Blind
Ingrid (Ellen Dorrit Petersen) é uma mulher que está perdendo a visão.
Assustada com a nova realidade que a cerca, tranca-se em seu apartamento. Lá vive
com o marido que tenta compreender o que ocorre com ela. Os pensamentos de
Ingrid, misturados a uma angústia incontrolável, fazem com que ela crie um
mundo próprio de fantasias.
Um complexo drama de arte norueguês, coproduzido na Holanda, exibido nos
cinemas brasileiros e que ganhou mídia física por aqui pela Imovision (em DVD).
Venceu dezenas de prêmios internacionais, como troféus especiais no Festival de
Berlim e em Sundance (onde concorreu ao Grande Prêmio do Juri), além de ser o
finalista no Amanda Awards, o Oscar norueguês (lá ganhou melhor diretor, atriz
para Ellen, edição e som).
Filmado na capital Oslo, em poucos ambientes,
especialmente em interiores de casas e apartamentos, foi a estreia do diretor
norueguês Eskil Vogt, indicado esse ano ao Oscar de melhor roteiro por “A pior
pessoa do mundo” (2021), escrito em conjunto com o diretor da fita, Joachim
Trier – aliás ambos têm longa parceria, escreveram o roteiro de filmes noruegueses
importantes e bem recebidos pela crítica, como “Começar de novo” (2006), “Oslo,
31 de agosto” (2011) e o melhor de todos,
“Thelma” (2017). Em sua estreia, Vogt realizou um conto
urbano sobre cegueira e alienação, às vezes perturbador e cheio de matizes e
camadas. É uma história complexa, que vai e vem, que mistura passado e
fantasias de uma personagem temerosa com seu futuro, já que está ficando cega e
vive um casamento na corda bamba. Deve-se prestar atenção em todos os detalhes,
pois há quatro personagens (dois homens e duas mulheres) que se alternam: a
Ingrid verdadeira e uma jovem chamada Elin (que pode ser uma criação de sua
imaginação, também cega), o marido e um cara viciado em sexo na internet
(aliás, no início do filme há uma cena forte com compilação de vídeos pornôs
assistidos por ele na rede).
O bom elenco garante a sessão, com destaque para a norueguesa Ellen Dorrit Petersen (de “Thelma”) como a protagonista, a
sueca Vera Vitali (de “Amaldiçoada”), como a outra jovem cega, e os dois atores,
Henrik Rafaelsen e Marius Kolbenstvedt.
Um efeito instigante usado no filme é uma espécie de
fade (escurecimento) como uma intervenção com o público, para propor a dimensão
da cegueira do personagem (parece que somos cegos igual ela, ouvindo vozes num
fundo preto). Se gosta de fitas de arte europeias como eu, arrisque. Mas deixo
claro que é voltado para poucos inseridos nesse cinema autoral e bem
particular.
Blind (Idem). Noruega/Holanda, 2014, 96
minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Eskil Vogt. Distribuição: Imovision
Nenhum comentário:
Postar um comentário