sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Resenha Especial


Jogador nº 1

Em 2045, o caos reina no mundo. Há escassez de alimentos, a crise energética tomou conta dos países, a pobreza existe em cada canto. Na cidade futurista de Columbus, em Ohio, um jovem de 18 anos chamado Wade Watts (Tye Sheridan) vive com a tia, e para fugir do marasmo frequenta um ferro-velho onde há cabines que levam as pessoas para um jogo de realidade virtual. Nesse mundo de fantasia e aventuras chamado OASIS, Wade vive o avatar Parzival. O próximo passo dele será encontrar uma série de easter eggs (objetos escondidos), que dão poderes especiais a quem descobrir, e o felizardo herdará as ações do jogo, avaliadas em trilhões de dólares.

Nem é preciso destacar a importância de Steven Spielberg para o cinema. Seus notáveis blockbusters, tanto como diretor (cerca de 40 filmes) quanto produtor (quase 150 títulos), serviram de modelo para outros cineastas, firmaram a cultura pop pelo mundo afora, abrindo possibilidades para mundos diferentes e garantindo diversão para o público. Suas obras arrastaram milhões e milhões de pessoas para as salas de cinema, desde “Tubarão” (1975). E “Jogador nº 1” entra na lista com louvor, um filme de aventura e sci-fi incrivelmente bem realizado, criativo, gostoso de assistir e nostálgico para quem viveu os anos 80.
Baseado no primeiro livro de Ernest Cline, de 2011 (recém-publicado no Brasil pela editora LeYa), a história se passa num futuro caótico, daqui a aproximadamente 30 anos, numa cidade construída em blocos, casas em cima de casas, ligadas por escadas. Nesse ambiente instável vive um rapaz, Wade (o jovem e bom Tye Sheridan, de “Amor bandido” e “Joe”), cujos pais morreram - ele mora com uma tia. No ferro-velho ao lado, há cabines que permitem ao usuário entrar num jogo de realidade virtual, que tira a população daqueles dias angustiantes, ao enviá-las para OASIS, um mundo desfrutável, organizado e cheio de vida. Ele vai atrás deste jogo, criado pela empresa Gregarious Games, que pertence a um empresário considerado um deus chamado Halliday (Mark Rylance, que vem atuando em filmes de Spielberg, e ganhou o Oscar de coadjuvante por “Ponte dos espiões”, também do diretor). O jovem assume, no mundo virtual, um avatar destemido, convive com outros personagens, enfrenta inimigos poderosos, podendo ir a qualquer lugar da imaginação, onde pode vivenciar sensações únicas. Os avatares atuam em combates mortais, caçadas perigosas e corridas de carro. Até que uma proposta irrecusável, de capturar difíceis easter eggs, irá mexer com a cabeça dos competidores.
Em formato de um belo jogo de videogame retrô, o filme tem uma estrutura fácil de aceitar e acompanhar, os efeitos visuais explodem na tela, a aventura não para um minuto sequer e ainda nos deliciamos com uma trilha sonora seleta dos anos 80, com “Jump” (Van Halen), “Everybody wants to rule the world” (Tears for fears), “Faith” (George Michael), “Blue Monday” (New Order), “We're not gonna take it” (Twisted Sister) e outras dos anos 70, interpretadas por Blondie e Bee Gees. Fazendo referência à indústria cultural, aparecem uns 150 personagens da cultura pop das HQs, dos jogos de videogame antigos e do próprio cinema, como Batman, Freddy Krueger, Chucky (Brinquedo assassino), Alien, Superman, Lara Croft, Coringa, Sonic, Mulher-Gato, Batgirl, Blanka, Gigante de Ferro, Mad Max e Speed Racer – e num dos momentos já considerados antológicos, uma divertida homenagem/brincadeira ao clássico do terror “O iluminado”, de Stephen King (confesso que a cena me marcou, ouvi aplausos do público na sala de cinema e é uma das referências mais originais que já vi num filme).


Spielberg, aos 71 anos, nunca perdeu a mão para o cinema comercial, por isso até hoje influencia tantos diretores. Ele realizou aqui uma produção de espírito jovem, inteligente, para ser revisto com frequência, de tão espetacular que é. Foi feito para ser apreciado no cinema, de preferência numa telona Imax, com som de qualidade. Virei fã imediato, revi em DVD dias atrás, e a cada vez descobrimos mais personagens escondidos.
Uma fita fenomenal em todos os sentidos, cuja técnica delirante recria um mundo visual espantoso – e que será uma jornada inesquecível para o público.
Saiu recentemente em DVD, Bluray, Bluray 3D e steelbook.

Jogador nº 1 (Ready Player One). EUA, 2018, 140 min. Ação/Aventura. Colorido.  Dirigido por Steven Spielberg. Distribuição: Warner Bros.

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