Lindos lançamentos em DVD da Classicline, que chegaram agorinha! Oito títulos imperdíveis aos cinéfilos. Tem aqui o trágico drama/romance "Um lugar ao sol" (1951 - relançamento, ganhador de seis Oscars), o terror psicológico "A inocente face do terror" (1972, também relançamento), o polêmico drama baseado em fatos reais "Acusados" (1988 - que deu a Jodie Foster o Oscar de atriz), outro drama biográfico, "Melodia imortal" 1956, indicado a quatro Oscars), o eletrizante suspense com ação "Operação Crossbow" (1965), um dos maiores clássicos do cinema, o drama "A felicidade não se compra" (1946, indicado a cinco Oscars), além da deliciosa comédia "Não me mandem flores" (1964) e o biográfico romance musical "Bem no meu coração" (1954). Todos já à venda nas melhores lojas! Obrigado, Classicline, pelo envio dos títulos.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Nota do Blogueiro
A 43a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo terminou ontem. Foram exibidos 300 filmes em 25 salas de cinema da capital, totalizando produções de 45 países!
Neste ano conferi 54 filmes nos 14 dias que lá fiquei.
Aqui está a lista dos 20 melhores para mim (atenção que boa parte destes deverá entrar em breve em cartaz).
Os 20+ da 43ª Mostra Intl. de Cinema de São Paulo
Monos (Colômbia/Argentina/Uruguai/Holanda/Alemanha, 2019, de Alejandro Landes)
Dois papas (EUA/Argentina/Itália/Reino Unido, 2019, de Fernando Meirelles)
O farol (EUA/Brasil, 2019, de Robert Eggers)
Parasita (Coreia do Sul, 2019, de Joon-ho Bong)
A vida invisível (Brasil/Alemanha, 2019, de Karim Aïnouz)
O jovem Ahmed (Bélgica/França, 2019, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne)
O pássaro pintado (República Tcheca/Ucrânica/Eslováquia, 2019, de Václav Marhoul)
Um dia muito claro (Islândia/Dinamarca/Suécia, 2019, de Hlynur Palmason)
Dente de leite (Austrália, 2019, de Shannon Murphy)
Macabro (Brasil, 2019, de Marcos Prado)
O carcereiro (Irã, 2019, de Nima Javidi)
A verdadeira história da gangue de Ned Kelly (Austrália/Reino Unido, 2019, de Justin Kurzel)
Filhos da Dinamarca (Dinamarca, 2019, de Ulaa Salim)
Pacarrete (Brasil, 2019, de Allan Deberton)
Até logo, meu filho (China, 2019, de Xiaoshuai Wang)
Deus é mulher, e seu nome é Petúnia (Macedônia/Croácia/Eslovênia/França/Bélgica, 2019, de Teona Strugar Mitevska)
Devorar (EUA/França, 2019, de Carlo Mirabella-Davis)
Os olhos de Cabul (França/Luxemburgo/Suíça, 2019, de Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévellec)
System crasher (Alemanha, 2019, de Nora Fingscheidt)
A odisseia dos tontos (Argentina/Espanha, 2019, de Sebastián Borensztein)
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Resenhas Especiais
Sombra lunar
O agente policial da Filadélfia Lockart (Boyd Holbrook) sai no encalço de um perigoso serial killer que mata a cada nove anos utilizando um método único e brutal, que desafia qualquer explicação científica. Obcecado, o investigador quer respostas a todo custo, enquanto uma estranha contaminação dizima a cidade.
Primeira investida no Netflix do inventivo cineasta Jim Mickle, que havia realizado anteriormente filmes densos e violentos de terror, como “Stake Land” (2010) e “Somos o que somos” (2013), e de uma excelente fita policial indicada ao Grande Prêmio do Júri em Sundance, “Julho sangrento” (2014). Tomou nas mãos dois gêneros para contar uma intrigante história, o thriller e a ficção científica, partindo de uma investigação policial que não sabemos onde vai dar. Utilizou como fundo uma epidemia inexplicável que ataca cidades dos Estados Unidos – aliás, seu primeiro filme para o cinema foi justamente sobre um vírus que se descontrolava em Manhattan, “Mulberry Street - Infecção em Nova York” (2006). Mickle volta às velhas referências de uma praga nesse “Sombra lunar” (2019), e já na abertura do longa presenciamos, horrorizados, pessoas sangrarem pela boca, ouvidos e olhos até caírem mortas. Paralelo a isto, um serial killer está à solta, com um modus operandi bizarro, que dificulta o caso. Tanto o agente Lockart quanto outros departamentos da polícia sairão atrás do criminoso.
