domingo, 28 de agosto de 2022

Cine Terror


A vingança do espantalho

Acusado pela morte de uma criança, Buba Ritter (Larry Drake), um homem com deficiência intelectual, é assassinado por quatro cidadãos em uma cidadezinha na zona rural dos Estados Unidos. Tempo depois, eles são perseguidos, um a um, e mortos por alguém misterioso. Acreditam que o espírito de Buba se apossou de um espantalho para cometer os crimes.

Marcou minha infância esse telefilme de terror com clima de investigação e trama policial, com muito mistério no ar que ronda os personagens perseguidos por um possível espantalho assassino (nunca fica claro, tudo é subentendido, e se prepare para o grande desfecho - mesmo sendo filme de terror, traz poesia e leveza). Ingrediente vital para o bom andamento da história é a locação, nas paisagens de campo, com milharal, tratores, corvos e um sol danado, que representa bem o sul dos Estados Unidos (foi rodado na Califórnia). Quem interpreta Buba é Larry Drake, que ficou famoso em papéis de vilão, como o inescrupuloso mafioso Durant, de “Darkman: Vingança sem rosto” (1990), e o filme para a TV tem participações de veteranos premiados, como Charles Durning (o policial líder do bando que assassina Buba) e Jocelyn Brando, irmã mais velha de Marlon Brando (de “Os corruptos” e “Caçada humana”), na pele da mãe de Buba.


Ganha edição caprichada no box “Sessão da meia-noite: Espantalhos”, com outras duas fitas, “A maldição do espantalho” (1988, de William Wesley) e “A noite do espantalho” (1995, de Jeff Burr). É o melhor exemplar dessa caixa que homenageia filmes independentes de terror das antigas sessões da meia-noite, não exibidos nos cinemas. E se pararmos para pensar, não há muitos longas com espantalho assassino (é um tema raro, que poderia ser melhor explorado no cinema).


A vingança do espantalho (Dark night of the scarecrow). EUA, 1981, 97 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Frank de Felitta. Distribuição: Obras-primas do terror

sábado, 20 de agosto de 2022

Cine Brasil


São Bernardo


O humilde caixeiro-viajante Paulo Honório (Othon Bastos) enriquece e compra terras no Alagoas. Casa-se com a professora Madalena (Isabel Ribeiro) e aos poucos se torna um homem violento e obcecado, a ponto de tratar com desprezo e indiferença a esposa, seus funcionários e os próprios amigos.

Lançado em 1972 após sete meses de censura pelo Regime Militar, o drama “São Bernardo”, baseado na obra de Graciliano Ramos escrita em 1934, ganhou duas edições em DVD, a primeira distribuída pela Vídeo Filmes, em 2008, e outra pelo Instituto Moreira Salles (IMS), em 2013. As duas cópias estão excelentes, resultado do projeto de restauro digital da obra de Leon Hirszman (1937-1987), diretor do longa-metragem (encabeçaram o trabalho de restauração o crítico de cinema Carlos Augusto Calil, os irmãos Lauro e Eduardo Escorel, diretores de cinema, e o primeiro diretor de fotografia do filme, e os filhos do cineasta falecido, Maria e João Pedro Hirszman).
“São Bernardo” retrata a vida do modesto caixeiro-viajante Paulo Honório (Othon Bastos), que, no interior de Alagoas, enriquece de uma hora para outra e torna-se um homem rude e inescrupuloso. Adquire terras, escraviza seus funcionários e tenta de todas as formas comprar a vizinha fazenda de São Bernardo. Arranja um casamento forçado com a professora Madalena (Isabel Ribeiro), que é tratada por ele como objeto. O conflito entre o casal se intensifica quando Madalena resolve se livrar da dominação do marido.


