domingo, 28 de fevereiro de 2021

Cine Cult


A grande noite

Dois irmãos completamente diferentes, Not (Benoît Poelvoorde), um punk desempregado, e Jean-Pierre (Albert Dupontel) um pequeno homem de negócios que acabara de perder o emprego, preparam uma revolução na calada da noite numa cidade da França. “A grande noite” está prestes a acontecer!

Longe de ser palatável para o grande público, a fita de arte francesa, coproduzida na Bélgica, é uma crítica feroz à sociedade, principalmente no que toca ao conservadorismo, ao politicamente correto e aos “bons costumes”. Na trama nonsense, com sequências que beiram o total absurdo (como a da gasolina no posto de combustível), acompanhamos alguns dias na vida de dois irmãos que se rebelam contra o sistema: um punk que perambula pelas ruas com seu cachorro (ele se considera o último dos punks da França), e o outro um vendedor de colchões quase arruinado. Juntos, preparam solitariamente uma misteriosa revolução no estacionamento de um shopping.
É uma comédia irreverente menos casual, que não tem aquele humor que faz rir, é mais reflexivo, propõe discutir a crise moral, a relação das tribos urbanas na sociedade e o sistema capitalista em crise. O bom de tudo é a dupla de atores, Benoît Poelvoorde (o Deus de “O novíssimo testamento”) e o veterano Albert Dupontel (de “Eterno amor”, “Irreversível” e tantos filmes franceses), super à vontade nos papeis dos irmãos rebeldes. Eles foram bem dirigidos pelos diretores Benoît Delépine e Gustave Kervern, que dois anos antes fizeram “Mamute” (2010), um road movie com Gérard Depardieu num papel formidável (e o ator faz uma ponta aqui). Aliás, a verve de um humor estranho dessa dupla já vinha de lá.
“A grande noite” venceu dois prêmios especiais do júri no Festival de Cannes em 2012 – no ‘Um certo olhar’ e no ‘Palm Dog’.

A grande noite (Le grand soir). França/Bélgica/Alemanha, 2012, 95 minutos. Comédia/Drama. Dirigido por Benoît Delépine e Gustave Kervern. Distribuição: Imovision

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Na Netflix


Aniquilação

Expedição secreta leva uma bióloga (Natalie Portman) e um grupo de mulheres a uma zona desconhecida, longe da civilização, apelidada de Área X. O objetivo da missão é estudar uma misteriosa contaminação, que acometeu o marido da bióloga, assim como verificar novas formas de vida daquele lugar.

O diretor britânico Alex Garland é um nome familiar dos fãs de ficção científica, também um jovem escritor/novelista de primeira linha (é dele pelo menos três romances que viraram filmes, todos dirigidos por Danny Boyle, “A praia”, “Extermínio” e “Sunshine: Alerta solar”). Quatro anos antes de “Aniquilação” (2018), Garland estreou como diretor, fazendo bonito o empolgante scifi moderno “Ex_Machina: Instinto artificial” (2014), pelo qual foi indicado ao Oscar (de melhor roteiro, a história é dele) – e o filme revelou a atriz sueca Alicia Vikander, que lá interpretava um robô.
“Aniquilação” é seu segundo longa-metragem, baseado no livro de outro autor do mundo scifi, Jeff VanderMeer (li o livro recentemente, faz parte de uma trilogia chamada ‘Comando Sul’, e a adaptação para o cinema é bem fiel, exceto o desfecho e algumas características dos personagens centrais). Garland realizou um trabalho vigoroso, com estilo próprio, repleto de estranhos elementos visuais que criam uma realidade paralela, para chegar a uma trama complexa e intrigante, de dar nó na cabeça, cercada de mistérios e poucas soluções (como comentei “Aniquilação” é o livro 1 de uma trilogia, as outras duas partes deverão ser transformadas em filme nos próximos anos).
O tema do filme é amplo, aborda um lugar no meio do nada que vive em radicais transformações e mutações, uma floresta que respira ao lado de um pântano misterioso com um farol ao fundo. A área X controla os movimentos dos personagens, cristaliza objetos, e lá as leis da natureza não se aplicam. As pessoas também se incorporam ao ambiente de maneira orgânica, como cópias - há semelhança com os dois cult movies soviéticos mais notórios de Andrei Tarkovski, “Solaris” (1972) e “Stalker” (1979), já que tratavam de áreas isoladas que alteravam o comportamento das pessoas. Nesse cenário um grupo de mulheres investigam uma contaminação, e nada será fácil, pois terão pela frente uma criatura mortal, fungos e um farol inatingível.
Tudo é mágico, metafísico e fantasioso, num futuro incerto, numa mistura maluca de aventura, ação, terror e scifi, sem preocupação em explicações fáceis. Preste atenção nos detalhes, diálogos e ações, porque, como disse, o filme confunde, dando margem a interpretações variadas.


