sábado, 29 de outubro de 2022

Especial de Cinema


Os melhores filmes da 46ª Mostra Internacional de Cinema de SP – parte 02

 

A edição 2022 da Mostra de Cinema de SP segue até dia 02/11, com sessões presenciais em 15 cinemas da capital e também em duas plataformas online (com sessões gratuitas), que são o Sesc Digital (https://sesc.digital/home) e SP Cine Play (www.spcineplay.com.br), com limite de views. Confira drops com rápidos comentários dos melhores filmes desse ano da Mostra.

 

 

Armageddon time (EUA, 2022, de James Gray)

 

Indicado à Palma de Ouro em Cannes, o drama, coprodução EUA/Brasil, é um dos aguardados pelo público da mostra (e deve estrear nacionalmente nos cinemas no dia 10/11). Tem um elenco em bom momento (Anne Hathaway, Anthony Hopkins, Jeremy Strong, rápida participação de Jessica Chastain e o melhor de todos, o protagonista mirim, Banks Repeta), e fala sobre a rotina de altos e baixos de um garoto de classe média às vésperas da eleição de 1981, que elegeu Ronald Reagan. Envolve-se em problemas na escola, é cobrado pelos pais a ter bom comportamento, e tem no avô uma inspiração. Até que um crime banal o coloca frente a frente com policiais. Nas entrelinhas, o drama explora o fim do “sonho americano”, critica o capitalismo à modo Reagan, traz as mudanças de comportamento com o fim dos anos 70 e tem um momento curioso que mostra a família Trump (no caso o pai e a irmã do ex-presidente Donald Trump). O filme tem traços autobiográficos, do da infância e parte da adolescência do diretor James Gray (que fez “Fuga para Odessa”, “Os donos da noite” e outros – é dele o roteiro, bem autoral vale destacar). Exibição presencial em SP ainda nos dias 01 e 02/11.

 


 

Magdala (França, 2021, de Damien Manivel)

 

Teve exibição especial em Cannes esse drama francês que revisita a história bíblica de Maria Madalena. Aqui ela é uma idosa negra, pobre, de cabelos brancos, isolada do mundo depois da morte de Jesus. Vive em uma mata sem contato com o mundo exterior e a todo momento se põe a pensar sobre seu amor perdido. Simbólico, com poucos diálogos, reúne lindas imagens abertas da mata com apenas uma personagem em cena, a de uma mulher no fim da vida, mas com esperança de um possível reencontro (com ela mesma e com o amor que ficou para trás). Exibição presencial em SP no dia 01/11 e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de views).

 

 


Distopia (Portugal, 2021, de Tiago Afonso)

 

Documentário português produzido por Rodrigo Areias (cineasta de renome no cinema de Portugal hoje), sobre o processo de gentrificação na cidade de Porto, que ocorre há 15 anos e transformou radicalmente a paisagem urbana de uma das cidades mais importantes do país. Várias cidades do entorno também sofreram o impacto social das medidas, que deixaram de investir em projetos sociais dos mais pobres para abrigar projetos arquitetônicos luxuosos, muitos deles ainda no papel. No meio disso, a especulação imobiliária corre solta, provocando inclusive o fim do comércio tradicional e consequentemente a destruição dos patrimônios culturais. Filme sério, impactante, com depoimentos de pessoas variadas que veem com tristeza o processo enganoso “de progresso urbano”. Exibição presencial em SP no dia 29/10 e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de views).

 

 

Objetos de luz (Portugal, 2022, de Acácio de Almeida e Marie Carré)

 

Exibido no Festival de Locarno, esse documentário experimental, também português, trata da luz no cinema, sobre um diretor que investiga a fotografia e os objetos que dela são criadas para as imagens em movimentos. Com enquadramentos diferenciados e muitas metáforas, o filme se constrói – é para público específico, uma obra autoral sobre processos criativos no cinema contemporâneo. Exibição presencial em SP no dia 30/10 e sessões gratuitas na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de views).