Mas onde entra a tal sombra da lua? Pois bem, não posso explicar demais senão darei spoiler, mas antecipo que a trama se passa num intervalo de tempo de quase 40 anos (entre 1988 e 2024), falando de viagem no tempo, reversão do passado, ciclo lunar e sua influência na Terra, ou seja, assuntos do campo scifi que pulam do passado para o futuro, girando ao redor de um protagonista obcecado e o mundo em caos. O filme, dá para perceber, é complexo, exige do público um olhar atentíssimo. É original, vale os 115 minutos! E no final as explicações convencem.
O roteiro (que deve ter sido difícil de ser escrito) é da dupla Geoffrey Tock e Gregory Weidman, das séries de ficção científica “Defiance” (2013-2015) e “Zoo” (2015-2017). Tem no elenco o ator Boyd Holbrook, de “Noite sem fim” (2015) e “Logan” (2017), e participação de Michael C. Hall, o eterno Dexter do seriado de mesmo nome (que havia trabalhado com Jim Mickle em “Julho sangrento”).
Junto com “Spectral” (2016), “Onde está Segunda?” (2017), “Aniquilação” (2018) e “Anon” (2018) é o melhor scifi da Netflix! E olha que ela vem produzindo uma porrada de fitas rasas nesse gênero que gosta de investir, como “Titã” (2018), “Próxima parada: Apocalipse” (2018), “Extinção” (2018), “IO – O último na Terra” (2019) e “Close” (2019) – esses vocês podem abandonar!
Disponível na plataforma desde o dia 27 de setembro.
PS: Não confunda com um documentário de mesmo título original, “In the shadow of the moon” (2007), sobre a chegada do homem à Lua.
Sombra lunar (In the shadow of the moon). EUA, 2019, 115 minutos. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Jim Mickle. Distribuição: Netflix
Além da ilusão
Na década de 30, duas irmãs, Laura (Natalie Portman) e Kate (Lily-Rose Depp), têm o poder de se apoderar de forças sobrenaturais para conversar com fantasmas. Numa viagem a Paris conhecem um visionário francês de ideais fortes, André (Emmanuel Salinger), que as incentiva a apresentar o dom de ver fantasmas ao público, junto a uma companhia de ilusionismo.
Duas atrizes corretas num filme curioso, porém irregular, que mistura temas, e chama a atenção pelo aporte técnico: direção de arte luxuosa, uma fotografia viva, em tons dourados, e figurinos que é um capricho só. Difícil até mesmo classificar o gênero de “Além da ilusão” (2016), uma fita de arte franco-belga, que alterna drama, fantasia, mistério, romance, para explorar a possibilidade da existência da vida após a morte. Quando falo irregular me refiro que o filme recorre a vários assuntos sem se aprofundar em nenhum: é Segunda Guerra Mundial, ilusionismo, metalinguagem do cinema, discussões filosóficas, manifestações para/sobrenaturais. Tudo se funde e confunde o público (acredito que intencionalmente) na hora de situar a relação das duas irmãs que viajam a Paris na busca por novos horizontes de trabalho e conhecimento (interpretadas pela ganhadora do Oscar Natalie Portman, que fala francês no filme, e Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp com a atriz francesa Vanessa Paradis, numa participação menor).