Em 1972 “São Bernardo” foi exibido no Festival de Berlim, recebendo lá um prêmio especial, e em 1974 ganhou, no Festival de Gramado, os Kikitos de Ouro de melhor ator para Bastos e melhor fotografia (para Lauro Escorel), sem contar diversos prêmios APCA em São Paulo no mesmo ano (como diretor, atriz para Isabel e ator coadjuvante para Nildo Parente).
A obra restaurada teve sua primeira exibição em tela de cinema na noite de abertura do 41º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, no dia 18 de novembro de 2008 (onde eu estava presente e lá entrevistei Othon Bastos, Nildo Parente, Lauro Escorel e a filha de Leon, a jornalista e crítica de arte Maria Hirszman). Na entrevista lembro bem que Othon destacou as dificuldades em se adaptar a obra de Graciliano Ramos para o cinema em plena época do Regime Militar (pois era um período de repressão). Bastos compôs um dos personagens mais duros e complexos do cinema brasileiro nesse filme, um homem temperamental, de extremos, conservador nas ideias e nos costumes, frio e perturbado, que não aceita discordâncias. Chega a destratar até o padre da região acusando-o de comunista, assim como a esposa (a grande atriz Isabel Ribeiro, outro papel marcante em sua carreira), mulher convicta que diz o que pensa. Opressor e machista, Paulo Honório sufoca todas suas relações próximas, a ponto de espancar funcionários que exigem um salário digno. Um indivíduo inescrupuloso, que representava o capitalismo selvagem e corrosivo e as ideias ultraconservadoras que ainda pairam em nossa sociedade.


Sempre considerei um dos grandes filmes do cinema brasileiro (que deve ser visto e discutido), revi há poucas semanas em DVD e continua forte e presente! Um filme que não envelheceu e conta com um elenco de coadjuvantes importantes, como Nildo Parente, Vanda Lacerda, Jofre Soares, Mário Lago e Rodolfo Arena.

São Bernardo (Idem). Brasil, 1972, 111 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Leon Hirszman. Distribuição: IMS (DVD de 2013); VideoFilmes (DVD de 2008)

domingo, 14 de agosto de 2022

Resenha Especial


King Kong


Expedição em busca de petróleo chega a uma ilha isolada na Indonésia e lá encontra uma tribo que cultua uma divindade na floresta. A divindade é um enorme gorila apelidado por eles de King Kong. Dwan (Jessica Lange), uma jovem resgatada nas águas pela expedição, acaba raptada pelo macaco, então o grupo decide capturá-lo. A intenção é também levar o gorila até Nova York, para uma apresentação a céu aberto para o público.

Em 1974, o lendário produtor italiano Dino de Laurentiis decidiu fazer um remake ambicioso do famoso filme da era muda “King Kong” (1933). O projeto demorou dois anos para sair do papel, e somente em 1976 foi gravado. Custou caro e foi detonado na época pela crítica dividindo a opinião do público. Das três versões de Kong para o cinema (a primeira, de 1933, de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack; essa segunda, de 1976, de John Guillermin; e a de 2005, de Peter Jackson), esse remake para mim é a mais inferior, mas ainda há pontos altos que comentarei a seguir. O primeiro deles: lançou Jessica Lange ao cinema, num papel sedutor - ela até ganhou o Globo de Ouro de atriz revelação, faria em seguida “O show deve continuar” (1979) e receberia dois de seis dos Oscars que concorreria ao longo da carreira (por “Tootsie”, de 1982, e “Céu azul”, de 1994). É hoje uma das maiores atrizes do cinema. Outro ponto alto é o elenco, que vai dos bons Jeff Bridges e Charles Grodin a coadjuvantes de peso, como Rene Auberjonois, John Randolph e Ed Lauter. Terceiro ponto: os efeitos especiais dariam força para a trama, deixando Kong ainda mais perigoso, realista e assustador. Por isso levou merecidamente um Oscar especial de efeitos, para a equipe de Carlo Rambaldi, um dos magos do cinema, criador dos efeitos especiais de “Alien – O oitavo passageiro” (1979) e “ET: O extraterrestre” (1982). Rambaldi fez uma façanha inédita no cinema com um grupo de engenharia: confeccionou um macaco de 12 metros de altura e cinco toneladas de alumínio, borracha, todo hidráulico e elétrico, operado por 20 homens, com um custo de quase U$ 2 milhões, 10% do orçamento do filme (o filme todo custou U$ 24 mi). O sete vezes ganhador do Oscar de maquiagem e efeitos visuais Rick Baker estava em início de carreira e auxiliou na produção das próteses de macaco para as sequências do dublê vestido de Kong. Outros dois pontos altos são a fotografia escurecida, em tons sombrios, que ganhou o Oscar também, assinada por Richard H. Kline (de “O enigma de andrômeda”), e a trilha sonora do cinco vezes vencedor do Oscar John Barry.