Produzido pela Paramount, estreou nos cinemas americanos por 20 dias, e por não obter o sucesso esperado (orçamento de U$ 40 milhões, contra U$ 32 milhões de arrecadação), a produtora vendeu os direitos de exibição para a Netflix (e lá muita gente viu). Ocorreram sérios problemas na produção, a Paramount exigiu alterações no roteiro, os produtores colocaram a mão no corte final gerando conflitos de interesse com o diretor, ou seja, tudo isso atrapalhou as gravações e o lançamento, coisas que acontecem nos bastidores de cinema. Por isso as diferenças notáveis entre o livro de VanderMeer e o produto final para cinema... (mas o resultado ainda é digno, confiram!).
Ponto positivo está na escolha do elenco, interessante, com Natalie Portman, Tessa Thompson, Gina Rodriguez, Jennifer Jason Leigh e Oscar Isaac (aliás, que era de “Ex_Machina”). Assista na Netflix!

Aniquilação (Annihilation). Reino Unido, 2018, 115 minutos. Ficção científica/Ação. Colorido. Dirigido por Alex Garland. Distribuição: Netflix

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Cine Cult



Jimmy’s Hall


Jimmy (Barry Ward), um idealista, volta ao vilarejo irlandês onde foi criado, e a pedido da comunidade abre um salão para estudos e dança. Os padres católicos que comandam o povoado não aceitam a presença do jovem, que passa a ser perseguido. Jimmy então se rebela contra a igreja iniciando um embate que terminará em violência e exílio.

Indicado à Palma de Ouro em Cannes em 2015, é um dos trabalhos menos notórios do importante cineasta britânico Ken Loach, de “Kes” (1969) e “Terra e liberdade” (1995), porém se nota sua verve política, que questiona muitos aspectos da sociedade. Novamente Loach trouxe para perto o roteirista Paul Laverty, com quem fez obras cinematográficas retumbantes, por exemplo, duas que venceram a Palma de Ouro, “Ventos da liberdade” (2006) e “Eu, Daniel Blake” (2016), e o recente “Você não estava aqui” (2019). Laverty escreveu o roteiro inspirado em uma peça irlandesa, baseada em fatos reais ocorridos na década de 30, sobre um líder comunista que desafiou a Igreja Católica ao abrir uma casa de danças num vilarejo pobre. Sua ideia era proporcionar um espaço coletivo de divertimento, um local para debater ideias, o que acabou atraindo muita gente. Os padres entram numa guerra pessoal, pedem o fechamento do local com medo de que as ideias revolucionárias de Jimmy contaminem os moradores, e a partir daí a história se assenta, com diálogos de embate e belas tomadas internas em um velho casarão.
O verdadeiro James Gralton (apelidado de Jimmy, e o título significa “O salão de Jimmy” - não teve tradução no Brasil), acabou exilado e viveu em Nova York até a sua morte, em 1945, aos 59 anos.


É um drama cult que questiona a liberdade de expressão e a censura na arte, muito bem escrito, bem filmado, que cativa pela história de luta social e como a arte transforma as pessoas (mas incomoda os poderosos).
O elenco é desconhecido, e a curiosidade maior está na participação de Andrew Scott, que interpreta um padre: anos depois voltaria a repetir o papel de um padre, porém radical, na série “Fleabag”, pelo qual recebeu indicação ao Globo de Ouro. Em DVD pela Imovision.

