Após
uma desastrosa apresentação para o presidente Barack Obama, as integrantes do
grupo Barden Bellas, lideradas pela ex-DJ Beca (Anna Kendrick), recebem um
convite tentador: disputar um game musical decisivo em Barden, que representará
a grande chance para a carreira das jovens cantoras. Para atingir o sucesso
terão de treinar muito a voz, pois subirá nos palcos o explosivo grupo alemão Das
Sound Machine, invejados pela sincronia perfeita de sua criativa coreografia
contemporânea.
Passados
três anos da formidável comédia musical “A escolha perfeita”, os mesmos produtores
reuniram-se para o retorno das Barden Bellas. Mantiveram o elenco principal, trocaram
a direção (de Jason Moore, agora apenas produtor, para uma das atrizes,
Elizabeth Banks) e convocaram novamente a roteirista Kay Cannon (que escreveu
uma história bem divertida a partir do livro original, de Mickey Rapkin). Como
resultado, o melhor que se podia esperar! O timing das atrizes é enérgico, elas
cantam e dançam à sua maneira (umas desajeitadas propositalmente por causa do
papel, outras como profissionais), orientadas num roteiro com humor jovial, agradável
para todas as idades.
Desde
a abertura desta continuação as Bellas aparecem para conquistar – elas interpretam,
com a voz, a vinheta da Universal, numa brincadeira metalinguística criativa
(assim como os Minions fizeram em seu filme próprio, lançado no ano passado). Nos
primeiros dez minutos, vemos uma rapidíssima aparição de Barack Obama, e nessa
sequência há uma “tragédia” no palco, cometido pela cantora do grupo Amy Gorda
(Rebel Wilson) na performance de “Wrecking ball”. A partir daí o filme inteiro se
constrói com um objetivo em vista, o das personagens vencer o campeonato musical
em Barden. O favorito na ocasião, por número de medalhas, é o alemão Das Sound
Machine, que destrói os adversários com um piscar de olhos. Diante desse
recorte, acompanhamos a entrega total das Barden Bellas, enquanto treinam em
concursos paralelos de street dance e aguentam provocações e bullying (para
recordar algumas delas, há uma gordinha, uma oriental, uma garota tímida,
sempre alvo de zombaria). Será que o troféu chegará às mãos das Bellas?
Um
adendo: a exaustiva preparação das jovens cantoras, incluindo as perdas e danos,
proporciona a reflexão de um assunto amplamente inserido na cultura de massa, o
dos concorridos programas de competição musical. Hoje, nos Estados Unidos em
especial, há games para a escolha de novos talentos, como The Voice e American Idol,
onde milhares de avaliados tentam um lugar ao sol, e apenas 2% têm espaço
garantido; os outros 98%, destrinchados vivos pelos jurados, humilhados sem
piedade. E o filme “A escolha perfeita 2” aproxima-se forte a esse tema atual,
não ficando restrito ao ‘cantar por cantar’.
Sobre
a produção, o notável retorno do elenco é a alma do negócio (Anna Kendrick, Brittany
Snow, Rebel Wilson, Hana Mae Lee, Anna Camp e Ester Dean transmitem sinceridade
e uma sensação de união). Há uma integrante nova, com participação cativa, que
é Hailee Steinfeld, indicada ao Oscar por “Bravura indômita” (2010). Outro
ponto alto, como no primeiro, está na reinvenção das coreografias de músicas
pop - nesse segundo capítulo ouvimos mais músicas compostas especialmente para
o filme, diferente do anterior, em que elas interpretavam muitas canções
antigas. Destaque para “Flashlight” (cantado por Hailee Steinfeld) e “Crazy
youngsters” (por Ester Dean, que toca no contagiante crédito final).
Apreciado
pelo público americano, “A escolha perfeita 2” obteve grande bilheteria na
estreia, em maio de 2015 (custou R$ 29 mi e arrecadou U$ 183 milhões), com
números mais altos que a primeira parte. Concorreu ao Grammy e venceu diversas
categorias no Teen Choice Awards, como a de melhor filme de comédia.
Uma
continuação adequada, deliciosa como passatempo, divertida e empolgante. Depois
de assistir, aguarde a terceira parte, que chegará nos cinemas em 2017,
dirigido novamente por Elizabeth Banks - o elenco central está confirmado! Por Felipe Brida
A escolha perfeita 2 (Pitch perfect 2). EUA, 2015, 114
min. Comédia. Dirigido por Elizabeth Banks. Distribuição: Universal
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