 

 

As hostilidades (México, 2021, de M. Sebastian Molina)

 

Foi exibido no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA) esse doc mexicano que se passa em uma cidadezinha altamente violenta (Santa Lucia), em que o diretor estuda a criminalidade colhendo depoimentos de familiares (em especial dois primos seus), amigos e moradores de bairros periféricos que são alvo da polícia e de bandidos de forma constante. Reflete uma realidade nua e crua, abandonada à própria sorte... Exibição online na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de views).

 

 

A saída está a nossa frente (EUA, 2022, de Rob Rice)

 

Produção independente rodada nos EUA, o filme, que mistura drama e comédia como se fosse um documentário (mas é ficção) acompanha uma família na comunidade de Daggett, onde vivem 200 pessoas no deserto da Califórnia. Um casal que passou a vida toda lá com a filha pequena, encontra formas de dar um futuro melhor para ela. Mas uma notícia dura abalará o casal para sempre. Daqueles filmes rodados com a câmera no ombro, dentro de poucos ambientes, e muito o que contar, focado no cotidiano de uma família em meio a um ambiente hostil, sobrevivendo dia a dia. E para eles não há vestígios do “sonho americano”. Exibição online e gratuita na plataforma do Sesc Digital até dia 02/11 (com limite de views).

 


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Especial de Cinema


Os melhores filmes da 46ª Mostra Internacional de Cinema de SP – parte 01

A edição 2022 da Mostra de Cinema de SP continua até dia 02/11, em 15 cinemas da capital e em duas plataformas online (Sesc Digital e SP Cine Play). Confira drops com rápidos comentários dos melhores filmes desse ano da Mostra.

 


Nada de novo no front (Alemanha/EUA/Reino Unido, 2022, de Edward Berger)

A Mostra fez a premiére brasileira do novo filme de guerra da Netflix (no dia 21/10), que entrou hoje na plataforma. Essa é a terceira adaptação para o cinema do livro de memórias de Erich Maria Remarque, que lutou nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial como soldado alemão no front ocidental. O filme, muito bem realizado, com apuro técnico e cenas grandiosas de guerra, acompanha a tortuosa jornada do soldado novato no meio de um conflito que matou milhares de pessoas. Tem Daniel Brühl no elenco.

 


Luxemburgo, Luxemburgo (Ucrânia, 2022, de Antonio Lukich)

Um dos melhores filmes da Mostra desse ano, a comédia dramática ucraniana que se passa em Luxemburgo traz uma inusitada história real: dois irmãos gêmeos, um policial e outro motorista de caminhão, viajam para ver o pai doente num hospital. Mas não sabem se quem irão encontrar é mesmo quem eles procuram. A edição é primorosa, o roteiro tem sacadas brilhantes e o humor é inteligente. Indicado ao Venice Horizons no Festival de Veneza, terá exibição presencial em SP ainda no 31/10.

 

Triângulo da tristeza (Suécia/França/Reino Unido/Alemanha, 2022, de Ruben Östlund)

 

Num cruzeiro de luxo, um jovem casal de modelos viaja com figuras excêntricas, como um oligarca russo e um casal de velhinhos que vendiam armas em guerras passadas. O comandante do navio é alcoólatra e está há dias trancado em seu quarto. Até que uma tempestade em alto-mar faz com que o rumo da viagem mude drasticamente, culminando numa noite de pesadelos, com vômitos e mortes. Ainda estou digerindo esse filme levado às últimas consequências pelo diretor de “Força maior” e “The square”, e que venceu a Palma de Ouro em Cannes esse ano. Sem concessão, lança uma série de críticas ao mundo do fashionismo, da elite decandente, dos tempos de redes sociais e da alta gastronomia. Um barato (ah, prepare-se para cenas escatológicas!). Exibição presencial ainda em SP nos dias 28/10 e 02/11.

