A companhia dos lobos
A jovem Rosaleen
(Sarah Patterson) se vê dentro de estranhos
sonhos ligados às histórias sobre lobos e lobisomens que sua avó (Angela Lansbury) conta. Num desses sonhos,
passeando pela floresta, encontra-se em um vilarejo em que as pessoas não são
como aparentam.
Indicado a quatro prêmios no Bafta de
1985 (figurino, design de produção, maquiagem e efeitos visuais), essa revisão gótica da fábula de Chapeuzinho Vermelho é um
dos filmes mais interessantes e criativos sobre o universo do lobisomem. Tem traços da cultura popular, que vai do mundo dos
irmãos Grimm aos contos de fadas de Charles Perrault (considerado o pai da
literatura infantil), mas por ser baseado em
um conto da britânica
Angela Carter, tem suas referências mais modernas. E um ingrediente
especial que é o aspecto sombrio das mãos do diretor
Neil Jordan. Foi o segundo filme de Jordan, que firmaria
parceria com seu ator predileto, Stephen Rea,
e juntos trabalhariam em vários longas como “Traídos
pelo desejo” (1992 – Jordan ganhou nesse o
Oscar de roteiro original e foi indicado ao
Oscar de melhor diretor, além de Rea nomeado como melhor ator), “Entrevista com o
vampiro” (1994) e “Nó na garganta” (1997).
Nada é simples nesse seu filme mais instigante e com momentos de puro horror,
com direito a transformações horripilantes de humanos em lobos - foi um período
no início dos anos 80 em que o cinema investiu maciçamente no tema e em efeitos
especiais com animatronics para recriar os lobisomens, nos moldes de “Um
lobisomem americano em Londres” (1981) e “Grito de horror” (1981).
Carrega sensualidade,
há algumas mortes sangrentas, cenas memoráveis (como a decapitação com a
cabeça caindo no tacho de leite), um cenário de
floresta amedrontador e todo um clima onírico,
que lembra um pesadelo que nunca termina. Tem ainda um desfecho
moralizante, a partir dos ensinamentos da avó da
personagem (“nunca confie em estranhos”). Aliás, a britânica Angela Lansbury, a avó, está viva, tem
96 anos e três indicações ao Oscar e um Oscar honorário. David Warner, Brian Glover e
Terence Stamp (não creditado) completam o elenco.
Um filme misterioso,
simbólico e pouco conhecido do grande público. Foi
lançado em DVD no mês
passado no box “Sessão de terror Anos 80 – volume 5”, com os raríssimos filmes
“O carro sinistro” (1980), “O mistério do cesto” (1982) e “A dama de branco”
(1988) – é disco duplo, contendo extras variados, como trailers e especiais. No
início da era dos DVDs, em 2000, o filme saiu pela NBO Editora, naquelas edições mensais junto
com uma revista da editora sobre cinema.
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