domingo, 28 de dezembro de 2008

Cine Lançamento


Wall-E

No ano de 2800, o planeta Terra sofre com o acúmulo de lixo. Devido à poluição atmosférica os seres humanos trocaram suas casas por naves e foram viver em outra órbita. Wall-E, um dos robôs especiais programados para limpar o lixo, passa a trabalhar sozinho em uma área contaminada por gases tóxicos. Certo dia conhece uma robô, de nome Eva, que chega à Terra com a missão de procurar vida naquele ambiente devastado. Nasce então um estreito laço de amizade entre os dois.

Dirigido por Andrew Stanton, ganhador do Oscar de melhor animação por “Procurando Nemo” em 2004, quando dividiu o prêmio com o co-diretor Lee Unkrich, “Wall-E” rapidamente tornou-se sucesso de público e de crítica. A nova animação da Pixar/Disney liderou o primeiro lugar nas bilheterias norte-americanas na estréia em junho deste ano, e a sensação repetiu-se no Brasil, onde o filme também ficou em primeiro lugar no final de semana quando lançado.
Bem escrito, o filme evita piadas e carrega um visual intenso de desolação pós-apocalipse, o que nem por intervenção divina irá agradar as crianças. A lenta narrativa inicial e a temática adulta deverão atrair em especial os jovens.
Como pano de fundo, mensagens de preservação ambiental e de preocupação com o futuro da vida humana. Os reduzidos diálogos ajudam a remeter ao clima de devastação de um planeta Terra engolido pelo lixo, conseqüência do consumismo capitalista. Como podemos notar os desenhos estão deixando de lado aquelas antigas historinhas para fazer criança sorrir. Questões de debate envolvendo problemáticas sociais já podem ser vistas em animações recentes – “Happy Feet – O pingüim”, por exemplo.
Os conhecedores de cinema encontrarão em “Wall-E” referências musicais de outras fitas, como o clássico tema “Assim falou Zaratustra”, de “2001 – Uma odisséia no espaço” (aliás, na seqüência que precede o clímax o sistema que comanda uma das naves rebela-se de forma parecida ao do personagem de Arthur C. Clarke, Hall-9000). As semelhanças não param por aí. A animação tem um quê de “Corrida Silenciosa” (1972) – a proteção de um ser em extinção, as plantas em ambos os casos. O modelo de Wall-E é o mesmo de “Short Circuit – Um robô em curto-circuito” (1986), e seu sentimento de solidão lembra “ET”, de Spielberg (até a voz é parecida). Tem ainda a homenagem-mote declarada a “Alô, Dolly” cuja música “Put on your Sunday clothes” repete incessantemente ao longo do filme.
Não é por acaso que Eva, a robô por quem Wall-E se apaixona, evoca o nome da primeira mulher criada por Deus e conseqüentemente a primeira a habitar o mundo. Acopla-se assim à idéia defendida por estudiosos de que, se a degradação ao meio ambiente continuar, as catástrofes, naturais ou induzidas, acometerão a vida na Terra, e o a humanidade se reorganizará a partir dos primórdios.
Por essas razões “Wall-E” fica distante de uma animação comum. E a ambientação recria um medonho futuro não muito longínquo ou impossível. Por Felipe Brida

Título original: Wall-E
País/Ano: EUA, 2008
Elenco: vozes de Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin, Fred Willard, John Ratzenberger, Kathy Najimy, Sigourney Weaver, MacInTalk.
Direção: Andrew Stanton
Gênero: Animação
Duração: 98 min.
Lançamento em DVD: Primeira quinzena de dezembro
Distribuidora: Walt Disney

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