 


Os anos do Super 8 (França, 2022, de Annie Ernaux)

Indicado ao Golden Eye em Cannes, o doc é dirigido pela recém-ganhadora do Nobel de Literatura, Annie Ernaux. Aqui ela resgata filmes caseiros em super 8 para contar a história de sua família, filhos, casamento e viagens, como se fosse um autêntico livro de memórias bem pessoais. Narrado por ela, é uma obra delicada, íntima e feminina, que ganhou elogios do público não só da Mostra de SP mas de grande parte dos festivais por onde passou (como Cannes, Busan, Roma, NY e Zurique). Exibição presencial em SP ainda nos dias 28 e 30/10.

 

Alcarràs (Espanha/Itália, 2022, de Carla Simón)

 

Vencedor do Urso de Ouro em Berlim, o drama espanhol conta a história de uma família que cultiva pêssegos no interior da Espanha que vê seus dias contados quando são ameaçados de despejo. No local pretende-se instalar placas para energia solar, e a família terá de se mudar. Enquanto lutam para permanecer no local, os pais trabalham e as crianças vivem uma vida feliz no vilarejo de Alcarrás. Gostei muito dessa fita de arte bonitinha, agradável, toda rodada nos campos da Catalunha, com personagens fáceis de nos identificarmos (e torcermos por eles). As crianças são adoráveis, há momentos de humor e drama bem dosados, e um gancho atualíssimo, sobre o embate de pequenos agricultores com as majors que querem a todo custo expandir seus negócios. Exibição presencial em SP ainda no dia 31/10.

 


Você tem que vir e ver (Espanha, 2022, de Jonás Trueba)

 

Numa viagem por Madrid e pelo interior da Espanha, dois casais discutem a essência da vida, seus modos de enxergar o mundo e as crises que rondam cada um. Curtinho (com apenas 65 minutos), é um filme sincero de um jovem diretor, Jonás Trueba, que aprendeu muito com o pai, o notório Fernando Trueba (de “Sedução”). Jonás soube trazer à tela as controversas relações humanas, com diálogos poderosos e uma história universal. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Karlovy Vary, terá exibição presencial em SP no dia 29/10, e está online (gratuito) no Sesc Digital até dia 02/11.

 

Hamlet (Brasil, 2022, de Zeca Brito)

 

Documentário sobre a crise no mundo da política brasileira a partir de 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (ou o golpe, como quiserem). O diretor gaúcho Zeca Brito, de “O guri” e Legalidade”, foca seu mais novo filme nas manifestações dos estudantes secundaristas que se juntaram aos movimentos sociais para tomar as ruas quando do golpe em 2016, trazendo os desdobramentos desse caos, como a eleição de Bolsonaro em 2018. Ao mesmo tempo, num teatro, Hamlet, o notório personagem de William Shakespeare, procura espaço na sociedade – ele está atormentado pela pergunta “ser ou não ser?”. Rodado em preto-e-branco, é um filme que deve ser visto e discutido.


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Cine Cult


Midsommar: O mal não espera a noite


O casal Dani (Florence Pugh) e Christian (Jack Reynor) passa por uma crise conjugal. Dani acabou de perder os pais e a irmã numa tragédia familiar, então o namorado a convida para viajar com um grupo de amigos a um festival de verão em uma comunidade fechada na Suécia, onde estranhos fatos irão ocorrer.

Controverso e simbólico, “Midsommar” é um conto de fadas de horror da mente visionária do diretor de “Hereditário” (2018), Ari Aster, um jovem cineasta que fez aqui seu segundo longa-metragem. Partiu de lendas nórdicas e escandinavas criando um universo de tensão e medo constantes, com personagens trancados em uma isolada comunidade sueca durante um festival de verão com culto a deuses e ritos que vão se tornando macabros. A protagonista, Florence Pugh (indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Adoráveis mulheres”), é uma jovem atormentada pelo suicídio da irmã e pela morte dos pais em uma tragédia. Ela está em crise com o namorado, e para uma reparação, viaja com um grupo de amigos ao tal festival, que dura nove dias e ocorre a cada 90 anos. Lá ela será perseguida por memórias da família ao mesmo tempo que uma série de incidentes horrendos colocam sua vida em jogo, assim como a dos amigos.
Tudo nesse filme é estranho, a fotografia embala um tom onírico, um sonho que mistura pesadelo e alucinações, num lugar que nunca anoitece. A cada dia um acontecimento chama a atenção. A comunidade sueca tem velhos e jovens com comportamentos diferentes, mas sempre sob o signo de uma entidade maior, às vezes ameaçadora.