Jimmy’s Hall (Idem). Reino Unido/Irlanda/França, 2014, 110 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Ken Loach. Distribuição: Imovision

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Cine Cult


Eles lutaram pela pátria

Três soldados soviéticos, integrantes do Exército Vermelho, sobrevivem a uma batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Eles caminham por três dias em direção a Stalingrado. No caminho encontram dificuldades que vão de lembranças da guerra à fuga de novos inimigos.

Junto do polêmico “Vá e veja” (1985), essa impactante fita de arte soviética é um dos retratos mais duros da Segunda Guerra Mundial, que na época do lançamento, em 1975, concorreu à Palma de Ouro em Cannes - e representaria a URSS no Oscar, ficando de fora da lista de indicados oficiais. Com uma clara mensagem antibélica, o drama acompanha o ponto de vista de três soldados soviéticos em 1942, que sobrevivem a um ataque e seguem a pé até Stalingrado. Um é engenheiro, o outro mecânico, e o último, um minerador, todos com suas vidas destroçadas pela pior guerra registrada pela humanidade. É uma saga de vida e morte desses homens heroicos, em que vemos suas lutas internas, os horrores da guerra e o medo diante do caos.
O sólido roteiro de Sergey Bondarchuk (que também dirigiu) é adaptação de um romance de um dos mais aclamados escritores da Rússia, Mikhail Sholokhov (1905-1984), ganhador do Nobel de Literatura, autor de “O destino de um homem”, que virou filme em 1959 pelas mãos do mesmo diretor. Suas histórias retratam a dureza das guerras, de modo particular - Sholokhov, quando adolescente, lutou na guerra civil russa de 1918, ao lado dos bolcheviques, e procurou ao longo da vida engajar-se na luta social dando voz aos oprimidos.
A parte técnica se sobressai mesmo aos olhos dos menos detalhistas: fotografia, som, direção de arte etc. Há duas sequências de reconstituição dos campos de batalha, na primeira parte do filme, difíceis de serem reproduzidas, que envolvem tanques de guerra pegando fogo pela floresta (olha, que cenas show!).
Há no elenco atores reconhecidos da URSS/Rússia, como Vasiliy Shukshin (em seu último papel no cinema), o próprio diretor Bondarchuk (que era ator e roteirista), Vyacheslav Tikhonov, Vyacheslav Tikhonov e o comediante recorrente no cinema soviético dos anos 60 e 70 Yuriy Nikulin.


Na época, devido à longa duração (150 minutos), foi lançado em duas partes no cinema, que agora se encontram reunidas no DVD que acaba de ser lançado no Brasil pela CPC-Umes (vale ressaltar, uma cópia ótima da Mosfilm).
A CPC-Umes já lançou vários filmes do diretor Sergey Bondarchuk, como “A história de um homem de verdade” (1948), “O destino de um homem” (1959), “Guerra e paz” (1965-1967) e “Boris Godunov” (1986), um melhor que outro! Confira!

Eles lutaram pela pátria (Oni srazhalis za rodinu). URSS, 1975, 150 minutos. Drama/Guerra. Colorido. Dirigido por Sergey Bondarchuk. Distribuição: CPC-Umes Filmes

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Cine Lançamento



Sombras da vida


M (Rooney Mara) perde o marido em um acidente de carro. O fantasma de C (Casey Affleck) então retorna ao lar, numa casa de campo, à espera da mulher enlutada.