Foram muitos problemas na produção: o filme foi rodado numa região de difícil acesso no Havaí, que ocasionou acidentes na equipe e demorou sete meses para ser gravado, além das panes no macaco robótico, os transtornos com os milhares de figurantes na cena final etc. Acho o filme longo demais, principalmente na primeira parte na floresta, e o desfecho muito rápido - faltou uma mão mais moderada do diretor britânico John Guillermin, de “Inferno na torre” (1974) e “Morte no Nilo” (1978), e mais injeção de humor.
Mas ainda é um cinemão na linha do blockbuster e disaster movie, com muitas cenas de destruição pelo macacão. Aliás, Kong ganharia outros contornos no cinema, com filmes que recontam suas origens, como a digna aventura “Kong: A ilha da caveira” (2017), e travando batalhas contra Godzilla (no movimentado longa de 2021 “Godzilla vs. Kong”).
Nessa versão de 1976, a produção modificou partes da história original de 1933, dando mais sensualidade a Dwan, e um final novo, em que em vez de o macaco escalar o Empire State, aqui sobe no World Trade Center (que tinha sido inaugurado três anos antes). Além de muita ação, incrementaram mais pitadas de romance entre o gorila e a beldade loira (e com isso clichês e breguices). Em 1986 Guillermin teve a loucura de dirigir a continuação, “King Kong 2” (1986), com Linda Hamilton e Brian Kerwin, um filme pavoroso e um dos piores do cinema.
O filme saiu numa edição de luxo em bluray, no ano passado, pela Obras-primas do Cinema, com pôster, três cards, livreto, luva, capa dupla e muitos extras no disco único. Esse ano, a pedido dos colecionadores, a distribuidora trouxe o mesmo filme em DVD, com parte dos extras e um card dentro. É a versão de cinema, de 134 minutos – aquela versão para TV americana, com 60 minutos a mais (194min), nunca saiu nem lá nem aqui.



King Kong (Idem). EUA, 1976, 134 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por John Guillermin. Distribuição: Obras-primas do Cinema (DVD e Bluray)

sábado, 13 de agosto de 2022

Cine Cult


Nós somos do jazz

Três amigos montam uma banda de jazz improvisada na década de 20 e percorrem cidades russas para levar música e descontração.

Comédia musical soviética inusitada e descompromissada, mas que não deixa de ter críticas sociais, dirigida por Karen Shakhnazarov (de “O mensageiro” e “Tigre branco”), hoje diretor da Mosfilm, um dos maiores e mais antigos estúdios de cinema da Rússia. Conta a jornada de idas e vindas de três músicos inspirados e novatos, que improvisam instrumentos para criar um conjunto de jazz, uma dixie band (estilo musical malvisto, por ser um tipo de música “menor”, dos negros e dos proletários, e ligado aos EUA, país capitalista - a história tem como pano de fundo a década de 20, já com a URSS formada). Fazem certo sucesso e passam a viajar levando a música para pequenos grupos e salões. Com parcos recursos, reutilizam materiais domésticos e de cozinha, como potes de cobre como prato, e recorrem a instrumentos antigos e gambiarras para emitir o melhor som do mundo, e assim alegrar a vida das pessoas.

É um filme pouco conhecido, sobre a revolução da música nas comunidades, o poder de transformação dela (para quem faz e para quem ouve), e trata da união de esforços para algo coletivo e inovador. Tem muitos números musicais e longas cenas de preparação do conjunto e do grupo nos palcos. Recomendo os apreciadores de música assistirem – o filme acaba de sair em DVD pela CPC-Umes Filmes em boa cópia.