Há cenas brutais e que perturbam, com momentos indigestos e capciosos. E, nós não ficamos como meros espectadores, somos tragados para dentro da trama até o desfecho bizarro e revelador (até nisso Aster teve um olhar diferenciado, a forma como hipnotizar quem assiste). Com certeza uma obra que não nos deixa indiferentes!
Pertence a uma linha de cinema de terror chamado “folk horror” (terror folclórico), com referência ao maior deles, o britânico “O homem de palha” (1973), contando com uma atmosfera onde o mal paira e ronda todos.
O diretor demorou cinco anos para rodar o filme, escrito durante o duro processo de divórcio dele. E ele faz relações com o anterior, “Hereditário”, seja no tom, nas entrelinhas de algo demoníaco invisível ou nas sequências ritualísticas.
Rodado na Hungria, com orçamento de filme independente (U$ 9 mi), rendeu quase U$ 50 milhões de bilheteria no mundo, garantindo sucesso no pequeno circuito de filmes de terror.


Recentemente ganhou edição de luxo em bluray pela Versátil, em parceria com a Paris Filmes e a A24, com a versão de cinema (147 minutos) e a versão do diretor (172 minutos), muitos extras, cards, livreto e pôsteres.

Midsommar: O mal não espera a noite (Midsommar). EUA/Suécia, 2019, 147 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Ari Aster. Distribuição: Versátil Home Video

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Especial de cinema


46ª Mostra Internacional de Cinema de SP tem início nessa quinta-feira

Entre os dias 20 de outubro e 02 de novembro os fãs do cinema independente têm um encontro marcado com a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Evento tradicional na capital paulista, criado em 1977 pelo falecido crítico de cinema Leon Cakoff, a Mostra de São Paulo reunirá esse ano 231 filmes premiados nos principais festivais internacionais de cinema, como Berlim, Veneza, Cannes, Toronto, Tribeca, Sundance e San Sebastian. Haverá longas de cineastas renomados, como o ganhador da Palma de Ouro esse ano, “Triângulo da tristeza”, do polêmico diretor sueco Ruben Östlund, “Com amor e fúria”, da diretora Claire Denis, além de 15 filmes pré-selecionados ao Oscar, dentre eles “Nada de novo no front” (Alemanha, de Edward Berger), “Bardo” (México, de Alejandro G. Iñárritu), indicado ao Leão de Ouro em Veneza, “Pilgrims” (Lituânia, de Laurynas Bareisa), ganhador do prêmio de melhor filme no Venice Horizons, no Festival de Veneza, e “Alcarrás” (Espanha, de Carla Simón), ganhador do Urso de Ouro em Berlim.
O pôster da Mostra de 2022 foi criado por Eduardo Kobra, artista plástico e muralista dos mais importantes da atualidade. Na arte criada por ele vemos uma garota tocando a lua do filme “Viagem à lua” (1902), de George Méliès. Haverá na Mostra um filme em homenagem a ele, “Kobra autorretrato” (2022), de Lina Chamie.
A vinheta está disponível no Youtube, em - https://www.youtube.com/watch?v=9vkPCxHqmRg, e toda programação, incluindo o valor dos ingressos, pacotes e credenciais, e as salas e horários de exibição de cada filme, já estão disponíveis no site da Mostra (https://46.mostra.org). Quanto aos ingressos, eles podem ser adquiridos avulsos, em pacotes ou permanentes, diretamente pelo app da Mostra ou pelo site da Velox Tickets – ingressos avulsos giram em torno de R$ 24 a R$ 30 (inteira) e R$ 12 a R$ 15 (meia-entrada), e os pacotes, de R$ 250 a R$ 410, além das permanentes, de R$ 127 a R$ 600 (assinantes da Folha de São Paulo têm desconto especial). Também haverá, como todo ano, os ingressos com preços populares nos circuitos SPCine, com ingressos entre R$ 2 e R$ 4.
A 46ª Mostra de Cinema de SP será presencial, em 15 salas de cinema e espaços abertos da capital, e online e gratuito nas plataformas digitais do Sesc Digital e SPCine Play.

