domingo, 29 de setembro de 2013

Viva Nostalgia!


Encurralado

Em uma viagem de negócios pelas estradas da Califórnia, o pacato David (Dennis Weaver) passa a ser perseguido por um psicótico motorista de caminhão.

Originalmente feito para a TV, o segundo filme dirigido por Steven Spielberg virou Cult, ganhando certo público no Brasil nas sessões noturnas exibidas na televisão aberta. Uma obra magnânima, que se define no gênero do terror e suspense psicológicos, com ritmo acelerado e tensão do começo ao fim. A cada cena, Spielberg testa as pessoas que estão assistindo, num jogo cruel de gato e rato entre o pacato cidadão (interpretado pelo falecido Dennis Weaver, sempre bom nos papéis) e o caminhão “fantasma” - o motorista nunca aparece, por isto a dúvida insiste e resiste se a velha máquina tem condutor no volante ou não. Também paira no ar outro incômodo na cabeça do protagonista e até certo momento na do público: é uma alucinação do coitado ou realmente existe um monstro nas estradas?
Criativo, bem planejado, com longos planos sequências de arrepiar e ângulos atordoantes de cima para baixo, o telefilme comprova a marca do mestre Spielberg em início de carreira – ele tinha apenas 25 anos quando realizou a obra, rodada em apenas 13 dias, toda em locações, e com orçamento de U$ 400 mil.
Há uma cena que gosto em particular, quando o personagem central entra em um bar de beira de estrada e espreita angustiado pelos lados, para saber se há alguém ali com aparência de criminoso, que possa ser o motorista desvairado. A câmera no olho do ator, focando o suor em seu rosto e a tensão na cara, é um assombro. Como resultado, temos um filmão de primeira qualidade, inigualável, que deve servir como aula para iniciantes de cinema.
Indicado ao Globo de Ouro de melhor telefilme em 1972, “Encurralado” abriu escola, de fitas road-movies de perseguição em estradas, subgênero tão explorado no cinema americano nos anos 80 e 90.
O roteiro e a história original são de Richard Matheson, falecido em junho passado, aos 87 anos. No Brasil está disponível a versão final do diretor, com 15 minutos a mais que os 74 minutos da original – Spielberg reeditou para lançar em alguns cinemas e depois em home video.
Três anos mais tarde o cineasta realizaria “Louca escapada” e em sequência, seu primeiro sucesso absoluto, “Tubarão” - poucos sabem, mas Spielberg iniciou a carreira bem adolescente, aos 13, com curtas caseiros gravados entre 1959 e 1961. Por Felipe Brida

Encurralado (Duel). EUA, 1971, 89 min. Ação/Suspense. Colorido. Dirigido por Steven Spielberg. Disponível em DVD.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Cine Lançamento


Columbus Circle

Herdeira de uma grande fortuna, a jovem Abigail (Selma Blair) vive há 20 anos isolada em um apartamento luxuoso em Manhattan, Nova York. Ela não tema amigos nem família. Até que passa a observar um casal de vizinhos, Lilian (Amy Hart) e Charles (Jason Lee), e inicia contato com os dois. Um brutal assassinato no prédio colocará a vida dos três em perigo.

Thriller de “Supercine”, bem feitinho, barato, com bonitas locações de Nova York, elenco regular, certa tensão e um desfecho pra lá de previsível. O filme todo se passa no prédio situado no tal do Columbus Circle, famosa praça rotatória no coração de Manhattan, próxima ao Central Park (batizada em homenagem ao navegador europeu Cristóvão Colombo). Um crime de uma idosa no edifício de luxo abre brechas para a condução da história, com investigação confusa, elementos a se descobrir e uma gama de suspeitos. Como filme de suspense dá para o gasto, e só.
No elenco, além dos atores centrais, temos a participação de Kevin Pollack como o zelador do prédio, Beau Bridges como um médico, e aparição do veterano ator negro Robert Guillaume.
Do roteirista de “Fuga à meia-noite” (1988) e das duas continuações de “Os bad boys” (1995 e 2003), George Gallo, também diretor do bom filme baseado em fatos reais “Intermediário.com” (2009). Já em DVD. Por Felipe Brida

Columbus Circle (Idem). EUA, 2012, 88 min. Policial. Dirigido por George Gallo. Distribuição: Universal

sábado, 7 de setembro de 2013

Cine Lançamento



Joseph and the amazing technicolor dreamcoat

Biografia musical de José (Donny Osmond), filho preferido de Jacó. Vendido pelos irmãos para ser escravo, na prisão decifrou sonhos e, devido à aura mística, logo foi nomeado chanceler do Egito, braço-direito do faraó.

