Campo do medo
Dois
irmãos entram em um vasto matagal quando escutam o grito de socorro de uma
criança vindo de lá. Sem ninguém por perto e sem localizar o garoto, descobrirão
um segredo horripilante envolvendo uma rocha negra, corpos em decomposição e um
estranho homem sujo de sangue.
Terceira
produção original do Netflix baseada em um livro de Stephen King, o mestre do
horror contemporâneo – “Campo do medo” é bom, dá uns sustos danados, porém os
anteriores são melhores, “Jogo perigoso” (2017, de uma mulher algemada na cama
tentando fugir) e “1922” (lançado um mês depois de “Jogo perigoso”, em 2017, sobre
um fazendeiro que bola um plano para matar a família inteira - e assim como
“Campo do medo” se passa numa área rural, com direito a um matagal). Este
exemplar regular de horror veio do romance homônimo “In the tall grass”, escrito
por King com a colaboração de seu filho, Joe Hill, e publicado nos Estados
Unidos em 2012.
Repare
em cada detalhe pois a história é cheia de segredos. Passa-se no Kansas (o
filme é canadense e foi gravado em Toronto), num extenso matagal verde que aos
poucos se transforma em um macabro labirinto. Sussurros, vozes, aparições irão
perturbar os cinco personagens da trama de horror e mistério: a protagonista,
uma jovem grávida (interpretada por Laysla de Oliveira, atriz canadense filha
de pais brasileiros, ainda pouco conhecida), o irmão dela (Avery Whitted, um
jovem ator em seu segundo filme), um garotinho que grita por socorro (Will Buie
Jr), um rapaz que chega e se perde no mato (Harrison Gilbertson, de “Fallen”) e
por fim um homem misterioso, sujo de sangue, que tenta ajudar os outros a sair
de lá (Patrick Wilson, de “Invocação do mal”). Como de praxe nas obras de King,
é terrorzão de alto nível, e elementos certeiros (e inusitados) pipocam na tela;
tem uma rocha negra (prima distante do monólito de “2001: Uma odisseia no
espaço”), cadáveres nojentos, a vegetação que se move e parece observar os
humanos, vultos do nada e mortes brutais. Inseriram, para dar clima, uma trilha
sonora tensa, apropriada ao cinema de horror, de Mark Korven (o mesmo de “A
bruxa”).
Stephen
King é campeão de venda de livros pelo mundo afora, e quase todos os filmes
adaptados de suas obras dão certo. Este aqui é um deles, que recomendo aos fãs
do gênero (estreou no Netflix em 4 de outubro). Não é tão complexo como
aparenta, o desfecho é enxuto e amarra os pontos que parecem ficar soltos. Uma
realização do diretor Vincenzo Natali, que já mexeu com cinema scifi – escreveu
e dirigiu o enigmático “Cubo” (1998), além de “Splice: A nova espécie” (2009), e
ainda dirigiu episódios de séries de mistério e terror como “Hemlock Grove”,
“Hannibal”, “Wayward Pines”, “The strain” e “Westworld”.
Campo do medo (In the tall grass). Canadá, 2019, 101
minutos. Horror. Colorido. Dirigido por Vincenzo Natali. Distribuição: Netflix.
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