 

Mais sobre a Mostra 2022

 

O júri desse ano é composto pelos diretores de cinema Rodrigo Areias, Lina Chamie e André Novais Oliveira. O prêmio Leon Cakoff será entregue para a atriz e cantora Dóris Monteiro, e a Mostra irá exibir filmes restaurados com participação dela, como “Agulha no palheiro” (1953). Já o prêmio Humanidade irá para a cineasta brasileira Ana Carolina - a Mostra trará uma retrospectiva com três filmes de Ana Carolina, “Mar de rosas” (1978), “Das tripas coração” (1982) e “Sonho de valsa” (1987), além da apresentação de seu trabalho, o inédito “Paixões recorrentes” (2022).
Haverá ainda homenagem ao cineasta Arnaldo Jabor, falecido esse ano, com exibição da cópia restaurada de “Eu te amo” (1980), e ao diretor Jean-Luc Godard, com exibição do inédito “Até sexta, Robinson” (2022).
Outros filmes antigos recém-restaurados serão exibidos em sessões especiais: “A mãe e a puta” (1972) e “Meus pequenos amores” (1974), ambos de Jean Eustache, “Deus e o diabo na terra do sol” (1964, de Glauber Rocha), “A rainha diaba” (1973, de Antônio Carlos da Fontoura) e “Bratan” (1991, de Bakhtyar Khudojnazarov).
A Mostra 2022 abre ainda ao público exibições de “Durval discos” (2002) e curtas em primeira mão de cineastas renomados, como “A camareira” (2022), de Lucrecia Martel e “Le pupille” (2022), de Alice Rohrwacher.
Terá também o retorno das apresentações em VR (Realidade Virtual), com oito filmes de várias nacionalidades, como Brasil, Holanda, Peru, Bélgica e Itália, bem como o lançamento de três livros e o “II Encontro de Ideias Audiovisuais”, espaço para debater ideias e incentivar projetos audiovisuais. E por fim, as tradicionais exibições no vão-livre do Masp voltarão – são dois filmes programados gratuitos, “Kobra autorretrato” e “Carvão”.

 


Filmes de destaque na Mostra 2022:

 

“A cozinha” (Brasil), de Johnny Massaro

 

“A mãe” (Brasil), de Cristiano Burlan

 

“Aldeotas” (Brasil), de Gero Camilo

 

“Armageddon time” (EUA/Brasil), de James Gray

 

“As paredes falam” (Espanha), de Carlos Saura

 

“Com amor e fúria” (França), de Claire Denis

 

“Conto de fadas” (Rússia/Bélgica), de Alexander Sokurov

 

“Flux Gourmet” (Reino Unido/EUA/Hungria), de Peter Strickland

 

“Noite exterior” (Itália), de Marco Belocchio

 

“O filme da escritora” (Coreia do Sul), de Hong Sang-Soo

 

“O pastor e o guerrilheiro” (Brasil), de José Eduardo Belmonte

 

“O teto amarelo” (Espanha), de Isabel Coixet

 

“One fine morning” (França), de Mia Hansen-Løve

 

“Pacifiction” (França/Espanha/Alemanha/Portugal), de Albert Serra

 

“Paloma” (Brasil), de Marcelo Gomes

 

“Regra 34” (Brasil), de Julia Murat

 

“Sem ursos” (Irã), de Jafar Panahi

 