Passou na Bienal de Veneza e no Festival de Toronto, recebeu indicação ao César de design de produção, porém teve pouca repercussão no Brasil e Estados Unidos. Quase sem bilheteria suficiente para se pagar, foi massacrado pela crítica estrangeira, que pegou pesado chamando-o de “lixo”, “desprezível”, “pior obra cinematográfica dos últimos 20 anos”, o que não concordo (e depois disso merece uma revisão). Há deslizes com a história embolada em vários assuntos, faltou um desfecho de impacto, no entanto é exagero o acúmulo de desprezo por parte dos críticos chatos (estes, ao detonar um filme, mexem com a sensibilidade do leitor, que muitas vezes acaba por não ir conferi-lo nos cinemas). Tente, arrisque, não custa nada...
Ah, vale uma nota: quem escreveu o roteiro foi Robin Campillo, de “Entre os muros da escola” (2008) e “120 batimentos por minuto” (2017), escrito junto da diretora, Rebecca Zlotowski, que antes havia feito “Grand Central” (2013).
Além da ilusão (Planetarium). França/Bélgica, 2016, 108 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Rebecca Zlotowski. Distribuição: Mares Filmes
* Resenhas publicadas na coluna "Cinema em Foco", no jornal O Regional, edição de 19/10/2019
domingo, 13 de outubro de 2019
Lançamento - Netflix
Campo do medo
Dois
irmãos entram em um vasto matagal quando escutam o grito de socorro de uma
criança vindo de lá. Sem ninguém por perto e sem localizar o garoto, descobrirão
um segredo horripilante envolvendo uma rocha negra, corpos em decomposição e um
estranho homem sujo de sangue.
Terceira
produção original do Netflix baseada em um livro de Stephen King, o mestre do
horror contemporâneo – “Campo do medo” é bom, dá uns sustos danados, porém os
anteriores são melhores, “Jogo perigoso” (2017, de uma mulher algemada na cama
tentando fugir) e “1922” (lançado um mês depois de “Jogo perigoso”, em 2017, sobre
um fazendeiro que bola um plano para matar a família inteira - e assim como
“Campo do medo” se passa numa área rural, com direito a um matagal). Este
exemplar regular de horror veio do romance homônimo “In the tall grass”, escrito
por King com a colaboração de seu filho, Joe Hill, e publicado nos Estados
Unidos em 2012.
Repare
em cada detalhe pois a história é cheia de segredos. Passa-se no Kansas (o
filme é canadense e foi gravado em Toronto), num extenso matagal verde que aos
poucos se transforma em um macabro labirinto. Sussurros, vozes, aparições irão
perturbar os cinco personagens da trama de horror e mistério: a protagonista,
uma jovem grávida (interpretada por Laysla de Oliveira, atriz canadense filha
de pais brasileiros, ainda pouco conhecida), o irmão dela (Avery Whitted, um
jovem ator em seu segundo filme), um garotinho que grita por socorro (Will Buie
Jr), um rapaz que chega e se perde no mato (Harrison Gilbertson, de “Fallen”) e
por fim um homem misterioso, sujo de sangue, que tenta ajudar os outros a sair
de lá (Patrick Wilson, de “Invocação do mal”). Como de praxe nas obras de King,
é terrorzão de alto nível, e elementos certeiros (e inusitados) pipocam na tela;
tem uma rocha negra (prima distante do monólito de “2001: Uma odisseia no
espaço”), cadáveres nojentos, a vegetação que se move e parece observar os
humanos, vultos do nada e mortes brutais. Inseriram, para dar clima, uma trilha
sonora tensa, apropriada ao cinema de horror, de Mark Korven (o mesmo de “A
bruxa”).
Stephen
King é campeão de venda de livros pelo mundo afora, e quase todos os filmes
adaptados de suas obras dão certo. Este aqui é um deles, que recomendo aos fãs
do gênero (estreou no Netflix em 4 de outubro). Não é tão complexo como
aparenta, o desfecho é enxuto e amarra os pontos que parecem ficar soltos. Uma
realização do diretor Vincenzo Natali, que já mexeu com cinema scifi – escreveu
e dirigiu o enigmático “Cubo” (1998), além de “Splice: A nova espécie” (2009), e
ainda dirigiu episódios de séries de mistério e terror como “Hemlock Grove”,
“Hannibal”, “Wayward Pines”, “The strain” e “Westworld”.