Essa é com certeza uma fita de arte para público restrito, que nada tem a ver com terror, apesar de o protagonista ser um fantasma clássico, aquele com lençol branco estendido pelo corpo. E mesmo o título original pode induzir ao erro (“A ghost story”, ou seja, “Uma história de fantasma). Subvertendo a narrativa do cinema romântico, o filme é um drama impactante e uma metáfora íntima sobre perda e existência, com clima sobrenatural, toques de surrealismo e fantasia, que mexe com nossos sentidos. É uma experiência única - o elegi como um dos melhores filmes daquele ano (2018). Há algo metafísico no ar, que parece beber na técnica do diretor Terrence Malick, como uma mistura de dois dramas desse diretor, “A árvore da vida” e “Amor pleno”.
É a andança de um fantasma que acompanha calado o luto da mulher, sem nada poder fazer, enquanto transcorrem os dias, os meses, os anos. Parado pelos cantos da casa, observando todos os movimentos, ele testemunha as mudanças da esposa e do lar, descobre outros fantasmas habitando casas vizinhas, e até faz viagens no tempo (para o passado e ao futuro).
Quando o filme termina, não há como não lembrarmos de “Ghost: Do outro lado da vida” e “Asas do desejo”, o primeiro um clássico do romance espiritualista e o outro, a badalada obra-prima de Wim Wenders sobre a plenitude do amor pós-morte. Considero “Sombras da vida” o mais complexo dos três, que nos convida para uma revisão para compreender as nuances propostas.
Casey Affleck ficou vestido o tempo inteiro com o lençol (é ele, e não dublê, o que foi um desafio para o ator e ao mesmo tempo algo nada atraente para um astro premiado). Já Rooney Mara se entrega num papel de luto e dor como eu nunca vi. Que atriz!!
Como sou muito ligado a questões técnicas dos filmes, não posso deixar de comentar duas: a trilha sonora e a fotografia, ambas feitas por jovens em início de carreira. E o filme é inteiramente rodado com uma câmera parecida com a super-8, que reduz as medidas da tela (e dá o tom de melancolia). Uma curiosidade: a fantasma feminina que aparece no meio do filme é a cantora e amiga do diretor Ke$ha (ela só aparece sob panos brancos). Ainda sobre técnicas, o drama tem longos planos-sequência (como a cena da torta devorada por Rooney, que demora uma eternidade) e tudo se passa em poucos ambientes internos, com algumas externas no campo (filmado no Texas).
O diretor e roteirista David Lowery parece ter feito aqui uma ponte com seu filme cult mais lembrado, “Amor fora da lei” (2013), que trazia o mesmo casal de atores (Affleck e Mara).


“Sombras da vida” participou de inúmeros festivais de cinema independente, dentre eles Sundance, custou “míseros” U$ 100 mil, e rendeu cerca de U$ 2 milhões nos cinemas, resultado positivo para uma obra tão barata.
Recomendo você conhecer essa fita dramática especial, original, que aborda com sensibilidade temas como o tempo como agente transformador, a passagem da vida e a brevidade dela.
Lançado nos cinemas em 2017, somente agora, quatro anos depois, saiu em DVD e bluray pela Universal Pictures.

Sombras da vida (A ghost story). EUA, 2017, 92 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por David Lowery. Distribuição: Universal Pictures

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Na Netflix


O banqueiro da Resistência

Arriscando a família e a própria vida, um banqueiro de Amsterdã funda um banco clandestino para financiar a Resistência Holandesa durante a ocupação dos Países Baixos pelos nazistas.

Uma pequena joia da excelente safra atual do cinema holandês, esse que é um drama que recorre a um desconhecido fato histórico/real ocorrido na Segunda Guerra em Amsterdã. Reconta os passos de Walraven van Hall (1906-1945), apelidado de “Banqueiro da Resistência”, um homem de negócios que trabalhava num banco e criou uma frente, com a ajuda do irmão Gijs van Hall (1904-1977), para fundar um banco a fim de bancar a Resistência contra os alemães. Na época, o Nazismo bateu à porta da Holanda e retirou de lá judeus para levá-los ao campo de concentração. Enquanto o medo alvoroçava o povo, o banqueiro, com o banco clandestino, ajudou a salvar cerca de um mil judeus, o que custou a sua vida (Walraven foi preso, torturado e executado pelos nazistas em 1945).
Com diálogos bem escritos, é um drama que não chega a ser especialmente emocionante, tampouco tem cenas de ação, porém apresenta uma atmosfera sombria, que nos prende à história de vida ali retratada. Walraven van Hall sem dúvida foi um dos tantos homens que se preocupou com a causa judaica, solidarizou-se ao seu povo e até hoje é reverenciado na capital da Holanda (foram erguidos bustos e monumentos em seu nome pela cidade).


Disputou vaga para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, no entanto ficou fora da lista final. Pode-se assisti-lo na Netflix (a Netflix não produziu o filme, somente distribuiu depois de comprar os direitos para tê-lo em seu catálogo permanente).

