita.
Outro bom doc investigativo da Netflix para não desgrudar os olhos da TV
- estreou na plataforma em 27 de julho.
A Dama do Silêncio: La Mataviejitas (La Dama
del Silencio: El caso de La Mataviejitas). México, 2023, 111 minutos.
Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por María
José Cuevas. Distribuição: Netflix
Contaminação: A verdade sobre o que comemos
Documentário que investiga surtos de doenças alimentares ocorridos nos
Estados Unidos nos últimos 30 anos.
A diretora Stephanie Soechtig engajou-se em vários documentários sobre produtos
aparentemente inofensivos vendidos no mercado , mas causadoras de graves riscos
à saúde: em “Tapped” (2009), examinou os efeitos nocivos de substâncias
liberadas pelas garrafas Pet no organismo humano; em “Fed up” (2014), tratou o
boom da obesidade nos Estados Unidos relacionando-o à indústria de alimentos
fast food e enlatados; e em “The devil we know” (2018), mostrou a contaminação
de pessoas com o Teflon, um polímero com substâncias cancerígenas usado em
panelas. Agora, com “Contaminação: A verdade sobre o que comemos”, que estreou
na Netflix no dia 02 de agosto, ela se volta para o mundo das contaminações
alimentares, falando de surtos de doenças causadas por microrganismos
invisíveis a olho nu; no filme, ela foca em duas delas: as provocadas pela
bactéria E. coli e a salmonella. O doc investiga pais que perderam filhos por
graves infecções gastrointestinais, e entrevista pessoas que por um triz não
morreram, porém que sofrem as consequências, tendo de fazer tratamentos médicos
periódicos. Com ousadia, a diretora procura quem está por trás dessa indústria
de alimentos; ela denuncia empresas, por exemplo, que deixam de fazer as
devidas inspeções sanitárias em alimentos como alface, ovos e frangos.
Há ainda entrevistas com congressistas norte-americanos, ativistas,
médicos e chefes de laboratórios, que trazem dados alarmantes sobre a
contaminação de alimentos - uma simples alface mal lavada, segundo eles, possui
mais bactérias E. coli do que em carnes fatiadas nas bandejas de mercado, sem
contar o frango, campeão de contaminação por salmonella.
É um doc que nos causa sensações ruins, pois demonstra que todos os
alimentos estão sujeitos à contaminação, sendo boa parte deles não averiguados
por agências de vigilância sanitária – lembremos que é um filme
norte-americano, e lá as regras de fiscalização higiênica são bem diferentes do
Brasil; há menos rigor na averiguação dos produtos alimentícios e há brechas
nas leis de cada estado, pelo que aponta o filme.
Serve de alerta para revermos nossas práticas de armazenamento dos
alimentos e como escolher na hora de comprá-los.
Contaminação: A verdade sobre o que comemos (Poisoned:
The danger in our food). EUA, 2023, 83 minutos. Documentário.
Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Stephanie Soechtig. Distribuição: Netflix
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