Nós somos do jazz (My iz dzhaza). URSS, 1983, 88 minutos. Musical/Comédia. Colorido. Dirigido por Karen Shakhnazarov. Distribuição: CPC-Umes Filmes

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Cine Cult



Os mortos não morrem

Na pacata Centerville, os habitantes notam que a lua está baixa, rodeada por uma névoa roxa. Os animais desenvolvem estranhos comportamentos. Até que os mortos levantam de suas tumbas... Diante de um iminente apocalipse, os policiais Robertson (Bill Murray), Peterson (Adam Driver) e Mindy (Chloë Sevigny) tentam entender o caso enquanto fogem dos zumbis.

Filme de abertura do festival de Cannes, onde concorreu à Palma de Ouro em 2019, a investida do cineasta autoral Jim Jarmusch ao mundo dos zumbis é uma brincadeira divertida, metafórica e muito metalinguística, para público restrito. Não vá assistir achando que é um filme gore, de terror batido de mortos-vivos que comem carne humana e morrem com tiro na cabeça... Jarmusch fez um terrir (terror com comédia) repleto de conversas e pouca ação/tensão, inundando a fita com referências à Sétima Arte: ele reinventa diálogos, sequências e cenografia do cultuado “A noite dos mortos-vivos” (1968), de Romero; faz menções a outros filmes seus, como trocadilhos dos nomes dos personagens - por exemplo, de Adam Driver, que aqui se chama Peterson, sendo que anos antes Jarmusch o dirigiu no filme “Paterson” (2016); não hesita no humor macabro – como a cena da lápide de Sam Fuller, cineasta que Jarmusch reverencia; e recorre ao mundo pop e dos videogames, como a personagem Zelda, a médica legista e samurai interpretada por Tilda Swinton, em alusão à arqueira/guerreira de “Legend of Zelda”. E por fim o diretor faz uma alegoria sobre a sociedade apática que o sistema capitalista cria, e sem citar nomes traz à tona os desmazelos da Era Trump (os zumbis, assim como os vivos do filme, todos apáticos e de fala lenta, representam esse mundo de pura melancolia dos últimos anos na América).




É uma história com clima de fim dos tempos, narrada e observada por um ermitão (interpretado pelo cantor e ator Tom Waits). A cidade pacata se transforma quando a lua está baixa, e os mortos voltam. Mas voltam exigindo café, roupas estilosas da moda, conexão wifi etc São mortos com vontades de qualquer ser vivente. Inclusive eles voltam à vida devido a uma interferência do homem na natureza, no caso na extração desenfreada do petróleo (outra crítica social que irrompe de maneira sutil na trama).
Jarmusch escreveu o roteiro a partir de uma ideia original de Tilda Swinton, quando gravavam outro filme alternativo de terror com comédia, sobre vampiros, “Amantes eternos” (2013). Trouxe novos rumos para a história e reuniu um elenco de peso, muitos deles com quem já trabalhou; o trio central está à vontade, os três já indicados ao Oscar (Murray, Driver e Chloë), há participações de coadjuvantes como Tilda Swinton, Tom Waits, Steve Buscemi, Danny Glover, Caleb Landry Jones, RZA e Rosie Perez, e rápidas aparições (bem engraçadas) de Iggy Pop (como um zumbi viciado em café), Carol Kane, Selena Gomez e Austin Butler.


Foi o longa do diretor que teve maior investimento publicitário entrando em mais de 600 salas de cinema; isso porque ele é um diretor independente, cujos filmes passam mais em festivais – são dele obras cultuadas que fizeram a cabeça de cinéfilos brasileiros, como “Estranhos no paraíso” (1984), “Daunbailó” (1986) e “Ghost dog” (1999). Disponível em DVD e bluray e na Netflix.

Os mortos não morrem (The dead don’t die). EUA, 2019, 104 minutos. Comédia/Terror. Colorido. Dirigido por Jim Jarmusch. Distribuição: Universal Pictures

sábado, 6 de agosto de 2022

Na Netflix


Shania Twain: Not just a girl

Documentário sobre a carreira da cantora Shania Twain, que se consolidou no mundo da música country e do pop entre os anos 90 e 2000.