“That kind of summer” (Canadá), de Denis Côté

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Especial de Cinema


46ª Mostra de Cinema de SP começa dia 20 com 231 filmes na programação



Se você é de São Paulo e curte cinema, anote na agenda. De 20 de outubro a 02 de novembro haverá mais uma edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. É a 46ª edição desse evento que reúne filmes premiados de diversos lugares do mundo.
Na manhã do último sábado, dia 01/10, ocorreu a coletiva de imprensa para anunciar a programação da mostra. Serão 231 filmes de 60 países, apresentados nas seções ‘Perspectiva Internacional’, ‘Competição Novos Diretores’, ‘Mostra Brasil’ e ‘Apresentação Especial’. Na noite de abertura, o filme exibido será o ganhador da Palma de Ouro esse ano, “Triângulo da tristeza”, do diretor sueco Ruben Östlund. Um filme aguardado pelos cinéfilos e que causou polêmica em Cannes, do mesmo diretor de “The square – A arte da discórdia” (2017), também ganhador da Palma de Ouro e exibido na Mostra de SP.
O pôster da Mostra de 2022 foi criado por Eduardo Kobra, artista plástico e muralista dos mais importantes da atualidade. Na arte criada por ele vemos uma garota tocando a lua do filme “Viagem à lua” (1902), de George Méliès. A vinheta foi apresentada na coletiva e está disponível no Youtube, em - https://www.youtube.com/watch?v=9vkPCxHqmRg, assim como foi lançado o site da Mostra (https://46.mostra.org). A programação, incluindo o valor dos ingressos e credenciais, e as salas e horários de exibição de cada filme, serão disponibilizados no site em breve.
A 46ª Mostra de Cinema de SP será presencial, em cinemas da capital (em breve sai a lista dos lugares) e online (nas plataformas Sesc Digital e SP Cine Play).
O júri desse ano é composto pelos diretores de cinema Rodrigo Areias, Lina Chamie e André Novais Oliveira. O prêmio Leon Cakoff será entregue para a atriz e cantora Dóris Monteiro, e a Mostra irá exibir filmes restaurados com participação dela, como “Agulha no palheiro” (1953). Já o prêmio Humanidade irá para a cineasta brasileira Ana Carolina - a Mostra trará uma retrospectiva com três filmes de Ana Carolina, “Mar de rosas” (1978), “Das tripas coração” (1982) e “Sonho de valsa” (1987), além da apresentação de seu trabalho, o inédito “Paixões recorrentes” (2022).
Haverá ainda homenagem ao cineasta Arnaldo Jabor, falecido esse ano, com exibição da cópia restaurada de “Eu te amo” (1980), e ao diretor Jean-Luc Godard, com exibição do inédito “Até sexta, Robinson” (2022).
Outros filmes antigos recém-restaurados serão exibidos em sessões especiais: “A mãe e a puta” (1972) e “Meus pequenos amores” (1974), ambos de Jean Eustache, “Deus e o diabo na terra do sol” (1964, de Glauber Rocha), “A rainha diaba” (1973, de Antônio Carlos da Fontoura) e “Bratan” (1991, de Bakhtyar Khudojnazarov).
A Mostra 2022 abre ainda ao público exibições de “Durval discos” (2002) e curtas-metragens em primeira mão de cineastas renomados, como “A camareira” (2022), de Lucrecia Martel e “Le pupille” (2022), de Alice Rohrwacher, além de dois episódios da série dinamarquesa “The Kingdom exodus” (2022), de Lars von Trier.
Terá também o retorno das apresentações em VR (Realidade Virtual), com oito filmes de várias nacionalidades, como Brasil, Holanda, Peru, Bélgica e Itália, bem como o lançamento de três livros e o “II Encontro de Ideias Audiovisuais”, espaço para debater ideias e incentivar projetos audiovisuais. E por fim, as tradicionais exibições no vão-livre do Masp voltarão (aguardem a programação, que deve sair até o final dessa semana).

