As
confissões
Num
hotel de luxo, os ministros representantes dos países que integram o G8 aguardam
uma importante reunião que seguirá em total sigilo. Ali também está hospedado um
monge italiano, Roberto Salus (Toni Servillo). A poucas horas do encontro o
principal articulador, o ministro Daniel Roché (Daniel Auteuil), é encontrado
morto, asfixiado por um saco plástico. Inicia-se uma investigação, e no
decorrer dela os outros sete ministros descobrem que o falecido havia se
confessado com o monge Salus pouco tempo antes de morrer. Receosos de que o
monge saiba demais, eles pressionarão o religioso a contar a confissão do
morto.
Está
aí um bom drama político adequado para os dias atuais, bem construído, com uma envolvente
trama de assassinato, diálogos inteligentes e pitadinhas de humor. Coprodução
França/Itália, tem ecos do suspense “A tortura do silêncio” (1953, de Hitchcock,
sobre um padre que ouve a confissão de um assassino e tem de guardar segredo),
porém vai pra outro caminho, fazendo uma provocação ao G8 (antigamente G7, ou
seja, a cúpula dos oito países mais industrializados do mundo, dentre eles Estados
Unidos, França, Itália e Japão), ao criticar a forma de condução desses
encontros e o que é discutido ali a sete chaves – no filme, os ministros são um
bando de gente gananciosa, dispostos a cometer qualquer crime para desvendar
segredos.
Abre
como uma trama de mistério e termina com uma moral, tipo fábula, num desfecho
simbólico. Gosto particularmente da trilha sonora, pontuada a cada 10 minutos, da
charmosa fotografia – do hotel luxuoso no Mar Báltico, com vistas para o mar, e
da atuação do melhor ator italiano de hoje, Toni Servillo, que pinta em várias
produções italianas, muitas delas com o diretor Paolo Sorrentino (com ele fez “As
consequências do amor”, “A grande beleza” e “Il divo”). Pelo trabalho o ator
recebeu indicação ao David di Donatello, o maior prêmio da Itália, uma espécie
de Oscar de lá; além dessa categoria no festival, o filme foi nomeado aos
prêmios de roteiro, produção, fotografia e ator coadjuvante (Pierfrancesco
Favino, outro bom ator, nascido em Roma, que se destacou no filme “Suburra” e esteve
em diversos longas americanos, como “Guerra mundial Z” e “Anjos e demônios”).
Conheça
a filmografia do diretor, o também dramaturgo e novelista Roberto Andò, de “Viva
a liberdade” (2013 – novamente com Toni Servillo) e de “O Caravaggio roubado”
(2018), que escreveu esse caprichado roteiro junto de Angelo Pasquini, seu
parceiro roteirista de outras produções.
As confissões (Le confessioni). Itália/França, 2016, 108 minutos. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Roberto Andò. Distribuição: Mares Filmes
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