A Netflix lança mais um documentário sobre um importante nome do mundo da música, dessa vez Shania Twain (1965-), cantora e compositora canadense e estrela do country e do pop nos anos 90 e 2000. O filme segue um estilo padrãozão de documentário, com depoimentos dela e de convidados e muitas cenas de bastidores, shows e clipes antigos, que reconta a trajetória de uma jovem de 27 anos, destemida, que saiu de Ontário, no Canadá, para Nashville, terra do country music dominada por cantores homens, onde se jogou de corpo e alma para quebrar tal paradigma e levar suas composições ao público. Tornou-se uma das mais bem sucedidas cantoras, viu a carreira explodir em 1993, atingindo a fama pouco depois com dois discos, “The Woman in me” (1995) e “Come on over” (1997) – esse último, o álbum mais vendido de uma cantora em todos os tempos. Shania foi indicada a 19 prêmios Grammy e ganhou cinco vezes, outro marco.
Para lembrar tudo isso, Shania abre sua casa, e numa conversa informal com o diretor e os cinegrafistas, fala da paixão pela música, das amizades nessa trajetória, os altos e baixos, e fala também de sua vida atual.
Avril Lavigne e Lionel Ritchie são alguns que dão depoimentos pontuais, há muito material de arquivo, como gravações antigas e cenas de clipes (dentre eles três de seus maiores sucessos, “You’re still the one”, “From this moment on” e “Man!”). Shania ainda comenta, sempre risonha e de alto astral, como compôs suas canções e como elas foram recebidas pelas pessoas e fãs.
Na minha juventude, escutei muito Shania e nunca mais tinha ouvido falar dela, e esse documentário me trouxe boas lembranças. Vale ver!


O diretor é Joss Crowley, produtor de documentários para a TV sobre músicos e bandas notórios, como Slash, The Who e Deep Purple.
O título do filme é em homenagem ao último álbum dela, lançado esse ano, que dá nome à faixa principal, “Not just a girl (The highlights)”.

Shania Twain: Not just a girl (Idem). Reino Unido, 2022, 88 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Joss Crowley. Distribuição: Netflix 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Cine Cult


Motel diabólico


Um fazendeiro e sua irmã mais nova sequestram jovens que desejam se hospedar no antigo motel que os dois mantêm. Eles dopam as vítimas e enterram-nas vivas em uma horta, para produzir uma “carne especial”.

Mais uma pérola do cinema slasher que a Versátil Home Video resgata em DVD para o deleite dos fãs de horror. “Motel diabólico” (1980) entrou no box “Slashers volume 11”, ao lado dos longas “Incubus” (1981), “Massacre no colégio” (1986) e “O padrasto” (1987), e agora pode ser visto com boa qualidade de imagem e som. É uma fita cult de terror, norte-americana, do início do slasher (filmes de terror sangrento com psicopatas que trucidam as pessoas). Os vilões aqui são dois irmãos caipiras, donos de um antigo motel à beira da estrada (uma referência à “Psicose”), que mantém uma propriedade rural nos fundos. Eles atacam jovens, dopam as vítimas e as enterram em pé numa horta, lado a lado, com a cabeça para fora, amarrada com um saco de estopa. A ideia é maturar a carne humana debaixo da terra e, depois de matar os coitados com uma serra, vendê-la para fazer hamburger. Ou seja, é uma trama bizarra, perversa e até doentia, mas há um humor acentuado que ameniza as atrocidades (muitos classificam o filme como ‘terrir’ e é até visto como uma sátira ao próprio cinema slasher). Como é slasher, vá sabendo que haverá sangue, gritarias e mortes brutais.


Na época os diretores desses filmes escalavam um nome de peso, um ator veterano ou uma atriz conhecida, para o papel do vilão, e aqui quem o interpreta é o ex-astro dos faroestes dos anos 50-60 Rory Calhoun (de “O gaúcho”, “Colt 45” e “Onde imperam as balas”) – e para acompanhá-lo nos crimes tem a personagem de uma mulher endoidecida, sua irmã no filme, feito por Nancy Parsons (de “Porky’s”).
Do diretor britânico Kevin Connor, de “Vozes do além” (1974) e de tantos filmes de terror e scifi nos anos 70 e 80. Roteiro dos irmãos Jaffe (Robert e Steven-Charles), também produtores do longa.


Motel diabólico (Motel Hell). EUA, 1980, 101 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Kevin Connor. Distribuição: Versátil Home Video