sexta-feira, 27 de março de 2015

Resenha especial


Adeus, meninos

Segunda Guerra Mundial. Na França ocupada pelos nazistas, uma escola católica para alunos de classe média abriga secretamente garotos de origem judia. No internato nasce um forte laço de amizade entre o prodígio Julien Quentin (Gaspard Manesse), menino cristão de família rica, e Jean Bonnet (Raphael Fejtö), um ingênuo judeu refugiado.

Mentor da Nouvelle Vague francesa, o cineasta Louis Malle (1932-1995) rememorou a infância conturbada durante a Segunda Guerra nesse belíssimo drama indicado a dois Oscar (melhor roteiro, escrito por ele mesmo, e filme estrangeiro). “Adeus, meninos” foi o antepenúltimo filme do diretor, que construiu uma sensível obra-prima, sobre fraternidade em tempos de guerra, com lirismo, delicadeza e nostalgia. A história fixa-se entre 1943 e 1944, em uma escola conservadora da elite, onde nasce a amizade entre um garoto de 12 anos, de família rica (Julien, que seria o próprio Malle) e um menino judeu, de mesma idade, refugiado naquele internato carmelita, o Sainte-Croix. Ambos são inteligentes, estudiosos, porém Julien percebe o crescente isolamento de Jean, até que numa noite de inverno rigoroso observa, assustado, o menino vestir um solidéu (boina usada pelos judeus) e rezar em hebraico. Poderá Julien contar a verdade sobre Jean aos outros amigos do grupo?
Vencedora do Leão de Ouro no Festival de Veneza, a fita francesa, co-produção Alemanha e Itália, é uma das obras decisivas sobre a infância e a amizade, em momento delicado da carreira de Malle (é outra fase do diretor, totalmente oposta aos dogmas avant-garde da Nouvelle Vague). Atenção para os simbólicos enquadramentos introspectivos e à deslumbrante fotografia de aprisionamento do suíço Renato Berta.
Sai em versão restaurada em DVD no Brasil pela Versátil. Necessário a todos os cinéfilos! Por Felipe Brida

Adeus, meninos (Au revoir les enfants). França/Alemanha/Itália, 1987, 104 min. Drama. Dirigido por Louis Malle. Distribuição: Versátil

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