A travessia de Cassandra
Um terrorista escapa de um atentado que deu errado e se
esconde em um luxuoso trem europeu. O homem acabou se contaminando com uma
doença mortal e pode espalhá-la em pouco tempo para os passageiros. A Inteligência
Militar norte-americana se reúne então com patologistas para capturar o criminoso
e quem sabe salvar mais de 400 pessoas que estão em viagem no trem.
Eletrizante thriller dos anos 70 que aborda temas que
nunca fugiam à regra do período da Guerra Fria, como terrorismo, guerra
biológica/tecnológica e crise militar. Todo rodado na Europa (em países como Itália,
França e Suíça), conta com um time de astros a perder de vista, como Sophia
Loren, Richard Harris, Martin Sheen, O.J. Simpson (na época jogador de futebol
americano), Ingrid Thulin, Burt Lancaster, Lee Strasberg, Ava Gardner, Alida
Valli, Lionel Stander, John Phillip Law e Ann Turkel – alguns em papéis de
destaque, outros bem passageiros.
A coprodução Reino Unido-Itália-Alemanha traz cenas
movimentadas, de perseguição e tiroteios, e um clima de angústia e
claustrofobia, já que a trama é inteiramente dentro de um trem em movimento com
um passageiro contaminado com uma doença mortal. E tem um desfecho que, apesar
de absurdo, é eficiente para o deleite dos fãs de fitas de ação (os efeitos
especiais do longa remetem a maquetes com trens em miniaturas descarrilando e
resgate nos ares tanto com helicópteros reais quanto “de brinquedo”) – o cinema
americano usaria depois veículos em movimentos para contar histórias de resgate
parecidas, como “Velocidade máxima” (1994), “Assalto sobre trilhos” (1995) e
“Incontrolável” (2010).
“A travessia de Cassandra” também é um exemplar
esquecido da linha ‘disaster movie’, feito no auge de filmes assim, que trazia
na história um desastre iminente de grandes proporções. No cinema americano os
disaster movies se passavam em ambientes diversos, como num prédio em chamas, em
“Inferno na torre” (1974), num naufrágio em alto-mar, em “O destino de
Poseidon” (1972), e num avião com explosivos, em “Aeroporto” (1970) - e
investiram até em outras modalidades malucas, como um ataque cruel de abelhas
em “O enxame” (1978). E sempre neles havia um timaço de atores e atrizes consagrados
(para garantir público nas salas).
Perceba que da metade para o fim há um novo contorno
na trama em referência ao título “Cassandra Crossing”, uma ponte onde o trem transcontinental
irá cruzar.
Dirigido pelo italiano George P. Cosmatos, que faria
no Canadá o terror “Origem desconhecida” (1983) e nos Estados Unidos duas fitas
de ação com Sylvester Stallone muito conhecidas do público, “Rambo II: A
missão” (1985) e “Stallone: Cobra” (1986) - e lá ainda faria o terror com scifi
“Leviathan” (1989) e um dos melhores faroestes dos anos 90, “Tombstone: A
justiça está chegando” (1993). Ele auxiliou no roteiro, e a eficiência deste se
justifica pelas mãos de dois parceiros, Tom Mankiewicz, roteirista da grandiosa
fita de guerra “A águia pousou” (1976), e Robert Katz, de “A pele” (1981) e
“Aldo Moro: Herói e vítima da democracia” (1986).
A produção é de Carlo Ponti, o lendário produtor
italiano de obras-primas como “A estrada da vida” (1954), “Doutor Jivago”
(1965) e “Blow-up” (1966), e então marido de Sophia Loren. Atenção para a boa
trilha de Jerry Goldsmith, ganhador do Oscar pela trilha de “A profecia” (1976)
e indicado a outros 17 prêmios da Academia. Em DVD pela Classicline.
A travessia de Cassandra (The Cassandra Crossing). Reino
Unido/Itália/Alemanha, 1976, 128 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por George
P. Cosmatos. Distribuição: Classicline
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