O banqueiro da Resistência (Bankier van het verzet). Holanda/Bélgica, 2018, 123 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Joram Lürsen. Distribuição: Netflix

Nota do Blogueiro

 
Lançamentos em DVD e Bluray pela Classicline

Conheça 10 títulos em DVD e Bluray lançados recentemente pela Classicline. Filmes de gêneros e estilos variados, muitos deles raridade, pela primeira vez no Brasil.
Tem em DVD o poderoso drama "O fio da navalha" (1946, com Tyrone Power), a marcante fita de ação e guerra "Os doze condenados" (1967, com Lee Marvin e John Cassavetes), o épico drama romântico "A filha de Ryan" (1970, com Robert Mitchum), a selvagem aventura/ação "Amargo pesadelo" (1972, com Jon Voight e Burt Reynolds), dois outros filmaços eletrizantes de ação, "A cruz de ferro" (1977, com James Coburn) e "Rota suicida" (1977, com Clint Eastwood), o bom thriller de espionagem "O buraco da agulha" (1981, com Donald Sutherland) e o belíssimo romance de época "Asas do amor" (1997, com Helena Bonham Carter).
Para finalizar com chave de ouro, a Classicline lança em Bluray, em parceria com a Universal Pictures, duas fitas de ação e suspense memoráveis dos anos 90: "Cabo do medo" (1991, com Robert De Niro e Jessica Lange) e "O pagamento final" (1993, com Al Pacino e Sean Penn). Imperdíveis!
Obrigado, Classicline, pelo envio dos filmes.







sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Cine Especial


Já estou com saudades

Milly (Toni Collette) e Jess (Drew Barrymore) são duas amigas inseparáveis desde a infância. Elas dividem segredos e são muito unidas. A primeira é uma profissional de sucesso, esposa devotada, com dois filhos, enquanto a segunda trabalha numa ONG, vive com o namorado num barco e quer ter um bebê. Uma reviravolta do destino fará com que Milly e Jess fiquem ainda mais próximas.

Dramédia feminina com as carismáticas Toni Collette e Drew Barrymore em plena química, numa fita rápida e emocionante que nos remete a “Amigas para sempre”, clássico da “Sessão da tarde” (parece até remake da obra de 1988 com Bette Midler e Barbara Hershey).
Há uma delicadeza no tratamento do filme, que apesar de previsível, arrancará lágrimas no final. Isso se deve à diretora Catherine Hardwicke, que bem fez retratos de adolescentes no cinema, vide “Aos treze” (2003) e “Os reis de Dogtown” (2005), depois fez sucesso com o primeiro filme da saga “Crepúsculo” (2008 – que eu acho detestável) e se perdeu na malfadada versão de Chapeuzinho Vermelho em “A garota da capa vermelha” (2011). Após altos e baixos, retornou bem em “Já estou com saudades” (2015), falando diretamente para o público feminino, tocando na alma das mulheres.


Ao lado de Drew e Toni, temos Dominic Cooper, Paddy Considine e a veterana Jaqueline Bisset. Veja sem compromisso, com um lencinho no colo. Disponível em DVD e bluray.

Já estou com saudades (Miss you already). Reino Unido, 2015, 112 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Catherine Hardwicke. Distribuição: Imagem Filmes

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Cine Especial


A hora do lobisomem


Primavera em 1976. Numa pacata cidade do interior dos Estados Unidos, crimes brutais amedrontam a população. Um garoto deficiente físico (Corey Haim), com a ajuda da irmã mais velha, acredita em um lobisomem solto pelas ruas, e passa a investigar o caso por conta própria.

