Durante
a Segunda Guerra, o empresário tcheco Oskar Schindler (Liam Neeson), aliado aos
nazistas, instala uma fábrica de panelas e utensílios domésticos em Cracóvia,
Polônia. Contrata um contador judeu, Itzhak Stern (Ben Kingsley) e três centenas
de homens e mulheres de origem judia para trabalharem no empreendimento. Quando
o Holocausto toma proporções descomunais, com a criação de inúmeros campos de
concentração, Schindler organiza um plano meticuloso para salvar seus
funcionários judeus.
Em
comemoração aos 20 anos de “A lista de Schindler”, a Universal lança pela
primeira vez no Brasil o notório drama de guerra de Steven Spielberg em formato
Blu-Ray, em luxuosa edição dupla – o primeiro disco é o filme, e o segundo, um
DVD com os mesmos extras de antes, incluindo making of e documentários, dentre
eles o complementar “Vozes da lista”. A fotografia em preto-e-branco de Janusz
Kaminski, premiada com o Oscar em 1994, é realçada integralmente, quadro a
quadro, com resultado espetacular de nitidez em alta definição – há apenas duas
sequências coloridas, a do ritual familiar na abertura, onde uma família de
judeus acende velas, e a do vestido vermelho de uma garotinha que caminha pelos
nazistas sem ser vista, numa visão fantasmagórica para Schindler (a cena, metafórica,
das mais belas, abre caminho para interpretações diversas).
A monumental
obra-prima do cinema contemporâneo, realizada por um judeu de carteirinha
detentor de um império bilionário, Steven Spielberg, presta uma sincera homenagem
ao seu povo, à origem de sua família, dentro de um contexto histórico dos mais
tristes da História, o Holocausto na Segunda Guerra. O cineasta demorou 10 anos
para planejar o filme, colher depoimentos de sobreviventes, reunir o material. No
processo de produção, levou a equipe inteira para dentro do campo de
concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, onde rodou 80% das cenas. Por
isso sentimos o ar carregado, de tragédia passada, no semblante dos atores e
atrizes.
Liam
Neeson interpreta maravilhosamente bem Oskar Schindler, um fascinante sujeito
de atitudes antagônicas. À medida que utiliza judeus em trabalho de servidão,
salva milhares deles do genocídio. Schindler, empresário influente no alto
escalão do Terceiro Reich, também era sedutor, de olhar penetrante, amante da
vida e das mulheres e acima de tudo amante do ser humano, a ponto de vender os
bens materiais para dar vida ao povo que a Alemanha trucidou em massa. O povo
judeu deve muito a esse cidadão – tanto é que no desfecho do filme Spielberg
filmou uma multidão deles visitando o túmulo de Schindler, onde depositam
pedras em torno da lápide, no cemitério cristão de Monte Sião, em Jerusalém.
O
filme resgata, com proporções meticulosas, a personalidade de Schindler, um até
então homem comum. Nascido na região austro-húngara de Svitavy (hoje República
Tcheca), estabeleceu-se na Polônia e lá fundou uma grande fábrica de armas
admitindo apenas judeus do Gueto de Cracóvia como funcionários. Ele os
explorava em questões de salário, mas aos poucos sente-os como pessoas. Quando
por determinação do Reich o gueto é extinto, a comunidade judia é enviada para
o campo de concentração de Plaszow, incluindo os funcionários de Schindler. O
avanço da Rússia nos territórios alemão e polonês põe em cheque as estratégias
das tropas nazistas, então Schindler passa a subornar os comandantes a fim de
comprar judeus para salvá-los de um iminente novo extermínio. Assim, com o
auxílio de seu contador, cria a famosa Lista com nomes de 1200 judeus que são
transportados para a cidade natal de Schindler, na Tchecoslováquia. Uma
personalidade e tanto do século XX, que Spielberg soube articular do papel para
as telas e celebrou-o com ares de herói.
O
feito épico venceu sete Oscars em 1994: melhor filme, diretor, roteiro
adaptado, direção de arte, edição, trilha sonora e a já mencionada fotografia,
e ainda foi indicado a outras cinco categorias - melhor ator (Liam Neeson),
ator coadjuvante (Ralph Fiennes), figurino, maquiagem e som.
Além
de Neeson, Ralph Fiennes brilha como o contraponto de Schindler, no papel real
do sanguinário chefe nazista Amon Goeth, que mata friamente.
O
filme, baseado no livro de Thomas Keneally e adaptado com exatidão para o
cinema pelas mãos do premiado roteirista Steven Zaillian, traz ainda no elenco
dois outras figuras marcantes: Embeth Davidtz, em início de carreira, como
Helen Hirsh, uma maltratada doméstica judia que trabalha na casa de Goeth, e
Ben Kingsley, o contador judeu Stern.
Além
dos dois discos (o Blu-ray com o filme e o DVD com os extras), a caixa traz
também um booklet especial, livreto fotográfico com informações sobre a
produção de Spielberg, um apanhado sobre a Segunda Guerra e imagens dos
bastidores do filme. Em suma, “A lista de Schindler” em Blu-ray é o presente do
ano, imperdível para fãs e colecionadores. Já nas lojas especializadas e
locadoras.
Só
um adendo: Spielberg volta a falar do povo judeu no drama “Munique” (2005),
outro bom trabalho pessoal que se esquiva de suas populares megaproduções. Por Felipe Brida
A lista de Schindler
(Schindler’s list). EUA, 1993, 195 min. Drama. Dirigido por Steven
Spielberg. Distribuição: Universal
Um comentário:
Esse filme é incrível! Já estou seguindo o blog, quem sabe você possa retribuir ou fazer uma visita, tenho algumas resenhas no meu também :)
setevidasfelinas.blogspot.com.br
Postar um comentário