O pistoleiro Hogan (Clint
Eastwood) salva uma freira, Sara (Shirley MacLaine), de um ataque de três
homens no deserto do México. De personalidades opostas, precisam deixar as
diferenças de lado para cruzar o deserto e assim sobreviver. Hogan tem uma
missão de vida ou morte e é obrigado a levar a freira junto: encontrar um
quartel francês para desmantelá-lo, acabar com os soldados que oprimem
cruelmente o povo mexicano e roubar deles ouro para distribuí-lo aos moradores
locais.
Faroeste classe A
empolgante e inusitado, com assinatura da Malpaso, produtora de Clint Eastwood,
que realizou praticamente todos os filmes do ator/diretor entre os anos de 1960
e 2010. Eastwood repete o papel do pistoleiro solitário e caladão, mortífero no
gatilho, com um figurino semelhante ao da ‘Trilogia do Dólar’. Com olhar sagaz
e desconfiado, ele atira sem piedade, joga dinamites e está disposto a eliminar
um quartel inteiro para apreender cargas de ouro roubada do povo mexicano. Mas
ao seu lado estará uma figura ilustre, uma freira que ele salvou do estupro no
deserto – papel brilhante de Shirley MacLaine, de ‘Se meu apartamento falasse’ (1960),
no auge da carreira. Uma dupla improvável, que não se dá bem, e que ao longo da
história será balançada por surpresas.
O contexto do filme é o
México do reinado do imperador Maximiliano, entre os anos de 1864 e 1867,
quando forças francesas invadiram e ocuparam áreas do México. A história se
passa ali, no meio do calor do deserto e das armadilhas selvagens dos
foras-da-lei. A fotografia ensolarada de Gabriel Figueroa e a direção de arte
condizem com essa ambientação – o filme foi rodado nos desertos do México, nas
regiões de Sonora e Chihuahua, uma produção difícil, num calor insuportável,
contam os produtores. A trilha, não poderia ser diferente, é memorável, de
Ennio Morricone, o pai das trilhas dos western spaghetti. Roteiro de Budd
Boetticher, que dirigiu muitos faroestes com Randolph Scott, como ‘Entardecer
sangrento’ (1957).
Shirley MacLaine não se
deu com o diretor, Don Siegel, que aqui fortaleceria uma duradoura parceria com
Clint Eastwood; ela está num papel de alívio cômico, que originalmente seria de
Elizabeth Taylor. MacLaine traz o humor necessário para uma história de
violência e opressão - na época o faroeste causou burburinho pelas cenas
violentas, de tiros com sangue, algo que não acontecia nas produções
americanas. O desfecho, o ataque ao forte francês, é uma sequência estrondosa,
de 10 minutos de tiros e explosões.
É um dos filmes da minha
vida, já o assisti umas dez vezes e nunca me canso. Saiu em DVD e em bluray
pela Classicline, em edições diferentes – o filme em DVD tem a metragem de
cinema, 114 minutos, enquanto o bluray, com ótima imagem, traz o corte para a
TV americana, com 10 min a menos. Em 2002 o filme já havia saído em DVD pela
primeira vez no Brasil pela Universal Pictures.
Os abutres têm fome (Two mules for Sister Sara). EUA/México,
1970, 114 min. (em DVD) e 104 min. (em BD). Faroeste/Aventura. Colorido. Direção:
Don Siegel. Distribuição: Classicline
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