Os fãs pediram, e a Versátil Home Video atendeu. Depois de muito aguardar, os colecionadores de filmes de terror podem ter agora em casa a edição de luxo em bluray de “A hora do lobisomem” (1985), uma das melhores fitas de lobisomem do cinema americano, que no Brasil recebeu o título alternativo de “Bala de prata”. Lançado pouco depois de “Um lobisomem americano em Londres” e “Grito de horror”, ambos de 1981, ajudou a fortalecer o subgênero “filme de lobisomem”.
É baseado no livro homônimo de Stephen King, com roteiro dele mesmo, que mantém o clima de tensão do início ao fim (King costumava adaptar seus romances para o cinema, o que garantia o tom macabro de suas ideias). O filme aborda o medo e a tensão em uma comunidade pacata dos Estados Unidos, ameaçada por um lobisomem à solta. Vira uma caçada pelo monstro, organizada pelos moradores e a polícia, enquanto o rastro de sangue aumenta.



Na época o aclamado produtor italiano Dino De Laurentiis não gostou do resultado do lobisomem do filme; os técnicos em efeitos visuais fizeram-no com uma pegada retrô, uma criatura mais clássica, tipo o da Universal dos anos 40. Hoje vendo ele soa artificial, diferente dos anteriores mencionados (“Um grito de horror” e “Lobisomem americano”), porém não é só dos efeitos que sobrevive a obra; a trama ratifica a atmosfera sombria, com cenas noturnas de dar calafrios - há pelo menos três cenas legais e que me marcaram quando vi o filme pela primeira vez na infância: a alucinação na igreja, em que o padre vê todos os fiéis virando lobisomem; a caçada na floresta com a névoa subindo pelo corpo dos atiradores; e o desfecho na casa dos personagens centrais, à espera da lua cheia.
Corey Haim estava no início de carreira, com 13 anos, no papel principal do menino de cadeira de rodas (depois fez “Admiradora secreta” e “Os garotos perdidos”, foi um rosto marcante nos anos 80, porém morreu jovem, aos 38 anos, em 2010), auxiliado por Gary Busey (de “Caçadores de emoção” e “Máquina mortífera”), no papel do tio debochado, e tem participação interessante do padre, de Everett McGill (de “As criaturas atrás das paredes”).


A edição de luxo da Versátil, recém-lançada, é disco duplo em bluray, com pôster, livreto, cards colecionáveis e mais de 1h30 de extras. Vale ver e rever!

A hora do lobisomem
(Silver bullet). EUA/Holanda, 1985, 95 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Daniel Attias. Distribuição: Versátil Home Video

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Cine Clássico



Candelabro italiano

A professora Prudence (Suzanne Pleshette) abandona a monótona cidade americana de New England rumo a Roma, em busca de aventura e amor. Lá conhece o atraente estudante Don (Troy Donahue), eles se apaixonam e passam lindos dias em viagem pelo Norte da Itália. Cobiçada por um homem mais velho, Roberto (Rossano Brazzi), Prudence desconfia que possa existir outra mulher na vida de Don.

Aqueles que têm mais de 60 anos devem se lembrar desse filme romântico que se tornou popular no Brasil, pelo clima leve, pelas belíssimas locações do Norte da Itália e pela canção-tema, “Al di lá”, interpretada por Emilio Pericoli, que aparece em cena, cantando. Romance é o ingrediente-base do longa que lançou Suzanne Pleshette no cinema e firmou a carreira do depois astro Troy Donahue - inclusive se casaram dois anos depois, mas ficaram somente nove meses juntos. Suzanne estreou aqui após aparecer em seriados, recebeu indicação ao Globo de Ouro pelo papel de Prudence, fez em sequência “Os pássaros” (1963) e cerca de 60 filmes (faleceu em 2008, aos 70 anos). Já Donahue havia estreado no cinema três anos antes pelo mesmo diretor daqui, pelo filme “Amores clandestinos (1959), onde ganhou o Globo de Ouro de ator-revelação - foi galã, fez dezenas de produções mais como coadjuvante (como “O poderoso chefão 2” e “Cry-Baby”), e morreu aos 65 anos, em 2001.


Eles formam uma dupla com química, apaixonada, que desperta esse clima de romance na plateia.  “Candelabro italiano” é uma viagem deleitosa pelas regiões de Roma, Pisa, Verona e Ostia Antica, um filme que vende a Itália como cartão-postal, para atrair turistas. Como toda fita romântica melosa, há clichês para todo lado, da jovem sonhadora em busca de amor, do garotão que anda de bike com ela (anos atrás tivemos algo semelhante com “A princesa e o plebeu”), ou seja, algo para inspirar.É uma pérola que o cinema produziu nos longínquos anos 60, para os apaixonados! Nostalgia pura! Reveja e se emocione. Em DVD pela Warner.