Campo do medo (In the tall grass). Canadá, 2019, 101
minutos. Horror. Colorido. Dirigido por Vincenzo Natali. Distribuição: Netflix.
Resenha Especial
Últimos dias no deserto
Jesus (Ewan McGregor) vaga pelo deserto, peregrinando rumo a
Jerusalém. Encontra pelo caminho um garoto (Tye Sheridan) cuja mãe está doente,
e que possui um relacionamento complicado com o pai (Ciarán Hinds). Jesus então
acompanha essa família ao mesmo tempo que lida com a tentação do Diabo, que
aparece a ele de diversas formas.
Livre
reconstituição dos últimos dias da vida de Jesus, quando vagou em jejum pelo
deserto antes de sua missão final ao retornar a Jerusalém. Filosófico, com
narrativa lenta (por isso uma fita cult), é um drama sério para público adulto,
com um ponto de vista de um Jesus diferente de tudo que já vimos no cinema. Em
um tour-de-force incrível, o ator escocês ganhador do Globo de Ouro Ewan
McGregor, de “Trainspotting: Sem limites” (1996) e “Moulin Rouge: Amor em
vermelho” (2001), encarna um Jesus solitário, indeciso, no calor infernal do deserto.
Naquele território hostil, aproxima-se de uma família cheia de problemas, os
únicos viventes que vê por ali – o pai, um marceneiro (Ciarán
Hinds, que eu adoro), o filho adolescente em crise (maltratado pelo pai
e que quer ir embora da região), e a mãe do rapaz, doente, no leito de morte.
Jesus opta em ajudá-los nos afazeres diários, enquanto o diabo aparece a ele
inúmeras vezes – como na forma de uma velha pedinte e também como reflexo de
sua própria imagem, quando dialoga com seu lado mais sombrio. Não é uma obra
brilhante ou derradeira sobre Cristo, mas tem sua importância pela realização
diferenciada, além de ter seus apreciadores, como eu. Uma proeza do diretor
Rodrigo García, colombiano, que também escreveu o roteiro adaptando passagens bíblicas
com momentos ficcionais; ele é filho do maior escritor do seu país, Gabriel
García Márquez, e estreou no cinema com um drama que chamou a atenção da
crítica na época, “Coisas que você pode dizer só de olhar para ela” (2000); instalado
nos Estados Unidos, realizou filmes dramáticos fora das convenções
hollywoodianas, como “Destinos ligados” (2009), até atingir o melhor momento da
carreira com o excepcional “Albert Nobbs” (2011). “Últimos dias no deserto”
(2015) se insere com notoriedade na filmografia do bom cineasta, um criador de
histórias que merece ser descoberto!
Rodado
no deserto de Anza-Borrego, em Borrego Springs, na Califórnia (que remete ao
deserto real da Judeia), o filme tem uma fotografia deslumbrante, assinada pelo
mexicano Emmanuel Lubezki, três vezes ganhador do Oscar (venceu três anos
seguidos, por “Gravidade”, “Birdman” e “O regresso”).
Exibido
em sessão especial no Festival de Sundance, dividiu a opinião do público, e é
indicado para quem gosta de filmes com tema religioso – segue a linha do novo “Maria
Madalena” (2018), a versão de Garth Davis que causou polêmica; em ambos há uma
desconstrução dos personagens centrais, que podem gerar burburinho.
Últimos dias no deserto (Last days in the desert). EUA, 2015,
98 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Rodrigo García. Distribuição: Mares
Filmes. Disponível em DVD e no Netflix
sábado, 12 de outubro de 2019
Nota do Blogueiro
Bom dia, amigos! Hoje, dia 12/10, a convite do jornal O Regional, de Catanduva, retorno com minha coluna "Cinema em Foco" (que mantive lá entre 2009 e 2013 - e na mesma época tive o quadro de mesmo nome na rádio Band FM e depois na Globo AM). Todo sábado no caderno de Cultura trarei resenhas de filmes variados (terá um pouco de tudo, filmes clássicos, filmes do Netflix, em DVD, cult movies etc). A mesma coluna existe também na Vox FM onde comento sobre filmes. Acompanhem lá, comentem, interajam! :) ✌📽🎞🎥
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