A
edição 2022 da Mostra de Cinema de SP segue até dia 02/11, com sessões presenciais
em 15 cinemas da capital e também em duas plataformas online (com sessões
gratuitas), que são o Sesc Digital (https://sesc.digital/home) e SP Cine Play (www.spcineplay.com.br),
com limite de views. Confira drops com rápidos comentários dos melhores filmes
desse ano da Mostra.
Armageddon time (EUA, 2022, de James Gray)
Indicado à Palma de Ouro
em Cannes, o drama, coprodução EUA/Brasil, é um dos aguardados pelo público da
mostra (e deve estrear nacionalmente nos cinemas no dia 10/11). Tem um elenco
em bom momento (Anne Hathaway, Anthony Hopkins, Jeremy Strong, rápida
participação de Jessica Chastain e o melhor de todos, o protagonista mirim,
Banks Repeta), e fala sobre a rotina de altos e baixos de um garoto de classe
média às vésperas da eleição de 1981, que elegeu Ronald Reagan. Envolve-se em problemas
na escola, é cobrado pelos pais a ter bom comportamento, e tem no avô uma
inspiração. Até que um crime banal o coloca frente a frente com policiais. Nas entrelinhas,
o drama explora o fim do “sonho americano”, critica o capitalismo à modo
Reagan, traz as mudanças de comportamento com o fim dos anos 70 e tem um
momento curioso que mostra a família Trump (no caso o pai e a irmã do ex-presidente
Donald Trump). O filme tem traços autobiográficos, do da infância e parte da
adolescência do diretor James Gray (que fez “Fuga para Odessa”, “Os donos da
noite” e outros – é dele o roteiro, bem autoral vale destacar). Exibição
presencial em SP ainda nos dias 01 e 02/11.
Magdala (França, 2021, de Damien Manivel)
Teve exibição especial
em Cannes esse drama francês que revisita a história bíblica de Maria Madalena.
Aqui ela é uma idosa negra, pobre, de cabelos brancos, isolada do mundo depois
da morte de Jesus. Vive em uma mata sem contato com o mundo exterior e a todo
momento se põe a pensar sobre seu amor perdido. Simbólico, com poucos diálogos,
reúne lindas imagens abertas da mata com apenas uma personagem em cena, a de
uma mulher no fim da vida, mas com esperança de um possível reencontro (com ela
mesma e com o amor que ficou para trás). Exibição presencial em SP no dia 01/11
e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de
views).
Distopia (Portugal, 2021, de Tiago Afonso)
Documentário português
produzido por Rodrigo Areias (cineasta de renome no cinema de Portugal hoje),
sobre o processo de gentrificação na cidade de Porto, que ocorre há 15 anos e
transformou radicalmente a paisagem urbana de uma das cidades mais importantes
do país. Várias cidades do entorno também sofreram o impacto social das
medidas, que deixaram de investir em projetos sociais dos mais pobres para
abrigar projetos arquitetônicos luxuosos, muitos deles ainda no papel. No meio
disso, a especulação imobiliária corre solta, provocando inclusive o fim do
comércio tradicional e consequentemente a destruição dos patrimônios culturais.
Filme sério, impactante, com depoimentos de pessoas variadas que veem com
tristeza o processo enganoso “de progresso urbano”. Exibição presencial em SP no
dia 29/10 e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com
limite de views).
Objetos de luz (Portugal, 2022, de Acácio de Almeida
e Marie Carré)
Exibido no Festival de
Locarno, esse documentário experimental, também português, trata da luz no
cinema, sobre um diretor que investiga a fotografia e os objetos que dela são
criadas para as imagens em movimentos. Com enquadramentos diferenciados e
muitas metáforas, o filme se constrói – é para público específico, uma obra
autoral sobre processos criativos no cinema contemporâneo. Exibição presencial
em SP no dia 30/10 e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia
02/11 (com limite de views).
As hostilidades (México, 2021, de M. Sebastian
Molina)
Foi exibido no Festival
Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA) esse doc mexicano que se
passa em uma cidadezinha altamente violenta (Santa Lucia), em que o diretor
estuda a criminalidade colhendo depoimentos de familiares (em especial dois
primos seus), amigos e moradores de bairros periféricos que são alvo da polícia
e de bandidos de forma constante. Reflete uma realidade nua e crua, abandonada
à própria sorte... Exibição online na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11
(com limite de views).
A saída está a nossa
frente (EUA, 2022, de
Rob Rice)
Produção independente
rodada nos EUA, o filme, que mistura drama e comédia como se fosse um documentário
(mas é ficção) acompanha uma família na comunidade de Daggett, onde vivem 200 pessoas
no deserto da Califórnia. Um casal que passou a vida toda lá com a filha pequena,
encontra formas de dar um futuro melhor para ela. Mas uma notícia dura abalará
o casal para sempre. Daqueles filmes rodados com a câmera no ombro, dentro de
poucos ambientes, e muito o que contar, focado no cotidiano de uma família em
meio a um ambiente hostil, sobrevivendo dia a dia. E para eles não há vestígios
do “sonho americano”. Exibição online e gratuita na plataforma do Sesc Digital
até dia 02/11 (com limite de views).