Candelabro italiano (Rome adventure). EUA/Itália, 1962, 118 minutos. Romance. Colorido. Dirigido por Delmer Daves. Distribuição: Warner Bros.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Especial de Cinema


Globo de Ouro anuncia indicados; filmes e séries da Netflix lideram disputa

O Globo de Ouro abre tradicionalmente a temporada de premiação do ano, e em 2021 não será diferente. Na manhã de hoje foram anunciados os indicados à importante premiação cinematográfica, cuja cerimônia de entrega está marcada para o dia 28 de fevereiro.
O anúncio foi feito pelas atrizes Sarah Jessica Parker e Taraji P. Henson. Além do cinema, o Globo de Ouro também premia as melhores séries.
A Netflix lidera o ranking, com 22 indicações na categoria ‘cinema’ e 20 para ‘séries’. Os longas “Mank” e “Os 7 de Chicago”, ambos produzidos pela Netflix, lideram, respectivamente, com seis e cinco indicações, seguidos por "Meu pai", "Nomadland" e "Bela Vingança", todos esses com quatro. Já a série com o maior número de nomeações foi "The Crown", com seis ao todo, seguida por "Schitt's creek" (5), "Ozark" e "The Undoing" (ambas com 4), "The Great" e Ratched (ambas com 3).
Os atores Sacha Baron Cohen, Olivia Colman e Anya Taylor-Joy receberam duas indicações de atuação cada um - Cohen como ator de comédia por "Borat: fita de cinema seguinte" e ator coadjuvante em "Os 7 de Chicago"), Olivia como atriz coadjuvante por "Meu pai" e atriz em série de drama por "The Crown", e por último Anya, como atriz pelo filme “Emma.” e pela série “O gambito da rainha”.
Promovido pela Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, o Globo de Ouro será apresentado por Tina Fey e Amy Poehler.
Confira abaixo a lista dos indicados nas seções “Cinema” e “TV”.


Cinema

 

Melhor Filme – Drama

“Meu pai”

“Mank”

“Nomadland”

“Bela vingança”

“Os 7 de Chicago”

 

Melhor filme - Musical ou comédia

“Borat: Fita de cinema seguinte”

“Hamilton”

“Palm Springs”

“Music”

“A festa de formatura”

 

Melhor diretor

Emerald Fennell — "Bela vingança"

David Fincher — "Mank"

Regina King — "Uma noite em Miami..."

Aaron Sorkin — "Os 7 de Chicago"

Chloé Zhao — "Nomadland"

 



Melhor atriz de filme – Drama

Viola Davis ("A voz suprema do blues")

Andra Day ("The United States vs. Billie Holiday")

Vanessa Kirby ("Pieces of a woman")

Frances McDormand ("Nomadland")

Carey Mulligan ("Bela vingança")

 

Melhor ator de filme – Drama

Riz Ahmed (“O som do silêncio”)

Chadwick Boseman (“A voz suprema do blues”)

Anthony Hopkins (“Meu pai”)

Gary Oldman (“Mank”)

Tahar Rahim (“The Mauritanian”)

 

Melhor atriz em filme - Musical ou comédia

Maria Bakalova (“Borat: Fita de cinema seguinte”)

Michelle Pfeiffer (“French exit”)

Anya Taylor-Joy (“Emma.”)

Kate Hudson (“Music”)

Rosamund Pike (“I care a lot”)

 



Melhor ator em filme - Musical ou comédia

Sacha Baron Cohen (“Borat: Fita de cinema seguinte”)

James Corden (“A festa de formatura”)

Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”)

Dev Patel (“A história pessoal David Copperfield”)

Andy Samberg (“Palm Springs”)

 

Melhor ator coadjuvante

Sacha Baron Cohen (“Os 7 de Chicago”)

Daniel Kaluuya (“Judas e o messias negro”)

Jared Leto (“Os pequenos vestígios”)

Bill Murray (“On the rocks”)

Leslie Odom, Jr. (“Uma noite em Miami...”)