Filmes da edição de 2022

Na 46ª. Mostra serão exibidos filmes premiados em festivais como Berlim, Veneza, Cannes, Toronto, Tribeca, Sundance, San Sebastian, Locarno e Sitges, de diretores e diretoras renomados, como Alejandro González Iñárritu, Albert Serra, José Eduardo Belmonte, Claire Denis, Peter Strickland, Diego Lerman, Hong Sang-soo, James Gray, Alê Abreu, Denis Côté, Mia Hansen-Love), Alexandr Sokurov, Isabel Coixet, Carlos Saura, Jafar Panahi, Marcelo Gomes, Julia Murat e outros.
Nesse ano, a Mostra traz 13 longas pré-selecionados ao Oscar, dentre eles “Nada de novo no front” (Alemanha, de Edward Berger), “Bardo” (México, de Alejandro G. Iñárritu), indicado ao Leão de Ouro em Veneza, “Pilgrims” (Lituânia, de Laurynas Bareisa), ganhador do prêmio de melhor filme no Venice Horizons, no Festival de Veneza, e “Alcarrás” (Espanha, de Carla Simón), ganhador do Urso de Ouro em Berlim.




Outros filmes de destaque na Mostra:

 

“A cozinha” (Brasil), de Johnny Massaro

 

“A esposa de Tchaikovsky” (Rússia/França), de Kirill Serebrennikov

 

“A mãe” (Brasil), de Cristiano Burlan

 

“A noiva” (Portugal), de Sérgio Tréfaut

 

“Aldeotas” (Brasil), de Gero Camilo

 

“Armageddon time” (EUA/Brasil), de James Gray

 


“As paredes falam” (Espanha), de Carlos Saura

 

“Ciclo” (Brasil), de Ian SBF

 

“Com amor e fúria” (França), de Claire Denis

 

“Conto de fadas” (Rússia/Bélgica), de Alexander Sokurov

 

“Flux Gourmet” (Reino Unido/EUA/Hungria), de Peter Strickland

 

“Fumar causa tosse” (França), de Quentin Dupieux

 

“Noite exterior” (Itália), de Marco Belocchio

 

“O deus do cinema” (Japão), de Yôji Yamada

 

“O filme da escritora” (Coreia do Sul), de Hong Sang-Soo

 

“O pastor e o guerrilheiro” (Brasil), de José Eduardo Belmonte

 

“O suplente” (Argentina/México/Espanha/Itália), de Diego Lerman

 

“O teto amarelo” (Espanha), de Isabel Coixet

 

“O visitante” (Bolívia/Uruguai), de Martín Boulocq

 

“One fine morning” (França), de Mia Hansen-Løve

 

“Pacifiction” (França/Espanha/Alemanha/Portugal), de Albert Serra

 

“Paloma” (Brasil), de Marcelo Gomes

 

“Regra 34” (Brasil), de Julia Murat

 

“Sem ursos” (Irã), de Jafar Panahi

 

“Terra de Deus” (Dinamarca/Islândia), de Hlynur Pálmason

 

“That kind of summer” (Canadá), de Denis Côté



segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Cine Cult


Schramm

Fechado em seu apartamento, Lother Schramm (Florian Koerner von Gustorf) está caído no chão, todo ensanguentado. Sem ninguém por perto, ele agoniza. Ele é um assassino em série, e agora sua vida passa diante de seus olhos.

Cult movie de terror psicológico escrito e dirigido pelo polêmico cineasta independente alemão Jörg Buttgereit, de “Nekromantik” (1988), da continuação “Nekromantik 2” (1991) e de “O rei da morte” (1990). Ele tumultuou a mente (e o estômago do público) quando exibiu o body horror “Nekromantik”, um dos filmes mais macabros, escatológicos e bizarros do cinema, sobre um triângulo amoroso com necrofilia (só de lembrar dele, tenho enjoo).
Estabelecido nesse restrito circuito de cinema de horror, lançou “Schramm” (1993), uma investigação da mente de um assassino em série, com seus devaneios, paranoia e planos horrendos.
Mergulhou a fundo nos pensamentos desse criminoso atormentado pelo passado enquanto agoniza no chão após um acidente doméstico. As cenas dos delírios do assassino são distorcidas, como um cinema experimental, com cores irreais e intenso movimentos de câmera. São imagens aleatórias que puxam a violência e o sangue, além de perversão sexual (a que o diretor sempre usou em seus filmes – vide “Nekromantik”). E ao longo da história acompanhamos (uns com repulsa, outros com pavor) a jornada de autodestruição de Schramm, um homem solitário, amargo e em constante conflito de identidade.