Um musical contagiante adaptado da obra original de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, dois magos do musical contemporâneo. Feito diretamente para vídeo, a versão didática, altamente colorida e com muito humor assenta-se no palco, como uma peça filmada, com duração rápida de 76 minutos. Todas as músicas são interpretadas pelo próprio elenco, que conta com o cantor Donny Osmond como o protagonista José, e participações especiais dos premiados atores Richard Attenborough e Joan Collins e apresentado pela atriz de TV de origem suíça Maria Friedman.
Começa como uma metalinguagem ligada diretamente ao teatro: um grupo de crianças assiste, na escola, a um espetáculo inusitado, sobre a vida de José do Egito. Elas também interagem com os personagens, invadindo o palco e se tornando corpo da história.
Durante 1h16 conhecemos a adolescência de José, quando ganha um casaco colorido do pai, Jacó, que o tem como filho predileto, enfurecendo ainda mais os dez irmãos, que tramam vende-lo como escravo no Egito. Consumado o fato, é preso, maltratado e de repente decifra sonhos de um copeiro e de um padeiro – assim, ganha reconhecimento do faraó, que o elege Adon (chanceler), ajudando inclusive a governar o Egito.
São rápidas passagens da vida desse personagem famoso do Velho Testamento, dirigido com estilo de videoclipe por David Mallet, que já filmou clipes de bandas e cantores de reconhecimento, como Elton Joh, Queen, AC/DC e Simply Red.
Antes dessa versão de 1999, houve duas anteriores do musical – um média-metragem de 1972 e um telefilme de 1991, pouco conhecidas do público. Um dos grandes musicais de Andrew Lloyd Webber, o mesmo de “Cats” e “O fantasma da ópera”.
Engraçado e também emocionante, “Joseph and the amazing technicolor dreamcoat” é uma pequena joia a se aproximar. Por Felipe Brida


Joseph and the amazing technicolor dreamcoat (Idem). Inglaterra, 1999, 76 min. Musical. Dirigido por David Mallet. Distribuição: Universal

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Cine Lançamento


Uma ladra sem limites

Sandy (Jason Bateman) é um homem de negócios, constantemente alvo de piadas devido ao seu nome feminino. Certo dia, uma ladra de identidades chamada Diana (Melissa McCarthy) rouba seu cartão de crédito e se passa por ele, gastando o dinheiro do coitado. Certo dia, os dois acabam se conhecendo e se envolvem em situações cada vez mais absurdas na Flórida.

Melissa McCarthy, a gordinha indicada ao Oscar de coadjuvante por “Missão madrinha de casamento” em 2011, confirma minha suspeita: um equívoco! O jeitão burlesco e caricato não faz jus algum ao prêmio que concorreu dois anos atrás. Até porque na comédia anterior ela fazia um papel apenas engraçadinho, trivial, sem esforço maior sobrehumano, ou seja, um deslize total da Academia. Aqui, o exagero e as caretas regressam com força absoluta, na pele de uma ladra desequilibrada, com uma meta na vida: enriquecer às custas de homens ricos, roubando deles cartões de crédito e obviamente as contas bancárias. Uma das vítimas, Sandy (que não é mulher), vira o alvo da vez e quando descobre o fato, parte atrás da criminosa. Forçadamente (um absurdo!) os dois viram companheiros de carro e de jornada e metem-se em confusões doidas com cobras, perseguições, vômitos e gangues, tudo no mais alto grau de banalidade. Apenas para fãs de Melissa (se é que existem).
Curioso é que o filme teve boa bilheteria, mais nos Estados Unidos: rendeu U$ 135 milhões na estreia, ultrapassando quatro vezes o orçamento (de U$ 35 milhões).
Jason Bateman, também de escolhas duvidosas de projetos para cinema, já havia trabalhado com o diretor Seth Gordon, no fraco “Quero matar meu chefe” (2011). Pense duas vezes antes de alugar... Por Felipe Brida


Uma ladra sem limites (Identity thief). EUA, 2013, 111 min. Comédia. Dirigido por Seth Gordon. Distribuição: Universal Pictures