 

Melhor atriz coadjuvante

Glenn Close (“Era uma vez um sonho”)

Olivia Colman (“Meu pai”)

Jodie Foster (“The Mauritanian”)

Amanda Seyfried (“Mank”)

Helena Zengel (“News of the world”)

 

Melhor roteiro

“Bela vingança"

“Mank”

“Os 7 de Chicago"

“Meu pai"

“Nomadland”

 

Melhor filme em língua estrangeira

“Druk” – Mais uma rodada” - Dinamarca

“La Llorona” - Guatemala/França

“Rosa e Momo” - Itália

“Minari” - EUA

"Nós duas" – França/EUA

 

Melhor animação

“Os Croods 2: Uma nova era”

“Dois irmãos: Uma jornada fantástica”

“A caminho da lua"

“Soul”

“Wolfwalkers”

 

Melhor trilha sonora

“O céu da meia-noite” – Alexandre Desplat

“Tenet” – Ludwig Göransson

“News of the world” – James Newton Howard

“Mank” – Trent Reznor, Atticus Ross

“Soul” – Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste

 

Melhor canção original

“Fight for you”, de "Judas e o messias negro"

“Hear my voice”, de “Os 7 de Chicago”

“Io si (Seen)”, de “Rosa e Momo”

“Speak now”, de “Uma noite em Miami...”

“Tigress & Tweed”, de “The United States vs. Billie Holliday”

 

 

TV

 

Melhor série – Drama

“The Crown”

“Lovecraft country”

“O mandaloriano”

“Ozark”

“Ratched”

 

Melhor série - Musical ou comédia

"Emily em Paris"

"The Flight Attendant"

"The Great"

"Schitts Creek "

"Ted Lasso"

 



Melhor série limitada ou filme para TV

“Normal People”

“O gambito da rainha”

“Small Axe”

“The Undoing”

“Nada ortodoxa”

 

Melhor atriz em série – Drama

Emma Corrin (“The Crown”)

Olivia Colman (“The Crown”)

Jodie Comer (“Killing Eve”)

Laura Linney (“Ozark”)

Sarah Paulson (“Ratched”)

 

Melhor ator em série – Drama

Jason Bateman (“Ozark”)

Josh O’Connor (“The Crown”)

Bob Odenkirk (“Better Call Saul”)

Al Pacino (“Hunters”)

Matthew Rhys (“Perry Mason”)

 

Melhor atriz em série - Musical ou comédia

Lily Collins (“Emily em Paris”)

Kaley Cuoco (“The Flight Attendant”)

Elle Fanning (“The Great”)

Jane Levy (“Zoey e sua fantástica playlist”)

Catherine O’Hara (“Schitt’s Creek”)

 

Melhor ator em série - Musical ou comédia

Don Cheadle (“Black Monday”)

Nicholas Hoult (“The Great”)

Eugene Levy (“Schitt’s Creek”)

Jason Sudeikis (“Ted Lasso”)

Ramy Youssef (“Ramy”)

 

Melhor atriz em série limitada ou filme para TV

Cate Blanchett (“Mrs. America”)

Daisy Edgar-Jones ("Normal People")

Shira Haas (“Nada ortodoxa”)

Nicole Kidman (“The Undoing”)

Anya Taylor-Joy (“O gambito da rainha”)

 

Melhor atriz coadjuvante em série

Gillian Anderson - "The Crown"

Helena Bonham Carter - "The Crown"

Julia Garner - "Ozark"

Annie Murphy - "Schitt's creek"

Cynthia Nixon - "Ratched"

 

Melhor ator coadjuvante em série

John Boyega (“Small Axe”)

Brendan Gleeson (“The Comey Rule”)

Dan Levy (“Schitt’s Creek”)

Jim Parsons (“Hollywood”)

Donald Sutherland (“The Undoing”)

 

Melhor ator em série limitada ou filme para TV

Bryan Cranston (“Your Honor”)

Jeff Daniels (“The Comey Rule”)

Hugh Grant (“The Undoing”)

Ethan Hawke (“The Good Lord Bird”)

Mark Ruffalo (“I Know This Much Is True”)