Florian Koerner von Gustorf fez, como ator, apenas “Schramm” e “Nekromantik 2” (1991), e a partir dos anos 2000 tornou-se um importante produtor de cinema, trabalhando em praticamente todos os filmes do diretor alemão Christian Petzold, seu conterrâneo, um dos nomes mais importantes do cinema europeu – fizeram juntos “Phoenix” (2014), “Em trânsito” (2018) e o recente “Undine” (2020).
“Schramm” é uma obra imaginativa, forte (de classificação 18 anos), para público restrito. Ganhou uma ótima edição nacional em DVD pela Obras-primas do Cinema, com vários extras, incluindo um curta experimental do diretor, “Heaven” (1984), uma introdução do diretor e um making of de 36 minutos. A versão apresentada em DVD é a sem cortes, que tem apenas 65 minutos.


Schramm (Idem). Alemanha, 1993, 65 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Jörg Buttgereit. Distribuição: Obras-primas do Cinema

domingo, 2 de outubro de 2022

Na Netflix


Travelin' band: Creedence Clearwater Revival at the Royal Albert Hall

Documentário sobre a lendária turnê da banda americana Credence Clearwater Revival (CCR), em Londres, entre 1969 e 1970.

Um acerto da Netflix para os fãs de rock, mais notadamente os que curtem rock clássico! O documentário britânico, de título enorme, tem produção da Concord Originals e distribuição mundial da Netflix, com direção de Bob Smeaton, realizador de inúmeros documentários musicais para o cinema e a TV, responsável pela monumental minissérie “The Beatles Anthology” (1995–1996) e pelo premiado doc “Festival Express” (2003). Com esses dois títulos de exemplo, já sabemos o que ele fez com CCR: uma pequena joia documental! Smeaton não traz dados ou vídeos das origens do grupo, mas acompanha a primeira turnê europeia do Credence, com foco no show em Royal Albert Hall, em Londres, entre 1969 e 1970, um “ano mágico” para eles. Nesse período “explodiram” quando o Beatles saía de cena.
Há longas cenas do show histórico e também uma série de imagens raras da banda nos bastidores, além de vídeos antigos com depoimentos dos membros do CCR pelas ruas (incluindo entrevistas reveladoras e irreverentes).
Originária de El Cerrito, California, o Credence tinha como membros o quarteto composto pelos irmãos John Fogerty (guitarra e vocais) e Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Clifford (bateria). Eram amigos da época de escola e tocavam juntos desde 1959, com uma banda de nome The Blue Velvets. Em 1967 fundaram o CCR, que permaneceu em atividade por cinco anos (até 1972). Tiveram pelo menos cinco músicas no top 10 mundial entre 1969 e 1971, dentre elas “Proud Mary”, “Midnight special” e “Bad moon rising”, vendendo mais discos que o próprio Beatles (foram nove discos de ouro, com mais de 25 milhões de cópias só nos EUA). Tom faleceu em 1990, aos 48 anos, e os demais continuam em atividade no mundo da música – John segue carreira solo, enquanto Stu e Dou viajam com a banda CCR Revisited (fundada em 1995).


Narrado pelo ator Jeff Bridges, o doc compartilha um pouco das andanças do grupo que marcou toda uma geração, num período de contestação e liberdade criativa, quando o rock passou a incorporar outros gêneros e assim pode se reinventar.

Travelin' band: Creedence Clearwater Revival at the Royal Albert Hall (Idem). Reino Unido, 2022, 86 minutos. Documentário. Dirigido por Bob Smeaton. Distribuição: Netflix