A Paramount Pictures
acaba de lançar no mercado brasileiro o blu-ray de "O voo" (2012), um
bom filme dirigido pelo premiado Robert Zemeckis e indicado a dois Oscars esse
ano (melhor ator para Denzel Washington e melhor roteiro original). Agora, em
alta definição, o drama nos ares sacoleja mais ainda o público, em uma edição
repleta de extras. Vale ter em casa!
Reproduzo abaixo a
crítica escrita por mim sobre "O voo", em agosto desse ano, publicada
em diversos órgãos (jornais, sites, boletins eletrônicos, blogs etc).
O voo
Whip Whitaker (Denzel
Washington) é o piloto-comandante de uma aeronave, viciado em cocaína e bebidas
alcoólicas. Após uma noite regada a drogas, acorda cedo para mais um dia de
trabalho. Porém o avião que conduz sofre uma pane no ar. Com esforço
sobrehumano, ele consegue fazer um pouso de emergência em um descampado. Das
centenas de passageiros, seis morrem. Whip sai machucado do acidente, endeusado
como herói pela imprensa e pela opinião pública. Só que uma criteriosa
investigação levará Whip a um beco sem saída.
Eletrizante drama de
profundidade psicológica dirigido pelo premiado Robert Zemeckis (de “De volta
para o futuro”, “Forrest Gump” e “Náufrago”) e indicado a dois Oscars esse ano
– melhor ator e melhor roteiro original.
Denzel Washington
impressiona como um protagonista de moral duvidosa, dividido entre o vício e os
exigentes ossos do ofício. Ele interpreta (soberbamente, convenhamos) Whip, o
melhor piloto de avião que se tem notícia, comandante de uma aeronave de
passageiros comuns. O acidente daquela manhã, em que se desdobra para inverter
a nave de ponta-cabeça a fim de salvar a tripulação toda, desencadeia um
turbilhão de dúvidas em torno de seu comportamento. A heróica e invejável ação
cai por terra quando a investigação conclui alta dose de substâncias ilícitas
no sangue do piloto. E tudo pode piorar quando uma agência do setor de aviação
aparece para encobrir o caso.
O grande lance (e
diferencial) do longa é discutir a relação entre a índole do protagonista e o
ato de bravura que ninguém arriscaria fazer e que não teria surtido resultado
nas mãos de um piloto qualquer. As justificativas que o próprio Whip insiste em
levar adiante. Nessa linha, “O voo” também esmiúça a velha teoria, e cada vez
mais atual, de como o vício desenfreado pode destruir a reputação de uma pessoa
e certamente destruir outras. Pela questão super em voga das drogas no mundo
contemporâneo, o filme até pode influenciar como um pequeno estudo, que abre um
longo debate.
Há na trama pequenos
detalhes, que não vou revelar, surgidos pouco a pouco para prender a atenção do
público, e alguns deles para mostrar o lado de pessoa comum do personagem
central, como um relacionamento amoroso (quem faz o papel é a inglesa Kelly
Reilly, como uma adicta envolvida com dívidas) e as amizades (John Goodman é a
má influência para Whip, um cocainômano que transporta numa mochila todo tipo
de pó e fumo, para sustentar o vício do colega).
Atenção para a
sequência inicial de arrepiar, a do acidente da aeronave em pleno ar. Quem viaja
de avião sofrerá horrores quando assistir a esses 10 minutos de abertura...
Na estreia em
fevereiro foi bem de bilheteria, rendendo o triplo dos gastos nas salas de
cinema (quase U$ 92 milhões de retorno!).
Um pequeno bom filme
do ano passado, com elenco na medida certa e roteiro firme (o desfecho é
moralista, mas certamente compreensível diante dos rumos do protagonista). Por Felipe Brida
O voo (Flight). EUA,
2012, 138 min. Drama. Dirigido por Robert Zemeckis. Distribuição: Paramount
Pictures